2ª PARTE
CAPÍTULO 11
NÃO MATEM O URSO:43
Lucas estava sempre atrasado para ir ao trabalho, aquilo fazia parte da sua rotina, ele saindo correndo pela porta da frente da sua casa com metade do biscoito ainda na boca era algo que as pessoas que passavam em frente à sua casa naquele horário já nem estranhavam mais.
Ele sempre gostou de andar, gostava do vento e de pisar em folhas secas, contava sete ou oito músicas até chegar na loja de games em que trabalhava, dependendo da rua e da música poderia até arriscar uns passos sem sentir vergonha. A vida era complicada, mas ela estava boa. Sua namorada o amava, seus amigos o admiravam, sua família o apoiava, ele dirigia nos fins de semana e tinha um bom dinheiro guardado no banco para seu futuro casamento. Nada poderia ser melhor.
Porém algo que sempre o chamava atenção antes de começar a trabalhar era uma barraca de cachorro quente que tinha inaugurado há meses ali em frente ao seu trabalho, ele tinha se prometido que passaria ali desde que viu pela primeira vez, mas algo sempre surgia no caminho, sua pressa, sua falta de fome, sua memória, a chuva, enfim. Ele nunca teve a oportunidade de degustar o sucesso que era o cachorro quente ali, e não seria hoje, pois o horário não permitiria.
- Ué... – Disse Lucas para si mesmo batendo no relógio.
Seu relógio velho, que seu avô deixara para ele, havia finalmente deixando de funcionar depois de anos de uso. Ele não poderia reclamar, o relógio lhe serviu bem, porém o que lhe intrigava agora era sobre o horário, pois apesar de sua correria, sempre fora pontual. Tirou então o celular do bolso e percebeu que havia longos quinze minutos de folga, “Como isso foi acontecer? É ridículo! Eu deveria estar mais atrasado”, Depois de se questionar, lembrou de que já havia se confunfido dessa forma antes e decidiu decidir o que faria com o tempo extra. Poderia ouvir umas quatro ou cinco músicas ainda, ou melhor, poderia ir até a barraca de cachorro quente e finalmente se deliciar com a matança de sua curiosidade. A vida não é bela? Até mesmo depois de uma desavença, como o relógio parar de funcionar, se tornara algo que lhe agradava.
Lucas entrou na fila, pediu um cachorro quente tradicional sem mostarda, um suco de laranja para acompanhar e mastigou aquilo como se fosse a melhor coisa do mundo, finalmente entendia o porquê do sucesso daquele lugar. Lucas parabenizou quem o atendeu e se dirigiu ao trabalho.
Vinte minutos depois, Lucas estava trancando no banheiro da loja tendo a pior crise de diarreia da sua vida, ele sentia como se já não houvesse nada para sair dele a não ser seus órgãos internos, porém a dor não o deixava sair do banheiro.
- Lucas, você está bem? – Perguntou seu colega de trabalho preocupado.
- Foi o caralho do cachorro quente aí na frente! Nunca mais como essa merda - Gritava Lucas suando tanto que seu rosto estava da cor do seu cabelo.
- Você quer que eu te traga alguma coisa? – Gritava seu colega do outro lado da porta.
- Não.... Não... pera eu já tô saindo... Acho que... Ai, acho que eu não tenho mais nada pra sair de mim – Respirou ele aliviado, numa tentativa de ser engraçado, abrindo a porta e liberando um cheiro insuportável que fez seu colega colocar as mãos sobre o rosto.
- Cara, que merda, sério.... Vai para casa.... Eu falo com o chefe... - Disse seu colego numa empatia doída.
- Não eu já me sinto bem melhor... - Tentou Lucas
- Vai para casa, caralho! - Lucas se assustou com a agressividade de seu colega e começou a se inclinar sobre a ideia de se dar um dia de folga – Sério cara.... As coisas tão tranquilas hoje na loja...
- Tá bom, tá bom, me convenceu... Me odeia tanto assim? Eu vou! – Disse Lucas rindo.
