Cap.12
Pela primeira vez reparei aquilo. Nunca tinha notado. Talvez por causa da minha inveja, dos sentimentos ruins que eu sentia.
- Nossa, ficou até mais bonita do que eu esperava...
- É, ficou - não nego. Em outras épocas eu ficaria feliz por estar novamente na casa de uma pessoa rica, tentaria seduzi-la para ganhar o seu dinheiro e depois dar um golpe. Porém, agora eu não conseguia pensar em maldade. Não conseguia pensar em fazer algo de mal contra ele. Minha alma não iria deixar eu machuca-lo como já fiz outras vezes.
- Pronto, agora podemos comer.
MINUTOS DEPOIS
Ele cozinhava muito bem. O prato estava maravilhoso. A muito tempo não comia algo tão gostoso, já que minha mãe mal sabia fazer um arroz. E fiquei ainda mais feliz, por poder saborear novamente um bom vinho novamente.
- É assim toda noite ? - perguntei, sentado ao seu lado na varanda do apartamento, aonde podíamos sentir um bom vento no rosto e ver as ondas do mar irem e voltarem naquela noite enluarada.
- Normalmente não... Bem... Eu não tenho companhia normalmente. Aliás, tenho uma apenas.
- Qual ?
- O Félix ?
- Félix ? Quem é ? - ele sorriu. E então gritou.
- Félix !? - de repente então apareceu um gato na varanda. Lindo, de raça persa, pêlo branquinho.
- Olha, que lindinho... - ele pegou o gato e colocou no colo - eu sempre gostei muito de gatos - falei, fazendo carinho no bicho.
- Eu também... Ele é a minha companhia... A minha única companhia...
- E porquê você não se casou ?
- Primeiro, eu sou muito jovem kkkk E depois, as pessoas desse mundo são muito ruins. A maioria quer se aproveitar. E de aproveitadores eu estou passando longe.
- Ah... Entendi...
- Mas bem que eu Queria ter uma companhia. Se aparecesse uma pessoa legal... - continuamos olhando a Lua . Uma coisa eu pude perceber. Apesar dele tentar se manter com a imagem dura, pude perceber que ele era carente.
NO DIA SEGUINTE
Acabei dormindo no apartamento dele. Depois dele insistir e também por ter ficado muito tarde, eu aceitei dormir no quarto de hóspedes dele. Cedo, já pelo costume acordei. Precisava ir em casa trocar de roupa e pegar alguns papéis com ligações que eu devia fazer aquele dia. Como não queria mais incomoda-lo, iria de táxi para casa e depois para o trabalho. Tomei um banho no banheiro da suíte. Sai do quarto e arrumei as minhas coisas que estavam na mesa. Já estava prestes a sair quando ouvi uma porta se abrir. Olhei, e era ele saindo do quarto. Porém, arregalei os olhos Quando o vi apenas de camisa regata e cueca boxer. Saiu do quarto remexendo o olho de sono. Eu quase desmaiei naquele momento. Um misto de sensações tomou conta do meu corpo.
- Ah, Daniel, bom dia... Desculpa eu estar assim, eu não sabia que você estava aqui na sala.
- Não, não é nada Marcos, você está na sua casa...
- Mas só que agora eu tenho vizinha. Quer um cappuccino ?
- Não, obrigado. Eu preciso ir para casa trocar de roupa e depois ir para a empresa.
- Eu vou só comer e me arrumar e a gente vai lá.
- Não precisa Marcos, só vou te atrapalhar.
- Que atrapalhar o que, você veio para cá porquê eu pedi, não é justo eu deixar você gastar dinheiro para voltar para casa.
- Mas de qualquer forma eu... Vou me atrasar - ele riu, se aproximando de mim.
- Daniel. O diretor sou eu. Você pode atrasar, se eu quiser que se atrase. Agora vamos comer... - ele virou-se e foi em direção a cozinha, apenas de regata e cueca. Não nego, tive que olhar aquele corpo de cima a baixo. Ele continuava lindo... E sedutor...
MINUTOS MAIS TARDE
Já devidamente vestido e não menos bonito, fomos indo em direção a minha casa. Chegamos na porta e ele estacionou o carro.
- Você vai descer ?
- Vou... Quero conhecer sua família... Posso ? - arregalei os olhos. A princípio pode parecer que não havia problema ele conhecer a minha família. Porém, e se eles citassem o nome Enzo. Descemos do carro juntos, comigo rezando para que o meu nome não fosse citado.
- Meu Deus garoto, você quer me matar do coração ? Porquê não avisou que não ia dormir em casa ?
- Eu esqueci mãe...
- E onde você estava ?
- Estava na casa dele - falei, deixando que ele entrasse em seguida. Ela olhou para ele, olhou para mim.
- Quem é ele ?
- Mãe, esse é o meu diretor, Marcos - ela sorriu.
- Ah, foi ele quem te deu a vaga no emprego.
- Foi... - ela se aproximou dele e o cumprimentou.
- Muito prazer senhora. O seu filho é um funcionário exemplar, não me arrependi de ter contratado o Daniel... - arregalei os olhos quando ele falou aquele nome.
- Daniel ? - ela olhou para mim. Eu não sabia o que dizer - Ah claro... Separei a sua roupa, vem buscar aqui - falou, me puxando para o quarto. Ela nem esperou eu entrar - porquê aquele homem está te chamando de Daniel ?
Continua
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