Cap.19
NARRADO POR ENZO
No dia seguinte eu tento mudar a minha postura. De homem culpado de um crime inafiançavel, para homem em busca de se redimir, e recuperar o que perdeu.
-Olha, você está feliz hoje ? - minha mãe perguntava assim que eu saí do quarto.
-Estou confiante.
-Porquê ?
-Acho que vou recuperar a confiança do Marcos...
-Jura ?
-Vou lutar para isso ? - dizia, dando uma mordida em uma maça.
MINUTOS DEPOIS
Ia tentar mostrar que era atento ao meu trabalho, que era mais humano, e não aquele garoto rebelde que ele tinha em mente que era o Enzo. Iria tentar mostrar a mudança na minha postura. Fiquei esperando ele chegar. Logo ele entrou pela porta, de óculos escuros, bem vestidos como sempre.
-Bom dia Enzo... - falou, passando ligeiramente indiferente por mim.
-Bom dia Marcos. Algumas pessoas ligaram perguntando de você e me deixaram recado. Tá tudo aqui – falei, fazendo ele voltar e pegar o papel – alguns sócios me mandaram planilhas e alguns contratos pedindo para você analisar e assinar e... Sua mãe também ligou e pediu para você ir visitá-la esse fim de semana – ele ouviu tudo atentamente e me olhou, ligeiramente atônito naquele momento.
-Só isso ?
-Só... - falei, com um sorriso no rosto.
-Ok. Obrigado...
NARRADO EM TERCEIRA PESSOA
Os dias foram passando, e Enzo tentava mostrar seu comprometimento com o trabalho, com vontade de apagar a imagem de “pessoa vagabunda” que Marcos poderia ter. Este tinha noção da competência dele, ou então não o deixaria ficar trabalhando. Porém, ficava impressionado porquê ele era o melhor secretário que ele já havia tido. Certo dia, um imprevisto aconteceu no escritório.
-Enzo, vem cá ! - uma moça falou, abrindo a porta da sala.
-O que foi ? - falou ele, se levantando rapidamente da cadeira.
-A Carla tá passando mal – eles foram rapidamente para a outra sala. Carla sentia um enjoo fortíssimo.
-Você pode levar ela para o hospital ?
-Posso !
-Então leve, me resolvo com o Marcos depois.
-Mas a minha filha tá aqui – Carla dizia, saindo com a mão da boca do banheiro.
-Não se preocupe, eu fico com ela enquanto você vai lá.
-Tá bom Enzo, obrigado.
E então as duas foram para o hospital. A criança era Flávia. Bem obediente, era uma criança bem encantadora.
-Eu vou ficar aqui com você tio ? - perguntava ela, entrando com ele no escritório.
-Vai, até sua mãe voltar. Você tem algum brinquedinho ?
-Tenho um quebra-cabeças. Você quer montar comigo ?
-Tá bom, eu monto com você ! - e então os dois sentaram no chão. E Enzo começou a ajudar Flávia a montar o jogo – não, é essa peça aqui...
-Ah é tio, verdade – e assim se seguiu durante alguns minutos. Marcos, ainda sem saber do que tinha acontecido, decide pedir um café para Enzo. Sai da sala, e assim que ia pedir, se depara com os dois no chão, rindo.
-Não, você disse que era esse e não era – dizia Enzo, rindo.
-Mas você também errou aquela primeira – Marcos fica atônito com o que vê. E logo sorri, pois acha lindo o que vê. Pensa, e logo chega a conclusão que o Enzo que ele conhecia não faria aquilo.
-Enzo... - os dois se olham. Era lindo ver Enzo cuidar de uma criança.
DIAS DEPOIS
Enzo continuava a tentar recuperar o que havia perdido. Marcos já estava melhor, já conversava mais, o olhava, porém não dava brechas para algo que não fosse a respeito do trabalho. Enzo, lembrando de tudo o que já havia acontecido naquele escritório, lembra de como descobriu o sentimento de Marcos. Decide fazer algo parecido. Escreve algo em um papel, deixa jogado no chão e sai. Não demora muito e Marcos sai para pedir algo.
-Enzo, quero que... - e então ele nota que está sozinho – aonde será que ele foi... - começa a andar pela sala, e então nota o papel no chão. Se aproxima, e quando pega não consegue deixar de ler o que está escrito.
“A Vida é Minha. Mas o coração, é seu. O sorriso é meu, mas o motivo, é Você ! ”
Marcos sorri, pois conhecia aquela letra. É, o seu orgulho já não estava mais conseguindo falar tão alto.
NO FIM DO DIA
Era hora de sair. Enzo desliga o seu computador, guarda seu material na mochila. Vai ao banheiro antes de sair. Volta, pega as suas coisas e sai. Quando nota que o elevador estava no andar, corre para pega-lo. A porta quase se fecha porém ele consegue com a mão evitar. Entra, uma pessoa estava lá. Quando ele ergue o olhar, a surpresa.
- Marcos !?
- Oi - os dois se olham nos olhos. Porém tentam manter uma postura de que não se importam um com o outro. Olham para o lado, para a parede, porém a verdade é que não paravam de pensar um no outro. De repente, o elevador para.
- Ai meu Deus - a luz cai, e então acendesse a lanterna de emergência.
- Faltou luz - dizia Marcos, olhando ao redor.
- E agora ?
- Vamos esperar. O gerador liga em alguns minutos - e então fiquei quieto novamente. Quando de repente a sua voz me chamou atenção.
- Como está a sua mãe ? - perguntou, para a minha surpresa.
- Bem... E o Félix ?
- Também - falou, sorrindo - essa semana ele fez um estrago no sofá com as garras, você devia ver ! - a verdade, os dois sabiam. Só o que separava eles dois era o orgulho.
MINUTOS DEPOIS
Os dois saem separadamente assim que o elevador volta. Enzo volta para casa com sua tia. Marcos volta sozinho. Este, ligeiramente cansado dirige lentamente pela estrada. Porém, um simples cão que ele não vê e freia em cima da hora, faz o carro derrapar e capotar.
Continua
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