- O homem tirou algo do bolso.
Arthur - o que é isso?
- Um cheque em branco. Posso preencher pra voce.
Arthur - e o que eu devo fazer? (falei ja imaginando a resposta).
- Me agrada... Me agrada que será recompensado.
Eu respirei fundo, e me aproximei daquele homem que eu nem conhecia ainda.
O homem sentou na cama, e fez gestos para eu me sentar a seu lado. Assim eu fiz.
O homem passou as mãos pelos meus cabelos, e acariciou meu rosto. Meus poucos pelos se arrupiaram. Ele aproximou sua boca da minha e eu senti um forte cheiro de cigarro. Desviei minha boca, e ele a puxou novamente.
- Ta nervoso? (Ele perguntou calmamente)
Eu balancei a cabeça que sim.
- É sua primeira vez?
Arthur - é sim.
- Sério?
Arthur - sério.
- Fica tranquilo e tenta relaxar... Vou ser bonzinho contigo.
O homem começou a passar a boca pelo meu pescoço. Eu senti umas leves mordidas, e o empurrei.
O homem riu.
- calma.
Arthur - desculpa. (falei respirando fundo).
- desculpo sim.
O homem me empurrou na cama,fazendo eu cair deitado, depois levantou minha camiseta.
Eu soltei um gemido tímido. O homem lambia meu abdomen fazendo eu me contorcer todo naquela cama.
Arthur - ai.
- machucou? (perguntou ele preocupado).
Arthur - não. Foi apenas cocegas.
Ele sorriu. Senti o zíper da minha calça sendo aberto, vagarosamente. O homem começou a cheirar meu membro.
- Que delicia. (disse ele).
O homem abocanhou a cabeça da minha rola, e chupava como se fosse um pirulito.
Arthur - NÃO! Eu exclamei, e o empurrei para longe de mim.
- Não gostou?
Arthur - eu não vou fazer isso. Eu vou embora. (falei levantando a calça, e abaixando a camiseta).
- Espera. (disse ele segurando pelo meu braço). Voce é inexperiente, e isso é normal.
Arthur - pra mim isso não é normal. Nunca tinha feito nada parecido com isso.
- Então tenta se soltar. Garanto que tu vai gostar.
Por mais que tivesse escuro, dava pra ver que o cara tinha uma aparência de safado. Não posso negar, o dinheiro me atraía.
O homem aproximou-se de mim, e me enlaçou na cintura.
- Bora voltar pra cama? (disse ele roçando seu rosto no meu).
Arthur - NÃO! (falei seco).
Fui em direção a porta, e mais uma vez ele insistiu.
- pena. Vou ter que gastar meu dinheiro com outro.
Arthur - faça o que voce quiser.
Abri a porta, e saí apressadamente.
Ao descer a escada, esbarrei com alguém.
- Desculpa. (disse a pessoa com uma garrafa de champanhe na mão).
Arthur - ta tudo bem. (eu respondi).
- Arthur? - E aí o que rolou la em cima?
Arthur - Porra Benjamin, o que tu tava pensando véi?
A pessoa em que havia acabado de esbarrar era o Benjamin.
Benjamin - O que foi? - Não deu certo?
Arthur - claro que não. Tu vacilou comigo cara. Por que não me disse que iria me trazer aqui pra isso?
Benjamin - Porque talvez tu não viesse.
Arthur - e não viria mesmo.
Conversávamos na escada, enquanto passava um grande fluxo de pessoas.
Benjamin - Qualé Arthur? Vai dar uma de certinho agora? Vai dizer que não esta precisando da grana?
Arthur - tou precisando cara, mas eu estou trabalhando pra isso.
Benjamin riu do que eu havia acabado de falar.
Arthur - ta rindo do que? (perguntei atônito).
Ben - Trabalhando aonde? - Em um almoxarifado? - É assim que tu pretende chegar a ser um atleta profissional?
Arthur - Tu tem um carro de luxo trabalhando no almoxarifado, por que eu não posso virar atleta?
Benjamin voltou a rir. Aquilo estava me deixando irritado.
Ben - aquele carro não é meu. Peguei emprestado de um cliente.
Fiquei frustrado.
Arthur - não sei nem o que dizer. Eu vou embora daqui.
Benjamin - espera só um pouco. Tou terminando um serviço, e ja te levo em casa.
Arthur - não precisa cara. Só quero que tu me diga que ônibus eu apanho pra chegar ao centro.
Ben - pra que a pressa? - Já disse que o levo!
Arthur - e eu ja disse que não precisa. Não quero ficar aqui com esse monte de cara pelado.