8:15h
Apesar de se sentir melhor, Lucas via a necessidade de andar curvado, pois sentia algo em seu estômago sensível demais, coisa eu o impedia de andar ereto. Ele saiu devagar da loja e se dirigiu para casa, conforme ia chegando perto, notou que precisava deitar, precisa ficar em posição horizontal e rápido. O que mais seu estômago tinha a oferecer que aquele vaso já não tinha? Sua casa era muito longe, ele não aguentaria mais três músicas sem desmaiar, a casa de sua namorada era mais perto, Ana estava em casa agora. Isso. Ana.
Uma música e meia depois ele já estava em frente à casa de Ana, mas sentiu que não sentia forças para chamá-la ou dar qualquer sinal que ele estava ali, para a sua sorte a porta estava só encostada, ele entrou sem fazer nenhum barulho. Ouviu um som estranho vindo do quarto de Ana, decidiu ir até lá para ver o que era, sua dor no estômago ficava a cada segundo mais aguda, ele sentiu como se fosse gritar a qualquer momento, aquilo era barulho de mola do quarto de Ana? Seus passos começaram a ficar mais curtos a medida que ele avançava, mas os barulhos do quarto de Ana mais altos e inconfundíveis. Nenhum som saiu da sua boca quando ele viu aquela cena na cama, Ana transava com Renato e Marcelo ao mesmo tempo. Marcelo a penetrava por trás com força, enquanto Renato forçava sua cabeça contra seu pênis, fazendo com que a boca dela se preenchesse com o pênis de Renato.
Lucas sentiu sua ira subir ao pescoço, mas sabia que naquelas condições não conseguiria fazer nada, sua irracionalidade esperada o abandonou e tudo o que ele fez foi correr para fora daquela casa e no momento que viu a grama verde do quintal da casa de Ana, vomitou. Vomitou tanto que sentiu como se em seu corpo não houvesse mais nenhuma fonte de energia para fazê-lo andar.
Ele não sabia como, mas conseguiu chegar em casa e desmaiar na cama.
22:30h
Lucas acordou e percebeu o céu lá fora já escuro, piscou mais vezes que o normal ao acordar, passou a mão sobre a barriga e não havia dor ou até mesmo indícios de que aquilo o afligia horas atrás. Estava confuso com tudo o que aconteceu e duvidava sa realidade Se tinha saído de casa, se tinha comido o cachorro quente, se tinha passado mal, se tinha ido à casa de Ana. Era tudo só um sonho, só podia ser.
- Já acordou? – Ana entrou no quarto dele, o dando um beijo na sua testa. – Tudo bem?
- Aham – Disse ele sem abrir direito um dos olhos. – Eu... Só tive um sonho estranho...
- É? O quê? – Perguntou Ana, mexendo no seu celular sem dar a Lucas muita atenção.
- Sonhei que eu estava com dor de barriga e... Eu fui trabalhar... – De repente ouviu o barulho da porta bater – O que foi isso? – Perguntou Lucas assustado.
- Seus pais indo para a igreja, eles estavam se aprontando quando eu entrei... – respondeu Ana focado no seu celular.
- Mas já.... Que horas são? – Lucas olhou para o seu relógio do seu avô e reparou que ele não funcionava.
Sua memória estava toda ali e era real.
Ele pegou o celular da mão de Ana e o jogou no chão com força fazendo com que ele se despedaçasse em vários pedaços.
- Heey – Gritou Ana se levantando e antes dela o lançar um olhar assustado, sentiu um tapa no rosto forte o suficiente para Lucas sentir ardência em todos os dedos da sua mão direita. Ana desabou no chão com os cotovelos no assoalho.
- Marcelo? Renato? Sua vagabunda! – Gritou Lucas – e quando estava pronta para agredí-la mais uma vez, percebeu que ela estava rindo. – Vo... você tá rindo? es Você tá achando isso engraçado? Isso é engraçado para você?
- Eu tô grávida! – Gritou ela rindo escandalosamente.
