Olhei pra ele e realmente ele tinha mudado muito pouco. Eu estava nervoso. Era como se eu visse, por exemplo, o superman na minha frente. Ele passou bom tempo na minha mente como modelo... como herói mesmo. Era estranho estar do lado de alguém que representou tanto no passado.
Gabriel> Adriano visita a gente lá. Você vai ficar surpreso com as mudanças... temos até uma academia...
E lembrei o Gui. meu coração bateu forte. Percebi que a admiração que tive pelo Adriano não se compara ao amor que nutria pelo Gui. Era diferente demais aqueles sentimentos.
Adriano> Você perseverou na natação?
Fiquei tímido... e de cabeça baixa falei...
Gabriel> Não!
Ele me olhou sorridente e curioso e falou...
Adriano> Por que? Você adorava?
Como eu poderia dizer pra ele que foi por causa dele ter saído? Claro que, sem que parecesse estranho! Pois na realidade a minha saída não teve nenhuma conotação sexual... de interesse sexual, melhor dizendo, mas sim porque não via mais o meu ídolo... e a lembrança dele me arrasava, entao me afastei das piscinas...
Gabriel>Ah por alguns fatores... depois te conto... (desconversei)
Adriano> Você ta indo pra casa?
Gabriel> Shopping Center Recife, vou almoçar... e você?
Adriano> Pegar meu carro que está na revisão... por isso tou apé. Mas pelo menos te revi. Isso sim, ganhei o dia... (sorri, realmente ele me tirou de uma melancolia só) mas vamos trocar número de celular pra não mais nos perdermos certo?
Assenti... e trocamos os números. Estava bem próximo ao shopping... e eu falei...
Gabriel> Adriano eu ficarei por aqui...
Adriano> Certo garoto. Mas vamos depois marcar pra nós encontrarmos certo?
Sorri e assenti. Na hora não imaginei nada de mal, e realmente não tinha... mas eu não previa que o Gui poderia achar daquele encontro com meu ex professor de natação... entao, sem pensar tanto, falei...
Gabriel> Adriano este fim de semana haverá gincana na escola junto com jogos internos... se quiser aparecer me liga que te coloco dentro...
Ele falou animado...
Adriano> Que bom Gabriel. Acho que é um momento perfeito para visitar a escola... acho que te ligarei viu...
Olhei onde estávamos e solicitei a parada...
Gabriel> Espero a ligação. Abraços Adriano...
Ele me abraçou e fiquei um pouco constrangido... me desvencilhei do abraço e desci do ônibus... ele foi pra janela e ficou me fitando te sumir na esquina... sorri, o passado realmente não fica esquecido... ele vem geralmente com a mesma intensidade que foi vivido.
Entrei no shopping com outra perspectiva de tudo. Poxa o Gui havia visto alguém do passado... e agora eu havia visto também... ele reencontrou a primeira namorada... e eu reencontrei o primeiro herói (claro que sem contar com meu pai)... pelo menos o primeiro envolvimento em si, independente de ser amoroso. Entrei no shopping e fui direto pra praça de alimentação... fui pra o divino fogão e fiz um prato enorme de frutos do mar. Estava morrendo de fome. Morrendo de fome mesmo.
Me sentei e comecei a comer, olhei pro celular e não tinha ligação do Gui. Ele deve ta em algum lugar que não pega celular ou descarregou e ele não ta com oportunidade de recarregar. Nossa que chato. Ficar sem falar com ele era horrível... continuei a comer e olhei em volta. Tinha muita gente, a maioria gente que trabalhava e estava em horario de almoço, estudantes de cursinhos. Continuei a comer e olhei em volta. Era estranho comer sozinho e ao mesmo tempo acompanhado de tanta gente.... A solidão tem cada faceta...
Terminei de almoçar e me levantei pra ver alguma loja antes de voltar pra escola e ir pra a academia... entrei em uma loja que eu adorava... sabia que lá haveria sim o que eu gostava... mas não encontrei a vendedora que eu gostava...
Gabriel> Boa tarde, onde está (e falei o nome da vendedora)
Vendedor> Ela está em horário de almoço... mas se quiser posso ajudá-lo...
Agradeci e pedi pra ele me mostrar calça... ele pegou algumas que eu não gostei. O gosto dele era meio, tá bom, vamos falar, meio afetado. Calça apertada no corpo... gritava pra todos os lados... olha a bixa!
Gabriel> Desculpa mas não uso muito calça skinny... prefiro costura reta... colada na coxa mas nas pernas soltas...
Ele foi pegar duas que eu havia gostado na vitrine e peguei pra provar... uma ficou ótima... a outra apertada na cintura... Quando sai do provador o vendedor estava sorrindo, alias, estava sorrindo demais... olhei meio desconfiado. Sem me importar falei que havia gostado da calça clara e que precisava de uma camiseta vermelha ou verde escuro pra combinar com a calça... ele sorriu e foi pegar... fiquei esperando quando vi a camiseta perfetia. Cinza escuro... ia ficar lindo... fui lá e peguei a camiseta... daí lembrei do Gui... de como ficaria linda nele aquela camisa... suspirei e decidi...
Gabriel> Poderia verificar se tem GG desta?
Mostrei pra o vendedor que voltava com as camisetas horríveis... uma vermelha que tinha tanto rebite colado nela que parecia um mostruário de contas... a a verde tinha sido tirada de algum exército da salvação...
Gabriel> Ah e por favor, não gostei destas...
Ele voltou com as camisas horríveis e eu fui procurar. Achei uma azul roial que ficaria linda com a calça... tirei do cabide e fui provar... perfeita... decidi ficar com ela a calça... quando sai do provador percebi que o vendedor estava quase colado a porta... será que ele tava vendo? Olhei bravo, não seria possível... tentei nem imaginar a possibilidade daquilo... e seco falei...
Gabriel> Embrulha esse pra presente (apontei a camiseta cinza que ele trazia) e esta calça e camiseta pra mim...
Vendedor> Vai ficar muito bonito com esta roupa...
Mas que folgado!
Gabriel> Cartão por favor...
Ele saiu da frente e eu passei... senti ele me segui quase colado. Se eu parasse ele esbarraria em mim... me subiu um ódio... Paguei as compras e peguei o pacote... ele me olhou serio e falou...
Vendedor> Tem certeza que quer apenas isto?
Ele tava dando duplo sentido ao que dizia? Será que ele se referia a quantidade de compras ou ao fato de eu estar apenas interessado nas roupas...
Gabriel> Por hoje apenas isto, obrigado (falei seco).
Ele deu um sorriso sínico e como que não acreditasse (pode?) ele falou...
Vendedor> Venha sempre... quero ser seu vendedor exclusivo...
Deus me livre de nunca mais ficar nem perto daquele infeliz... alias eu só não reclamaria pra gerência porque não queria prejudicar ninguem, mesmo que merecesse.
Gabriel> Obrigado, mas já tenho uma vendedora preferida... adeus.
E sai com raiva daquele sem caráter... andei ainda irritado por todos os lados... quase sem rumo de tanto ódio que sentia... Quando chego no lado oposto da praça onde estou eu olho o relógio... uma e vinte... tinha quarenta minutos pra chegar na academia. Sai apressado pela ala oeste do shopping quando me viro pra uma vitrine que me deixa completamente extasiado... estava na vitrine a bolsa mais linda do mundo... olhei o preço e decidi que ela seria um objeto realmente de desejo. Apenas... quando ia me despedindo com beijos furtivo pra aquela perfeição de bolsa com muitos zeros olhei pra o interior da loja. E realmente eu vi algo que me deixou perplexo, chocado e arrasado...
Gabriel> Não acredito no que ele ta fazendo...
Ele estava com uma menina nos braços... apertando-a. pronto pra beijá-la.
Eles se olhavam e o sorriso dele era aberto. Fechei os olhos. Não podia ser. Por que ele tinha que fazer isso... por quê? Nunca poderia imaginar que aquilo poderia acontecer... não com ele, nem comigo... nossa, como poderia ter me enganado daquela fora?
Me virei de costas e comecei a sair dali nauseado. Mas quando já havia andado uns 10 metros daquele local eu parei. Não poderia simplesmente deixar as coisas daquela forma. Dei meia volta...
Gabriel> Eu não vou deixar barato! (falei alto)
Entrei feito uma fera na loja, um vendedor... mais um ‘daqueles’ vendedores chegou pra mim sorrindo me olhando de cima a baixo...
Vendedor> Posso lhe ajudar... (passei direto por ele).
E parei vendo os ombros largos daquele traidor. Respirei fundo, minha raiva era tamanha que eu não conseguia nem raciocinar... falei.
Gabriel> Você aqui!
Ele soltou a garota imediatamente e retesou o corpo inteiro. Eu podia ver por baixo da camiseta da academia os músculos dele se retesando... o susto foi tremendo... a menina olhou por ele e me viu curiosa por ter provocado aquela reação... ela também estava um pouco desconcertada, pois como poderia ele simplesmente solta-la daquela maneira apenas com minha presença. Ele se virou lentamente. Seus olhos estavam apavorados. E eu pela primeira vez em minha vida estava com uma segurança de lidar com aquele tipo de situação... a traição. Olhei-lhe nos olhos.
Gabriel> Como me iludi.
