Encontros e Desencontros

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Contém 1500 palavras
Data: 04/03/2016 21:55:40
Última revisão: 24/08/2019 15:29:48

Semanas passaram e tudo continuou igual, só conseguia clientes através da agência e continuava dependente do meu coroa de Blumenau para manter as contas em dia, não sobrava nada para o mês seguinte.

Era noite de sábado e tinha agendado com um cliente, estava indecisa sobre o que vestir, pois o frio atacou pra valer. O toque do meu celular interrompeu minha escolha, atendi após verificar que era o Matheus. Ele não foi muito sociável e praticamente ordenou que eu o encontrasse às 20h no restaurante de costume. Seu modo mandão me deixava muito irritada, porém ponderei e apenas comuniquei que a gente não tinha marcado nada para aquela noite, e nem sabia que ele estava na cidade. Eu ainda estava falando quando ele disse rapidamente que estava dirigindo e que ainda estava a caminho, mas já havia reservado uma mesa para nós.

Ele foi bem deselegante e interrompeu-me quando tentei informá-lo que já tinha um compromisso para aquela noite. Apesar que não adiantaria de nada informá-lo dos meus compromissos, seria apenas mais um motivo para o grosseiro recomendar que eu não me atrasasse, depois desligaria na minha cara. E foi exatamente isso que ele fez.

Que merda quando somos refém financeira de alguém. Não poderia ficar nessa situação por muito mais tempo, de algum modo eu conseguiria mais clientes e alcançaria minha independência. Por hora engoliria mais este sapo. Ele provavelmente brigou com a mulher — mais uma vez — e viria afogar as mágoas comigo.

Consegui que uma das meninas cobrisse meu compromisso daquela noite. O cliente não era um dos fixos, menos-mal. Finalizei a escolha da roupa e, embora aquela noite fosse a mais fria do mês, não abri mão de um vestido curto, compensei com meias longas de lã para não congelar as pernas, um casaco quentinho e "partiu jantar".

Fiquei mais de uma hora esperando o homem naquele restaurante, e ele não apareceu. Nas duas primeiras vezes que liguei tocou até cair na caixa postal, na terceira ele atendeu e deu-me um coice por telefone, rosnou que não poderia falar, atropelou um cara e bateu em outro carro na sequência, ou seja, estava fodido e não viria mais. Desligou em seguida.

— Bem feito, FDP! Quem mandou estragar minha noite. — Comemorei sentindo um prazer maligno, no entanto, não tinha muito o que comemorar, uma vez que fiquei sem o programa e sem a grana.

Pedi a conta e fiz cara de indignada quando vi quanto pagaria pelo Dry Martini que tomei, pelo mesmo valor eu compraria uma garrafa de gim e outra de Martini no mercadinho mais próximo. Felizmente um anjo da guarda, quarentão, charmoso, mas de aparência triste e que estava sozinho a mais de meia hora em uma mesa defronte da minha, levantou e se aproximou educadamente.

Depois das formalidades, o simpático quis saber se eu esperava alguém, respondi que levei o bolo. Ele disse que também levou e convidou-me para jantar em sua mesa. Claro que aceitei. "Que bom, quem sabe a noite ainda não estaria completamente perdida", pensei.

Durante nosso papo descontraído entre um vinho e o prato principal ele falou um pouco a seu respeito. Era empresário da construção civil, depois desabafou comentando que estava separado da mulher amada e tentava uma reconciliação, porém ela desistiu daquele reencontro. Eu falei pouco sobre mim, mas revelei de imediato que trabalhava como acompanhante.

Enfim, fomos terminar aquela noite gelada em sua casa. Senti um calorzinho muito agradável quando entrei na residência, tinha um sistema de aquecimento para todos os cômodos. Após ele tirar meu casaco e dependurar em um cabideiro próximo à porta de entrada, abraçou-me pela cintura e caminhamos até sua suíte. A primeira vista fiquei assustada com o cheiro de incenso e várias velas acesas, mas eram aquelas velinhas cheirosas e decorativas. Algum empregado que não estava à vista já havia preparado o ambiente, deixou sobre uma mesa com rodinhas, tipo as de hotel, uma garrafa de champanhe no balde de gelo e, pelo jeito, teríamos uma festa, pois havia muita coisa ocupando todo o espaço da mesinha: morangos, uvas, damasco, foi o que identifiquei de imediato, só descobriria depois que as duas jarrinhas de vidro continham mel e chocolate cremoso.

