Arthur - o que o senhor tem?
Barão - muita dor. Creio que seja apêndice. (disse ele me encarando).
(CARALHO - PENSEI).
Arthur - não precisa me olhar assim. (eu falei). Não se preocupa que eu não vou tocar no senhor.
Virei as costas para voltar a festa. Não iria ajuda-lo, mas iria solicitar ajuda, jamais teria coragem de abandona-lo naquela situação.
Barão - ME AJUDA! (disse ele gemendo).
Ouvindo aquilo, pude perceber a gravidade da situação. Aquele homem jamais admitiria pedir ajuda, se aquela dor não fosse imensa.
Deixei cair as toalhas no chão, e cheguei bem perto do barão.
Arthur - apêndice é aquela doença da tripinha?
barão - não faça perguntas idiotas, agora, só me ajude.
Arthur - eu desisto. O senhor nunca ira me tratar como gente. Vou descer, e pedir para alguém vir a seu encontro.
barão - muita dor nesse canto da barriga, eu não aguento, só me ajude a descer. (ele segurava com a mão onde sentia dor).
Arthur - posso? (perguntei se podia tocar no local da dor).
O barão nada respondia, apenas gemia de dor.
Levantei parte da camisa, e pude ver um leve inchaço.
Passei a mão por cima. Esperei pelos gritos, mas não aconteceu.
(Foda-se - PENSEI).
Arthur - Vou tentar levantar o senhor. No três o senhor segura forte no meu ombro. Beleza?
O barão confirmou com a cabeça.
Arthur - eu sei que eu vou me arrepender, e sei que o senhor vai me humilhar novamente quando isso tudo passar, mas eu vou ajuda-lo a sair daqui.
Com muito esforço consegui colocar o homem em pé, ele passou sua mão pelo meu ombro e juntos descemos as escadas. Quanto já estávamos no salão da casa, eu pedi por socorro. Várias pessoas, entre convidados e funcionários, vieram a nosso encontro.
Arthur - temos que leva-lo a um hospital.
- o que ele tem? (perguntou um dos seguranças).
Arthur - apêndice.
- O que esta acontecendo, Arthur? ( Não sei de onde apareceu a dona Margor em seu salto mortal).
Arthur - é apêndice, dona Margor! Ele tem que ir a um hospital urgente.
Margor - abram espaço, precisamos de espaço. (gritou a dona da casa).
João - cade as toalhas, Arthur? (chegou João, me cobrando).
Arthur - Esqueci la em cima. Eu tive que parar pra ajudar esse senhor. (falei apontando com a cabeça para o barão).
João - O que o Nícolas tem?
Arthur - É apêndice cara. Você pode ajudar aqui?
João - claro. O que eu posso fazer?
Arthur - estamos querendo levar ele ate o carro.
João - eu ajudo.
Arthur - só não sei aonde ele estacionou o carro, mas ele deve saber.
João - deixa comigo. Tu pode subir e pegar as toalhas?
Arthur - posso sim. Deixo lá com seus amigos.
João - na hora.
João apoiou o barão em seu ombro, e um segurança deu suporte pelo outro lado.
Fiquei um tempo em pé, ate ver que os três, acompanhados pela dona Margor e alguns convidados haviam saído, definitivamente da casa.
Subi as escadas correndo, recolhi as toalhas que ainda estavam no chão, e entreguei aos amigos do João.
- E cade o João? (perguntou um dos rapazes da mesa).
Arthur - Foi levar um amigo da mãe dele ao hospital.
- O que aconteceu, anjinho? (perguntou uma das moças).
Arthur - suspeita-se que seja apêndice.
- Hum. Que tenso.
Arthur - Pois é... E vocês precisam de mais alguma coisa?
- Cachaça meu amigo. (disse um cara rindo).
- Trás umas cervas, e um punhado de sal com limão.
Arthur - beleza. Já volto.
Me retirei da mesa, e quando já ia adentrando a casa grande, visualizei a acompanhante do barão, a moça estava toda sorridente com o Henrique, filho do homem.
Fui caminhando ate chegar a mesa dela.
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- Moça? (falei ao lado dela).
- pois não?
Arthur - a senhora já soube o que aconteceu com seu marido?
- voce fala do Nícolas?
Arthur - sim.
- bem que eu queria que ele fosse meu marido. (disse ela sorrindo).
Arthur - foi mal, achei que vocês fossem casados.