Ben sorriu, e assobiou acenando para alguém.
- Pois não? (apareceu um dos caras mascarados).
Ben - leva esse rapazinho pra algum quarto vazio.
- Sim senhor.
Benjamin subiu as escadas. Então reparei que ele estava apenas de calça.
Ben - quando deixar ele em um quarto volta pra mim dizer.
- sim senhor. (respondeu o homem).
Ben entrou em um quarto, e eu segui com o ''cara mascarado''.
O homem passou um cartão na porta, e esta se abriu.
- Aqui senhor. (disse ele, sempre muito cordial).
Arthur - obrigado.
Entrei no quarto, e parecia muito confortavel. Diferente do anterior, este tinha uma boa iluminação. Tirei meu tênis, e me espalhei na cama de casal.
Meu celular tocou. Olhei no visor, e era o Gabriel. Gabriel era um amigo do tempo de escola. Ele havia ingressado na faculdade, e eu havia optado em trabalhar, mesmo com uma mãe professora que sempre me incentivou a fazer os dois: Estudar e trabalhar.
******
- fala biel.
Biel - Arthur?
Arthur - eu!
Biel - ta onde?
Arthur - na casa de uns amigos. (menti).
Biel - hum. Ia te chamar pra dar uma passada aqui em casa. Pessoal ta todo aqui.
Arthur - Porra, se tivesse falado mais cedo eu iria com certeza.
Biel - ninguém combinou nada não. Foi tudo em cima da hora.
Arthur - Entendi, mas vamos deixar pra próxima. Ti falei que consegui trabalho? (disse mudando de assunto).
Biel - Não po. Tu nunca fala nada.
Arthur - comecei essa semana. Tou em fase de experiencia.
Biel - maneiro. E é aonde?
Arthur - ''Montroux''
Biel - caralho. Sério? - Tu já é gerente?
Arthur - eu sou é badeco.
Nós rimos.
Biel - feliz por ti mano. Você merece.
Arthur - valeu.
Biel - agora deixa eu cuidar aqui, se não os caras vão tocar fogo na cozinha da minha mãe.
Arthur - quem ta aí tanto?
Biel - de sempre. A Samara, a Luana e uma prima dela, o Klebinho, o Roger, o Braw, e o professor de educação fisica com a mulher dele.
Arthur - o professor de educação fisica? - ele não sai com alunos.
Biel - Mas agora não somos mais alunos dele. Esqueceu?
Arthur - verdade.
Biel - agora eu vou desligar mano, depois da uma passada pra gente fazer umas jogatinas.
Arthur - beleza.
*******
Desliguei o celular, e fechei meus olhos.
Depois de um tempo acordei com o Ben me chamando.
Arthur - Oi. (falei despertando).
Ben - bora?
Arthur - terminou já?
Ben - mermuh.
Arthur - então bora.
Levantei e caminhamos pelo corredor, descemos as escadas, e Benjamin o tempo todo cumprimentando aquelas pessoas. Parecia ate candidato politico.
xxxxXXXX
- Ta com raiva de mim? (perguntou ele ja dentro do carro).
Arthur - eu fiquei pô. Tu aprontou pra cima de mim.
Ben - eu não fiz por mal. Quando voce falou que iria usar o dinheiro dos curativos para pagar a academia, pensei que tivesse precisando de grana. Aí quis dar uma força.
Arthur - Tou precisando de dinheiro mesmo, mas como te falei vai ser dignamente.
Benjamin me encarou.
Ben - e tu acha que eu não sou digno? - Não tou roubando nada de ninguém.
Arthur - eu não quis te ofender.
Ben - relaxa. Você não me ofendeu não.
Conversarmos por muito tempo, ate Benjamin me deixar em casa.
xxxXX
- Ate amanhã. (eu disse saindo do carro).
Ben - ate amanhã.
-Hey. (gritou Benjamin antes de eu entrar no prédio).
- O que foi? (falei retornando).
Ben - Segredo nosso ta? - Não conta pra ninguém sobre o que voce viu hoje.
Arthur - tudo bem... Eu não vou contar.
Ben - Valeu, e pensa sobre o assunto. Você vale muita grana meu amigo, e se aqueles caras estão dispostos a pagar, por que não receber?
Arthur - tudo bem. Vou pensar. (falei sem muita convicção).
Ben - Ta certo. Boa noite!
Benjamin deu a volta, e acelerou o carro fugindo da minha vista.
xxxXXX
- Oi mãe. (disse eu abrindo a porta do apartamento).
Minha mãe estava deitada no sofá com minha irmã pequena.
