Acredito que o que aconteceu a partir desse ponto seja exclusivamente culpa minha. Naquele ano um projeto pra bolsista num colégio particular e interno foi iniciado, e adivinha quem foi um dos primeiro a passar. Eu, lógico. O projeto consistia em criar um cota dentro da escola particular em questão, para que alunos de baixa renda pudessem estudar. Eu nunca passei fome, mas sempre fui de colégio publico, então me encaixava no padrão que eles queriam (Mais tarde eu descobri que eles estavam ganhando um desconto em impostos absurdo pra nos manter ali). Eu tinha que fazer uma prova que sinceramente não estava nada fácil, tinha assuntos que ninguém que só fez o fundamental podia saber. Mas eu nunca fui um garoto comum e entendia a base dos assuntos, no final eu sai com a maior nota da minha turma de bolsistas. No total apenas eu e mais três alunos conseguimos fazer a prova com maior clareza, e os mesmos não tiram notas tão boas quanto as minhas, o que foi algo engraçado (Mais tarde, descobri que alem de nós quatro mais dez alunos entraram porque as mães foram espertas o suficientes para ameaçar o diretor de fazer um inquérito sobre a dificuldade da prova... Aparentemente o diretor estava dificultando a entrada dos bolsistas que deveriam ser no minimo trinta novos alunos. E fez diminuir pra catorze). Eu tava nem ai pra essas coisas só queria acabar logo essa droga de escola. E mais de um mês se passou até que eu fosse chamado para o primeiro dia de aula.
Era um colégio grande, tinha de tudo (quadra de esportes, piscina, laboratório químico e informático, biblioteca, vestiário, armário dos alunos, era outra realidade). Eu e os outros catorze alunos estávamos esperando que o diretor chegasse e mostrasse o colégio e nos apresentasse como as coisas funcionavam. Estavam todos com suas malas e muitos bem apresentáveis, tinha poucos que estavam desleixados ali. Nisso uma das meninas me vê e vem falar comigo:
- Olá! - Ela tinha o cabelo loiro-escura, muito branca também. Nesse momento parei pra observar que só tinha um aluno negro ali conosco. Fiquei desconfiado de ter racismo envolvido nessa história. Voltando a garota, ela tinha olhos castanho claro e não usava maquiagem, o que na minha visão era um charme a parte. Ela não era nem gorda e nem magra, podemos chamar o corpo dela de saudável. - Meu nome é Nayara e o seu?
- Olá, Nayara! Meu nome é Matheus. Deseja algo? - Falei com ela olhando nos olhos dela. O objetivo era faze-la ficar desconfortável e voltar pro canto dela, no entanto...
- Não é nada. É que eu queria conversar com alguém pra passar o tempo. - Fiquei muito surpreso, era não ficou incomodada, e menos ainda se apavorou. Pelo que vejo vou gostar dela. A unica reação que tive foi abrir um leve sorriso de canto e depois voltar a mesma expressão seria de antes.
- Algum assunto em mente? - Perguntei agora olhando pra frente, não tinha mais nenhum motivo para afasta-la, agora tinha a achado interessante.
- Não, mas que tal começarmos nos apresentando direito? Tipo nome, idade e algo que goste. - Disse ela olhando pra mim, por algum motivo senti peso no seu olhar. E por um segundo parei pra notar que todos os outros alunos conversam neste momento, então resolvi pegar o bonde andando.
- Ok! Então eu começo. - disse virando pra ela e a encarando de novo, queria que aquele peso sumisse e consegui. - Meu nome é Matheus, tenho catorze anos e gosto muito de comida, e de todas ela mais objetivamente, macarrão. - Ela abriu um sorriso.
- Meu nome é Nayara, tenho dezessete anos e gosto de musica, sabe aquela coisa de musicais entre outros?! Então, amo esse estilo de musica. - Olhei pra ela e entendi o que ela queria. Ela era uma daquelas pessoas que se enfia nas series e novelas e coisas da internet (Maior perca de tempo).
- Geek?!
