Antônio passou pela porta, e saiu de carro, sem rumo certo.
Ainda corri pelo jardim tentando alcança-lo, mas ele era bem mais rápido que eu.
- Menino, que depravação é essa? (disse Naná, assim que me viu).
Eu não respondi nada, voltei a meu quarto, tranquei a porta, e afundei minha cabeça na cama.
Não demorou muito, Naná, batia na porta do meu quarto.
- O que ta acontecendo Pedrinho?
Pedro - não é nada, Naná.
Naná - como nada menino? Você passou chorando. Abre essa porta.
Pedro - Já disse que não é nada.
Naná - abra, se não, eu vou mandar arrombar.
Pedro - Naná, eu estou bem. Só quero ficar sozinho.
Naná - não vou sair dessa porta.
Naná me venceu pela insistência.
Levantei da cama, e em seguida abri a fechadura.
- O que ta acontecendo menino? (foi falando e sentando na cama).
Pedro - Não ta acontecendo nada.
Naná - não adianta mentir pra mim, que eu te conheço. Desembucha logo.
Não dava pra esconder nada da Naná, mas esse não era o momento ideal.
Pedro - é tudo Naná... é o meu pai na uti... são as aulas que eu estou faltando... Isso tudo ta acabando comigo.
Naná. Oh meu menino. (Naná meu abraçou, e me deu seu colo para eu apoiar a cabeça). - Todo problema vem seguido de uma solução.
Pedro - eu já não acredito mais.
Naná - não perca a fé.
Pedro - é quase impossível não perder a fé. Tudo da errado.
Naná - e o Antonio? - O que aconteceu com ele para sair daquele jeito?
Pedro - acho que aconteceu alguma coisa na família dele.
Naná - estranho neh!? - Ele é sempre tão centrado.
Pedro - pois é.
Naná me fez cafuné ate eu pegar no sono.
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Acordei já pela tarde. Estava apenas de cueca, então supus que Naná tivesse tirado aquela roupa de hospital. Rapidamente levantei da cama, tomei um banho, e em seguida mandei chamar o Vitor.
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Desci para comer alguma coisa, e Vitor chegou a cozinha.
- Chamou Pedro? (disse ele).
Pedro - sim Vitor. Tou precisando de um favor teu.
Vitor - se eu puder ajudar.
Pedro - Só um pouquinho Vitor. Senta aí. (falei arrastando uma cadera).
Vitor - Tudo bem.
Chamei pela Naná que rapidamente apareceu.
Naná - o que foi Pedrinho?
Pedro - queria comer alguma coisa!
Naná - tipo o que?
Pedro - se a senhora tiver com tempo, queria panquecas.
Naná - Tempo... Tempo eu não tenho, mas fazer o que neh!? - Sou escrava mesmo. (disse ela rindo).
Pedro - Isso mesmo. (falei rindo também).
Enquanto a Naná colocava a mão na massa, eu sentei ao lado do Vitor.
- Seguinte. (disse eu). - Daqui a aproximadamente uma hora eu preciso que tu me acompanhe ate um local. (disse olhando para o meu relógio de pulso).
Vitor - Posso acompanhar sim.
Pedro - mas não é só isso. Também preciso que você organize um grupo de seguranças para ir conosco.
Vitor - Pra que seguranças?
Pedro - Tenho pistas de quem esta querendo da fim a vida do meu pai.
Vitor - como conseguiu essas pistas?
Pedro - um conhecido está me ajudando. ( já não considerava mais o Kevin como amigo).
Vitor - me explica essa historia para eu saber o que fazer.
Pedro - Esse conhecido meu, marcou um encontro com os possíveis responsáveis por meu pai está no hospital.
Vitor - E daí você quer uma confissão.
Pedro - exato. E daí levamos eles ate a policia.
Vitor - Tenho uma ideia melhor.
Pedro - qual?
Vitor - caso eles confessem participação no crime, podemos elimina-los.
Pedro - Nem pensar nisso. Vamos ate a polícia.
Vitor - Você quem sabe.
Pedro - Minha ideia é ficarmos escondido, e gravar a conversa. Em seguida podemos imobiliza-los e chamar a policia.