Joana - meu filho, ja estava ficando preocupada com voce.
Arthur - não precisa preocupação mãe. Saí com o pessoal do trabalho. Vim de carona.
Joana - mesmo assim eu me preocupo. Voce é muito novo, não conhece nada da vida.
Arthur - uma hora eu tenho que conhecer. Boa noite mãe. Vou dormir já.
Joana - não vai nem jantar?
Arthur - ja comi fora. (mentira, não havia comido nada).
xxxxXXX
Depois que tomei um bom banho, me deitei na cama, e não demorou muito eu ja estava dormindo. O dia havia sido puxado. A noite mais ainda.
- O que eu tinha feito? Por que eu estava com aquela incerteza em minha cabeça? Eu jamais poderia aceitar grana em troca de sexo.
xxxxXXX
Joana - bom dia meu bebe. (disse minha mãe assim que eu sentei à mesa).
Arthur - Hum. Ta feliz hen!? - Aumento de salário foi?
Joana - quem me dera.
Arthur - e o que aconteceu então?
Joana - só estou feliz. Hoje é sexta feira, amanhã eu durmo ate mais tarde um pouco.
Arthur - ta certo. Tem que descansar mesmo. Mãe, mudando de assunto, a senhora tem uma grana pra eu comprar umas calças? - Quando eu receber lhe devolvo.
Joana - ter eu não tenho, mas posso mexer na poupança.
Arthur - deixa de lado mãe. Quando eu receber eu compro.
Joana - não menino. Eu tiro da poupança. Tu não ta precisando?
Arthur - não é urgente não. É só pra eu ir trabalhar, vou usar as que eu tenho mesmo. Depois vemos isso.
Finalizamos nosso café, e minha mãe fez a rotina diária: Deixou minha irma na creche, e em seguida me deixou no trabalho.
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- Bom trabalho meu amor. (disse ela dando um beijo em minha testa).
Arthur - obrigado mãe. Pra senhora também.
Desci do carro, e fui direto para o almoxarifado.
xxXXX
- Bom dia. (disse o Ben).
Arthur - bom dia. Ben tira uma duvida minha.
Ben - se eu puder.
Arthur - agente aqui trabalha no sábado? - Nem a Amanda, nem a Juliana me falaram sobre isso.
Ben - depende do sabádo. Tem setor que trabalha, e tem setor que folga.
Arthur - e o nosso setor?
Ben - amanhã nós folgamos. A não ser que aconteça algum imprevisto.
Arthur - Hum. Entendi.
Ben - Tu tem algum problema em trabalhar aos sábados?
Arthur - nenhum.
Ben - que bom. (disse ele rindo). - Arthur, faz um favor pra mim, eu vou te passar algumas caixas e tu vai colocando em ordem de data. Beleza?
Arthur - beleza.
Quando estavamos quase teminando de empilhar as caixas, o ramal do almoxarifado tocou.
****
- pronto. (disse o Ben atendendo). - ta aqui, quer falar com ele?
*****
Ben - pra voce Arthur. (disse o Ben me passando o aparelho telefônico).
*****
Arthur - oi.
- Arthur, é Amanda. Tudo bem?
Arthur - tudo sim, e voce?
Amanda - Jóia. Arthur, na tua ficha tu disse que meche com computadores, procede?
Arthur - procede sim.
Amanda - Voce se importa de ir ate a sala do Nícolas? - Ele esta com um problema no notebook, pessoal, dele.
Arthur - não me importo, mas aonde fica essa sala?
Amanda - pede para o Benjamin te levar ate la. Ok?
Arthur - tudo bem.
******
Amanda desligou a ligação.
Ben - problemas?
Arthur - não. A Amanda pediu para eu dar uma olhada no computador do Nícolas. Ela disse que voce sabe aonde é a sala. Quem é Nícolas?
Ben - Como quem é Nícolas? Em que mundo tu vive mano? (Benjamin riu).
Arthur - uai. No mesmo mundo que tu. Não sou obrigado a saber quem é todo mundo.
Ben - Mas o cara que paga o teu salário, voce é obrigado a saber sim.
Arthur - Nícolas é o barão?
Ben - é ele mesmo, e vamos agilizar que ele não gosta muito de esperar.
Benjamin trancou a porta do almoxarifado, e me levou ate a porta da sala do barão.
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- Boa sorte. (disse ele, me dando leves tapinhas no ombro).
Arthur - por que boa sorte? (falei amedrontado)
- é brincadeira pô. Estou só te zuando.
Arthur - te foder pô. Brincando com coisa séria.
Nós rimos.
