Ação e Reação – A Ação e a Reação
5 anos atrás...
Eu havia acabado de acordar, era meu aniversário, estava completando 15 anos,e como a maior parte do adolescentes nessa idade eu estava super animado,queria comemorar me divertir,o meu tio havia prometido que iria ter uma comemoração em um restaurante badalado aqui da cidade mais a noite e como sempre estariam lá meu tio Geovane, Maria, Cibele, meu primo/irmão Marcos,Felipe e Ágatha os dois últimos meus dois melhores amigos, que aliás foram os únicos a permanecerem do meu lado quando contei a verdade pra eles, a de que eu era gay, enfim pra mim o dia ia ser o melhor possível e que eu iria contar com todo mundo na festa, até então tudo estava indo bem. A noite chegou e la estávamos nós já no restaurante, foi como eu esperava ganhei um playstation 3 do meu primo, do meu tio ganhei um tabuleiro de xadrez personalizado, Maria e Cibele me deram o box de livro do Harry Potter e Ágatha e Felipe me deram uma camisa cada um, eu adorei os presentes agradeci todos e seguimos com a comemoração com direito a bolo e parabéns.Voltamos pra casa e todos foram se recolhendo pra dormir a não ser meu primo e eu , ele então me convidou para assistir um filme com ele e eu aceitei pois adorava passar tempo que dava com ele já que ele tinha seus compromissos coma faculdade e com o estágio, então fui para seu quarto e começamos a assistir, quando deu uns 40 minutos de filme passou uma cena onde dois homens se beijavam e ele comentou.
- Nossa que nojo, não imagino um dia eu fazer isso não sei como um homem tem atração ou tesão por outro, os viados deviam serem mortos - ele me olhou e eu olhei com cara de surpresa pra ele.
- Não diga isso! – foi a resposta que consegui falar, logo ele me olhou e perguntou o por que de eu defender esse tipo de gente.
- Fernando pra que você defende esses escrotos? – ele olhava pra mim com cara séria – hein, por acaso tem algum amigo viadinho – ele disse em tom de deboche.
Foi ai que eu tive a ideia ou melhor a ação, eu iria contar pra ele que eu era gay, poxa eu como primo ele iria entender e não iria mais julgar as pessoas só pela sua opção sexual, então olhei pra ele e disse.
- Eu defendo primo por que eu sou gay, eu sou um deles e odiaria que alguém da minha família me trata-se mal – meu primo me olhou incrédulo, riu e disse.
- Nossa Fernando você me assustou, até parece que falava sério e voltou a rir.Só que quando ele percebeu que eu não estava dando risada e que havia baixado a cabeça a sua feição passou de alegre pra de raiva.
- Isso é verdade Fernando você é viado? – ele me disse pegando no meu queixo para encara-lo.
- Sim eu sou! E não é viado é gay – Mal terminei a frase e senti um tapa forte no meu rosto,a ardência foi grande então as lagrimas começaram a rolar.
- Seu merda eu não acredito nisso, eu não acredito - ele repetia eu chorava baixo até que ele me puxou gola da camisa pra ficar em pé e me deu um soco, nossa que dor. Acabei caindo no chão de novo mas me levantei.
- Você vai virar homem nem que seja a tapa ouviu seu merda! – eu não acreditava no que estava acontecendo, o soco foi forte além de pegar no meu olho fez abrir meu super cílio.Eu estava em pânico eu nunca tinha apanhado e estava justamente sendo espancado por quem devia me proteger.
Sai correndo mas ele me segurou e me empurrou, cai de cara no chão quebrando o nariz que começou a sangrar, tentei estancar com a mão mas ele me puxou me pegou pelo pescoço e cuspiu na minha cara.
- Você é uma vergonha pra família, devia ter morrido com seus pais , não melhor ele deviam ter vivido mas provavelmente teriam morrido de vergonha em ver a aberração que o filho virou, sua bicha safada deve ser por isso que ficava direto no meu quarto, no minimo queria dar pra mim, aliás aquele seu amigo Felipe deve te comer direto – ele dizia com seu nariz quase colado ao meu que sangrava muito.
Ele então me jogou na cama e pegou seu cinto, eu quando percebi o que ele ia fazer senti a dor da primeira cintada nas costas ele estava fora de si ao mesmo tempo que me batia ele chorava, gritava me chamando de imundo, de pecador, de escória da humanidade de transmissor de AIDS, eu chorava já estava me sentindo um lixo, tentei me levantar mas ele me derrubou no chão, eu cai no chão e ele covardemente me chutou na região das costelas, senti uma dor imensa então gritei alto por socorro, gritei o mais alto que pude, não deu 2 minutos meu tio escancarou a porta do quarto.ele entrou com uma feição assustada e quando viu meu primo com o cinto na mão e os punhos sujos de sagnue e me viu todo arrebentado no chão a ficha caiu e ele entrou em pânico.
