Cap.8
Depois de alguns dias, voltei a casa dele. Cheguei na frente, vestido com uma camiseta e um short, além de um sapato comum, e bati. Não demorou muito e eu fui atendido. Ele arregalou os olhos, com surpresa e então acenou com as mãos, me cumprimentando. Abriu a porta e eu pude entrar.
(EDUARDO) : O que você está fazendo aqui ? - foi o que ele escreveu no papel, assim que pegamos um
(CARLOS) : Vim visitar você. Disseste que eu devia vir...
(EDUARDO) : Sim, mas... Você nem me avisou... Achei que viria depois...
(CARLOS) : Vim hoje, sou bem vindo ? - ele sorriu.
(EDUARDO) : Claro que é... - e então ele me puxou pelo braço em direção ao quarto dele. Ao chegarmos, apontou para uma mesa nova, que ele havia colocado.
(CARLOS) : O que foi ? - revirou os olhos ao ler aquilo.
(EDUARDO) : Vou colocar meu aquário aqui. E você veio na hora certa.
(CARLOS) : Porquê ?
(EDUARDO) : Vou compra-lo hoje ! - e então sorriu - e você vai me ajudar ! - de repente então ouvi um grito.
- Vamos Eduardo ! - julguei ser do pai dele. Estranhei pois se ele não escuta, como iria ouvir ? Estranhei mais ainda pois ele saiu me puxando assim que o grito foi dado. Na frente do pai, gesticulou e então olhou para mim - Ah, então você é o novo amigo do meu filho ? Prazer garoto, me chamo André, sou o pai dele. Ele me disse que você se chama Carlos, certo ?
- Sim... Certo - falei, tímido.
- Então vamos. Ainda temos várias lojas de aquário para visitar. E, Ah, garoto, cuidado com ele ein. Ele costuma ser irresistível - estranhei 2 vezes de uma vez. A primeira, por ele ter dito aquilo. O que ele queria dizer, que eu devia ter cuidado para não me apaixonar ? Sabia algo de mim ou do Eduardo. Eduardo é gay, é isso ? E estranhei de novo, o fato dele ter olhado com cara feia para o pai... Ue, minha mente estava confusa.
MINUTOS DEPOIS
No carro, tirei satisfações daquilo.
(CARLOS) : Como foi que você percebeu que seu pai estava te chamando aquela hora ?
(EDUARDO) : Meu celular vibrou aquela hora.
(CARLOS) : E como foi que você conseguiu entender o que ele disse na hora que saímos ?
(EDUARDO) : Eu sei ler lábios - estranhei, pois ele ficava nervoso enquanto escrevia aquilo. Estranhei mais, pois ele não trazia o celular consigo. Era estranho. Mas preferi ficar quieto.
MINUTOS DEPOIS
Fomos até uma loja de aquários. Linda, cheia de aquários por todo lado, peixinhos, alguns adornos, dentre outros. Eu e ele andávamos lado a lado, olhando um por um os modelos de aquário. O vendedor falava sobre diversas coisas. Víamos diversas espécies de peixes, nadando por todo lado em aquários lindíssimos.
(EDUARDO) : Tem que ser basicamente daquele tamanho – ele escrevia, enquanto apontava para um aquário preto no final do corredor
(CARLOS) : Sim. Aquele é bem bonito. Gostou dele ?
(EDUARDO) : Sim. Ele é muito bonito mesmo – e o tamanho era perfeito para o espaço que ele tinha reservado no quarto dele para montar o aquário. Então lá foi ele cutucar o pai e gesticulou alguns sinais que eu não consegui entender. Mas logo pude entender.
-Eu vou querer aquele – disse o homem para o vendedor. Pude ver a felicidade dele, que acabava por conseguir o que queria. E ele queria muito aquele aquário.
MINUTOS DEPOIS
E então ajudei a colocar sobre a mesa. O novo aquário dele era lindíssimo e quando ficasse realmente pronto ia ficar incrível.
(CARLOS) : Vai ficar incrível quando estiver pronto – ele apenas acenou com a cabeça quando leu aquilo
(EDUARDO) : Você vai me ajudar né ? - fiz o mesmo gesto com a cabeça.
DIAS DEPOIS
Passei a vir praticamente a cada dia após aquele na casa dele, para ajudá-lo com aquele aquário. Quase todo dia ele me mostrava uma novidade.
(EDUARDO) : Olha essa plantinha que eu encontrei...
