Cap.10 (ÚLTIMO CAPÍTULO)
NARRADO POR CARLOS
Fiquei atônito e curioso quando li aquilo. Olhei para ele, um sorriso no canto de rosto. E então ele tomou novamente o papel da minha mão para escrever.
(EDUARDO): ... Ficou curioso ?
(CARLOS): Fiquei... - e ele então ele começou a escrever e sorria enquanto escrevia, sem me deixar ver, me deixando ainda mais curioso.
(EDUARDO): Eu não sou surdo-mudo... - quando li aquilo arregalei os olhos e olhei para ele – sofri um acidente quando era mais novo e acabei perdendo as minhas cordas vocais. Porém continuo ouvindo normalmente, e ouvi tudo o que você falou e as outras pessoas falaram de mim. Desde os momentos em que você me elogiava ou quando me dava ordens...
“- Você é tão bonito... - ele sussurrou aquilo, crente que eu não estava ouvindo. Mas sim, eu ouvi. E senti meu rosto corar - pena que você nunca vai ouvir a minha voz dizendo isso... - ri... Era em momentos como aqueles que continuar escutando me serviam.”
“- Calma, Calma - dizia eu, batendo no ombro dele para logo depois lembrar que ele não me escutava. Jogávamos um jogo no computador dele, que podíamos levar sustos a qualquer momento com monstros. Era engraçado, porquê eu queria dizer as coisas para ele e ao mesmo tempo não podia. Porém, estranhava, porquê ele sempre acabava seguindo as minhas ordens.”
(EDUARDO): ...Também ouvi tudo o que as outras pessoas diziam. Não sei ler lábios, na verdade. Aquilo era apenas para você não saber o segredo.
“- Vamos Eduardo ! - julguei ser do pai dele. Estranhei pois se ele não escuta, como iria ouvir ?”
(EDUARDO):... E eu escondi isso de você porquê a maioria das pessoas costuma ser falso comigo, porquê acham que eu nunca escutarei. Então finjo ser surdo, para que eu possa descobrir realmente se as pessoas gostam de mim ou não. E no seu caso, percebi que você gosta muito de mim – olhei para ele depois de ler tudo aquilo e um sorriso se formou no meu rosto. Me aproximei dele, fingi um abraço porém me aproximei do ouvido dele.
-Que bom que você ouve... Assim você pode ouvir a minha voz dizendo para você... Que eu gosto muito de você... E que não é só como amigo... - imediatamente ele olhou para mim, e corou.
(EDUARDO) : Jura ?
-Juro... - eu ia fazer o pedido de namoro ali naquela hora. Porém, meu celular vibrou – alô ?
-Cadê você Carlos ? - era a minha mãe.
-Já estou indo mãe ! - olho para ele – preciso ir, até mais ! - tive que sair. Não pude pedi-lo em namoro. Mas não tinha dúvida. Não demoraria mais para que ele fosse meu namorado. E o meu objetivo foi alcançado. Ele ficou com o anel dele.
MINUTOS DEPOIS
Já no meu quarto, eu não parava de pensar nele. Fiquei diversos minutos olhando a foto dele na tela do meu celular, alegre com tudo o que aconteceu. Agora eu o elogiaria todo dia, toda hora para que ele ficasse ciente do tamanho do meu sentimento por ele. Olhava para o anel que eu havia comprado. Era lindo. Coloquei no meu dedo, tirei uma foto e mandei para ele.
NARRADO POR EDUARDO
No meu quarto, não conseguia parar de sorrir. Estava muito feliz depois de ter ouvido ele falar aquilo. A voz dele não saia da minha mente de forma alguma. Lembrei do presente que ele havia me dado. Fui até ele, que estava sobre uma mesa, peguei o presente dele, olhei. Coloquei no meu dedo. Não sabia se ele iria usar, mas ele havia me dado. Então eu o usaria. E era o anel mais lindo que eu já tinha usado.
NO DIA SEGUINTE
Como costumava fazer, no dia seguinte estava na porta da casa dele. Feliz, sorridente. E quando ele saiu, como sempre fazia, meu coração disparou. Acenei para ele, que ao me ver sorriu.
-Bom dia ! - ele falou. Eu apenas mexi a cabeça. Entramos no carro. E eu sai. Durante alguns segundos ficamos quietos. Os dois estavam tímidos. Até que de repente ele segurou levemente a minha mão e eu olhei para ele – você está usando o anel... - ri
(EDUARDO): Você me deu de presente, não ? - ele acenou com a cabeça. Acho que depois da nossa conversa e daquele beijo, nós dois ficamos tímidos um com o outro, sem saber direito o que fazer. Até que eu decidi puxar assunto – quando você vai na minha casa de novo ?
-Assim que você pedir...
(EDUARDO) : Então vá o mais rápido possível. Você sabe que eu adoro a sua companhia... - quando já estavámos chegando na escola, eu quis puxar aquele assunto. Aí não dava mais tempo. Ficou para depois.
NARRADO POR CARLOS
MINUTOS DEPOIS
A aula passou, e nós dois apenas nos olhando. Fiquei ligeiramente tímido no carro, não consegui dizer o que sentia. Na hora do intervalo, me juntei a Leona.
-Você não vai acreditar... - falei
-O quê foi ?
-Eu e o Eduardo nós beijamos...
-O QUÊ !!!! - ela gritou
-Fala baixo ! - falei, sentando com ela num banco da escola – ele ficou com ciúme por quê eu tinha conversado com um garoto lá no acampamento.
-Sério ?
-Foi... Ai eu fui na casa dele ver como ele estava, resolver isso. Até comprei um anel – falei, mostrando para ela – e aí, lá ele me beijou. Foi lindo, foi mágico, foi incrível ! Eu estou apaixonado por ele. Tenho certeza – de repente então senti duas mãos encobrindo os meus olhos com um papel -Ai meu Deus ! - tirei as mãos, e me virei. Era ele, sorrindo.
(EDUARDO) : Vem comigo – o papel dizia... E então ele saiu me puxando pela escola.
SEGUNDOS DEPOIS
-Para onde nós estamos indo Eduardo ? - perguntei, já ligeiramente longe da escola, nos jardins. Ele não respondeu. E só parou de me puxar quando paramos debaixo de uma árvore que estava cheia de frutas – porquê você me trouxe aqui ? - e então ele se escorou na árvore e me puxou para um abraço. Eu o abraçei. Ele estava muito cheiroso, fiquei feliz. Foi quando notei, no pescoço dele, um pequeno papel. O peguei, e o olhei. Sorri com o que estava escrito.
“Quer namorar comigo ? Se sim, beija o meu pescoço. Se não, pode me soltar”
Aquilo me levou ao sorriso. Eu apenas beijei o pescoço dele, e lá meu nariz ficou, sentindo aquele cheiro gostoso. E então ele me apertou.
“Vira a folha” estava escrito bem no final, quase eu não noto. E então virei. “Eu te amo bobão”
Aquilo foi o suficiente para eu saber que estava fazendo a escolha certa. E então, eu o beijei mais uma vez. E assim nosso relacionamento começou. Ligeiramente diferente dos outros. Porém incrivelmente bom. E inesquecível.
FIM
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