" O mundo acabou de desabar "... Foi o que pensou Renato que tentou agir normal assim que terminou de falar com um cara que nem conhecia e que pelo teor da conversa sabia até o que ele comia no café da manhã. Enquanto saia do quarto lembrou da noite em que foi à boate com amigos e o irmã Diogo. Desde que o semestre começara na Faculdade que ele se sentia estranho e bastou ver o amigo Gustavo pra saber o que essa estranheza significava... Ele era Homossexual e não poderia fazer nada pra lutar uma guerra já perdida.
Gustavo era o cara mais gente boa que conhecia. Era o grande amigo de todos. Era o mais deslocado e brincalhão e estava sempre pronto pra ajudar quem quer que fosse. Como se não bastasse tudo isso, ainda tinha a agravante de ser o ruivo mais lindo que Renato já tinha visto na vida. Infelizmente o senhor perfeição tinha uma grande mancha no meio da cara... Era um garoto viciado em cocaína e quando se aproximou de Renato confidenciou a ele sua maior vergonha.
Nos dois primeiros meses após a amizade ficar firme e a atração entre os dois ser algo real e urgente, começaram às escondidas um relacionamento que ainda não podia ser classificado como sério. Muitas foram as promessas do ruivo para por fim ao vício e muitas foram as chances que o segundo filho de Saulo e Ana Amélia lhe deu.
Quando Gustavo começou a pedir grana ao " namorado " para poder se livrar de algumas dívidas relacionadas a compra da droga que usava, o garoto passou a ceder porque sempre tinha esperança de v~e-lo recuperado, só que tudo era um engano e cada vez mais seu dinheiro de mesada era usado.
Na noite em que a foto foi tirada na porcaria da boate ele tinha colocado um ponto final no " relacionamento " usando palavras rudes ao garoto totalmente chapado que pra variar nem se importou com ele. Enquanto descia às escadas o seu pensamento era um só... " tô ferrado '.
Ana Amélia viu a apatia do filho assim que ele retornou à mesa...
_ Más notícias, meu amor? E a mãe fez uma cara de preocupada.
_ Acho que sim, mãe. Só que vou resolver tudo isso amanhã. Seja o que Deus quiser... Renato tentou sorrir e não convenceu a nenhum dos presentes.
O jantar prosseguiu e quarenta minutos depois Diogo levantou e disse:
_ Tô indo nessa, família. E jogou o guardanapo em cima do prato.
_ Indo pra onde, filhão? E a essa hora? Saulo falou enquanto se servia da sobremesa.
_ Combinei um cinema com a Thais, pai. Falou o garoto já no início da escada.
_ Plena segunda-feira, Diogo? Perguntou Melissa.
_ E você já voltou a falar comigo, pirralha? Se sim, posso te levar. Chama lá o boca de privada e nós quatro vamos nos divertir muito depois que comprar pra mim e a Thais aquelas máscaras de médico... Que tal? Enquanto subia os degraus ia gargalhando.
_ Espero que você morra, Diogo Brandão. Melissa mirou as costas do irmão mais velho com um ódio quase palpável.
Saulo repreendeu a filha apenas com o olhar e a mesma se desculpou já com os olhos marejando e disse ao gêmeo Eduardo...
_ Tudo culpa sua, Eduardo Brandão. Eu odeio você com todas as minhas forças.
Eduardo deu de ombros e atacou sua sobremesa sem se importar com o que a irmã havia falado.
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Diogo Brandão saiu no seu Audi A7 prata e se dirigiu ao centro da cidade e parou o carro em frente a um cinema de décima categoria frequentado por pessoas barra pesada. Os tipos eram muitos e variados. Ele foi praticamente comido com os olhos pelos garotos de programa que frequentavam o lugar e algumas prostitutas que jamais teriam o privilégio de tê-lo como " freguês ".
Ele entrou no lugar que funcionava vinte e quatro horas e se dirigiu até uma espécie de bar e pediu uma Cerveja Heineken. O cara do bar lhe cumprimentou rapidamente e lhe entregou a cerveja após receber a grana. O lugar estava quase vazio e quando entrou numa sala desocupada cuja televisão de quarenta e duas polegadas exibia um filme de sexo explícito gay, resolveu fazer uma ligação. Após o terceiro toque...
_ Por que demorou a atender a ligação, parceiro?
_ Tava resolvendo umas paradas na rua. Já chegou chefia?
_ Agorinha mesmo, parceiro. Você tem algo pra mim hoje? Algo que realmente valha a pena ter vindo até essa espelunca? Sua risada era de escárnio.
_ Pô chefia, o lugar ta melhorando. Assim magoa os amigos.
_ Agradeça a mim essa melhora que você mesmo ta dizendo... E então, tem ou não tem algo pra mim, porra? Falou já irritado.
_ Tenho sim, chefia. Já tô chegando.