Ele me pegou pelo braço e me puxou pra fora da loja... me arrastou praticamente. Deixando o vendedor e a menina perplexos. Fui puxado de forma bruta... porque ele tem que ser assim também... parece uma regra. Francamente!
Gabriel> Será que você pode me soltar?
Ele continuava a me arrastar literalmente.
Gabriel> OK você esta me machucando! (meu braço já doía e ele soltou... estávamos naquelas laterais de entrada de banheiro)
Ele estava nervoso e passou as mãos pelo cabelo diversas vezes... andava feito um leão enjaulado... o local onde ele pegou estava dolorido. Comecei a passar minha mao ali involuntariamente...
Gabriel> O que aconteceu?
E então o Bruno me encarou...
Bruno> Você não tem nada a ver com isso!
Eu apertei os olhos. Em ambiente natural, se eu não o conhecesse, se eu não tivesse tido tanta intimidade com ele simplesmente eu não teria mesmo nada a ver. Mas não o Bruno... aquele que dividimos tantas coisas... seu sofrimento quando fomos pra São Paulo... sua história com a Juliana... sua reação quando soube do Gui e de mim... e principalmente a evolução desta noticia pra ele, quando passou da negação, pra neutralidade e por fim, quando nos entendeu. Nossa! Tudo aquilo me dava toda a razão de ter tudo haver...
Gabriel> Não me venha com essa Bruno. Não me venha com essa!
Falei entre os dentes. Ele avançou pra cima de mim ameaçador. Será que iria usar da força?
Bruno> Claro que não tem nada a ver... e não vá sair ai dando a língua nos dentes (ele pos as mãos ameaçadoramente de cada lado de minha cabeça... eu estava encostado na parede... ele respirava em cima de mim)...
Se ele pensou que aquela atitude de troglodita me intimidava... bom, já estava acostumado com o mestre dos mestres...
Gabriel> Olhe aqui Bruno (falei alto e muito bravo) não tem nada a ver o que você está fazendo com a Juliana. E ok, se você acha que não há nada a ver eu te questionar... ótimo. Não é o amigo que pensei que fosse ser. Alias, você não é a pessoa que eu pensei que você fosse! Não é mesmo. (ele se afastou e deu as costas a mim) A pessoa que pensei que você não é aquela que tava dentro da loja agarrado a uma menina enquanto a namorada está sei lá onde... (ele baixou a cabeça) não Bruno, realmente não sei quem é você. E só tem razão em uma coisa. Realmente EU NÃO TENHO NADA A VER. Porque a gente só tem a ver com amigos... e isso percebi que você não é ou não quer ser...
Sai deixando ele ali. Já sentia lagrimas nos olhos... andei rápido e quando estava saindo do corredor senti algo me puxar... O Bruno me puxou pra ele e me abraçou forte. Um abraço que me deixou sem ar, completamente.
Bruno> Não faz isso comigo. Eu te amo como um irmão. Por favor não faz isso...
Me corpo estava todo retesado, pois eu estava com muita raiva dele. Como ele poderia fazer aquilo com a Juliana e ainda mais, como ele poderia falar comigo como se eu fosse um estranho... daquela forma rude... me tratou com indiferença... com ameaça. Não parecia o Bruno que me abraçava de forma forte e amável...
Gabriel> Bruno me larga, estamos num lugar público...
Ele me virou pra ele e me abraçou mais forte...
Bruno> Dois amigos e irmãos não se abraçam? Poxa Gabriel... não posso perder sua amizade... gosto pra caramba de ti...
Gabriel> Pensei que já tínhamos esclarecido a questão de sermos ou não amigos...
O Bruno respirou fundo. Eu ainda estava bravo com a situação e eu sou uma pessoa que não mudo facilmente de humor. Quer dizer, eu mudo da alegria pra a raiva, ou pra tristeza, de forma rápida. Mas para reverter esse quadro... pra eu sair da raiva e da tristeza demora um pouco... alias fico com a magoa como se fosse uma ferida que tem que cicatrizar. Mas é isso mesmo! Pra se cortar é rápido. Mas para cicatrizar demora. Então, ante o que disse, o Bruno e falou...
Bruno> Ah Gabi, por favor... eu tava nervoso... você sabe que eu te amo...
E entao escutei algo que me gelou muito...
Menina> Que porra é essa Bruno? (o Bruno me solta como se eu tivesse lepra, quase caio no chão) me deixa sozinha na loja pra se declarar pra esse cara! Você é viado?
A menina estava de mãos na cintura com cara de brava. Era uma “barraqueira” podia notar... ela era uma completa barraqueira. Daquelas meninas que tiram satisfação... pois se eu fosse ela, no lugar dela, se tivesse visto o que vi, e suspeitado de algo como ela suspeitou, inclusive daquela natureza, homosexualismo, eu simplesmente daria meia volta e sairia. Mas fazer barraco.. NÃO! O Bruno começou a gaguejar... ele não dizia nada inaudível... eu mesmo fiquei constrangido com o constrangimento dele...
Gabriel> Não é nada disso! Somos amigos apenas...
Menina> Corta essa! Vi ele dizendo que te ama... te abraçando... só faltou beijo. Que nojo de vocês... que coisa... um cara tão boa pinta... grandão... ser desse jeito. Que feio cara... lutador e tudo... acho que você Bruno luta até pra ficar em contato com outros machos não é?
Eu estava chocado e o Bruno apenas de cabeça baixa... ele tava vermelho. Um moreno vermelho. Primeira vez que vi, fora do ringue, claro!
Gabriel> Ei sua maluca... que sabe de mim e dele pra falar isso? Tá louca?
Menina> Cala boca bixinha... pelo visto foi você que levou ele pra esse caminho.. Conheço teu tipo... daqueles que levam os amigos pra beber e quando tão com a cara cheia de álcool dão o bote... e daí em diante ficam bancando o cara... nojo de tipinhos como você...
Bruno> CALA A BOCA SUA IMBECIL!
O Bruno tremia e sua voz ecoou pelos quatro cantos daquele corredor fazendo um eco que me assustou...
Bruno> E pensar que eu ia ficar contigo e trair a confiança de duas pessoas que eu já posso dizer que amo! Sua nojenta! Imbecil. Lava essa boca de puta pra falar do Gabriel. Como se ele precisasse embebedar qualquer pessoa pra ficar com ele. Como se ele precisasse pagar pra qualquer pessoa ficar com ele. Lava essa boca suja sua imunda. Olha pra ele. Vê se tu tem o mínimo do que ele tem. (o Bruno apontou o dedo pra cara dela) EU NÃO TENHO NADA COM ELE. NÃO SOU GAY. MAS SOU O MANO DELE. E O NAMORADO DA MENLHOR AMIGA DELE. E A PARTIR DE HOJE É COM ELA QUE IREI BEJAR... ENFIAR O PAU QUE VOCÊ PEDIU PRA EU ENFIAR DENTRO DO CARRO. ALIAS... ELA MERECE O BRUNO AQUI. (respirou fundo) faz um favor! Vê se desaparece sua puta!
E me pegou pelo braço me puxando pela segunda vez no dia... mas daquela vez eu gostei. O Bruno me arrastou até o estacionamento... quando lá chegamos ele chutou uma lata caída no chão... ele tava com um ódio mortal. Eu até tinha esquecido um pouco minha zanga, pois fiquei realmente preocupado com ele...
Gabriel> Bruno poxa... fica calmo!
Bruno> Como Gabi ficar calmo? Olha o tipo de puta que eu me meti. Ela falou mal de ti... logo de ti meu irmãozinho...
Achei fofo ele naquele momento... sorri.
Gabriel> Bom, falou de ti também. Olha Bruno... (ele se encostou no carro e cruzou os braços) não é fácil a minha vida. Mas já estou um pouco acostumado com o que falam de mim. Vez ou outra eu simplesmente estou sendo xingado por quase todos que convivo. Não fico mais chocado, nem triste.
Bruno> Porra Gabi. A mina falando dagente daquele jeito...
Gabriel> Bruno o problema não foi falar de nós daquela forma, pois acredito até que ela pegou o bonde andando e se equivocou. O problema Bruno é você trazer aquele tipo de menina pra sua vida. Pra minha vida e pra vida da Jú.
Ele baixou a cabeça e ficou tímido...
Bruno> Desculpa. Você tem razão. Sou um idiota não é?
Suspirei. O Bruno era um meninão. Ainda não havia crescido. Era um cara que vivia cercado de meninas. Um cara bonito. Forte. Lutador. Deveria fazer o imaginário de várias meninas. E algumas delas, possivelmente, falava abertamente pra ele isso. O segurar-se acredito ser difícil pra ele. Não era uma justificativa que eu estava tentando formular pra atitude dele. Apenas estava ponderando o quanto deveria ser difícil pra ele viver prestigiado por tanta menina.
Gabriel> É sim!
Ele me olhou surpreso.
Bruno> Poxa você nem alivia né?
Gabriel> Eu não! (falei serio, mas meu humor tava voltando. Parecia que tinha perdoado aquele moleque) pra que aliviar. Você pisou na bola... pisou feio. Atitude de moleque... se não quer a Jú fala...
Bruno> Eu quero! E como quero aquela maluca! Eu acho até que tou gostando demais dela... tipo... tipo... bom eu acho que tou apaixonado! Por isso me apavorei!
Comecei a entender a mente do Bruno! Ele apaixonado pela Jú! Que coisa! E apavorado! Então por isso ele saiu com...
