Devido aos pedidos e também porquê eu gostei da história, decidi escrever mais um capítulo de continuação.
EPÍLOGO 1
Cheguei em casa naquela noite ainda atônito. Com o gosto daqueles lábios na minha boca. Eram fervorosos, pareciam querer aquele beijo mais que tudo. E atordoado, por não saber quem havia feito aquilo. Que dúvida cruel... Parecia que não tinha forma, eu nunca saberia de verdade com quem foi meu primeiro. Só sei que ele foi marcante, mesmo no escuro. E que eu nunca mais esqueceria o que aconteceu.
- Alô ? - ouvia a voz de Karen do outro lado do telefone.
- Oi Karen, sou eu.
- Ah... Oi Di, o que foi que houve, porquê você saiu cedo da aula ?
- Você não vai acreditar...
- O que foi que houve ?
- Eu fui beijado.
- O que ? - ela alterou o tom de voz no telefone - co-como assim ? Por quem ?
- Eu não sei ?
- Como não sabe ? Alguém te beijou e você não sabe quem é ?
- Juro que não sei... - contei toda a história desde o início.
- É... Então fica realmente bem difícil de saber.
- Mas você vai me ajudar a saber quem foi.
- Ué, mas pra que você quer saber quem foi ?
- Para conversar com a pessoa. E quem sabe dar uma chance... - mais alguns momentos conversando e eu desliguei o telefone. Olhei ao redor e quase que involuntariamente meu olhar parou naquele moletom, jogado sobre a minha mochila. Eu sei, sei que não devia pensar nele depois do que aconteceu. Sei que não era legal, nem correto deixar me levar tanto por algo que está me deixando triste. Mas não consigo evitar. Me levantei, fui até a cadeira e peguei o moletom. Olhei, lembrei me dele vestido naquele moletom, e o quanto ficava bonito nele. Levei ao meu nariz, tinha um cheiro tão bom. Porquê eu tinha que me apaixonar ?
NO DIA SEGUINTE
Cheguei na escola meu receoso. E se quem tivesse feito aquilo não me agradasse ? Sei lá, se fosse muito diferente de mim. Se fosse alguém que eu nunca reparei ? De repente fiquei com medo de descobrir quem era. E meio paranóico.
- E aí ? - Karen falou, apertando o meu ombro - já tem alguma idéia de quem possa ter sido ?
- Não... Por enquanto a única pista que eu tenho é a mochila e a altura - naquele mesmo momento lembrei me do moletom do Gabriel que carregava comigo desde a noite anterior - sabe aonde anda o Gabriel ?
- Não, até agora ele não chegou.
- Ah, OK... - não sabia como ia olhar nos olhos dele.
DIAS DEPOIS
E assim seguiu-se. Durante dois dias ninguém viu Gabriel na escola. Ele realmente não estava vindo. Foram dois dias que eu dormia abraçado a aquele moletom, a única forma de eu conseguir me aproximar dele. Até que, 3 dias depois de ter beijado aquela garota, ele apareceu na escola. Com a mesma imponência de sempre. Bem vestido como sempre. Sem nenhuma diferença para notar. Porém, não sei. Algo parecia diferente nele. Passou longe de mim, sem me notar. Porém, foi suficiente para eu notar. A mochila que ele usava era diferente da que estava no vestiário aquela noite. Não havia sido ele a pessoa que me beijou.
HORAS DEPOIS
Basicamente no final da aula, quando todos já tinham ido embora e só restavam eu e ele na sala, ouvi a sua voz.
- Diego ? - virei-me e era ele me chamando do outro lado da sala.
- Você não viu um moletom no vestiário na última vez que estivemos lá ?
- Vi - falei, me levantando para ir em direção a ele. Peguei a peça e fui até ele. Quando me aproximei, porém, percebi uma certa afobação da parte dele. Estava arrumando as coisas com pressa - aqui está...
- Ah sim, obrigado - ele apenas pegou, e já tentou Sair andando. Mas eu segurei o braço dele - o que foi ?
- Porquê você está parecendo nervoso assim ?
- Não... Não é nada... Não é nada... Eu apenas, estou com pressa...
- Tem certeza ?
- Tenho, absoluta ! - então eu o soltei e ele foi. Mas sei lá, eu podia notar algo de diferente. Ele parecia nervoso. E isso era estranho.
NO DIA SEGUINTE
Mais uma vez adentrava aquela escola, como sempre com um fone no ouvido, meio cabisbaixo pois... Não queria verdadeiramente estar ali. Andei alguns metros, porém nem tive tempo para virar o corredor, pois senti uma mão segurando o meu braço.