- Sim! Acho que é assim que chamam. E você gosta de algo do gênero? - Acho que ela não tinha pego a noção de que não faço nem um pouco esse tipo.
- Não. Sou mais livros! - Disse fazendo graça. - Prefiro ler o livro a ver uma serie, já que com series tem atores e não precisa de muito esforço mental pra entender o que está acontecendo e o mesmo vale pra filmes.
- Nossa, mas você faz um estilo tão gótico! - Disse como se esperasse que eu falasse que gostava de "Dark Rock". - Só faltava a maquiagem e as taxinhas! hahaha - Aquilo me ofendeu, olhei pra ela e pensei: "Se você tem uma vaca, dê pasto e ela produzira leite. E quando parar de produzir, faça um belo churrasco com a mesma."
- Na verdade gosto de "Rock alternativo", não uso maquiagem porque é desnecessário e odeio taxinhas, acho ridículo. - Ela se assustou, mas pareceu se intrigar (Esse foi o pasto) - E você não tem nada que ache ruim no estilo Geek que não goste?
- Tenho algo contra roupas coloridíssimas, tipo calça-chiclete, pra que isso Gzuis?! - Ela falou na impulsividade e sem perceber se entregou, agora eu tenho uma vaca que produz leite, quando ela parar vou fazer um grande churrasco. Pelo menos é assim que penso que vai ser, e só mudo isso se achar que ela tem alguma utilidade pra mim.
Nisso o diretor chega, nos calamos e ele começou a falar...
- Bem vindos ao Colégio Interno Guerreiros de Mighel - o nome escroto pra colégio, tinha um pior não?! - eu sou o diretor e vou mostrar aos catorze alunos seus armários e quartos. Sigam-me em fila unica.
Começamos a segui-lo ele mostrou nossos armários e as salas. E quando chegamos aos quartos ele parou e voltou a falar sobre como funciona as regras.
- Bem, os quartos são em duplas, meninos com meninos e meninas com meninas. Para os que gostam um pouco mais de estudar, os quartos estão a prova de som. Ou seja, nenhum som entra ou sai. O motivo é para que se alguém no quarto ao lado esteja fazendo bagunça, você que está estudando não seja atrapalhado pelo barulho. - Ele suspirou - Lembrando das seguintes regras, não queremos que nenhum garoto durma no quarto das garotas então as meninas tem um prédio diferente pra elas e depois vou leva-las até o mesmo. - Ele suspirou novamente, parecia cansado. - A cada bimestre os professores vão aplicar uma prova que define se você fica ou sai do colégio, ela é discursiva e quem tirar menos que oito é expulso. Isso só vai pra vocês bolsistas, detalhe ela será sobre a matéria no bimestre. Então estudem! - Ele para, suspira novamente e pega uma lista. - Aqui esta uma lista de seus quartos e seus colegas de quartos, eu vou chama-los dizer seus quartos e vou entregar a chave. Guardem ela sempre, se perderem vão pagar uma nova e chave dos seus quartos é a mesma do armário.- Ele começou a chamar.
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Tempo depois
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- Matheus Ricardo e Evan Oliveira, quartoPeguei a chave e fui para o quarto. Era um quarto relativamente bonito, tinha duas camas, escrivaninhas, computadores, banheiro, e tinha uma divisória que você podia puxar a parti da parede se quisesse. Tinha forro e decoração de madeira nas paredes o que dava ao quarto um ar rustico. Logo depois ele entrou: Evan Oliveira. Era o garoto negro, mas de garoto não tinha nada. Parecia mais velho que eu uns bons anos, tinha mais músculo que eu e era mais alto também, tinha a cabeça raspada, vestia uma camisa justa branca sem estampa, um jeans escuro, um coturno e o cheiro que eu senti vindo dele quando passou por mim era o de pura testosterona. Era um homem já. Eu olhei pra ele e encarei: "Esse ano vai ser difícil."
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Oi gente, espero que tenham gostado do capitulo de hoje. Comente o que acharam...