Eu sei, sou uma Vaca!!
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- Eu quero matar ele, juro, eu... eu... Caralho não sei ne o que dizer, PORRA!!! – digo com a cabeça enfiada no freezer da geladeira.
- Cara sai daí. Porra por isso que não quero nunca cair nessa besteira de amar, meu irmão sofreu pra caramba e agora...
- Que esse imbecil tá fazendo? – ouço Pat falar tranquilo.
- Para de chamá-lo assim seu neandertal – fala Dan, mas com um tom mais de provocação do que de defesa. – que sandice é essa Juca?
- Ele quer se suicidar porque o Mel usou ele – ouço mais uma vez Diego com esse tom que me deixa parecendo o pateta.
- Como isso? Eu sou médico, mas mesmo se não fosse sei que tem formas mais rápidas do que tentar congelar a cabeça ou adquirir alguma doença pneumônica.
- Mas ele acabou de chegar da corrida, olha como ele está suado, ele quer ter um derrame! – antes mesmo de Diego terminar sinto-me ser arrancado do freezer.
- Olha aqui Júlio Caio, conte nós essa história direito! – vejo Dan bravo realmente.
- Eu já falei que amor é uma merda e...
- Calado Diego, você é uma criança grande, não sabe nada sobre assuntos do coração. – falava Dan me olhando com raiva. – Comece a falar agora mesmo se deseja ter algum tipo de apoio.
Respiro fundo para falar mais uma vez, já que Diego me perguntou a mesma coisa, a diferença é que ele não me impediu.
- Eu estou muito bravo com o Mel, cara ele fez amor comigo, amor não – digo lembrando-me que apenas eu é que mostrava que aquele momento era tudo para o meu mundo. – ele fez apenas sexo, não disse um momento que me amava enquanto eu estava metendo nele. – solto mais uma lufada de ar – ele foi embora, disse que não conseguia passar por cima do fato de eu ter traído ele, aquele caralhinho foi embora sem me deixar falar caralho nenhum e ainda disse que não acreditava em mim.
Vejo todos se entreolhar.
- Que foi?
- Bem, meio que já sabíamos já que você ficou gritando que ele nunca mais ia pôr os olhos ou cú no teu pau... – falou Diego recebendo um tapa na nuca dado pelo irmão, esse pequeno babaca. – aau. – diz esfregando o pescoço – que eu fiz?
- Tem uma boca maior que o cérebro. – fala e em seguida olha para mim – olha Juca, na verdade acho que o prédio inteiro ouviu, mas como que isto termina com você querendo congelar sua cabeça? – falou com o olhar acusador, parecia que já sabia o que ei ia falar e já estava me crucificando.
- Exagero... eu só queria ter um pequeno avc para fazer o Mel se sentir culpado, mamãe sempre disse para não fazer isso de ir de “corpo quente” para o frio porque ia ter um derrame e resolvi tentar, quem sabe assim ele me daria uma chance de falar com ele, de contar meu lado da história. – falo de cabeça baixa, eu sei que é idiota, e parando para pensar pareço maior babaca do mundo. Sério, fazer as coisas de cabeça quente é foda.
Levanto meu rosto para ver porque estão tão calados.
- SEU IDIOTA! – fala Dan tão alto que me assusto.
- Calma meu chocolate... – fala Pat tentado se aproximar dele.
-NÃO ME ACALMO E DESENCOSTA DE MIM – ele anda um pouco em circulo e fico sem entender pra que essa reação. Será que Dan achou que eu ia morrer mesmo? Porra estou com um médico em casa. – você tem noção do que fez?
Eu afirmo com a cabeça mais depois de ver que ele ficou mais irritado começo a negar veemente. Que caralhos esses homens tem pra mandar em mim?
- Eu não ia morrer e mesmo se acontecesse de eu ter um avc os danos seriam mínimos porque eu teria socorro imediato e...
- E nada! Juca você tem noção do que está falando? Desde quando qualquer relacionamento é mais importante que sua vida? – pergunta com o olhar novamente acusador e usando as mesmas palavras eu utilizei com ele uma vez.