Minutos atrás, na saída do restaurante, trocamos beijos no carro, foi quando ele me convenceu a ir para sua casa e não para um motel. Eu não entrava mais em carros de estranhos e não atendia a domicílio, a menos que o cliente fosse fixo ou recomendado pela agência. Abri uma exceção para o homem, estava atraída e algo interior disse que poderia confiar nele.

Durante nova seção de beijos ele me despiu tirando peça por peça da minha roupa, sapatos e minhas meias quentinhas. Por último tirou minha calcinha de rendas negras deixando-me peladinha, pegou delicadamente em minha mão me girando lentamente em meu próprio eixo enquanto percorria meu corpo com os olhos fazendo elogios deliciosos. Após o segundo giro, uma pausa para acariciar meu corpo e tocou por debaixo dos meus seios os sentindo com movimentos suaves dos seus dedos. Ganhei um abraço gostoso e carícias em meu corpo nu durante um beijo cheio de desejos.

O ajudei a se despir e adorei o convite para um banho de espuma, pegou-me no colo e caminhou comigo aninhada em seus braços. Uma hidro havia sido preparada por alguém que caprichou na produção, flores, velas decorativas e coloridas, espuma e sais aromáticos — e mais incenso. Ainda estava em dúvida se aquele clima proporcionava um toque de romantismo ou de mistério. O cheirinho era bem agradável com um Q de sexualidade e levemente sinistro. Se toda aquela produção era para seduzir e reconquistar sua mulher, acredito que daria certo, pois comigo funcionou.

Minutos depois trocamos carícias dentro da hidro perfumada, fui pega e penetrada por trás em minha vagina, acomodei-me sentada no seu colo e sincronizei nossos movimentos subindo e descendo com suas estocadas em meu sexo. Suas mãos massagearam meus seios molhados com espuma, estavam lisos como uma enguia… Ah! Foi magia recheada de prazer quando cheguei ao clímax curtindo os vapores e aromas perfumados, além de uma pegada gostosa.

Depois do banho delicioso voltamos para o quarto para apreciar o líquido precioso e alguns morangos. O mel e o chocolate cremoso também eram para comer, porém de uma maneira criativa, eles foram derramados em meus lábios, seios e sexo e o homem me lambeu e chupou todinha, fiz o mesmo após besuntar seu pau com os dois melados. Ao final do meu boquete, um terceiro creme parecido com leite juntou-se aos outros dois enchendo minha boca.

Pouco depois a gente se pegou com nossos corpos colados e melados, literalmente, meus orgasmos além de doces foram com sabor de chocolate com pimenta.

Após horas deliciosas de atividades de alto impacto aceitei seu convite para passar a noite, estava finalizada e ele nocauteado.

Quando voltamos do banho a cama estava arrumadinha com lençóis e fronhas limpas "o mordomo fantasma passou por aqui", pensei sorrindo. E como ninguém é de ferro, dormimos um soninho gostoso.

Pela manhã eu estava sozinha na cama quando acordei. Antes de vestir-me fui ao banheiro recompor cabelos e maquiagem. Estava terminando de calçar as meias quando ele retornou ao quarto trajando uma roupa de jogador de tênis, disse que iria ao clube encontrar seus amigos. Desculpou-se por não me oferecer o café da manhã, havia dado folga aos empregados e faria o desjejum no clube. Deu-me um envelope, disse que era o combinado pelo programa e insistiu para que eu conferisse. Fiquei um pouco frustrada, era os R$600,00 pelo programa de duas horas, eu esperava uma gorjeta por ter passado a noite, mas tudo bem, nós não combinamos um valor extra. Pelo mesmo não teria que "doar" parte deste cachê, este foi um programa "Freelance" e ficaria tudo pra mim.