- O que é isso Marcos?o que você fez com o seu primo , você quer matar ele? - ele gritava, enquanto pegava meu primo pelos ombros , a feição do meu primo era a de um animal sedento que olhava pra sua vitima abatida, meu tio desviou o olhar e veio em minha direção, eu reagi com medo.
- Não tio , não me machuca – comecei a chorar e me urinando todo de medo.O meu tio vendo a reação que eu tive olhou pro meu primo e foi na direção dele.
- Me explica, por que você quase matou seu primo Marcos?Por que você machucou alguém que você deveria proteger? – meu tio falava alto com raiva nunca havia visto ele falar assim com Marcos.
- Por que ele é gay pai, é a vergonha da família , além de órfão é viado – ele mal teve tempo de terminar a frase o meu tio deu o bofetão na cara dele, meu primo olhou com surpresa e baixou a cabeça – pai você tem que bater nele, ele que não é normal – disse meu primo apontando pra mim.
- Covarde, covarde eu não te criei assim, olha o que você está falando seu covarde, ele é uma criança praticamente,meu filho quase matou seu primo você tem 25 anos não se bate numa criança meu filho – meu tio começava a ficar vermelho e se alterar mais ainda – eu devo ter te criado errado, sua mãe iria ter vergonha de você ainda bem que ela não está mais entre nós pra não ver o monstro que você virou - meu primo ouvia e chorava copiosamente,e nesse momento a Maria entra no quarto e quando me viu no chão do quarto ela começou a chorar.
- Meu menino o que aconteceu com ele? – ela dizia passando a mão na minha cabeça.
- Maria o seu garoto que cresceu só de tamanho o Marcos, fez isso com o próprio primo – dizia meu tio com tom sarcástico e olhando para ele – esse covarde que eu criei quase matou o primo dele.
- Eu não acredito – Maria dizia- Fala que é mentira Marcos. Maria olhava pro Marcos mas quando ele ficou indiferente ela percebeu que era verdade , então foi na direção dele e lhe deu um tapa forte no rosto. – Desculpe senhor Geovane mas eu tinha que devolver o tapa nele,vai vê faltou isso pra ele ser homem – Maria saiu com cara de decepção e falou que ia chamar a ambulância, mas meu tio disse que não.
- Fernando o tio ta aqui agora você está seguro - meu tio chorava e me beijava – ninguém mais vai fazer mal pro meu filhote – ele dizia enquanto alisava o meu rosto,foi com o carinho do meu tio que acabei dormindo.
Acordei e estava numa cama de hospital, na verdade um quarto particular , passei a mão no rosto e vi que estava inchado,percebi que havia pontos próximo a minha sobrancelha, e que estava com o peito enfaixado, o meu tio do lado da cama me olhava e quando eu olhei pra ele que começou a chorar me pedindo desculpa.
- Fernando me desculpa! Me desculpa – meu tio falava e passava a mão na minha testa – eu quase te perdi por causa do que o Marcos fez com você – ele falava olhando para o nada.
- Calma tio, a culpa não foi sua – dizia tentando acalma-lo – você de algum jeito me salvou - respirei e continuei – se eu não tivesse gritado provavelmente agora eu estaria...
- Não fala, não fala mais nada – disse meu tio me olhando – eu já perdi meu irmão, minha mulher se eu perdesse você eu não conseguiria me perdoar – e ele voltou a chorar.
- Tio mas eu estou aqui – falei passando a mão no rosto dele – mas tio eu tenho que confessar, eu mereci apanhar, eu sou essa coisa suja mesmo, sou gay, bicha , meu primo tava certo - dizia olhando pra ponta dos meus pés- acho que no fundo ele tem razão.
- Fernando nunca mais repita isso – disse meu tio – eu sempre vou te amar do jeito que você é, poxa você devia ter me contado antes Fernando – ele dizia olhado com seriedade pra mim.
- Tio eu tinha medo de você me botar pra fora de casa, ou fazer o que meu primo fez – falei olhando pra ele.
- Nunca ! – disse meu tio – eu nunca faria isso, você tem que confiar mais em mim.
- Ta bom tio – disse pra ele e virei pro lado da cama e voltei a dormir.
- Meu tio me deixou dormindo e saiu.
Resumindo fiquei 7 dias no hospital, quebrei o nariz a costela, abri o supercílio, tive que fazer exames e mais exames, meu tio foi chamado para dar esclarecimentos na policia , pois quando cheguei ao hospital a Maria disse que eu tinha sido vítima de violência doméstica o que não era mentira, meu tio conseguiu provar que não tinha nada a ver pois prestei depoimento. O meu primo foi condenado a trabalho comunitário, eu só voltei pra casa quando ele foi definitivamente para São Paulo trabalhar e terminar a faculdade. Depois disso demoraria 5 anos pra revê-lo.
Atualmente
Foi lembrando do que aconteceu que eu cheguei a conclusão que por causa de uma ação que eu fiz eu causei uma reação que eu não tive peito pra encarar.
Acabei sendo retirado dos pensamentos pelo Felipe que me desejou boa noite antes de irmos dormir já que eu havia ido direto pra casa dele.
Continua...