Lucas escorregou no tapete e caiu para trás, sentiu como se tivesse levado um empurrão que o derrubara, sua surpresa era tanta que ele não sabia o que falaria primeiro.
- Grávida... mas... como? – Ana ria, olhando para ele com deboche no olhar
- Exatamente, como? Se você não consegue pegar esse teu pintinho sem gozar tão rápido? Como? Eu dei para os seus amigos mesmo e quer saber mais? Dei para o seu pai também – Gritou Ana olhando para ele achando graça – Lucas permanecia no chão sem saber o que fazer – e ele gostou – gritava Ana, avançando em cima dele. - Ele consegue ficar lá dentro – Lucas se levantou e atravessou Ana saindo com pressa pela porta atrás dela, desceu as escadas com a chave do carro na mão sem deixar seus pensamentos em ordem – Eles me fizeram gozar – Gritava ela – Lucas entrou no carro, arrancou a marcha e saiu dali.
Ele se sentia traído, confuso e estúpido, mas sobretudo com raiva, com raiva por ter sido tão estúpido, como pode? Como pode se esforçar tanto para caber naquela casa, de se diminuir ao tamanho que estava para se encaixar ali. De repente sentiu algo vibrar no seu bolso direito.
- O que é? – Respondeu com raiva o celular.
- Alô, Lucas!?
- Quem é!? – Disse ele alterado.
- Mike! Cara preciso de você agora! A coisa fodeu para mim, eu... eu... não sei o que fazer.... Você pode vir me buscar? Eu tô a duas cidades de distância...
Lucas percebeu que se faria um favor ficando longe dali e achava maravilhoso ter um lugar para ir.
- Me diz exatamente onde você está que talvez eu chegue aí antes de amanhecer mesmo.
Mais cedo naquele mesmo dia Jorge, Mike, Gabriel e Tom, estava sentado sobre uma mesa redonda, Aaron estava no carro com a janela entre aberta zangado por ser deixado para trás.
17:00h
Os quatro estavam concentrados no seu prato comendo com entusiasmo o que estava no prato. Entre uma mordida e outra Tom olhava disfarçadamente para Jorge que a anos não ficava a distância que estava dele. Jorge, por sua vez, trocava olhares com Gabriel, um olhar que eles nunca tinham trocado antes, uma reciprocidade brotava no ar. Mike, distraído com isso tudo, focava num panfleto que estava sobre vários lugares do restaurante.
- Quantos dias até a gente chegar? – Perguntou Gabriel.
- Mais um se a gente não parar mais. – Jorge disse prontamente com sua voz rouca
- Eu nunca visitei essa cidade... Bonita! – Comentou Gabriel mastigando um pedaço de batata.
Gabriel e Jorge claramente deixavam espaços vagos na conversa propositalmente para Tom ou Mike comentarem qualquer coisa, pois a voz dos dois, mal eram ouvidas na viagem, Mike parecia estar se divertindo dentro de sua própria cabeça, mas Tom.... Ninguém sabia coisa alguma sobre Tom.
- Está gostando da comida Tom? – Perguntou Gabriel olhando diretamente para ele.
Tom balançou a cabeça positivamente concordando, olhando de olhos bem abertos para ele e Jorge, que balançaram a cabeça também o imitando e olhando um para outro.
Gabriel olhou para Tom notando que ele era imenso de grande e numa curiosidade momentânea decidiu se empenhar em ouvir qualquer coisa que ele dissesse.
- Então Tom, me diga... O que você faz da vida? – Perguntou Gabriel encostando os talheres no prato para prestar atenção em Tom.
Tom, demonstrou nervosismo sendo vítima de toda aquela atenção, demorou um pouco para mastigar, limpou a boca com guardanapo e começou:
- Bom...
- Gente, olha que legal isso aqui! – Cortou Mike!
- Mike, o Tom ia falar – reclamaou Jorge
- Shh! Olha isso aqui! – Disse Mike animado mostrando o panfleto
- O que é? – Perguntou Gabriel Curioso
- Hoje tem um evento na cidade.... É aniversário da cidade hoje...