Vitor - não concordo, mas tudo bem.
Pedro - você pode já ir organizando os seguranças?
Vitor - claro. Quando você quiser ir é só chamar.
Pedro - Beleza.
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Naná me serviu as panquecas com suco, e depois disso voltou a seus afazeres.
Meu celular tocou, e eu rapidamente olhei para o visor. Esperava que fosse o Antonio, mas era o Elvis.
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- Oi. (disse atendendo o telefone).
- Oi Pedro, é o Elvis. (disse ele).
Pedro - E aí Elvis, beleza?
Elvis - beleza e contigo?
Pedro - levando.
Elvis - e o teu pai?
Pedro - na mesma.
Elvis - triste isso.
Pedro - muito.
Elvis - mas e aí, que tu ta fazendo agora?
Pedro - tou comendo, e tu?
Elvis - acabei de sair do banho. Estava pensando em dar uma passa aí, tu nunca mais foi a aula.
Pedro - pois é Elvis. Tenho ate que ver como ta minha situação la na escola.
Elvis - Fica tranquilo. Já conversei com a coordenação.
Pedro - porra cara, valeu.
Elvis - que isso. Não há de que. Eles só falaram que você precisa trazer uma declaração do hospital onde seu pai está internado.
Pedro - próxima semana eu providencio.
Elvis - e os professores falaram pra gente te ajudar nos conteúdos. Se você precisar eu posso passar aí e te levar todas as aulas que você perdeu.
Pedro - te agradeceria mano.
Elvis - pode ser agora se você quiser. Eu tou livre.
Pedro - hoje não da, mas vamos combinar outro dia.
Elvis - quando? Pode ser amanha?
Sem pensar, eu acabei concordando.
Pedro - combinado. Amanhã.
Elvis - beleza. Então amanha eu pinto por aí. Melhoras para o seu pai.
Pedro - Obrigado.
elvis - falou.
Pedrou - falou.
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Assim que terminou minha refeição, saí com o Vitor e outros seguranças.
Destino ? Íamos ao encontro do Raulino e sua turma.
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Estava no carro junto com o Vitor.
Vitor - ta levando o gravador? (perguntou Vitor ao volante).
Pedro - tou sim.
Vitor - Você sabe que isso não significa que eles vão ficar presos ne!?
Pedro - como não?
Vitor - se tudo der certo, eles serão levados ate a delegacia, mas se contratarem um bom advogado, eles responderão a um processo em liberdade.
Pedro - então a gravação não servira de nada?
Vitor - pode ser usada em caso de julgamento. Isso se o juri aceitar a gravação como sendo uma prova valida.
Pedro - e corre o risco de não aceitarem?
Vitor - sim. Se ele ver que é uma prova inconstitucional.
Pedro - não acredito. Então nosso esforço pode ser atoa.
Vitor - não se você patrocinar a minha ideia.
Pedro - qual ideia? De matar todo mundo? - Nem pensar.
Vitor deu de ombros.
Depois de um tempo, chegamos ao destino.
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- Qual o plano? (perguntou Vitor, assim que saiu do carro).
Pedro - vamos ficar escondido dentro do quarto do Kevin.
Vitor - quem?
Pedro - Kevin é a isca. Ele está hospedado em um hotel aqui perto.
Vitor - certo.
Pedro - vamos nos esconder no quarto desse hotel onde esta o Kevin.
Vitor - e você acha que os suspeitos vão aparecer?
Pedro - estou confiando nisso.
Vitor assoviou, dando sinal para os outros seguranças, que rapidamente vieram a nosso encontro.
Nos identificamos na portaria, e em seguida subimos por uma escada ate chegar ao quarto do Kevin.
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- E aí. (disse ele abrindo a porta). - Quem são esses?
Pedro - os seguranças la da minha casa.
Kevin - isso não vai da certo.
Pedro - claro que vai. É só você não cagar tudo.
Kevin - tou nervoso.
Vitor - aguente firme. (disse Vitor). - Estamos aqui para te dar cobertura.
Pedro - é isso aí Kevin. Não precisa ter medo. Além do mais, estamos em maioria.