E não venha me dizer que Mel é sua vida porque entendemos isso, mas você está agindo como uma pessoa que não tem a mínima perspectiva de vida – diz e em seguida puxa um banco alto e ficando cara a cara comigo – você quer impor ao Mel, que ele tem dever de ficar contigo, que ele não pode ter suas próprias escolhas. – Dan me penetra com toda a verdade através do olhar. – percebe o quanto injusto está sendo com você mesmo e com ele? Você não enxerga que fazer alguém sentir a culpa por algo que foi você que fez e não estou falando dele achar que você o traiu, mas de ele entender que se acontecesse algo com você, por mais que tenha sido você o próprio causador a culpa seria dele, é assim que quer? Deseja o enjaular pela culpa?
- Não, não é isso que quero. – falo entendo a merda máster que estou fazendo – Dan, juro que não é isso, eu não quero morrer eu só fiquei tão indignado e eu disse a ele para me esquecer. Só quis chamar a atenção dele aaahh caralho, cão, inferno – digo me levantando – que porra eu estou fazendo?
- Eu gostaria de saber também Juca. – fala Pat com o semblante sério.
- O que você falou para ele? Porque ele não acredita ou menos vem falar comigo?
- Ele quer provas. – diz Pat com o tom ressentido.
Sento na cadeira novamente, mas dessa vez com o peso do mundo sobre mim.
- Eu estou cansado cara. Ninguém me deixa chegar perto dele, dizem para eu esperar o tempo dele, eu esperei, disseram para eu esperar ele te chamar – digo apontado para Pat. – eu esperei, você disse para eu esperar ele me procurar e caralho eu esperei e ai ele vem fode comigo, fode a minha cabeça. – digo com a voz cansada.
- Eu sei cara, mas tenta entender o lado. Só lhe dê mais um tempo e...
- Não! – digo decidido. – eu até posso esperar ele vir falar comigo e se ele quiser algo ainda terá seu preço, mas eu cansei, para todos ele dá uma segunda chance e procura escutar, até aquele porra do Fernando ele escuta e eu não mereço?? – digo e vejo olhos constrangidos. – não vou mais esperar o Mel, eu estava fazendo uma cena babaca, e se eu tivesse tentado me jogar na frente de um carro? – falo e a imagem de Caio e Caleb chorando me invade a mente.
- PORRA!!! – digo gritando e vendo o espanto de Diego, é até engraçado.
- Aí caramba. – diz com a mão ao peito
- Eu tenho dois filhos maravilhosos e pequenos. Eu... eu não pensei neles... – falo pensativo – que merda de pai eu sou?
- Você será um pai maravilhoso, e sabe o porquê? – pergunta me encarando –Pais erram, mas os melhores reconhecem os erros e buscam corrigi-los. E sei que você vai corrigir isso e sempre colocara o bem estar deles em primeiro lugar.
- Espera ai Dan! Eu não tinha te contado ainda.
- Foi o Patrick estrela.
- Linguarudo – fala Patrick ofendido.
- Mas eu já sabia. – diz com a cara tão pretenciosa, Dan é um homem lindo, por dentro e por fora. – você está falando com o ceo de uma empresa que faz parte de um enorme conglomerado, Juca se eu não fosse tão astuto não poderia vir para o Brasil assumir o controle da empresa.
- E humilde pra caralho. Porra não precisava ter me entregado.
Fiquei a manhã conversando com Dan. Ele resolveu liberar a manhã dele também, então contei tudo a ele.
Estávamos separando umas coisas do Diego para mandar para o lar, os olhos de Dan brilharam quando perguntei se ele não queria doar algo.
- Eu não sabia que Diego tinha tudo isso de brinquedos, nem parece um homem de dezoito anos. – digo vendo a coleção de carrinho antigos em miniaturas.
- Ele não se desfaz de nada, mamãe é quem sempre dava um jeito de se desfazer e bem, faz alguns anos que ela faleceu. Eu só não entendo porque ele trouxe tudo isso. – falava separando em uma caixa alguns jogos. – vamos deixar apenas as coleções de carrinhos e aviões, a e também qualquer tipo de quebra cabeças porque era o pai que dava a ele.
Apenas aceno afirmativamente.
- Ele não vai ficar puto com a gente?
