Olá queridos leitores, Crônicas da República, para maiores informações, são relatos da vida de um personagem fictício chamado Leonardo de Michelli. São várias crônicas, publicadas, aqui na Casa dos Contos, em outros sites da web, em ordem aleatória. Delicie-se na leitura, comente, critique, vote, enfim, dê a sua opinião; ela conta muito. Abraços a todos.
Falemos da escola, a enfadonha escola, onde Leonardo di Michelli aprendeu a ler, escrever, contar, dar cacholetas, apanhá-las, e ir fazer diabruras, ora nos matagais, ora nas praias, onde quer que fosse propício a vadios. Era uma professora madura, rabuda e cabeluda, que incutia no cérebro a matemática, a ortografia, a construção gramatical, e o mais que ela sabia. Usava vestidos longos, cujas beiradas dançavam mimosamente a cada passo que dava. Era ali que as gigantes nádegas, com muito esforço, espremiam-se. Os que ficavam nas cadeiras da frente tinham uma visão privilegiada do fenômeno. Benditos os estudiosos, tão praguejados pelos vadios! Quem não queria um lugar ali na frente? A taradice imberbe era unanimidade. Ela entrava na sala, com os seus saltos altos de couro marrom, óculos redondos, cabelos perfumados, pernas raspadas; sentava-se, bufava, grunhia, colocava um pirulito aos lábios vermelhos, e depois fazia a chamada. Chamava-se Marta do Carmo; quero descrevê-la em dois adjetivos: brancona rabuda, - uma brancura materna, e um rabão inebriante, GG, desses que engole a calcinha. Os meninos iam aos céus. Um deles, o sempre Leonardo di Michelli, esse então era tarado pela linda senhora. Duas, três vezes por semana, havia de deixar-lhe na bolsa, ou na gaveta da mesa, um recado. Os recados eram obscenos, cheios de sacanagem. Se ela encontrava-o ainda durante a aula, dava um pulo, circulava os olhos flamejantes, dizia-lhes os últimos nomes: eram salientes, taradinhos, moleques sem vergonha. Uns tremiam, outros rosnavam; o Leonardo de Michelli, porém, deixava-se estar quieto, de cara amarela, com os olhos espetados no ar. Outra vez, no recreio, resolveu mexer na bolsa dela, e então encontrou uma calcinha usada da senhora. Uma delícia, de rendinha, branquinha, graciosa, com cheiro de boceta suja. Compartilhou-a com os colegas. Levaram-na para o banheiro. A rodada de punheta foi maravilhosa. Depois, como criminosos, devolveram-na à bolsa. Que queria uma professora de quinta série, afinal? Lição de cor e decência na aula; nada mais, nada menos do que quer a escola, que é educa para a vida; com a diferença que ela, se impunha-lhes medo, instigava-lhes também os instintos eróticos. Os saltos altos, marrons, toda a cerimônia da entrada na sala, aquelas pernas lisas, sem nenhum pelo, cruzando-se e descruzando-se, os lábios vermelhos sugando o pirulito, o rabão balançando na lousa, a calcinha desenhando-se delicadamente na saia, aquele cheiro de fêmea nos ares.
Num passeio escolar aconteceu o inimaginável. Dia de sol. Fazenda de cavalos, com muitos atrativos e muitos esconderijos. A professora tinha resolvido usar um bikini floral, infelizmente coberto por uma canga. Porém, depois do almoço, foi tomar banho num desses banheiros de madeira. Os mais tarados, já prevendo essa oportunidade, correram para brechá-la. A água caia de mansinho naquele corpo; os seios eram gigantes, brancos, com os bicos pretos, a boceta era espantosa, uma coisa monstruosa, e como todos imaginavam, cheia de pentelhos negros; as coxas, que ela ensaboava com delicadeza, eram um espetáculo para os nervos. Não tinha como segurar-se, uns iniciaram a rodada de punheta, os mais contidos repreendiam-nos, recomendando silêncio. Teve um momento que ela abaixou-se para lavar-se os pés: o cuzão peludo desenhou-se, ali, mimoso, aberto. Infelizmente, um engraçadinho deixou escapar um riso. E a senhora deu um berro. “Quem tá ai?” E fugiu o bando, em algazarra. Governavam os nervos e a fantasia, e a boa punheta da juventude regia o espírito.
Crônicas da República - (A Professora Marta do Carmo