Gabriel> Foi por isso que você saiu com essa menina?
Não precisava responder aquela pergunta, pois era totalmente retórica!
Gabriel> Desculpa. É uma pergunta retórica!
Bruno> É o que?
Sorri. O velho Bruno de sempre...
Gabriel> Bruno é o seguinte... você saiu com ela por causa do medo do sentimento que nutriu com a Juliana não é?
Ele balançou a cabeça positivamente.
Gabriel> Eu perguntei isso e sabia a resposta. Isso é pergunta retórica. (suspirei) olha é o seguinte. Me diz uma coisa. O que você vai fazer agora?
Bruno> Deixar de ser escroto. Viver minha vida. Pegar minha Juzinha. E pronto. Passado é passado.
Respirei fundo.
Gabriel> Ou você conta ou eu conto!
E ele me olhou realmente assustado.
Bruno> Gabi por favor... não tou nem louco de falar isso pra Juliana... você conhece ela, não conhece?
Suspirei.
Gabriel> Não gosto de mentira. Nenhuma relação tem futuro se há mentira. Por favor conte. Senão eu conto!
Ele ficou super nervoso e desencostou do carro me pegou pelos ombros e apertou...
Bruno> Gabriel por tudo! Vamos esquecer... por favor.
Eu não podia fazer aquilo. A Jú é minha Irma... minha amiga... é tudo pra mim. Ele tinha que falar. Poxa.
Gabriel> Bruno você tem que contar. Tem! É melhor pra ti. Nada fica encoberto. Tudo vem à tona. Por favor.
Bruno> Mas EU NÃO TRANSEI COM ELA!
Gabriel> Mas ia! Fora que beijou não beijou?
Ele baixou a cabeça meio pego em flagra...
Gabriel> Imagina se fosse a Jú com outro cara
Ele ficou nervoso e me olhou bravo...
Bruno> Eu mato o miserável!
Gabriel> Então!
Bruno respirou fundo...
Bruno> Tá, ta bom... tá bom! Me dá um tempo. Tipo. Depois deste fim de semana. A Jú tá louca com a gincana.
Assenti. Realmente aquilo deixaria ela arrasada. E a gincana tava tirando ela do sério.
Gabriel> Olha logo depois da gincana. No domingo. Você conta certo?
Ele respirou fundo...
Bruno> Mas qual será a reação dela?
Eu nem imaginava... pensei em várias coisas. Tipo... ele ser encontrado boiando no Derby (um parque em Recife)... virar um eunuco... qualquer coisa do padrão Jú de vingança...
Gabriel> Pelo menos será honesto. E pode ter certeza que vai dar certo...
Bruno> O que vai dar certo? Ela acabar comigo?
Sorri. Capaz mesmo!
Gabriel> Fala o seu medo da paixão por ela que acho que vai entender tudo...
Bruno> Nem morto!
Nossa, como esses homens pensam! Eles morrem com a forca no pescoço, mas não falam simplesmente a cosia mais simples... que teve medo do sentimento e meteu os pés pelas maos. Claro que não justifica mas alivia...
Gabriel> Bruno não justifica o que você fez... mas se disser o motivo vai dar uma aliviada na situação...
Bruno> Nada feito. Você já me convenceu a falar a merda toda... deixa me limpar sozinho... do meu jeito!
Dei de ombros... ele precisava mesmo concertar suas confusões... olhei pro relógio e tomei um susto... MEU DEUS!
Gabriel> Bruno! Duas e meia! A academia!
Peguei meu celular e... nossa descarregado! E se o Gui ligou! Senti um frio no estomago... e um mau estar me aflingiu...
Bruno> Puta merda! Deveríamos estar na academia há meia hora...
Ele abriu o carro e eu entrei... saímos como se fossemos vencer as 1000 milhas de Indianápolis... Chegamos na academia em tempo recorde, mas mesmo assim já passava das 15 horas... assim que o carro estacionou eu desci e o Bruno também. Vi o jipe do Gui e corri pra academia... quando entrei eu o vi dando aula a um menino, na realidade ele estava praticamente matando o cara...
Flavia> Jesus! Gente onde vocês estavam?
Eu nem escutava o que ela dizia... vi o Gui no tatame com um garoto... ele estava ensinando uma imobilização... na realidade ele tava fazendo a imobilização de forma quase real... seus olhos se encontraram com os meus... e eu vi que ele tava realmente aborrecido. O menino quase chorando bateu desistindo... ele solta o guri e se levanta do tatame. O Gui é uma figura assustadora. Enorme. Deve ter metido medo em muitos adversários... ele sem tirar os olhos de mim saiu do tatame e veio ao meu encontro.
Guilherme> Vem pra sala agora...
E saiu sem me esperar... Olhei a Flavia e o Bruno e eles sorriram... nossa. Sem apoio! Fui pra o calvário. Quando entrei o Gui tava sentado na cama de massagens...
Guilherme> Onde você estava? Te liguei e não consegui falar contigo... (percebi que ele media as palavras e controlava a raiva).
Eu tava com o coração disparado
Gabriel> Gui eu fui almoçar no shopping. E meu celular descarregou (peguei e entreguei a ele – ele puxou bravo) e eu te liguei antes, mas você não atendeu. Duas vezes!
Ele olhou o celular...
Guilherme> Estava com o advogado sobre a audiência do cara que bati. O que te sequestrou, não podia atender. Mas, você não ia foi almoçar com a Juliana? Liguei pra ela e ela disse que você saiu sozinho pro almoço. Daí ligo e tá desligado. Tem noção do medo que fiquei. Depois o Bruno não chega. Daí não podia sair porque tinha que substituir ele na aula. Caralho Gabriel! Preocupado com você, com seu sumiço e de mãos atadas aqui!
Respirei fundo. Vamos as explicações! Olhei pra o Gui e percebi que seria complicado. Agora até eu sentia que era complicado. Como dizer que sai sozinho de ônibus com gangue dos sakin reds em meu encalço. Com o Danilo ainda estudando na mesma escola. Com o assalto que sofri pelo fato da voz misteriosa que eu escutei revelar ser pré meditado... era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo que a prudência mandava tomar cuidado. E eu realmente não tomei.
Gabriel> Gui por foavor me entenda. Foi um desencontro. A Ju não quis almoçar comigo... você não podia e eu não consegui falar contigo pra dizer aonde eu iria...
Guilherme> Gabriel para. Só me deixa mais irritado essa sua desculpa...
Gabriel> Não é desculpa! Poxa. Deixa te contar.
Ele saiu da janela e se aproximou de mim. Realmente ele estava muito irritado.
Guilherme> Contar? Ate quando você vai se colocar em perigo? Até quando Gabriel?
Era um pouco injusto aquilo tudo.
Gabriel> Gui eu não me expus ao perigo. Só peguei um ônibus. Fui pra o shopping center Recife, almocei, encontrei o Bruno... conversamos. Perdemos a hora e só isso.
Guilherme> Você almoçou com o Bruno?
Gabriel> Não comi sozinho. Eu o encontrei numa loja.
O Gui me olhou serio.
Guilherme> E o que diabos você tinha tanto pra conversar com o Bruno?
Então eu falei, a contragosto, a historia toda, de ter encontrado o Bruno com uma menina... ter ido lá falar com ele e mostrar que vi e não gostei... de ter conversado com ele sobre a possível traição... de ter perdido a hora por isso, tudo! Estava me perdendo nas palavras... estava fazendo confusão com tudo. Também não era fácil explicar algo pra o Guilherme, pois ele nunca tá receptivo...
Gabriel> E na realidade por isso eu atrasei...
Guilherme> Quer dizer que você veio com o Bruno? Aliás, se expos sim ao perigo. Saiu de ônibus! Francamente... sabe o que eu vou fazer contigo seu irresponsável... sabe o que?
Me encolhi todo...
Gabriel> Gui eu não tive como evitar... achei muito ruim o fato do Bruno ter feito o que fez e não me contive. Discuti com ele... e terminamos por conversar por muito tempo e... e... (eu estava me enrolando todo).
Sentia-me angustiado com aquilo... quando subitamente o Gui me abraça forte.
Guilherme> Ta vendo! (ele acariciava minhas costas) ta vendo como não posso deixar você sozinho? Só arruma confusão!
Ele ainda estava meio bravo, mas menos... percebi pelo tom de voz que mudara instantaneamente.
Gabriel> Ah não! Não arrumei confusão não!
Guilherme> Arrumou sim coisa mais desastrada do mundo... lindo e desastrado... (ele ria de mim e aquilo me deixava mais irritado)... te deixo só por uma manha e já vem cheio de problemas meu confuzeiro...
Gabriel> EU NÃO SOU CONFUZEIRO! (Eu estava irritado, muito bravo)
Tentei me desvencilhar, mas não consegui. Ele realmente é muito forte. O Gui começou a morder meu pescoço.
Gabriel> Pare que tou bravo com você...
Guilherme> Eita bicudinho arisco! (ele ria e me apertava - eu tava todo arrepiado... me excitando já) deixa domar esse bicudinho...
Tentava de toda forma escapar mas ele me prendia e me beijava sem parar...
Gabriel> Guiiii vai chegar gente!
Guilherme> Eu tranquei a porta.
Que safado!
Tentei mais uma vez sair-me daquelas mãos terríveis... ele me tocava muito e em todo lugar... em todo mesmo...