- Vai, mas ele sobrevivera e qualquer coisa eu ponho toy story três, ele precisa entender que às vezes precisamos deixar as coisas irem. – diz rindo.
Fiquei um tanto triste com isso. Será que é isso? Tenho que deixar o Mel ir?
- Juca, vamos – falava já carregando uma das caixas, a menor diga-se de passagem e deixando outras duas para mim. – eu tenho que ir para a empresa após as treze horas.
Fomos para o lar e deixei claro para os meninos que aqueles eram brinquedos para todos. Brinquei com meus filhotes e apresentei Dan como titio deles, foi tão incrível, Caleb foi logo dizendo que agora tinha dois tios, e quando o Dan disse que tinha um irmão ai a festa foi maior ainda. Adorei a forma que Dan tratou minhas crianças.
Hadassa me convidou para almoçar fora, disse que tinha novidades, mas como eu levei o Dan ela acabou não falando nada e perguntou se eu não queria jantar com ela aquela noite. Eu topei, precisava distrair um pouco.
No caminho que fiz para a empresa de Dan o tempo todo ele foi de cara amarrada, só não ficou mais fofo que o meu Mel porque realmente não tem como.
- Ok, chegamos bicudo, agora me fala o que foi que roubou seu bom humor? – pergunto me virando para ele que faz o mesmo e me olha com o olhar mais acusador do mundo. – ei não me olhe assim não, que foi que eu fiz??
- Aceitou jantar com aquela mulher, pensa que eu não escutei? Juca você não percebeu nada? – me encarava como se fosse arrancar minhas bolas se desse a resposta errada. Sutilmente desço minhas mãos para proteger meu saco. Vai saber né.
- Perceber o quê? Ah tá! Sim, mas não entendo porque ela não fala disse – vejo seu rosto mudar para uma expressão de confusão – mas eu consegui descobrir que ela realmente está grávida, não é doença. Bem hoje vou aproveitar e tocar no assunto.
Dan dá um tapa na própria testa estalado.
- Juca ela quer você seu tapado!
- Deixa de besteira Dan ela sabe que eu tenho o Mel.
- Ok, eu não falo nada agora, mas acredite quando você voltar desse jantar vai me procurar e eu vou dizer um EU AVISEI do tamanho do Patrick estrela.
Olho para ele com a cara mais safada do mundo.
- hummmm quer dizer que agora anda lembrando do cara é?
- Não é isso!! – diz com a cara indo para o tom rubro, eu nunca vi aluguem de pele negra ficar assim, é como o Mel diz, ficou um fofo.
- hummmm e fica lembrando-se do “tamanho” dele é??? – digo com a maior insinuação sexual que consigo.
- Está louco? Eu nunca vi o pênis dele!
- hunrummm nunca mesmo, me lembro dele ir lá com qual o nome mesmo que você chamou o pau dele – digo teatralmente pensativo – a é foi...
- CALA A BOCA!! – fala saindo – não quero ver sua cara seu... seu... aahhhh!! – diz indo embora.
- Tadinho dele. – digo a mim mesmo rindo – lógico que estou brincando.
Dirigi até a empresa pensando o tempo todo no que eu estava fazendo esses últimos dias.
Não sinto justiça no que Mel está fazendo comigo, mesmo me pondo no lugar dele, porra ele veio até mim só por causa do meu corpo, e se ele não conseguia esquecer a traição, como caralhos ele transou na mesma cama.
A grande questão é que dessa vez Mel me magoou, mesmo sabendo que a culpa é da porra do primo dele, pois se não fosse aquele cretino eu não teria indo afogar os supostos chifres, nem com isso estava magoado de verdade, mas essa ultima dou e muito, ele me deu esperanças e as tirou.
- Caralho de vida.
Deixo o carro no estacionamento e sigo para entrada principal.
- Boa tarde senhor Villar – ouço conforme vou adentrando.
- Boa tarde – repito inúmeras vezes.
Quando chego no hall da diretoria encontro minha amiga e futura ex-secretária.
- Oi ostrinha – digo beijando seu rosto do lado esquerdo.
- Oi chefinho, que cara amuada é essa?