Agradeci pela noite e ofereci meu cartão para quando quisesse marcar um novo encontro, ele não aceitou meu cartão com o telefone da agência, insistiu para que eu desse o número do meu celular. Não resisti à tentação e dei. Esperava não me arrepender disso mais tarde.

Na sala ele gentilmente ajudou-me a vestir o casaco, pediu que verificasse o bolso interno… Eita! Havia outro envelope com notas de cem reais, dez para ser exata. Falou que era um presente pela noite maravilhosa, agradeci com um beijo e fui embora satisfeita com os momentos de diversão e feliz pela grana.

A noite que tinha tudo para ser um tédio acabou sendo a da transa mais "doce" que tivera.

Continua…

Caso não tenha lido o “Primeiro Programa” (é o conto que inicia esta série)

O segundo "Noiva de Mentirinha"

O terceiro "Ficha Rosa"

O quarto "Pausa para Namorar"

O quinto "Jogos Sexuais – Noite de terror"

"Profissão Puta"

"Cantinho dos Prazeres"

"Bacanal Beneficente"

Após este, "Encontros e Desencontros", seguem os contos:

"Adestrando um Cavalo"

"Cadelinha de Madame"

"Sereia do Rio"

"Hominho por uma Noite"

"Ao seu Lado"

"Bilhete Premiado"

"A Herança"

E termina com o conto "A Última Refeição"

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Foto de perfil de KamilaTelesKamilaTelesContos: 174Seguidores: 111Seguindo: 0Mensagem É prazeroso ter você aqui, a sua presença é o mais importante e será sempre muito bem-vinda. Meu nome é Kamila, e para os mais próximos apenas Mila, 26 anos. Sobrevivi a uma relação complicada e vivo cada dia como se fosse o último e sem ficar pensando no futuro, apesar de ter alguns sonhos. Mais de duas décadas de emoções com recordações boas e ruins vividas em períodos de ebulição em quase sua totalidade, visto que pessoas passaram por minha vida causando estragos e tiveram papéis marcantes como antagonistas: meu pai e meu padrasto, por exemplo. Travei com eles batalhas de paixão e de ódio onde não houve vencedores e nem vencidos. Fiz coisas que hoje eu não faria e arrependo-me de algumas delas. Trago em minhas lembranças, primeiramente os momentos de curtição, já os dissabores serviram como aprendizado e de maneira alguma considero-me uma vítima, pois desde cedo tinha a consciência de que não era um anjo e entrei no jogo porque quis e já conhecendo as regras. Algumas outras pessoas estiveram envolvidas em minha vida nos últimos anos, e tiveram um maior ou menor grau de relevância ensinando-me as artimanhas de uma relação a dois e a portar-me como uma dama, contudo, sem exigirem que perdesse o meu lado moleca e a minha irreverência. Então gente, é isso aí, vivi anos agitados da puberdade até agora, não lembro de nenhum período de calmaria que possa ser considerado como significativo. Bola pra frente que ainda há muito que viver.

Comentários

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Seus textos nunca me decepcionam. Que narrativa deliciosa de ler! Não sei se vc já leu alguma coisa que publiquei mas se algum dia ler ficarei feliz se tiver metade da satisfação que tenho lendo os seus.

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He he que sorte em? e pensando k ia fica no preju ,saiu fanhando e com certeza um cliente exclusivo só seu,k atraves dele pode vim outros e ai começa sua independência,tenho seu próprio portfólio.

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Amei seu texto Alec W. - Realmente, o aprendizado diário leva à maturidade e independência, temos que dar tempo ao tempo. Porém ficam algumas arestas que nos prende de alguma forma, mas nada de terror, sigo em frente e administrando. Beijos!

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Entre encontros e desencontros, entre perdas e ganhos, é que vem a maturidade, que consiste na difícil tarefa de equacionar as duas coisas. E se esse equilíbrio vier acompanhado do prazer, melhor ainda! A maturidade profissional virá e, com ela, a independência financeira. Porém, o mais importante, já tens: a independência da mente livre, que se permite passear pelos campos do proibido, do desconhecido e do novo. Mais uma vez, parabéns pelo conto. Beijos!

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