Gabriel> Mas eu tenho que trabalhar e você também...
Senti o pau dele em mim... estava tão duro... forçando minha coxa... meu Deus, se ele não parar não poderei resistir...
Guilherme> Olha como você me deixa...
Fiquei constrangido... não podíamos fazer amor ali...
Gabriel> Gui por favor. Eu prometo em casa fazer tudo o que quiser... mas agora não terei cara pra encarar ninguém... por favor...
Ele sorriu. Beijou e soltou-me.
Guilherme> Vou cobrar! E tenho pena de você hoje a noite...
Seu sorriso era enorme, mas seus olhos estavam maliciosos e temi o que ele imaginava. O Gui, ainda me olhando enigmático abriu a porta e saiu... suspirei todo nervoso... nossa, ele iria me castigar... como seria os castigos do Guilherme?
O Alysson entrou e olhando-me estranho deitou-se pra massagem. Foi esquisito aquilo. Não sabia o que fazer. Mas sentia que ele estava estressado com algo. Não sei se queria me falar algo, ou se estava aborrecido comigo... ou qualquer coisa do tipo. Apenas o que eu sei é o seguinte. Ele estava com muita raiva. Isso sim. Podia sentir nos músculos. Dava um trabalhão pra massagear. Peguei e tentei de todas as formas terminar o mais rápido possível.
Estava nas costas dele. Ele deitado na cama de massagem e eu tentando finalizar aquela massagem estranha, constrangedora. Ele estava com o rosto virado de lado e tentava me olhar mesmo naquela posição difícil. Suspirei e tentei terminar realmente o mais rápido... quando!
Alysson> O que você quer mesmo do Guilherme?
Me assustei com aquilo. Que pergunta foi aquela? Sem propósito! Sem motivação. Do nada.
Gabriel> Porque isso? (minha voz era assustada, antes ele nunca havia sido direto)
Ele se levantou... interrompendo a massagem.
Alyssion> Me diga cara. O que você quer com o Guilherme?
Eu me afastei assustado...
Alysson> Você está levando o Guilherme...
Gabriel> O que você tem a ver comigo e com ele? (não sei como aquilo aconteceu mas de repente falei como se tivesse no automático. Juro que não pensei em revidar. Penas aconteceu)...
Ele me olhou com olhos apertados... era muito assustador. O Alysson lutava boxe, e tinha uma forma intimidadora de olhar. Mas eu não me intimidei...
Alysson> Conheço esse moleque desde...
Gabriel> Que me importa? (interrompi) olha aqui Alysson, você não tem nada a ver com minha vida. E com a vida dele. Mesmo que fosse o pai dele. Ou o meu, o que eu realmente não apreciaria.
Ele me olhava com raiva. Raiva contida. O Alysson me encarava como se tivesse alguma propriedade pra aquilo. Tipo, como se fosse um inquisidor. Realmente ele assusta, devido ao porte. Negro, músculos enormes, cara de bravo, voz forte. Gente não sei onde encontrei coragem, era sim um Tison da vida! Mas eu precisava mostrar que não estava intimidado. Que ele não poderia cantar de galo no meu território. No meu território! Me senti estranho pensando aquilo. Mas, mesmo assim, não me contive...
Gabriel> E entenda uma única coisa Alysson. Não sou seu amigo. E pelo que me consta o Guilherme apenas é seu patrão. Portanto como um bom funcionário dele limite-se a apenas esta função.
Alysson> Quem você pensa que é fedelho?
E então falei...
Gabriel> O namorado dele.
Aquelas palavras ecoaram no ambiente de forma definitiva. O silencio reinou. E eu simplesmente fiquei frente a frente com o Alysson. Nos encarando. Ele estava realmente alterado. As veias do pescoço saltavam. Os punhos estavam cerrados. E os olhos apertados. Boca crispada. As narinas estavam abertas. Vi aquela expressão quando ele lutou...
Alysson> Ridículo você.
Guilherme> Porque esta chamando o Gabriel de ridículo Alysson?
Nos assustamos... o Gui tava na porta. Ele se aproximou, deu a volta em mim e me abraçou. Fiquei absolutamente constrangido. Vermelho.
Guilherme> Vamos! Responde!
O Alysson baixou a cabeça. Percebi que se controlava... e então, como que desistindo de tudo, soltou um longo suspiro e se encaminhou pra porta, e antes de cruzá-la falou...
Alysson> Isso não é certo Guilherme. Pode dar mal tudo...
O Gui apertou os olhos e escutei os dentes dele rangerem.
Guilherme> Isso é uma ameaça? (Alysson balançou negativamente a cabeça) Entenda uma coisa Alysson. Eu sou seu patrão. E a partir de hoje o Gabriel também. Respeite-o. Ele é seu patrão, porque tudo que tenho é dele. Entendido? O Alysson balançou afirmativamente a cabeça e antes de sair eu falei...
Gabriel> Alysson me conte uma coisa.
Ele parou e ficou estático de costas pra mim e o Gui.
Gabriel> Como você suspeitou... Como você tinha tanta certeza... Como você sabia?
Ele suspirou e falou...
Alysson> Vocês não dão bandeira se é o que querem saber...
Ia saído e o Gui falou...
Guilherme> Não foi isso o que ele perguntou.
O Alysson parou. Deu uma respirada profunda e se virou pra nós.
Alysson> Há muito tempo atrás, minha irmã viu vocês dois no vestiário. Mas vocês não a viram...
Eu lembrava de que escutamos um barulho há um tempo atrás. O Gui havia me beijado ali. Quando escutamos o barulho o Gui saiu pra ver quem era...
Guilherme> Eu lembro! Ouvi um barulho, sai em seguida pra ver quem era, mas era impossível dela ter saído tão rápido. E a porta tava fechada... (interrompido)
Alysson> Ela saiu pela janela do escritório. Estava aberta... ela pulou a janela...
Nossa! Agora muita coisa se encaixava. E tudo começou desde aquele dia. Minhas perseguições... meus problemas com o Gui... tudo...
Alysson> Posso ir? (perguntou, percebi que com desdém, mas não falei nada, nem o Gui, estávamos surpresos com a noticia do flagra).. O Alysson saiu... e o Gui ficou pensativo...
Gabriel> No que esta pesando?
O Gui suspirou.
Guilherme> Estou começando a me convencer que a Marcela é uma má influencia..
Gente, eu não acreditei que ele disse aquilo... fechei minha mão em concha e bati na testa dele em sinal típico de “como sou abestalhado”... Ele pegou minha mão e mordeu... começou a me agarrar... dizendo que iria me punir e tal... e só parou quando ouvimos um pigarro. Me assustei e virei pra porta...
Gabriel> Bruno!
Nossa que alívio, tinha que parar com as surpresas ao pé da porta... tava virando já rotina. Olhei pro Bruno e ele tava... ri, tava meio constrangido. Ri demais.
Bruno> Bom vim pra massagem... mas acho que não é uma boa hora... (ele olhava pro chão como se estivesse procurando alguma coisa)
Guilherme> Ah, venha aqui que é contigo mesmo que quero falar....
Agora que o Bruno tava acuado... levantou a cabeça assustado e fitou o Gui que se encaminhava pra ele a passos largos.
Guilherme> O que tava fazendo no shopping center? E com o meu Biel?
O Gui pegou no ombro dele e apertou na região do “cabide” o Bruno gemeu de dor...
Bruno> Ai, ai... aiii Gui!
Ele se contorcia...
Guilherme> Você se ligue!
O Bruno se soltou... massageando o ombro...
Bruno> Eu tava... tava....
Cruzei os braços... será que ele ia mentir?
Guilherme> Não precisa falar... já sei tudo.
Bruno> Como assim sei tudo? O Biel te falou?
O Bruno me olhou com cara de magoado... eu dei de ombros e abri os braços tipo, o que eu poderia fazer? O Gui se encaminhou pra sair e deixar o Bruno sozinho comigo pra massagem... mas antes falou...
Guilherme> Eu e o Gabriel temos cumplicidade. Falamos tudo um para o outro. Não temos segredo. E nos respeitamos. Não mentimos e nos importamos um com o outro. Faz isso com tua garota ok...
E saiu. A cara do Bruno foi de total tristeza... coitado. Pela primeira vez naquele dia senti dó dele.
Bruno> Que pito!
Não tive como segurar o riso. E do nada caímos na gargalhada. A massagem do Bruno foi totalmente prejudicada. Não conseguíamos nos concentrar.. e rimos o tempo todo. Não do que o Gui falou, mas da situação do Bruno que agora teria que enfrentar com a Jú. Terminamos a massagem, ou o resultado da nossa distração. Saímos da sala e a Flavia veio logo nos encontrar...
Flavia> O que ta havendo hoje aqui? O Alysson dando patada em todo mundo. O Bruno parece que nem tomou o remédio de concentração... o Gui já quebrou dois alunos ao meio. Nossa gente! Alguém sabe alguma coisa?
Sorrimos...
Gabriel> É sexta feita... traumas acontecem...
Bruno> Não deixei de tomar remédio nenhum... na realidade nem tomo você sabe.
Rimos do Bruno. A tarde passou muito rápido. O Gui não apareceu mais. Passou a tarde toda no escritório fazendo ligações. A Flavia falou que ele tava comprando um maquinário novo, pra implementar na academia, na principal. Lembrei que tempos atrás o Gui queria me dizer uma novidade da academia. Fiquei curioso. O que seria? Mas deixei pra depois aquela curiosidade e me reportei a Flávia...