- Aham, muito bom! Estamos indo embora Mike! – Reclamou Jorge
- Quê? Como assim? Olha isso aqui! – Disse apontando para o círculo na parte inferior do panfleto – É open bar e aquela Dj vai estar aqui!
- Que Dj? – Perguntou Gabriel se mostrando o único animado naquela mesa além de Mike.
- Dj Mayara! – Disse animado!
- Não! – Desacreditou Gabriel
- Sim! – Olha aqui!
- Caralho! É ela mesmo! – Gabriel virou para Mike pegando no seu braço – Jorge... vamos, vamos por favor!
Tom olhou com desaprovação para Gabriel segurando o braço forte de Jorge.
- Vamos, olha aqui ó..... Vão servir essa bebida estranha que parece velha e acho que você gosta, ó! – Disse estendendo o braço para Jorge, que fingia não se sentir ofendido ao ser chamado de velho.
- É uma mistura de cachaça pura com licor e suco de frutas – Disse Tom, numa voz extremamente sombria rouca e forte. A voz dele era muito similar com a de Jorge, se Jorge não se demonstrasse levemente surpreso com o que ouviu, Gabriel e Mike, achariam que aquela informação teria sido dita por Jorge. – É uma bebida muito forte, sobe ao cérebro muito rápido, eu não recomendo para quem não está acostumado a beber. – Continuou Tom, sério.
Aquela informação mesmo não sendo proposital, pareceu como um desafio para todos ali naquela mesa. Inclusive Jorge, que agora sentia uma ponta de curiosidade e a necessidade de se sentir competente de virar a tal bebida, reacendendo ali um clima de competição com Tom, coisa que a anos não sentia.
- Bom, hoje é? Vamos procurar um hotel ou vocês querem dormir no carro? – Disse Jorge despertando um grito de comemoração da parte de Gabriel e Mike, enquanto Aaron latia lá fora.
Conforme foram se dirigindo ao centro da cidade, foram pegos de surpresa ao ver a dimensão da comemoração do aniversário da cidade, as ruas estavam cheias e os hotéis lotados.
- Ah, vamos dormir aqui na caminhonete mesmo! – Comentou Mike – Não tem problemas por mim.
Jorge não confessaria, mas ele sabia quais seriam as consequências para as suas costas se ele dormisse naquela caminhonete e pensava também em Tom, que enorme, sabia que dormir ali não era de sua preferência.
- Não, deve ter algum hotel nessa cidade que a gente ainda não olhou...
Mike revirou os olhos e concordou procurar mais um pouco. Acharam um hotel três estrelas ao lado de um minimercado de frutas, distante do centro da cidade, com uma cama de casal grande entre dois abajures pequenos.
- Bom... Se todo mundo dormir na horizontal... – Começou Mike.
- Mike... Vem cá um pouquinho – chamou Gabriel, que de repente se lembrou do seu pai e seus problemas em achar uma posição confortável para dormir. – Mike... Vamos deixar os dois dormirem aqui e a gente dorme no carro...
- Hum... Alguém quer recuperar o tempo perdido? – Disse Mike passando a mão sobre a calça de Gabriel.
Gabriel riu e não negou:
- Olha... se os dois dormirem mal, eles não vão conseguir se levantar amanhã, eles precisam dessa cama.... Tudo bem?
- Bom, eu acho que isso é uma desculpinha para você entrar nas minhas calças... mas tudo bem!
Foi a vez de Gabriel virar os olhos enquanto Mike ria.
- A gente decidiu que é melhor se vocês ficarem com a cama
- E vocês? – Perguntou Jorge automaticamente
- Bom, eu o Mike...
- A gente vai dormi no carro – completou Mike rindo, causando confusão em Tom e surpresa em Jorge, que olhou para Gabriel estarrecido
- Não – Disse Jorge sem ter nenhuma outra ideia em mente.