Kevin - eu não tenho medo agora. Tenho medo posteriormente.
Vitor - não vai te acontecer nada. Nem agora nem posteriormente.
Ficamos um bom tempo ali tentando acalmar Kevin. As horas passaram e os nossos convidados enfim chegaram.
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Enquanto alguns se escondiam abaixo da cama, ou atrás do sofá, Vitor e eu nos escondemos dentro do banheiro.
- O que foi? - Ta se cagando igual o teu amiguinho aí? (disse Vitor ao me ver sentado no vaso sanitário).
Pedro - claro que não. Estou apenas cansado.
Ouvíamos conversas na parte de fora. Algumas vezes claras, outras desconexas.
O gravador havia sido colocado em cima do guarda roupa, local onde daria para ouvir tudo, perfeitamente.
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- Você vai conosco. (Acho que era a voz do Raulino).
- Ta doido? Eu não vou com vocês não. ( Kevin rebatia).
- Vamos acabar logo com isso. (Ouvi a voz de uma terceira pessoa). - Acaba logo com esse cara.
Kevin - Eu não falei nada sobre o sequestro do Pedro, e nem sobre a tentativa de homicido contra o pai dele. Eu juro.
Raulino - eu acredito em você. Estamos apenas tentando salvar a nossa pele.
Kevin - e a minha? Vocês falaram que não iria acontecer nada comigo.
Várias risadas.
- E você acreditou? (disse uma voz que eu não reconhecia).
Raulino - vamos deixar de blablabla e vamos agir que eu tenho hora marcada no salão.
Ouvimos novas risadas.
Em seguida ouvimos um barulho de luta corporal. Kevin começou a gritar por socorro.
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- Quantos são? (Vitor me perguntou)
Pedro - não sei.
Vitor - Hora de agir.
Vitor falou aquilo, e em seguida sacou a arma que carregava nas costas, abriu a porta do banheiro, e fez uma abordagem.
- Perdeu, perdeu vagabundo. (gritou ele).
O kevin saiu correndo e entrou no banheiro. Seguranças saiam por todos os lados cercando o bando do Raulino.
Vitor - arma no chão, e mãos para o alto. Devagar.
Pedro - então foi voce que tentou matar meu pai?
Raulino - só cumpro ordens. (disse Raulino com deboche).
Dava pra perceber que eles estavam nitidamente alterados.
Pedro - seu filho de uma puta. (parti para cima do Raulino, sem pensar nas consequências).
Vitor - Pedro. Nãoooo! (gritou Vitor)
Raulino conseguiu me imobilizar, me fazendo de refém.
- Você não sabe ser bandido. Tu é muito criancinha. (Raulino ria).
Raulino - seguinte. Agora eu dou as cartas. Todo mundo com arma no chão.
Ninguém obedeceu.
- Bora caralho. Todo mundo com arma no chão, ou sangue vai rolar aqui dentro. Eu não tenho nada a perder.
Vitor - Calma, já vamos colocar as armas no chão. (disse Vitor abaixando-se lentamente).
Raulino - então coloca logo porra. Tou ficando sem paciência.
Todos obedeceram a Raulino.
Raulino - Isso. Tou gostando de ver. O kevin, vamos dar uma voltinha?
Eles riam.
Raulino - Vitinho.
Vitinho - fala.
Raulino - trás la aquele mané do Kevin, que precisamos dele.
Vitinho - só se for agora.
Vitinho se dirigiu ate o banheiro.
Vitor - não faça nenhuma besteira que ira se arrepender.
Raulino - blablabla. Eu não me arrependo nunca rapa. Ta ligado.
Vitor voltou com o Kevin, que chorava muito.
Meus olhos estavam vermelhos, mas não era choro, e sim ira.
Raulino obrigou todos a se ajoelharem.
- Vou levar o playboyzinho aqui, e se alguém vier atras de nós, ele morre.
Estávamos de costas para a porta, quando ouvi pisadas atras da gente. Ouvi barulho de revolver sendo armado.
Alguém encostou uma arma na nuca do Raulino.
- Solta ele, ou estouro seus miolos.
Continua...