Gabriel> Fla vamos pra massagem?
Flavia> Infelizmente não poderei fazer hoje. Tenho que sair mais cedo, vou pra principal (academia) pois tenho uns pepinos lá. Bjos lindo... até o fim de semana... o Gui quer que todos nós vamos a gincana amanhã...
Tinha me esquecido. Ainda bem que eu não iria me apresentar... morreria de vergonha!
Gabriel> Então tá... vou esperar o Samir terminar a aula dele. Enquanto isso vou ligar pra Jú.
Daí lembrei que o meu celular estava descarregado. Olhei pro Bruno e falei...
Gabriel> Bruno me empresta teu celular pra eu ligar pra Jú. O meu está descarregado...
O Bruno tirou o celular do bolso discou e me entregou...
Jú> Oh tiger… Teach me tiger I would kiss you... wa wa wa wah…
Não aguentei e cai na gargalhada… engasguei... a jú atendeu cantado a música mais engraçada do mundo... e gemia ao telefone...
Jú> Bruno?
Eu não conseguia falar... somente ria descontroladamente. O Bruno tomou o celular da minha mão enquanto eu não conseguia parar de rir...
Bruno> Era o Beil, ele queria falar contigo... ah Jú porque ele ta sem telefone... tá tá bom, espera! (e revirando os olhos) ela quer falar contigo...
Eu ainda ria quando peguei o celular...
Jú> Se você contar pra alguém o que escutou eu te mato... alias... conto pro Gui das G magazine!
Eu ria muito...
Gabriel> Mas que G? Eu não tenho...
Jú> Garanto que antes que você pisque os olhinhos vai ter a coleção completa e autografada a gala pelos principais modelos debaixo de teu colchão!
Eu ria muito ainda...
Gabriel> Jú você deveria cantar essa música na gincana... vai ser a nova voz do motel... (e ri pra valer)...
Jú> Fala O QUE VC QUER!
Respirei fundo e tentei controlar-me... E era melhor mesmo eu me controlar, porque a Jú brava era uma inimiga por demais impossível de controlar...
Jú> Cade a porra do seu celular?
Gabriel> Descarregado...
E emendei...
Gabriel> Jú te liguei pra saber se ia ser preciso que eu venha cedo pra escola amanha pra ajudar na preparação da gincana?
Jú> Não precisa não. Estamos preparando hoje a tarde. Apenas quero que você tente arrumar um jumento...
Parei de rir. Pra que a Jú queria um jumento!
Gabriel> Jú pra que tu quer um jumento?
Jú> Pensei no Guilherme, mas ai percebi que você não aprovaria... pois pra caracterizar o jumento ele teria que ir de Adão...
Gabriel> Há há há... que engraçado...
Jú> Então ficamos de mãos atadas. Tentei arrumar o animal hoje, mas não deu. EU QUERO QUE ARRUME O JUMENTO PRA AMANHÃ... senão perdemos pra a outra escola... ah, também leve o notebook... vamos precisar de vários...
Gabriel> Jú me libera do jumento!
Guilherme> Te liberar de que Gabriel?
Gente olhei em volta e tava o Gui, o Bruno e o Samir me encarando.
Gabriel> Do jumento! (falei debilmente)
E ninguém entendeu nada! O Gui fechou a cara... gente, será que ele pensava que eu tava chamando ele de jumento?
Gabriel> Não Gui é o seguinte... (eu gaguejava)
Jú (ao celular)> Hummm, ele ta ai né... ah, agora vou a forra... ele pensa que você chamou ele de jumento! Se lascou... kkkkk
Gabriel> Pera Jú... (falei ao fone) Gui é que a Jú pediu pra eu...
Jú (ao celular)> Ah nem precisa procura...fala pra ele que já encontrou...
Gabriel> Cala boca! (falei pra Jú)
Guilherme> Não tou entendendo nada! Dá pra explicar...
Gabriel> É que...
Jú (ao celular)> É que teu cacete é tão grande que nem um de jumento...
Gabriel> Cala boca Jú... JU.. JUMENTA!
E desliguei o celular...
Guilherme> Quer me explicar isso?
Suspirei...
Gabriel> A Jú me pediu pra arrumar um jumento pra gincana amanha... e eu pedi pra ela me liberar dessa “incumbência”...
O celular começou a tocar... e agastado atendi...
Jú (ao celular)> Você tá péssimo ultimamente. Desliga na minha cara, me chama de jumenta... não sei não Gabriel... o que eu faço com você!
Gabriel> Você merece cada palavra...
Jú (ao celular)> Só se redime comigo se arranjar o jumento. Bom. Xau que tão me chamando aqui. a noite ligo... beijos...
E desligou...
Gabriel> Gui onde eu encontro um jumento?
Ele balançou a cabeça negativamente... o Samir sorriu e foi pra sala de massagens. O Bruno ria de mim, pegou o celular e falou...
Bruno> Compra uma fantasia... e põem no (quando ia falar Gui este se virou pra ele ameaçador e o Bruno desistiu) tá ok, tchau...
O Gui se voltou pra mim...
Guilherme> Esquece a história desse jumento. A Juliana que encontre suas bizarrices...
Suspirei. O pior é que agora eu tava com consciência de culpa de não achar o maldito animal.
Gabriel> Mas a gincana...
Guilherme> Que se dane Gabriel... você não vai sair por ai e pegar um jumento pra trazer pra escola! Que coisa!
Falou bravo... mas, suspirou acalmando-se e falou.
Guilherme> Só falta a massagem do Samir não é? (afirmei) então vai lá que quero ir pra casa cedo. Tenho ainda que passar na academia (a outra) pra pegar uns papéis.
Eu fui massagear o Samir e o Gui foi pra o vestiário... foi tomar um banho. Quando terminei o Gui já me esperava na sala de massagens tomado banho. Estava lindo com o cabelo em desalinho e reprimi a vontade de passar minha mão ali... e arrumar um pouco aquele cabelo...
Samir> Chefia eu não poderei vir segunda a tarde... a Flávia já explicou não foi?
Samir era uma onda mesmo. Eu queria ter mais contato com ele. Só que tinha pouco. Realmente eu sentia que ele era uma boa pessoa.
Guilherme> Falou. Vai pra uma convenção de quadrinhos não é isso?
Olhei pra ele admirado... convenção de quadrinhos...
Samir> Sim.
Gabriel> Samir que coisa interessante. Você gosta de quadrinhos?
Samir> Coleciono. Tenho todos do X-men.
Fiquei fã do Samir.
Gabriel> Nossa! Legal. A galera dos quadrinhos são pessoas sempre de boa não é?
Ele fez sim com a cabeça, e saiu da sala se despedindo de nós. Arrumei minhas coisas na mochila e o Gui se encostou na cama de massagens.
Guilherme> Quer dizer que você gosta de gibi?
Gabriel> Eu curto Gui, mas não coleciono nem tenho o hábito de ler...
Guilherme> Ficou tão impressionado com o Samir que eu pensei que gostasse mais de gibis....
Ele falou de uma forma tão fofa aquilo que nem percebi direito que tava com ciúmes. Sorri... geralmente o ciúmes do Gui é carregado de violência e medo. Mas aquele tava tão lindo... tão fofo... parecia um guri...
Gabriel> Gosto sim Gui... mas gosto mais de um lutador GG que é a coisa mais linda do mundo... (me aproximei dele e o beijei)...
Ele não contou conversa e me pegou forte... me beijou quase me esmagando...
Gabriel> Gui a porta (pude dizer entre os beijos)
Ele me soltou...
Guilherme> Não pense que esqueci do seu castigo viu!
Sorri. Eu estava rezando pra ele não esquecer... Saímos da academia ainda com alguns alunos malhando. O Samir ficou com o Alysson responsáveis por fechá-la. Fui pro carro do Gui, ele estava estacionado do lado oposto da academia, do lado do carro do Bruno. O Gui abriu as portas com o controle eletrônico e olhou pro carro do Bruno.
Guilherme> É uma boa ideia incumbir o Bruno de te pegar de vez em quando... quando eu não puder...
Olhei pra ele e falei...
Gabriel> Ah não! Não quero um guarda-costas.
O Gui entrou e eu também... pus o cinto...
Guilherme> Não é questão de querer ou não um guarda-costas. É questão de não estar sozinho até essa loucura que esta sua vida acabar...
Gabriel> Minha vida não está uma loucura...
O Gui suspirou... ligou o carro e saiu de ré, manobrando-o pelo estacionamento...
Guilherme> Não vou discutir contigo sobre isso Gabriel... apenas pondera e pensa... assalto, sequestro, espancamento de colega de escola... desmaios... taquicardia... nariz sangrando... ameaça de morte... perseguição... o que você quer mais?
Agora foi minha vez de suspirar... ele tinha realmente razão... mas não queria um guarda-costas... nem ia dizer que ele tinha razão... mudei de assunto.
Gabriel> Gui você não acredita quem eu encontrei hoje no caminho pro shopping...
Guilherme> Quem? Jason?
Eu não entendi...
Gabriel> Que Jason?
Guilherme> Sexta-feira 13 te diz algo?
Ai que ódio... o Gui tava brincando comigo na cara de pau...