- Sim – Replicou Gabriel sem parecer grosso – Aqui tem cama, colchão, travesseiro... E daqui você é o mais próximo de Tom – se defendeu ele, evitando confrontá-lo diretamente com a verdade.
Jorge sabia que Gabriel o entendia e conhecia o verdadeiro motivo, mas também tinha consciência do porquê ele não o queria junto com Mike, mesmo não sendo falado em momento algum, Jorge cedeu, fazendo companhia para Tom e bem para suas costas.
- Quem fica com o Aaron? – Perguntou Mike sendo irônico – Eu? Tudo bem! Você pode vê-lo aos finais de semana... mas eu vou querer pensão viu! – Mike deu as costas rindo e junto com Gabriel se retirou do quarto, encostando a porta.
Ali naquele recinto, Tom olhou para Jorge, nervoso e tremendo ele se esforçava para não demonstrar sua ansiedade, ele se ocupou com tudo que era possível se ocupar ali naquele quarto, tomou três copos de água, conferiu todos os canais da televisão e ajeitou a cama duas vezes.
- Você está bem? – Jorge cortou aquele silêncio abruptamente, assustando Tom.
- Aham! – Respondeu Tom, curto e grosso, querendo estender a conversa internamente, mas não fazendo ideia de como fazer isso.
Jorge achou o comportamento de Tom estranho, ele conhecia o jeito silencioso dele, mas anos se passaram desde que tiveram a última conversa, achou que deveria ser diferente. Se ele não se sentisse tão incomodado com o fato de Mike e Gabriel dormirem no mesmo local, se aprofundaria em algum assunto qualquer com Tom, mas agora ele só se sentia cansado. Deitou na cama, reclamou de alguma coisa, dormiu.
- Que horas nós vamos sair? – Perguntou Mike para Gabriel, não se importando muito com a resposta.
- Eu acho que ao anoitecer... O que você acha? – Disse tendo o carro em vista com Aaron sobre a janela.
- Eu acho que...
- Quem é aquele cara? - Perguntou Gabriel rapidamente.
- O Tom?
- Isso!
- Ele é um vizinho, não o conheço muito bem.... Está lá desde que eu cheguei... - Resppondeu Mike sendo franco.
- Quietão, né? - Disse Gabriel cruzando os braços.
- Aham... Ouvi a voz dele o quê? Três ou quatro vezes... Ele é um ursão estranho... - Comentou Mike.
- Pois é..... Você acha que ele é.... - Incitou Gabriel.
- Gay? - Se espntou Mike - De jeito nenhum, é uma ofensa para nossa espécie! Não quero – Disse rindo.
- Enfim - Disse Gabriel abrindo a porta da caminhonete e recebendo uma lambida generosa de Aaron – eu vou dormir um pouco... me acorda quando a bagunça começar?
- Você me acorda quando a bagunça começar, meu sono é mais pesado que o seu. – Mike se jogou no banco se virando para o lado exterior da janela a sua esquerda. Sentiu o silêncio passivo de Gabriel e levou quatro minutos e meio para adormecer.
Antes de cair no sono Gabriel observou os detalhes daquela caminhonete azul, aparentemente velha, mas também espaçosa, não havia detalhes ali que desenhasse a personalidade da pessoa cuja qual a pertencia, sem adesivos, sem petelecos decorativos, revistas, livros, absolutamente nada, Gabriel começou a imaginar qual poderia ser o motivo e o estilo de Tom então, mas antes de se aprofundar em suas ideias, adormeceu ao lado de Mike.
22:00h
Quase cinco horas depois os quatro homens, estavam de pé do lado de fora de um bar consideravelmente grande, bem iluminado e muito movimentado. Mike e Gabriel conversavam, enquanto Jorge prestava atenção em cada palavra, Já Tom, era tão quieto que seria facilmente esquecido se não fosse o seu tamanho. A cidade agora estava barulhenta, várias pessoas passavam andando com copos nas mãos, haviam barracas espalhadas pelos cantos vendendo bebidas coloridas em copos coloridos.