- O Mel fez merda, eu fiz merda e agora estou tocando o foda-se, se ele quiser que venha atrás.
- Espera. – diz segurando meu braço.
- Deixei alguém na sua sala.
- É ele? Ele está me esperando? – sinto meu coração bater com tanto desespero como se ele dissesse que ele é quem está tocando o foda-se para tudo o que eu disse antes.
- Bem se ele é o Mel, não – diz com uma carinha de quem pede desculpas – Mas se ele for o Fernando, é, então você acertou – diz dando um riso sem vergonha.
- Que diabo ele tá fazendo aqui? E na minha sala! – falo já me alterando – Porra Isadora, como que você deixa ele lá sozinho, como que deixa ele entrar aqui... caralho mulher – digo já entrando no meu estado possesso.
- Calma, Juca por favor, escuta ele. – diz ainda segurando meu braço – eu vou ficar com você tudo bem? E ele não está só, o Patrick está ai dentro. Agora por favor, tenta não ofende-lo ele veio em paz e está ai para te ajudar.
- Impossível àquele filho da puta quer ficar com o que é meu!
- Por favor... – diz quase como suplica.
- Cinco minutos, ok. Me dá cinco minutos e eu entro nessa porra mais calmo.
- Ok... vou entrar e te aguardo lá dentro.
Usei esse tempo para repassar a última noite de amor que tive com o Mel, não dessa noite, sinceramente eu gostaria de esquecer que estive com ele hoje.
“
- Vem amor, vamos tomar banho naquela banheira gigante que eu aprendi que não consigo mais viver sem. – fala Mel me chamando com o dedinho.
- Quer que eu te carregue? – pergunto já imaginando tudo que vamos fazer nessa banheira.
- Hunrumm – fala manhoso e é lógico que eu não resisto. O pego no colo e o levo direto para o banheiro. – sabia que eu te amo muito.
- Não mais do que eu te amo meu amor. – falo tascando um beijo e empurrando a porta com o pé. Coloco Mel de pé e vou tratar de encher a banheira, quando me volto vejo aquele homem todo gostoso de pele semidourada me olhando mordendo os lábios.
- Eu quero você amor, eu quero agora, aqui.- fala vindo em minha direção e se pendurando no meu pescoço. – quero você dentro de mim.
- Mel eu te adoro – digo o envolvendo em meus braços pela cintura – amo você meu bebê – digo entre os beijos – olha como você se encaixa tão bem a mim. – digo o levando ao chão.
- Juca eu te amo tanto, tenho tanto medo que algo aconteça, que tudo isso seja apenas um sonho de olhos abertos. – meu me deixa de coração apertado com essas palavras.
- Nunca amor, ouviu bem, nunca iremos acordar desse sonho. – digo sorrindo. Começo a fazer um carinho pelo seu pescoço com a minha barba que já está um pouco crescida.
Abandono minhas roupas e ali naquele chão nos tornamos um só novamente, uma só carne, uma única unidade.
”
Depois de retornar a mim vou em direção a minha sala e quando abro à porta a primeira visão que tenho é de ostrinha sentada numa cadeira disposta à frente de minha mesa e Pat segurando a mão do Fernando.
- Boa tarde a todos. – digo buscando ser o mais sereno extrapolando toda a cota de esforço possível. – Fernando – digo olhando diretamente para ele já me acomodando a cadeira. – eu realmente não sei com qual proposito está aqui, mas a Isadora me convenceu a recebê-lo totalmente desarmado. Isso não é algo fácil ou simples para mim, mas é um voto de confiança que devo não a você, mas sim a Isa que é minha amiga.
- Eu entendo e isso também não é fácil para mim, principalmente porque agora seria minha chance de reaproximar do homem que eu sempre amei – diz, mas não a felicidade na cara desse bastardo. Minha boca coça para falar, mas o olhar de Isa me contém. – mas do que adiantaria se sempre seria voce a quem ele amaria – diz dando uma risada sem humor algum – e pior, eu estaria novamente mentindo para ele.
- Como assim? – pergunta Isa. Eu me mantenho calado, porque se falasse agora seriam apenas ofensas
- Tenho como provar que tudo que aconteceu aquela noite foi uma armação.