_ Nesse caso vou esperar lá no carro... Não demora, parceiro.
_ Tô chegando, chefia... Tô chegando.
Diogo Brandão terminou a cerveja e deixou a garrafa em cima do balcão. Acenou para o cara do bar e este perguntou...
_ Nada agradou hoje? E sorriu cheio de malícia.
_ Pode ser, cara... A questão é a hora. Tá tarde, entendeu? E piscou o olho já saindo sem mais olhar pra trás.
Quando passou pelo salão principal do lugar se deparou com uma cena explícita que lá acontecia... Um negro malhado e bonito estava ajoelhado masturbando e chupando o membro enorme de um cara sentado numa cadeira de plástico que lhe dava tapas na cara de vez em quando... A sala tinha alguns espectadores. Diogo saiu após alguns minutos e quando chegou ao carro Armando Castro estava a sua espera na companhia de um garoto moreno, de estatura mediana, cabelo raspado, corpo ainda em desenvolvimento apesar de forte, vestido com jeans, camiseta e tênis que com certeza não tinha idade para " trabalhar " na noite e muito menos estar num lugar como aquele. Os dois adultos se cumprimentaram e Armando disse:
_ Gostou da mercadoria, chefia? E apontou para o garoto que ainda encarava o chão...
_ Ele parece ser menor de idade, porra. Quer me foder, Armando? Tu tá me devendo mais uma, parceiro. Manda esse garoto pra casa e só volta com ele quando ele aguentar uma pica no meio da bunda sem chorar e reclamar.
_ Ele já aguenta, chefia... Ele é bom e chupa uma pica cheio de fome...
_ Já disse que não quero saber, porra. Passa as fotos e os negativos...
_ Pura que pariu, chefia. Trago um filé pra ti e é assim que tu agradece? Enquanto falava tirou do bolso o que Diogo havia pedido...
_ Não esqueça de ligar para o numero amanhã por volta das 10:00 h da manhã e depois disso nunca mais volte a ligar para o numero que você ligou hoje, beleza? Agora a missão é minha... Quem vai cumprir com ela sou eu... Entendeu? E outra coisa... Não queira me vender carne de quinta como se fosse filé...
_ Pode deixar, chefia. Prometo que não erro mais.
Diogo Brandão entrou no carro e saiu cantando pneu. Os dois que ficaram no asfalto apenas o olharam até que o carro dobrou numa esquina qualquer. O garoto falou:
_ Tu me deve cem paus, Armando. Quero minha grana agora.
_ Tá maluco Davizinho? O cara nem te quis, porra. Vaza e não enche o saco. Volta lá pra esquina e vê se fatura alguma coisa, caralho.
Cada um seguiu o seu caminho e a noite avançou sem se preocupar com os mortais que por ela passavam...
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Por volta das 22:00 h Saulo bateu na porta do quarto do filho Renato após ligar para a casa dos pais e falar com os mesmos por quase uma hora...
_ Posso entrar, filho? E esperou até que a porta fosse aberta pelo próprio.
_ Claro, velho. E caminhou até a cadeira da escrivaninha que sempre usava para estudar enquanto o pai fechava a porta e sentava em sua cama...
_ Você sabe que eu amo você, não sabe Filho? E os olhos de Renato o fitaram... Saulo notou que ali havia tristeza e medo.
_ Também amo você, pai.
_ Então, filho... Vou ser direto como sempre fui. O que tá pegando? O que aconteceu naquela ligação que praticamente te desligou da nossa tomada? E Saulo cruzou os braços ainda olhando para o filho que mais parecia a sua cópia.
_ Tô com medo de te decepcionar, pai. Tô enrolado com uns problemas que infelizmente fugiram ao meu controle. Tenho medo de ter feito merda... Sei lá pai... Eu só tô com medo do que pode acontecer coma gente, comigo, você, a mamãe, meus irmãos... Tenho medo de perder o teu amor e o teu respeito... E isso vai me matar.
_ Então, filho... Olha pra mim, garoto.
Os olhos dos dois voltaram a se fitar...
_ Seja lá o que for, ta ouvindo? Seja lá o que for... Eu prometo que não vou te abandonar, ok? Você é meu filho e vai ser meu filho pra sempre... Pra sempre, ouviu Renato? Eu amo você meu filho... Por favor não esquece disso, ta bem?
Renato correu e abraçou o pai e Saulo percebeu que seu filho tremia todo o corpo. Seus braços envolveram o corpo forte e definido do filho e lentamente o garoto foi relaxando enquanto seu choro era abafado no peito do homem que ele mais amava na vida.
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Meus queridos, a boa e velha desculpa do tempo inexistente... Apesar de ser uma verdade absoluta. Um grande abraço a cada um de vcs. Meu agradecimento por todo esse carinho e suas palavras. Beijo no coração do Povo do Lado Esquerdo e até a próxima postagem... Nando Mota.