Benjamin retornou ao nosso setor, e eu fiquei parado em frente a porta, igual a um abestado.
Bati na porta, e em seguida entrei.
- da licença. Disse ja dentro da sala.
- Pois não. (respondeu uma moça).
Arthur - eu queria falar com o Nícolas.
- Você marcou hora?
Arthur - como é?
- É que precisa marcar hora com ele.
Arthur - entendi. Eu não marquei hora não. Acontece que a Amanda pediu pra eu vim resolver um problema no computador dele.
- ahhhhh! (exclamou a moça). - Voce é o técnico.
Arthur - não. Eu trabalho no almoxarifado vim apenas ver se consigo resolver o problema.
- entendi. (disse ela). - só um momento que vou ver se ele pode te receber, é que ele esta em reunião.
Arthur - eu espero. (sentei na poltrona que havia naquela sala, e a moça fez uma ligação ao barão).
- ele disse que voce pode entrar. (disse ela indicando a porta).
Arthur - ok.
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- Dá licença. (bati na porta, mas esperei autorização para poder entrar. Não queria levar outra resposta como a do dia do acidente).
- Entre. (respondeu ele com voz firme).
O barão estava conversando com outros dois rapazes, que eu julgava serem executivos, ou algo do tipo, ambos engravatados.
Arthur - eu vim ver o problema do computador.
Barão - Estou sabendo. Aqui está.
Disse ele me entregando um computador de mãos.
Arthur - é um ultrabook? (falei espantado).
Barão - sim. Por que? - Não sabe lidar com ultrabooks? Se ver que não vai conseguir, é melhor nem tentar pra não fazer merda.
Arthur - Eu sei sim. Qual é o problema dele?
Barão - não liga. Os nossos técnicos ja pegaram ele, mas não conseguiram resolver o problema. Estou precisando dos arquivos desse computador com urgência.
Arthur - tudo bem. Vou ver o que consigo fazer.
Virei-me para sair da sala.
Barão - aonde voce vai?
Arthur - vou voltar pro meu setor. Quando terminar eu devolvo o computador ao senhor.
Barão - Não. Sente aqui na minha mesa. Voce esta liberado do seu setor por hora.
O Barão levantou-se e eu sentei naquela cadeira que me lembrava aquelas dos reis dos desenhos animados.
O barão saiu da sala com os dois homens, e me deixou sozinho. Antes disso eu lhe pedi a senha do computador.
Respirei aliviado. Não gosto de executar algum serviço, daquela natureza, com alguém me supervisionando. Fico nervoso, começo a suar frio, e acabado fazendo merda.
Mais de meia hora pegado no computador, e consegui identificar o problema.
A moça que havia me atendido la fora, entrou me entregando um suco e sanduíche.
Arthur - pra mim? (perguntei).
- não gosta?
Arthur - gosto... gosto sim.
Então bom apetite.
Arthur - obrigado!
A moça sorriu e se retirou.
xxxXXXX
- Ufa! (tirei um peso das minhas costas, pensei comigo mesmo).
O barão entrou na sala, mas dessa vez, os outros dois não estavam com ele.
Arthur - desculpa. Eu vou limpar a bagunça.
Havia farelo de pão por cima da mesa do barão.
Barão - sem problemas. Gostou do lanche?
Arthur - Estava muito gostoso.
Barão - vejo que conseguiu consertar o computador.
Arthur - sim. O problema era...
Barão - Não adianta explicar o problema que eu não vou entender. Meu forte são números.
( Eu não entendi se ele referia-se a matemática, ou a dinheiro).
Arthur - aí esta, só tem que dar uma carga, que ele esta quase sem bateria.
Barão - ok.
O Barão arrastou a carteira do bolso da calça.
Barão - quanto custa o seu serviço?
Arthur - não custa nada.
Barão - claro que custa. Diga o valor!
Eu fiquei envergonhando. Não tinha muita noção de preços.
- Pode ser trinta? (disse eu).
O homem abriu a carteira, e me entregou uma nota de cem reais.
Arthur - eu não tenho 70 para lhe devolver.
Barão - não carece.
Arthur - obrigado. Eu vou só apanhar um pano, e volto para limpar esta sujeira.
Barão - não precisa. Comunique a minha secretária que ela vem limpar.
Arthur - ok. (falei abrindo a porta para voltar a meu setor).
Barão - Rapaz! ( chamou ele antes que eu passasse pela porta, totalmente).
Arthur - senhor?
Barão - Já ia esquecendo. Esse cheque pediram para que eu lhe repassasse. (O homem tirou um cheque de dentro do terno, e colocou em minhas mãos).
Continua...