- Di, espera - era o Gabriel. Me surpreendi com a voz dele, e mais ainda com aquela mão me segurando.
- Você ? O que foi que houve ?
- Não houve nada... Só, queria companhia para ir até a Sala - virei para ele sem acreditar.
- A minha companhia ?
- É... - e então ele foi caminhando do meu lado até a Sala de aula. Quando entramos, a surpresa. Ele sentou-se ao meu lado, e não mais do outro lado da sala como sempre costumou fazer - Ué ? Vai sentar aí ?
- Vou... Porque, não quer que eu sente aqui ?
- Não... Não é isso. É que você sempre senta do outro lado...
- Sei lá. Algo me diz que as verdadeiras pessoas que me amam estão desse lado - arregalei os olhos quando ouvi aquilo. Se não fosse loucura, eu diria que aquilo foi uma indireta.
MINUTOS MAIS TARDE
As aulas foram passando, minha amiga Karen não foi a aula naquele dia porque tava com cólica. E eu acabei ficando meio que sozinho. Ou melhor, achava que ficaria. Terminava de arrumar as minhas coisas quando ouvi a voz dele mais uma vez.
- Di, para onde você vai agora ?
- Para casa, eu acho...
- Mas você vai sozinho ?
- Vou, fica aqui pertinho.
- Não quer companhia ?
- Ué, mas você não vem de carro ?
- As vezes, mas eu moro perto daqui...
- Ah, sendo assim, então vamos... - e então saímos, lado a lado daquela sala.
MINUTOS MAIS TARDE
Andavamos lado a lado na rua. Como sempre, eu continuava apaixonadíssimo. Dava dez passos, e olhava para o seu rosto, resplandecente naquela luz do sol ao entardecer.
- Está tendo muita dificuldade na matéria ?
- Não... Só em algumas coisas de Física... - falei. Olhava para ele, bem vestido naquele moletom. Era impossível não lembrar do que havia acontecido. E do papel que encontrei junto aquela peça. Olhava para ele, e uma dúvida me corroia. Quem seria aquele garoto ? - Gabriel ?
- O que foi ?
- Você namora alguém ?
- Eu ? - ele riu - não... Mas sou um bobo apaixonado por uma pessoa - ouvir aquilo me entristeceu. Ele era apaixonado. E eu tinha quase certeza que não era por mim.
- Quem é a pessoa ? - ele olhou para mim, para o chão, para o caminho...
- Não posso falar, mas um dia você vai saber... - naquele momento eu parei de andar, pois fiquei curioso. Quem seria a pessoa que provocava aquele suspense enorme ? Enquanto tentava listar nomes, ouvi novamente a voz dele - Di, você gosta de churros ? - quando olhei para ele, estava na frente da barraca de um vendedor de churros.
- Gosto mas... - ele nem esperou eu dizer que estava sem fome. Apenas comprou e logo veio trazendo
- Aqui está...
- Mas eu nem queria comer...
- Agora eu já comprei - ria, enquanto continuavamos o nosso caminho... Era legal ter aqueles momentos perto dele. Apesar de eu já te-lo visto beijando outra e ele ter dito que estava apaixonado, era muito agradável e legal andar lado a lado com ele.
TEMPO DEPOIS
Os dias foram passando, e por algum motivo ele se aproximou cada vez mais de mim. Sempre me acompanhava com Karen em qualquer lugar, passou a ir para casa comigo, pedia para eu ir ajuda-lo nos treinos com medições e outras coisas. Nunca mais nem o vi perto de uma garota. Sempre ele estava perto de mim.
- O que você está fazendo aqui ? - Me assustei quando de repente ele se aproximou de mim, por trás na Biblioteca.
- Aí Gabriel, que susto... - ele riu.
- Desculpa !
- Estava procurando um livro sobre a Ditadura.
- Ah, sei... - mais uma vez ele estava vestido com aquele moletom. Aquele, que por alguma coincidência sempre estava junto dos meus maiores momentos até ali. Continuei olhando as prateleiras - sabe do que eu tô sentindo falta ?
- O que ?
- Namorar... - olhei para ele.
- E porquê não namoras ?
- Ah... Porquê não sei se a pessoa que eu gosto quer namorar comigo - lembrei-me do papel que tinha lido no vestiário e... Depois de adquirir intimidade com ele, acreditei que aquele era o momento de dizer.
- Eu sei do seu segredo.
- Qual segredo ?
- Você está apaixonado por um garoto...
Continua
Pronto, gostaram ??? Comentem e votem por favor. Beijos :)