(CARLOS) : É linda... - e sempre com aquele pretexto, eu ficava horas na casa dele. Porém, na maioria das vezes acabava fazendo mais coisas do que apenas aquilo.
UMA NOITE QUALQUER
(EDUARDO) : Está ficando incrível – me entregava o papel, enquanto continuava ajeitando a nova peça que havia comprado para o aquário.
(CARLOS) : Bem, acho que já é hora de ir, está tarde... - ao ler aquilo, ele me segurou.
(EDUARDO) : Fica, vamos jogar vídeo game, você nunca jogou vídeo game comigo – e o que ele não me pede sorrindo que eu não faço ?
MINUTOS DEPOIS
E lá estavámos nós, jogando vídeo game juntos rindo.
-Vou te passar ! - dizia, involuntariamente. E acabava passando. A noite segue, ficamos jogando vídeo game por muito tempo...
NARRADO EM TERCEIRA PESSOA
Eduardo e Carlos, após muito tempo de jogo, acabam ficando cansados. Enquanto Eduardo vai fazer um sanduíche para matar a fome, Carlos acaba pegando no sono. Quando Eduardo retorna, pega Carlos dormindo. Sorri. Pensa se deve acordá-lo, ou não. Acaba por decidir não acordá-lo. Se aproxima dele, o embrulha melhor e deixa ele dormir lá. Pega o celular dele, manda uma mensagem para os pais dele, avisando. Após mais alguns minutos também se deita para dormir. Porém, para a sua surpresa, antes que pudesse pegar no sono, Carlos o agarra e o puxa para um abraço, recostando a cabeça no peito dele. Eduardo sorri, e acaba se acomodando no meio daquele abraço. Eles dormem juntos.
TEMPO DEPOIS
NARRADO POR CARLOS
Mesmo depois de vários dias passados, ele continuava vindo me buscar diariamente. Entravámos juntos na escola, quando de repente Leona aparece, nos assustando.
-Sua louca ! Quer me matar do coração ? - ela ri
-Tenho uma novidade que você vai amar...
-Qual ?
-A escola organizou um passeio em um sítio.
-Jura ? Quando ?
-Neste fim de semana... - olhei para ele, que logo me entregou um papel
(EDUARDO) : Vamos !
(CARLOS) : Ué, como você sabe ?
(EDUARDO) : Já disse que sei ler lábios ! Vamos ? - ri
(CARLOS) : Tudo bem. Vamos...
DIAS DEPOIS
Saímos no sábado bem cedo da escola, de ônibus fretado. Chegamos lá a todo gás. O lugar era bem legal, cheio de florestas, com riachos, piscinas. Era um diversão só para quem gostava. Deixamos as nossas coisas no quarto indicado e partimos para investigar o local. Saímos andando por todo lado, e mal chegamos a beira do riacho, os meninos se jogaram na água.
-Tá muito gelada ! - gritava um deles. Tirei a minha roupa e apenas de sunga me joguei na água.
-Tá muito gelada mesmo – gritava eu, assim que submergi novamente. Não demorou muito e senti alguém se jogando em cima de mim. Quando eu virei era Eduardo, sorrindo. Acabei sorrindo também, e começando a brincar como duas crianças, jogando água um no outro. Era mais uma experiência estranha. Faziamos aquilo tudo em silêncio. Nem uma palavra de um lado, nem do outro. Mas era incrível. Era extremamente engraçado e divertido fazer tudo aquilo. O papel não entrava na água. Mas não precisava. Nos entendíamos muito bem.
A NOITE
O frio tomava conta de todos nós. Depois de um dia rindo e se divertindo, restava a todos nós relaxarmos. Fizemos uma fogueira e a turma toda ficou ao redor dela, se divertindo. Alguns garotos que tocavam instrumentos, mostravam o seu talento. Outros contavam histórias de terror. Típico.
-Vocês já ouviram a história da Loira do Banheiro ? - um perguntava
-Já, claro, quem não ouviu ? - outra dizia.
-Mas essa história que eu tenho é diferente de todas as outras.
-Ah é, conta – dizia eu agora. Fui me mexer para melhor me posicionar, e foi quando percebi a posição em que estava. Entre as pernas de Eduardo, recebendo o abraço dele. O pior de tudo, eu não percebi. Juro que nem notei como ali cheguei. Parecia natural. Parecia que os nossos corpos haviam sido feitos um para o outro.
Continua
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