- somos não. Eu sou babá do riquinho.
Arthur - dele? (apontei para o Henrique que fitava o celular).
- desse abençoado mesmo... Mas me diz o que aconteceu com o Nícolas.
Arthur - então... (tentei falar calmamente). Ele passou mal e disse que talvez fosse apêndice.
- apêndice? (perguntou a moça espantada).
Arthur - é.
- Não sabia nem que ele tinha, apêndice.
Arthur - foi o que ele falou... Mas só tem como sabermos de certeza depois que ele for medicado.
- Ele foi a um hospital, e eu não estava sabendo de nada?
Arthur - foi tudo muito rápido.
- sabe pra qual hospital ele foi?
Arthur - não, mas suponho que ele foi ao pronto socorro.
- eu vou tentar ligar então. Você pode chamar um táxi pra mim, enquanto isso?
Arthur - posso sim.
A mulher começou a discar um número qualquer, que eu supus ser o do barão. Eu fiz o mesmo, mas liguei para uma agencia de táxi.
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Quando voltei com as bebidas da mesa dos amigos do João, a moça e o Henrique já não estavam mais na festa.
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- demorou hen irmão!? (disse um amigo do João).
Arthur - tive que atender outra mesa.
- mas o João disse que você estava exclusivamente para atender a gente. Se ver que não da conta, coloca outro que de.
- O Arthuzinho da conta sim. (disse uma Loira bastante charmosa).
Arthur - obrigado! (disse eu sorrindo).
Servi as bebidas à mesa, e depois disso me retirei.
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- Arthur! (chamou o nosso coordenador).
Arthur - oi?
- vai la na cozinha, descansa e come alguma coisa. Vinte minutinhos.
Arthur - beleza.
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Conforme combinado fui ate a cozinha, fiz um pequeno prato, enchi um copo com refrigerante e sentei a mesa pra comer.
Fiquei um tempo admirando aquele prato. Dali só conhecia o arroz, o restante da comida parecia gororoba.
Comecei a me servir do arroz, e deixei a mistura de lado.
- Acabei de chegar do hospital, Arthur. (disse João puxando uma cadeira, e sentando a meu lado).
Arthur - como é que foi la?
João - era apêndice mesmo. Antes de eu sair de la, ele já tinha ido para sala de cirurgia. O médico falou que se demorasse mais um pouco poderia ter estourado, e ele morreria na certa.
Arthur - serio?
João - sério. Passa um corpo pra mim por favor.
Estiquei meu braço e peguei um copo para o João, este abriu uma garrafa te guarana e se serviu.
- Quer uma comidinha Arthur? (perguntou uma das cozinheiras).
João - não Naza. Obrigado!
Meu arroz acabou, e eu resolvi experimentar aquela comida ''fresca''.
João - vou voltar la pro jardim. Daqui a pouco da uma passada por lá, Arthur.
Eu apenas balancei com a cabeça. Minha boca estava cheia daquela comida de gosto azedo. Precisava colocar aquilo pra fora, imediatamente.
João - O que tu tem? (perguntou João, vendo minha cara de desespero).
Ainda tentei evitar, mas não teve jeito... Vomitei toda a comida na camisa de João.
João - porra velho, o que foi que tu fez?
Nesse momento todos olharam pra mim como se eu tivesse cometido um crime.
Arthur - foi mal. (falei de forma tensa).
João começou a rir.
João - ta tranquilo pô. Eu já ia cair na piscina mesmo.
João tirou a camisa, e eu pude notar seu adomem trincado. O cara era tão branco, que seu peitoral era rosado.
João - faz um favor pra mim, Arthur.
Arthur - fala.
João - coloca essa camisa na lavanderia.
Arthur - beleza.
João me esticou a camisa. Eu levantei minha mão para apanha-la, mas ela estava pressa em suas mãos.
- Pega. (disse ele sorrindo).
Arthur - tu ta segurando.
João - puxa pô. Força.
percebi que João estava querendo brincar comigo.
medi força com o João. Eu puxava a camisa para um lado, e ele fazia força para o outro.
Comecei a sorrir daquela idiotice de nós dois.
João que antes apenas segurava a camisa, chegou a puxar, fazendo eu cair por cima dele.
João - ta muito fraquinho. (disse ele sorrindo).
Eu sorri também, sentindo o halito de bebida que exalava da boca de João.
Continua...