– Alô, Théo? Cê tá aí? – Jorge me perguntava isso, devido ao meu enorme silêncio.
– Tô, cara... Desculpa! É que eu tô meio que ocupado agora, sabe...?
– Entendo! Te ligo mais tarde, beleza?
– Ih... Não sei se vou estar mais tarde! É que eu tenho coisas pra resolver!
– Beleza, então, eu te ligo outro dia!
Ele desligou assim que percebeu minha total falta de interesse nele. É, eu estava de saco cheio com esses homens. Eu tava cheio deles, mas eu gostava apenas de um, e esse “um“ nem me dava bola.
Ícaro logo saiu do quarto, com cara de sono, cansado. Foi ao banheiro e logo saiu. Eu, na sala, encarei-o. Queria saber o que tinha acontecido com o sangue do banheiro.
– Dormiu bem, mano? – perguntei.
– Mais ou menos! Ainda tô com sono.
– Hm... Ôh Ícaro, me responde uma coisa: Cê viu umas gotas de sangue no chão do banheiro ontem de noite?
– (falou meio sem jeito) Não... Só tomei banho antes de dormir.
– Tem certeza? Vi um corte no seu braço, achei que tivesse sido daí.
Ele me encarou, querendo dizer algo, mas não conseguia.
– E aí, é seu ou não?
– Tá... É meu, sim! Mas eu levei um corte sem querer com a gilete. Não foi nada demais. Tô bem, já!
– Mas eu nem perguntei se você está bem ou não... Só quis saber se era seu ou não era.
– Era! Agora você sabe que era! Desculpa por não ter limpado!
– Tá desculpado! E vê se limpa as coisas antes de derramá-las no chão.
– Calma, Théo, só foi umas gotas de sangue, mano. Cê se estressa com tudo, eu em!
– Só gotas de sangue, não! Acho que você comeu, ou bebeu, alguma coisa branca, sei lá que cor era... cê derramou aí no chão da minha porta. Toma cuidado, tá? Eu quem limpo!
Na verdade, quando eu o vi saindo daquela porta do banheiro, olhei pro peitoral dele, pro seu rosto, e me imaginei fazendo sexo com ele. Era uma coisa de outro mundo. Tudo o que me vinha na mente era ele em cima de mim, fazendo movimentos, me beijando, arrastando a sua mão pelo meu corpo, corpo esse que chamava por ele... Foi um transe rápido.
Saí e fui pro meu quarto. Não olhei muito pro seu rosto, mas vi que ele tinha ficado meio impressionado\boquiaberto. Ele também não falou mais nada, apenas deu as costas e saiu andando. No meu quarto, mudei de roupa, coloquei uma de casa, e fiquei vendo TV. Peguei o notebook, olhei uns e-mails, tinha uns e-mails antigos... Li o que o Ícaro tinha me mandado antes de vir pra minha casa, lá no começo, um mês antes. Senti uma saudade daquilo... Se eu soubesse que tudo ia decorrer do jeito que foi, nunca teria aceitado me encontrar com ele. Na verdade, eu nem me lembraria dele. Era uma amizade antiga, nem sabia que ele existia ainda...
Fui à cozinha, comi alguma coisa e retornei pro quarto. Um detalhe: esqueci a porta aberta, e nem me liguei nisso. Acabei dormindo pesado.
Durante esse sono, que estava ótimo, senti um vento quentinho em meu pescoço, seguido de uma coisa úmida, meio gelada, rígida... Não sabia bem o que era, mas achei que fosse um sonho. Foi uma coisa bem louca, tipo: eu, dormindo, queria sonhar com aquilo, que mais parecia com um cheiro, seguido de um beijo, e queria acordar com alguém, de fato, fazendo aquilo, mas acordei e não tinha ninguém. A porta estava toda aberta, e não me lembrava de deixá-la naquele estado. Lembrei que tinha ficado com uma beirada aberta... Tudo foi estranho demais!
Levantei, ainda meio que dormindo, e verifiquei aquilo, pra saber se tinha alguém. A porta do quarto do Ícaro estava fechada, a do banheiro também... Eu fiquei louco. Toquei no meu pescoço e estava úmido mesmo. Não tinha sido um sonho. O que é que tava acontecendo? Tava me deixando maluco. Achei que o Ícaro tivesse fazendo essas coisas, mas parei pra pensar: ele é homofóbico, não curte gays, é hétero... Vai tá me dando beijo no pescoço? Achei que não!
Voltei a dormir. Quis fingir que tudo aquilo não tinha passado de uma alucinação. Afinal, ninguém faria aquilo comigo, já que só tinha eu e ele em casa.
Eu remexia pra lá, remexia pra cá, mas nada: não conseguia dormir. Os sonhos fugiram de mim e eu estava ficando louco com aquilo. Imaginei o Ícaro atrás da porta do meu quarto batendo uma punheta gostosa, pois só isso explicava aquele gozo no chão. Ele era tão agressivo consigo mesmo que eu estava começando a ter tesão com esse pensamento. Seu pau estava um pouco maior, seu peitoral estava mais gostoso do que nunca, e seu rosto era bruto, mais encantador do que o normal. Comecei a tocar no meu corpo, sentindo minhas mãos geladas e macias. Meus mamilos estavam ficando duros e eu os massageava com meus dedos grandes; meu pau estava duro feito uma rocha e meus braços todo arrepiados. Escutei a porta se abrindo e nem dei bola, porque achei que era outra alucinação maluca.
Tirei meu pau, pelo short mesmo, e comecei a me mexer nele. Já soltava a baba branca e aquilo ia dos meus dedos à boca. O gosto estava docinho, uma verdadeira delícia.
De repente, senti aquela coisa, de novo, em meu pescoço. Estava mais intensa. E, desta vez, não tinha como eu deixar de ver se era uma coisa louca ou se estava acontecendo. Abri os olhos e vi o Ícaro ali. Quando ele me viu, pulou rapidamente e ficou constrangido. Ele estava de cueca, com seu pau duro marcando e fazendo um volume delicioso, e olhando pra mim bem incrédulo. Ele achou que eu tivesse dormindo. O meu olhar era um olhar de sono, então, pra disfarçar – eu estava louco com tudo aquilo, e com o coração palpitando, meu estômago fazendo voltas de ansiedade... – fechei os olhos e fingi que estava dormindo.
Novamente, senti aquela sensação. Abri os olhos novamente e o Ícaro não fez nada. Só ficou sentado na beira da cama, com suas mãos em volta da minha cabeça, me olhando. Eu estiquei minha cabeça e o beijei.
Ele não recuou, só me beijou também.