- Tem certeza que é aqui? – Perguntou Jorge olhando para o grande bar movimentado e com as mesas ocupadas em sua frente.
- Sim – Mike respondeu checando uma espécie de mapa que estava em sua mão. Só pode ser aqui!
- Não tem nome aí nesse mapa? – Se pronunciou Gabriel tentando entender o mapa que Mike segurava.
- Não... – Mike revirava e virava o mapa – Não... eu acho que não... mas só pode ser aqui quero dizer... Esse lugar tá lotado e.... eu não quero andar mais.
- Bom argumento – Riu Gabriel.
- Bom... Vamos entrar? – Eu tô vendo uma mesinha pequena, daqui... Dá pra nós quatro...
Os quatro só estavam ali presentes devido a insistência de Mike em provar a bebida que vários folhetos pequenos, médio e grandes, anunciavam pela cidade, e o bar, qual estavam entrando, era um dos únicos locais que o vendia.
- Isso é Kesha? – Perguntou Jorge se referindo a música não tão alta tocando no bar aquele momento, recordando da primeira vez que vira Gabriel.
Mike se assustou de ouvir aquele nome saindo da boca de Jorge, mas Gabriel se animou:
- Não! É Icona Pop! – Gritou Gabriel para que Jorge ouvisse!
- É o quê? – Disse Jorge numa voz alta.
- Icona Pop! – Gabriel E Mike disseram ao mesmo tempo no ouvido e Jorge que se fez de entendido.
- A gente vai fazer isso mesmo? – Gabriel olhou para Jorge e Mike, e por um minuto teve a esperança que Tom se pronunciasse e os convencesse a mudar de ideia. - Eu vi umas pessoas vomitando a alma na rua e me pareceu que elas estavam saindo daqui...
Gabriel não era o tipo de pessoa que recusava uma bebida, pelo contrário, adorava um brinde, comemoração ou qualquer festa que envolvesse diferentes tipos de cerveja, mas havia algo naquela composição que o intimidava.
- Você ouviu isso? – Perguntou Mike fazendo uma afeição séria.
- Não, - respondeu Gabriel similarmente sério diminuindo o tom de voz tentando ouvir algo enquanto não entravam no bar.
- Popopó – Mike imitava o som de uma galinha próximo ao ouvido de Gabriel, provocando riso contido em Jorge e Tom,
- Vai tomar no seu cu! – Disse Gabriel exibindo um sorriso e colocando o braço ao redor de Mike entrando no bar.
Assim que entraram e foram em direção da mesa minúscula, o quarteto percebeu que em outro lado do balcão haviam cinco cadeiras altas e vazias, próximo ao bar onde eram distribuídas as bebidas. Daquele espaço, o bar parecia ter uma atmosfera diferente, mais vintage, com vários quadros remetidos aos anos sessenta e oitenta, entre eles, Gabriel reconhecia charges da Mafalda, quadrinhos do Charlie Brow e Calvin. Havia todo o tipo de gente naquele bar e automaticamente compreendeu o motivo de se estar tão cheio. Era gostoso estar ali, as pessoas riam uma para outra e conversavam em voz alta, havia um quadro pequeno verde, pendurado na parede com letras feitas em giz “Não temos Wi fi, interajam entre si”, e antes de poder rir disso, reparou que seu copo, e mais outros três, estavam cheios no balcão.
- Prontos? – Mike foi o primeiro e pegar no copo, que continha um líquido dividido em duas partes, sendo a de baixo marrom, parecendo ser denso com uma aparência estranha e a parte superior transparente como a água. – No três! – Jorge, Tom e Gabriel seguraram o copo o erguendo no ar.
- Um! – Contou Mike, parecendo incrivelmente alegre olhando para a reação de todos ali.
- Dois! – Mike observou o rosto suado e apreensivo de Gabriel e reconheceu aquela expressão, gostando de sua memória.
- Três! – Jorge, Tom, Gabriel e Mike viraram a bebida em um gole só.