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Capítulo 15
Ema: Você nunca falou assim comigo, você usou?
Eu: Porque geral me pergunta isso? Será que não posso dizer o que penso?
Ema: Então você não gosta das minhas amigas?
Eu: Não, não gosto de pessoas fingidas.
Ema: E você não fingi?
Eu: Não.
Ema: Sua mãe sabe que você bebe? Sua mãe sabe que você anda com maconheiro? Sua mãe sabe que você anda de bicicleta igual uma louca quase sendo atropelada? Sua mãe sabe que você esta namorando e mesmo assim dar pra um e dar pra outro? Sua mãe sabe que você fuma?
Eu: Não, mas nunca escondi o que sou, acho que ela escolheu não ver o que sou, igual a você, sua mãe viu o que sou e logo tratou de me afastar de ti, se esta dizendo que eu não presto ótimo diga, jamais disse pra você que prestava, eu não vivo pensando no que você ou alguém vai achar, vivo como se fosse meu último dia.
Ema: Você vive? E viver querendo morrer é viver?
Eu: Quer que eu morra? Porque isso me faria bem feliz, vivo querendo morrer sim idai, gosto da maneira que vivo, se não gosta pode se afastar.
Ema: Eu quero o seu bem, não te quero morta, mas fico muito triste que você pense assim.
Eu: Sabe porque você fica triste? Porque você acha que ajo assim por causa da minha prima, você não quer ver que ajo assim porque quero, você não ver que eu pouco me importo com a minha vida, você não ver que eu não faço nada sem uma razão.
Ema: Como assim?
Eu: Porque acha que ando daquele jeito de bike? Porque atravesso a rua sem olhar? Porque coloco o fone e escuto musica no ultimo volume pego a bike e saio pedalando sem rumo, sem pensar em nada?
Ema: Pra relaxar?
Eu: Não, pra mim fugir do mundo, vivo ainda por minha mãe e minha vó, elas são as únicas pessoas na minha vida pelo qual vale a pena viver por enquanto.
Ema: Por isso você brincou de roleta russa antes me conhecer?
Eu: Que? Quem te falou isso?
Ema: Me diz, é verdade?
Eu: O que adianta eu falar que não se você não vai acreditar, da mesma forma que você acha que eu uso.
Ema: Você anda com maconheiro, age como uma doida quer que eu pense o que?
Eu: Quero que pense em nada, porque eu não ligo o que você e nem ninguém pensam sobre mim.
Ema: Te magoei?
Eu: Não, porque?
Ema: Por chamar você de maconheira.
Eu: Não, eu não ligo, sei que não sou e isso que importa.
Ema: Eu já usei, usei quando mataram meu irmão, mas parei a alguns anos.
Eu: Tudo bem, sinto muito pelo seu irmão.
Ema: Não ta surpresa?
Eu: Não tenho o costume de me surpreender com as pessoas, porque sempre espero tudo das pessoas.
Ema: Então você já esperava que eu tinha usado?
Eu: Não, so que não me surpreendi, so isso.
Ema: Você é fria, tem um coração de gelo.
Eu: Opa, vou buscar whisky então.
Ema: Rs boba, serio, você parece que não tem sentimentos, o que houve pra ficar assim?
Eu: Não , nada, porque acha que aconteceu algo?
Ema: Aconteceu, tem algo a ver com sua família? Você nunca me fala da sua família, so sei que você tem um irmão e mora com a sua mãe e seu pai?
Eu: Meu pai mora em Salvador.
Ema: Ata, ele se separou da sua mãe você tinha quantos anos?
Eu: Tinha 8
Ema: Você sofreu?
Eu: Vamos mudar de assunto?
Ema: Por favor, confia em mim, me fala.
Eu: Eu tinha tudo que eu queria, o que eu pedisse a ele, ele me dava, onde eu queria ir ele me levava, quando ele foi embora fiquei em depressão, quase perdi o ano na escola, tinha medo de sair de casa, minha mãe trabalhava e chegava a noite então ficava com meu irmão e como ele apanhou muito do meu pai ele descontava em mim, teve uma vez que ele me enforcou, depois desse dia passei a ficar no quarto.