Gabriel> Ah Gui! que saco... não sou assim tão vitima...
Ele riu e esticou o braço e começou a acariciar minha cabeça... Eu também adorava... pus a mão na coxa dele. Pronto. Era um elo que tínhamos e até hoje mantemos.
Guilherme> Quem você encontrou?
Gabriel> Meu ex professor de natação... (ele franziu o senho) quando eu tinha 10 anos comecei a fazer natação e o Adriano foi meu professor... depois ele foi embora. Mas eu gostava bastante dele. E agora ele ta de volta... fiquei feliz Gui. Faz tempo que não via esse professor...
Guilherme> Você o viu onde?
Gabriel> No ônibus. Foi uma enorme surpresa ver esse professor depois de 7 anos quase.
O Gui não perguntou nada... continuou a me acariciar e começou a falar sobre assuntos triviais. Eu pensei que ele iria perguntar sobre o professor, mas me enganei... acho que fui sucinto e não despertou nada nele. Que bom. Não queria que ele imaginasse nada de diferente...
Gabriel> Gui como vai ser a gincana amanha...
Guilherme> Olha esquece essa historia de jumento!
Gabriel> Eu mesmo não ia atrás deste animal de forma alguma. Mas a Jú disse que a gente iria perder...
Guilherme> Esquece Gabriel. Não tem nem graça essa historia...
Fiquei mudo. Realmente não tinha como ir atrás do jumento. Mas fiquei mesmo assim triste. E se perdêssemos por minha culpa! Chegamos na academia e o Gui estacionou o carro.
Guilherme> Vamos descer. Se quiser comer alguma coisa na cantina...
Daí lembrei do ultimo lanche que fiz ali... e embora a confusão que deu, eu não esqueci do sabor da comida, e a limitação dela.
Gabriel> Gui temos que conversar sobre a cantina...
O Gui ia descer e parou...
Guilherme> O que há de errado?
Ele falou de forma brusca. Que me deixou com um pé atrás... mas achei melhor falar de uma vez. Mesmo que ele não gostasse...
Gabriel> Gui eu acho que deveria incrementar a cantina. Pois acho que não tem muita coisa pra oferecer... tipo, os sanduíches são comuns, além de que não tem nada a ver com a proposta de uma academia...
Guilherme> Gabriel você está criticando a cantina que minha mãe idealizou?
Fudeu! Pensei.
Gabriel> Não estou criticando...
Guilherme> E está fazendo o que?
Suspirei... como ia dizer aquilo. Agora que sabia que foi a mãe dele que planejou a cantina?
Gabriel> Estou dizendo que hoje temos que acompanhar a modernidade e oferecer melhores... não (droga, não deveria ter usado a palavra melhores) oferecer novidades... coisas de hoje... entende...
Guilherme> Não, não entendo. (falou carrancudo)
Bom, deixa pra lá...
Gabriel> Certo, desculpa. Não tá aqui quem falou...
E desci acompanhado dele. De repente me bateu uma raiva. Poxa eu não tava fazendo nada demais. Não sabia que a cantina tinha sido implantada pela mãe. E se estava obsoleta, eu tinha que ser sincero... que saco!
Gabriel> Desculpa Gui. Não falo sobre mais isso (ele ia se encaminhando pra a academia e eu o seguia) contudo (ele se virou pra mim)...
Guilherme> Contudo...
Gabriel> Contudo pergunto. Quando comeu pela ultima vez aí? Digo, não suco, nem Milk shake... digo, comeu mesmo?
Guilherme> Não me lembro... acho que uns dois anos, não sei.
Eu passei por ele e dei dois tapinhas nas costas...
Gabriel> Hoje comeremos aqui.
E me encaminhei pra a academia sendo seguido por ele. Agora ele ia provar o que eu falava... e com certeza iria entupir aquele ego difícil com uma comida bastante over.
O Gui foi direto pra o escritório e eu fui ver a Flavia... ri demais, ela estava fazendo ioga... de cabeça pra baixo tentando se concentrar e ficava o tempo todo olhando de lado entediada...
Flávia> Vou dar uma pausinha...
Ela saiu de fininho e a professora de ioga ficou olhando brava...
Gabriel> Fugindo da aula...
Flávia> Tava fazendo um teste com aquela garota ali no fundo... (apontou pra uma menina baixinha e morena... tinha uns 45 anos eu acho) ela é professora e esta sendo testada pra ver se fica no nosso quadro de funcionários porque a Livia (professora de ioga que ficou brava por a Flávia ter saído) está com muitas turmas...
Gabriel> Ah, então volta... é importante. Você ta trabalhando...
Flavia> Já avaliei ela... há uma hora atrás... nossa, tou morta... ninguém merece...
Fomos pra cantina...
Gabriel> Fla o que você acha da comida daqui?
Flavia> Legal Gabi.
Olhei pra ela e saquei aquela resposta...
Gabriel> Pode falar Fla... não vou te dedurar pro Gui...
Ela suspirou...
Flavia> Limitada, sem graça e totalmente fora do padrão. Mas eu já disse isso a ele!
Gabriel> Fica fria. Eu também já disse. Mas ele...
Flavia> Não aceita. Eu sei. A mãe dele.
Chegamos na cantina. Sentei numa mesa.
Gabriel> Mas hoje vou fazer ele querer. Fla faz uma coisa.
Flavia> O que?
Gabriel> Come conosco. Quero sua ajuda pra convencer o Gui a mudar a cantina. Pelo menos o cardápio.
Ela me olhou e falou...
Flavia> Não precisa de ajuda. Se ele comer hoje aqui. Você vai ter é dor de cabeça em fazer ele parar de mudar as coisas...
Sorri. Essa era minha intenção. O Gui chegou na cantina e viu eu e a Fla conversando...
Guilherme> Duas cabeças de vento juntas...
Olhei bravo...
Flavia> Faz um tornado... se aventura nele?
Adorei a resposta da Flávia...
Guilherme> Não mesmo!
Gabriel> Gui. Senta, vamos pedir...
Guilherme> Ah Gabriel, ainda tentando provar...
Gabriel> Não tou tentando provar nada. Estou com fome. Quero comer agora, e se temos uma cantina ao nosso dispor, não tem porque sair e ir atrás de nada...
Ele suspirou e sentou-se. A teia tava armada. Rezei pra não ter um sanduíche bom... sei que fui mal ao pensar isso, mas tinha que tomar medidas drásticas.
Guilherme> Certo. (o Gui se sentou e fez sinal pra uma pessoa da cantina trazer o cardápio) Vamos comer aqui se assim o quer... Flavia nos acompanha?
Flavia> Não... desculpa Gabi mas eu já jantei. Não aqui... (enfatizou) mas acompanho vocês com um suco...
O Gui pegou o cardápio que um rapaz trouxe e começou a ler... procurando, provavelmente, uma comida condizente com um jantar... claro, não achou. Me olhou desconfiado e falou...
Guilherme> Eu, bom... gosto de misto e você?
Olhei pra ele com um sorriso nos lábios...
Gabriel> Gosto de pão sírio com peito de presunto defumado e pasta de frango com bacon e molho de mostarda. Mas aqui não tem. Pede um cachorro quente! E pra você, voto no especial...
Gente, especial numa academia... ele ia revirar os lençóis... e eu, mesmo que não dormisse, iria me sentir realizado. Ele merecia uma congestão... O suco (de polpa de fruta!) era o melhor. Ou você pedia o de graviola, ou o de manga. Laranja só de garrafa. Fui pro refrigerante. O Gui me olhava de rabo de olho de vez em quando. Mas olhava ainda atento o cardápio.
Gabriel> Flá aqui tem trabalho nutricional... tipo, alguma nutricionista acompanha os alunos ou os atletas?
Flavia> Os atletas tem nutricionista, mas não aqui na academia. Na realidade não temos este trabalho direcionado para os alunos. Temos pra os atletas, mas é tercerizado...
Gabriel> Seria interessante ter sabia?
O Gui me olhou e falou...
Guilherme> Estou gostando de seu interesse em melhorar a academia. Um nutricionista integral pode ser uma ideia interessante...
Gabriel> Não precisa ser integral. Pode ser 4 vezes por semana. Ele faz apenas a supervisão depois do programa instalado...
O Gui me fitava pensativo. Os pedidos finalmente chegaram... e pra meu deleite o Gui fez careta por seu sanduíshe... Comi o meu com gosto... na realidade eu amo cachorro-quente, por isso pedi pra mim. Mas não podia pedir pro Gui, pois ele tinha que provar o pior... Da metade pro fim eu já tava com dó... tinha tanta gordura escorrendo pelo canto da boca do Gui que eu fiquei com pena... não havia lenço de papel que chegasse.
Guilherme> É um pouco gorduroso não? (sua cara era de desconfiado...)
Flavia> Gorduroso? Isso aí é uma bomba de gordura.
Ele deixou o sanduíche de lado. Olhou o cardápio e falou...
Guilherme> Não tem nada que eu queira comer daqui... nada!
Eu terminei meu cachorro-quente e olhei pra ele...
Gabriel> Agora entende que não estou criticando. Estou mostrando apenas que pode ser mais voltado pra a ideologia da academia...
Ele balançou a cabeça afirmativamente...
Guilherme> Mas mainha...
