Meu celular não tinha senha, curtia deixá-lo livre, porque só eu tinha acesso, e também por que eu não tinha nada a esconder de mim mesmo, afinal eu não tinha amigos, não tinha ninguém...
Via a expressão facial do Ícaro e não pude deixar de pensar outra coisa: ele tinha mexido no meu celular. Essa frase ficava me martelando... E eu também não achava outra solução. Respondi a mensagem do Dan e conversamos rapidamente. “Em, Théo, porque você disse tudo isso? Achei que você tivesse aceitado o nosso combinado...” – ele mandava. ”Cara, se eu fiz alguma coisa pra você, me diz logo, não quero que você fique me xingando desse jeito. Me fala, cara, eu mudo...” – e completava.
Eu fiquei assustado com tantas mensagens que ele me mandava. Eu não tinha falado nada pra ele...
Me levantei e fui ao meu quarto. Mandei mensagens pra ele, explicando que eu não tinha mandado nada. Achei bizarro o que o Ícaro tinha mandado pra ele, que era mais ou menos assim: “Para de me ligar, você é um lixo, não serve pra nada, some da minha vida”. Fiquei chocado com aquilo, de verdade. Não sabia que Ícaro seria capaz de fazer isso.
Naquele momento, eu só conseguia pensar nisso. Muito tempo depois que eu pensei em uma coisa, a mais importante, aliás: Por que o Ícaro tinha feito isso?
Ciúmes? Não sabia se era isso, mas era o mais provável. Mas ele era um (ex) homofóbico, como poderia estar com ciúme de mim? E que tipo de coisa era essa de pegar meu celular pra enviar mensagens pra quem ele nem sabia quem era... Fiquei indignado, mas também não fiz nada com isso. Relevei a situação, afinal Ícaro esperava que eu fosse falar alguma coisa com ele, mas eu me mostrei forte e fingi que nada tinha acontecido. Pus um calção de dormir, fiquei sem camisa, e fui à cozinha beber uma água. Ícaro não tirava o olho de mim, desconfiado.
Seu olhar era lindo demais – tenho que admitir – mas estava incomodando um pouco. Achei que fosse por causa da mensagem, mas era por causa do meu corpo, mesmo. Ele se dizia hétero, mas eu estava começando a desconfiar de certas coisas sobre esse ponto. Dei um boa noite e fui pro meu quarto. Meus lençóis ainda cheiravam o Dan, cheiravam a sexo, e meu nariz se afundou naquilo. Eu me esfregava ali e relembrava tudo. Quando vi, meu pau já estava totalmente duro, precisando de carinho. Tirei meu calção bem rápido e comecei uma deliciosa punheta.
Parecia que não era eu que estava me tocando. Os movimentos com a mão ficavam mais intensos, mais gostosos, e um pouco úmido, por conta do líquido branco que meu pau jorrava lentamente. Eu gemia bem baixo pra o Ícaro não ouvir, mas estava tão bom que eu tinha vontade de gritar. À esquerda, no criado mudo, tinha um gel corporal meio gelado que era ótimo para massagens. Coloquei quase o gel todo na área do meu pau, e na portinha do ânus, fazendo um fio-terra delicioso. Estava gelado e meu pau doía de tão duro, mas o prazer era maior. O ar condicionado deixava mais gelado ainda e minhas bolas estavam encolhidas. Passava a mão no meu corpo, e levava meu dedo da boca ao ânus, pra ficar mais úmido ainda. As imagens do Dan pelado viam a minha mente, e o Ícaro as atropelava. Lembrava do Ícaro pelado, da cena onde eu dava banho e esfregava aquele corpo maravilhoso, vendo o seu pau e tocando nele. Imaginava o Ícaro me comendo e eu o comendo, e isso era um motivo de mais punheta, de mais tesão. Ao gozar, urrei bem forte e despejei muito leitinho quente no meu peitoral. Gemi bem alto mesmo, sem receio de nada. A punheta tinha sido maravilhosa, nunca tinha tido um orgasmo antes, e, quando tive, aproveitei.
Limpei tudo com uma toalha e me vesti de novo. Por baixo da porta, percebi que o Ícaro não estava mais por ali, pois as luzes estavam apagadas. Vesti uma cueca, rápido, e me deu uma vontade de comer alguma coisa. Abri a porta e revistei, não tinha ninguém. Ao pisar fora do quarto, percebi que o chão estava meio molhado, pegajoso. Liguei a luz e vi que era uma poça de líquido branco, e bem na porta do meu quarto.
Estranhei bastante. Ajoelhei-me no chão e passei a mão naquilo. Era esperma, e estava um pouco quente. Entrei numa dúvida tremenda. O que tinha sido aquilo?
Bebi uma água, peguei uma maçã e caminhei pro meu quarto. Da sala, vi Ícaro na varanda, só de cueca, já subindo sua roupa. Entendi tudo.
Tava fazendo calor, daí fui tomar um banho. Enquanto a água me refrescava, pensava em tudo da minha vida. Ícaro tinha mandado uma mensagem pro Dan e tinha gozado na minha porta. O que é que estava acontecendo com ele? Fiquei na dúvida se ele estava gostando de mim ou se ele estava fazendo isso por algazarra, porque não queria me ver feliz... É, pensei isso, fui ingênuo.
Passei muito tempo no banho pensando em tudo. Naqueles dias, eu só fazia pensar, mesmo...
Troquei de roupa e fui dormir. Resolvi deixar tudo aquilo pra lá! Nos meus sonhos só o Dan aparecia. Estava começando a gostar dele de verdade.
Não sei se tinha sido um sonho meu, ou se tinha sido realidade, mas, durante a madrugada, vi a porta do meu quarto abrindo e alguém me via dormir; abri os olhos lentamente e reparei que se parecia muito com o Ícaro, mas tava escuro, não dava pra ver direito. Enfim, nunca soube se isso aconteceu ou se isso tinha sido um sonho, mas agradeci por isso ter “acontecido“, porque foi a apartir daí que tudo entre mim e o Ícaro mudou.
Mudou pra melhor? Mudou pra pior? Bom, minha vida entrou na pior, mas ficou boa, mas depois ficou ruim de novo, e depois boa de novo. É, um verdadeiro furacão de sentimento.
Mas eu devia decidir quem era quem dentro de mim e o espaço de cada pessoa, determinando seu valor.