Continuação...
Se passaram uns quinze dias desde que Valeria me procurou. Eu estava focada no trabalho e nos estudos e visitava a igreja sempre que podia. E agora eu tinha me tornado madrinha de um bebê recém nascido no orfanato e passei a amá-lo. Eu e Giovana estávamos felizes com a nossa amizade e ela começou a namorar a Pâmela.
Depois daquele dia, Valéria nunca mais me procurou e sinceramente, eu não me importava. Eu soube por Giovana que Valéria havia adiquirido o vício de beber até cair, pois elas frequentavam os mesmos lugares. Soube também, que cinco dias depois que eu a dispensei, ela passou a sair com frequência com uma loira chamada Luíza. Eu sabia que era verdade, mas em uma tentativa frustada de estar enganada, olhei em suas redes sociais e me decepcionei vendo as fotos em que Valéria era marcada pela própria Luíza, a loira estonteante de lindos olhos azuis.
Confesso que meu mundo caiu, mas depois disso, deletei minhas redes sociais e apaguei o número de Valéria de meu telefone. Eu não queria o mau dela, eu queria que fosse feliz, e sei que pra isso, negava minha própria felicidade.
Muitas vezes não dormia a noite e tantas outras se quer comia. Minha mãe estranhava meu comportamento, mas eu conseguia a enganar, omitindo tudo sobre Valéria e jogando a culpa nos estudos e trabalho... Eu se quer tinha falado com ela sobre o convento. Seria difícil dizer a minha mãe que sua única filha não lhe daria netos.
Eu estava voltando a minha vida normal. Já usava minhas antigas roupas de beata que cobriam até meu pescoço e mantinha meu cabelo sempre preso. Não fazia uso de maquiagem e não tinha mas se quer um pingo de vaidade.
-Poxa amiga... Eu não posso te ver assim... -Disse Júlia, em uma sexta feira em que eu estava em sua casa, fazendo trabalhos da faculdade.
-Assim como Júlia? -Perguntei, estava concentrada digitando.
-Assim... Desleixada... Sem vaidade... Poxa, vc já foi uma mulher digna de divindade. -Falou Júlia tocando em minhas feridas. Eu parei de digitar e falei, cobrindo o rosto com as mãos.
-Eu sei Júlia, mas eu estou feliz assim... Essa Helena que vc falou, morreu.
-Ai, ai... Não sei em... Mas acho que essa história de ser freira tá te deixando pirada em amiga.
-Não Júlia... Eu me sinto renovada... E amanhã vou me sentir melhor ainda... -Sorri. Eu realmente pensava que só a religião me traria conforto.
-Por quê? O que tem amanhã? -Perguntou Júlia curiosa.
-Amanhã, o padre Pedro irá me dizer se o Convento que ele me indicou irá me aceitar como noviça, quando eu me formar.
-Ah tá amiga... Se eles te aceitarem, espero que vc saiba o que tá fazendo.
Eu apenas sorri.
Passei o restante do dia e da noite na casa de Júlia. Na manhã seguinte, ela me levou até a igreja. Eu falaria com o padre e esperava ter boas notícias.
Quando adentrei a igreja, avistei o padre e fui correndo falar com ele:
-Padre, o senhor tem boas notícias pra mim? -Perguntei curiosa.
-Na verdade, não, minha filha. As irmãs do convento não irão te aceitar como noviça. -Disse em tom calmo.
-Mas por que padre? -Perguntei frustada.
-Elas não especificaram o motivo, filha.
Eu não disse mais nada. Saí da igreja aos prantos e entrei no carro de Júlia, que sem me dizer ou perguntar algo, me levou pra minha casa.
Entrei e fui direto pro meu quarto. Minha mãe não estava em casa, havia viajado pra casa de minha vó e ficaria por lá, por cerca de um mês.
Depois de muito chorar em minha cama, fui até a cozinha procurar algo pra comer.
Quando abri a gaveta da pia, vi a faca que era usada pra cortar carne. Uma ideia terrível passou por minha cabeça...
Continua...
Leitoras, comentem, por favor. Beijos. Até logo...