Flavia> Sua mãe idealizou a cantina. Organizou. A cantina continua sendo obra dela. Gabriel> O que se precisa apenas é fazer da obra de sua mãe atingir o ápice. Gui, não é uma forma de desonrar a memória, mas de dar continuidade ao trabalho dela de forma digna.
Ele sorriu...
Guilherme> Estou feliz que veja a academia desta forma...
Gabriel> Que forma?
Guilherme> Com preocupação. Fico feliz...
A Flavia se levantou.
Flavia> Valeu, tou sobrando... parabéns Gabi...
E saiu.
Guilherme> Estou realmente feliz. (ele me olhava renovado)
Gabriel> Mesmo comendo tanto derivado de porco?
Ele sorriu e se arrepiou...
Guilherme> Verdade. Mesmo assim. Poxa biel. É a primeira vez que noto interesse na academia. Em melhorá-la.
Gabriel> Mas faço isso porque eu quero... (interrompido)
Guilherme> Porque ela também te pertence hoje. Biel nossa historia apenas começou. Não vai haver fim... e pode se acostumar que você mais cedo ou mais tarde vai assumir comigo isso aqui...
Sorri. Não era justo ele dizer que o que ele construiu era meu... eu tinha que construir algo também... mas achei lindo aquele sentimento de que ele me colocava na vida dele em todos os sentidos... e ali, na vida profissional.
Gabriel> Gui a academia é sua... não sou...
Guilherme> Gabriel não venha... nem tente. Ok. Vamos planejar o novo cardápio...
Suspirei. Não ia insistir. Mas não ia aceitar nada daquela forma.
Gabriel> Gui eu tenho algumas ideias... mas tá muito solto. Eu poderia escrever uma sugestão de como deveria ficar o cardápio perfeito, mas precisamos submetê-lo a um profissional nutricionista, até um endocrinologista se possível, e estes sim adequarem um cardápio especifico pra a academia.
Ele me olhava impressionado...
Guilherme> Quanto tempo tinha isso na cabeça... digo, você já planejava me falar isso há tempos né?
Eu balancei negativamente a cabeça...
Gabriel> Conheci praticamente a cantina naquele dia que você pensou que eu estava arrumando confusão na frente dos funcionário. E só agora, hoje, me lembrei de que queria te falar sobre ela.
Guilherme> Então você tem uma mente bem fértil. Porque parece que já planejou o cardápio todo...
Sorri, verdade. Eu sempre fui ágil nas ideias.
Guilherme> Vamos que ainda vou passar numa gráfica pra pegar as camisetas da gincana que mandei fazer.
Tinha esquecido que o Gui patrocinou o time de futebol... nos levantamos e fomos pra o estacionamento. pensei que encontraria a Marcela... mas graças a Deus não dei de cara com aquela individua...
Antes de sairmos o Gui falou com a Flávia e o segurança... daí fomos pro carro. Saímos e seguimos até a gráfica. Era tanta camiseta que julguei não caber no carro. Mas coube. Tinha pelo menos umas 15 caixas de camiseta... eu levava uma no colo e outra nos pés.
Chegamos em casa e o Gui desceu primeiro, me ajudou a descer. Ele abriu uma caixa e tirou 10 camisetas.
Guilherme> Estas ficam comigo.
Subimos... daí assim que o elevador se abriu eu sai e lembrei como um raio cai no campo. O CASTIGO. Me virei quase que em câmera lenta... e o olhar do Gui saindo do elevador indicava que ele também se lembrava. E como!
E agora?! Andei engraçadamente, feito um autômato como se tivesse um cão bravo ao meu encalço. O tempo todo esperava um ataque ele... o que deixava tudo mais tenso... eu estava tenso... o coração acelerado... o Gui me seguia de perto, mas eu não virava pra ver a expressão dele. Meu Deus... tinha vontade de rir... era engraçado e amedrontador. Sabia que ele iria me segurar e fazer amor. mas ele tava apenas em silencio me seguindo até o quarto sem dizer nada, mas com uma expressão de um louco pronto pra me atacar.
Entrei no quarto e ele passou raspando por mim e pos as camisetas em cima da mesa do computador. Voltou-se a mim e já notei um enorme volume. Seus olhos estavam vidrados em mim.
Guilherme> O que quer fazer agora?
Eu engoli a seco... queria atacar ele... cair em cima dele e fazer amor ate cairmos... mas, como sempre, sigo o caminho da provocação...
Gabriel> Quero assistir TV. Faz tempo que não vejo TV...
Ele veio se aproximando e eu recuando... até que encosto na cama. Ele se aproxima e me empurra pra cama. Caio de costas pra ela. A imagem dele era enorme daquela posição. Ele em pé. Olhos fixos em mim... boca crispada...
Guilherme> Assistir TV não é?
Ele retirou o sinto.
Gabriel> Sim... precisamos de uma cultura popular de vez em quando...
Ele jogou o cinto no chão e retirou a camiseta... os músculos dele estavam muito tonificados. O Gui tinha malhado a pouco, além de treinado a tarde toda. Ele já me impressionava normalmente. Mas a forma como ele estava era algo incrível... ele abriu o botão da calça o zipper... eu estava hipnotizado...
Gabriel> Gui linda esta calça... onde comprou (a cara que ele fez foi de um predador...)
Guilherme> Lindo é o que você vai ver agora... o que tá por baixo dela...
E entao ele baixou a calça... Foi naquele momento que eu fiz... claro... Corri dali. Corri por vários motivos. O primeiro deles é que eu amo provocar. E sabia que ele fica enlouquecido com a provocação. Segundo porque sabia que com as calças arriadas ele não poderia correr rápido, pois teria que tirar das pernas... e terceiro, seria interessante ele me perseguir... e não durou... quando cheguei na cozinha ele já estava fora do quarto praguejando, apenas de cueca, a metade do pau saindo por ela... e uma cara de morte... alias de assassino...
Guilherme> PIVETE! SEU PIVETE... VOU TE BATER GABRIEL (ele gritava e eu me divertia)
Preciso fazer terapia!
Gabriel> Tou com sede Gui... você não foi claro com suas intensões...
Eu estava detrás do balcão e ele pos as duas mãos nele e bateu com força que tudo tremeu em cima.
Guilherme> Fique parado que eu vou te fuder sem dó Gabriel. E se eu te machucar vai ser culpa sua...
Eu sorri... abri o armário e peguei uma peneira...
Gabriel> Te bato com a peneira se aproximar-se de mim... (e ele deu um salto incrível por cima do balcão e ficou na minha frente).
Pegou meu braço com a peneira e pos pra trás... com a outra mao segurou meu queixo e me deu um beijo profundo... sugando, mordendo, lambendo de forma forte, pocessiva, esfomeada... Eu gemia e deixei cair a peneira no chão... Ele me pegou nos braços e pos em cima do balcão...
Guilherme> Vou te fuder aqui... aqui!
Era minha intenção desde o princípio. Ele retirou minha roupa com força. Jogando tudo no chão com urgência... não tirou a cueca dele. Não queria me soltar... eu fiquei praticamente de quatro em cima do balcão, nu, com a cabeça tocando o mármore frio e as costas arqueadas em diagonal com a bunda pra cima. O Gui começou a morder minha bunda e doima demais... gemi... senti lagrimas nos olhos... doía muito, mas não sei, eu estava tão excitado e adorando aquilo tudo que quase chego a gozar com aquelas mordidas. O Gui parecia um animal enfurecido, descontrolado...
Guilherme> nunca senti tanto tesão numa bunda como tenho na tua... puta que pariu.... gabriel, que cu gostoso...
E falando aquilo, lambeu até o fundo... o que quase desfaleci...
Guilherme> Diga o que você quer... fale...
Eu travei a boca. Se falasse iria pedir pra ele enfiar o mais rápido possível aquele pau... ele lambia minha bunda... passava a língua no buraquinho que me fazia tremer e oriçar dos pés a cabeça... mas resisiti e provoquei...
Gabriel> Assistir.... ahhhh, assistir TV... ai ahhh
Ele entao pegou o polegar e passsou no buraco...
Guilherme> O que quer mesmo?
Queria que enfiasse porra!
Gabriel> Ver a Xuxa! Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah
Ele enfiou o polegar e entrou a metade de dedo, minhas pernas ficaram bambas... e julguei que cairia dali. Meu corpo tremeu
Guilherme> Puta que pariu... que coisinha quente e gostosa seu puto...
Gabriel> Ah Gui... aiiiiiiiiii (eu gemia... ele girou o polegar e senti ele tocar bem fundo... retirou o dedo e senti um vazio).
Ele lambeu o dedo maior e foi colocando... sua língua lambia ao redor e o dedo me invadia...
Gabriel> Ahhh quero ver o Chaves... ai Gui... ahhh (gemia) quero assistir o Ratinho! Ahh Deus... (senti ele por ate o fim e então minha próstata ser massageada...) Gui... ahh (ele lambia a entrada de minha bunda e seu dedo entrava e saia... e então ele tentou dois...)
Gemi tão alto que ele retirou o dedo e sugiu em cima de mim... ambos no balcão. E pôs a cabeça do pau no meu cu. E simplemsente enfiou com toda força. De vez, sem volta...
Guilherme> O que quer mesmo? (sua voz era dificultada).
Gabriel> Você! (falei rendido)
E então ele sorriu...
Guilherme> Te amo minha criança.
E começou a me fuder com ferocidade. Ele estava praticamente em pé. Eu com a bunda pra cima e a cabeça ainda deitada no balcão... o Gui entrava dentro de mim com força. O saco enorme batia na minha bunda e eu sentia ele grande dentro de mim... muito grande... suas mãos esmagavam minha bunda... e vez por outra ele passava pelas minhas costas... no caminho da coluna até o cabelo que acariciava com carinho, bem o oposto do que o pau fazia na minha bunda, pois eu estava sendo castigado por ele que me fudia forte, rápido... com vigor...
Guilherme> Que cu apertado.... porra Gabriel... fico louco... ah que tesão... fico prestes a gozar meu pequeno... não consgio... é tesão demais... não consigo segurar...
Eu pedi...
Gabriel> Segura Gui... segura.. ahhh
Ele gemeu alto e soltou um grito rouco.... e retirou o pau... Centou-se na bancada ofegante. Olhei pra traz e vi o pau dele dando saltos enormes... brilhante, e liquido saindo da cabeça como se fosse uma lágrima descendo pelo rosto.
Guilherme> Tou preste ao orgasmo...
Ele ofegava e seu rosto era quase de dor... eu me aproximei e comecei a beijá-lo... lentamente... ele pegou o próprio pau e apertou a cabeça...
Guilherme> Como pode ser isso Gabriel? Me segurar pra não gozar logo... Deus... você é a fonte de meu prazer...
Eu falei entao...
Gabriel> Gui também fico segurando. (daí me levantei e tentei me encaixar nele...)
Guilherme> Te amo meu príncipe...
Gabriel> Me penetra...
Ele gemeu forte, segurou minha cintura. Sentei em cima dele, frete pra ele... e ele então pos o pau na entrada. Fui descendo lentamente. Sentindo abrir-me a medida que ele ia avançando... sentia as paredes internas de minha bunda se abrirem lentamente... fui devagar... ele fechou os olhos... sentindo minha bunda quente acolher seu pau... quando chegeu ao final ele tremeu um pouco... respirou fundo...
Gabriel> Tá se segurando não é amor?
Ele apenas balançou a cabeça... seu rosto era de dor profunda...
Gabriel> Vamos devagar... (ele balançou a cabeça afirmativamente) você agüenta?
Guilherme> Por pouco tempo...
Eu fui subindo bem devagar. Até a cabeça quase sai... e descia mais devagar ainda... o Gui abriu os olhos e me olhou dentro dos meus. Ele tocava meu peito... minha barriga, minha bunda, meu prorpio pau, me tocava todo me olhando como se quizesse gravar tudo na mente... enquanto eu subia muito devagar e descia mais devagar ainda... a respiração dele acelerou e eu parei... ele suspirou forte e percebi que se controulou...
Guilherme> Quase gozei agora.
Gabriel> Percebi... vamos novamente meu amor...
Ele afirmou... e eu subi lentamente... ele gemeu e respirou fundo... desci até o saco... ele fechou os olhos e abriu a boca... era lindo ver ele super excitado... então eu mesmo comecei a chorar de emoção. Ele abriu os olhos e pos o dedo em minhas lágrimas.
Guilherme> Acho lindo chorar quando fazemos amor... ahhh... Biel tou quase gozando novamente...
Então parei. Ele me abraçou forte... afundou o rosto nos meus cabelos... gemeu ao meu ouvido. Lambeu meu pescoço... mordeu o ombro... gemeu alto...
Guilherme> Deixa por favor eu gozar meu amor... não aguento mais...
Eu sorri...
Gabriel> Segura só mais um pouco...
Ele gemeu e praguejou... senti que ele tava a beira do abismo... desesperado... E então eu falei...
Gabriel> Vamos... quero sentir teu leite dentro de mim...
Ele me soltou e me olhou alucinado! E com uma violência absurada... me abraçou e deu cinco enormes estocadas em minha bunda... com força, enfiando até o saco... abraçado comigo... e na quinta entrada violenta ele gritou meu nome... gemeu alto e gozou tanto dentro de mim que gozei junto... tremendo, desfalecendo... sentido seu esperma entra fundo em mim e ele me beijou forte... mordendo... com suas mãos cravadas em minhas costas... e seu corpo tendo choques elétricos absurdos, fazendo-o tremer compulsivamente num orgasmo que julgo quase nos fez morrer um nos braços do outro.
Normalmente quando faço amor, e chego ao fim, num orgasmo incrível, eu fico numa letargia absolutamente impossível de evitar. É um torpor que me envolve tão forte que chego a perder a consciência... é absolutamente algo mágico. Único. Neste momento estou a mercê do parceiro. Entregue. Abandonado ao seus braços. Não consigo nem imaginar o que poderiam fazer comigo... tenho sorte em ter o Gui... pois entre meu estado de dormência e a realidade, percebo o carinho que me deposita, percebo com os olhos entreabertos... vejo flashes de seu carinho... do fato que fica acariciando meu rosto... o cuidado com que retira-se de dentro de mim... quando me carrega nos braços... me leva ao banheiro e me dá um banho que me desperta... vejo tudo isso ao som de sua voz dizer que me adora... me ama... que sou sua criança e que adora cuidar de mim...
Gabriel> Gui eu te amo tanto...
Ele estava me ensaboando... eu estava na banheira... ela ainda tava vazia mas a água enchia rápido... ele passava uma bucha no meu corpo...
Guilherme> Minha criança... você não tem noção do que é você em minha vida...
O banho era quente... delicioso... mas minha pela ficou um pouco irritada e eu comecei a acordar...
Gabriel> Gui como vim parar aqui? (minha voz era rouca e manhosa...)
Guilherme> Eu te carreguei meu pequeno... manhoso lindo...
Sorri ele tava tão feliz... quando me elogia é porque ta muito feliz...
Guilherme> Vamos tomar banho logo que quero dormir... temos que acordar cedinho meu bebê...
Gabriel> Tem a gincana né?
Guilherme> Sim... é pela manha não é isso?
Gabriel> É sim...
Terminamos o banho e nos enxugamos...
Gabriel> Gui tou com fome!
Ele riu alto...
Guilherme> Vamos ver o que tem pra comer... também tou com fome...
Atacamos a geladeira... eu adoro atacar a geladeira a noite... Depois da festa na geladeira fomos dormir... antes liguei pra mainha e ela tava na casa de Dona Alba e eia dormir por lá. Achei ótimo, senão ficaria constrangido mais uma vez em dormir com o Gui com mainha ali do lado. Deitamos, como de costume, de conchinha ele me abraçando por trás e adormeci quase que instantaneamente.
Adormeci e juro que meu ultimo pensamento antes de adormecer foi... será que terei pesadelos? Adormeci. Senti algo passar nos meus olhos... era suave e leve como uma carícia... circulava meus olhos e...
Guilherme> Acorda preguicinha...
Tentei abrir os olhos mas a claridade era demais... grunhi...
Gabriel> Apaga a luz... deixa dormir...
Ouvi um riso do Gui... ele começou a me morder no pescoço... me arrepiei todo... senti cócegas... e despertei de vez...
Gabriel> Ok, ok entendi a mensagem... acordei...
Ele riu mais ainda...
Guilherme> Com medo de mim né... (rui) se tivéssemos tempo até que eu queria ir pra o balcão da cozinha...
Fiquei vermelho, pois senti meu rosto queimar...
Guilherme> Mas vamos correndo Biel. Temos que entregar as camisas e ainda temos que ajudar na arrumação...
O Gui tava super empolgado... adorei aquilo... ele ficar animado com a escola e as coisas que diz respeito a mim... Tomamos banho rápido e o Gui disse que era melhor agente ir tomar café na padaria... achei melhor mesmo... poderia comer muita coisa.
Descemos rápido e fomos pra padaria... eu havia esquecido de carregar meu celular... fiquei danado da vida...
Gabriel> Gui esqueci de carregar meu celular...
Guilherme> Tem carregador aqui no carro. Me dá o celular...
Entreguei a ele e ele pôs pra carregar. Pelo menos não ficaria o dia todo sem celular... fomos pra padaria, era pertinho. Desci do carro e o Gui veio junto. A padaria tava lotada e eu fui logo me servir na mesa de Buffet. Fiz meu prato e depois me sentei... olhei pro Gui e ele tava parado me olhando. Sentado a minha frente. Achei estranho e me olhei. O que havia de errado?
Gabriel> Gui o que há de errado?
Guilherme> Você fez seu prato e não fez o meu!
Não acreditei no que ouvi. Olhei pros lados. A padaria estava lotada. O Gui queria se expor daquela maneira? Eu fazendo o papel de ESPOSA fazendo o prato do MARIDO!
Gabriel> Gui! tem certeza (e antes que eu terminasse ele caiu na rizada)
Guilherme> Claro que não Gabriel... ora... só queria ver sua cara. Você precisava ter visto...
E rindo de mim se levantou e foi fazer o próprio prato... fiquei puto da vida... que coisa!
Quando ele voltou eu olhei feio pra ele... e quando eu ia falar, ele ainda sorrindo pra mim olhou alem de minha cabeça e fechou a cara. Esqueci a zanga e olhei pra trás curioso... o Hugo entrava na panificadora e imediatamente nos viu. Que saco! Era horrível morar no mesmo prédio dele... no mesmo bairro... na mesma cidade... no mesmo país... E o que era pior... ele vinha em nossa direção.