Estávamos esperando há três horas enquanto as negociações eram realizadas. Meu traseiro estava dormente, já que eu estava sentado, junto com todos os outros, no chão de mármore frio. Eu estava com as mãos apoiadas nos joelhos e algemas plásticas em meus pulsos, esperando ouvir qual seria a próxima onda de exigências.
“Estou morto.” eu resmunguei, deixando minha cabeça cair para trás e bater contra o lado da mesa próxima a mim.
Quando algumas pessoas arfaram, entendi o meu erro.
“Ninguém vai morrer,” o atirador, ladrão de banco, ou o que quer que ele fosse, como ele deveria ser classificado, me corrigiu.
“Oh, não,” eu balancei a cabeça, fazendo um gesto para ele ignorar, mesmo que minhas mãos estivessem inseparáveis no momento. “Meu parceiro está lá fora.”
Levou um minuto para que a onda de surpresa diminuísse e ele conseguisse falar comigo. Ele empurrou a máscara de esqui para cima e, ao fazer isso, enrolou-a para que eu pudesse ver seu rosto.
“Ai, droga.” eu gemi.
“Ai, droga, o quê?”
“Você vai nos matar agora?“
“O quê?“ Ele pareceu espantado com a minha pergunta.
“Sam sempre diz que vocês só mostram seus rostos para os reféns quando planejam matá-los.“
Instantaneamente ouviram-se gemidos, choro e respiração falhando de todos os lados.
“Não, não, não,” ele me acalmou, assim como a todos os outros. “Vamos todos nos acalmar. Não planejamos fazer mal a ninguém, contanto que os policiais do lado de fora cooperem com a gente.“
Eu estreitei o olhar e ele percebeu.
“Você não acredita em mim?“
“Não, eu só... Sam disse e...“ Eu dei de ombros. “Quer dizer, ele sabe tudo sobre esse tipo de coisa.“
“Sam? Quem é Sam?“
“Meu parceiro.“
“Aquele que vai te matar.“ Ele esclareceu.
Eu assenti.
Ele gargalhou. “Deixe-me ver se entendi. Você está com mais medo do seu namoradinho lá fora do que de mim, aqui, na sua frente, com uma arma?“
“Oh inferno, sim,“ Eu quase choraminguei. Só de imaginar Sam Kage andando de um lado para o outro do lado de fora, na rua, estava fazendo meu estômago se retorcer. “E ele não é tão pequeno.“
Não havia mais nada a fazer. O cara responsável, que estava bem à minha frente, pediu comida e um ônibus para levar a todos para o aeroporto com ele e seu parceiro. Era a mesma besteira que todos os assaltantes de bancos faziam para desperdiçar tempo na vida real, assim como nos filmes. Então era compreensível, já que estávamos em um padrão de espera sem mais nada a fazer, que ele se apoiasse em um joelho, o rifle automático enorme apontado para minha cabeça, e me perguntasse por que eu estava tão assustado.
“Ok,” eu disse, chegando para cima porque minha bunda estava dormente, me mexendo até que conseguir ficar um pouco mais confortável no chão do First Community Bank no centro de Pearson. “Veja bem, eu devia só usar o caixa eletrônico do lado de fora para fazer um depósito, mas não havia envelopes, então eu precisei entrar para conseguir um e...”
“Não foi isso que eu per...”
“Mas o tempo todo enquanto ele estava dirigindo voltando do almoço, Sam ficou falando, 'Por que você tem que fazer isso agora, por que você não pode simplesmente esperar até que estejamos mais perto de casa, por que você tem que ser tão anal sobre esse tipo de porcaria, por que você não pode simplesmente...”
“Eu ainda não...”
“Mas eu precisava do cheque na conta,” eu o interrompi. “Eu precisava porque, no caso de Dylan aceitar um pedido para alguma impressão que tínhamos feito e...“
“Eu quero saber por que você está com mais medo dele do que...”
“Então,” eu interrompi novamente, olhando para ele de cara feia, “nós chegamos aqui e ele já está irritado e eu prometi voltar logo, e como eu não voltei e, em seguida, o alarme disparou e eu fiquei preso aqui... cara, estou morto, você não tem ideia.“
“E como é que isso...”
“Quero dizer, não é como se ele fosse atirar em mim ou qualquer coisa assim, mas...”
“Atirar em você?“
“Bem, sim,“ Eu estreitei os olhos. “Quer dizer, ele poderia, se quisesse. Ele é um U.S. Marshal e tem essa Smith & Wesson 10 milímetros que pode abrir um buraco através de você tão grande como um prato de jantar.“
Seus olhos se agitaram e pensei que ele estivesse entediado, mas eu estava realmente preocupado com a prisão domiciliar que eu ia ter que suportar por causa deste último desastre.
“Eu deveria apenas fugir,“ eu gemi.
“Você...”
“Não que eu pudesse. Quero dizer, desaparecer, mudar o meu nome, alterar meu rosto... Nada o deteria. Se ele quisesse me encontrar, poderia fazê-lo num piscar de olhos. Ele tem toda uma base de dados federal na ponta dos dedos, pelo amor de Deus. Quer dizer, seria uma coisa se ele estivesse, tipo, caçando você, por exemplo,” eu disse, apontando para o homem de cócoras à minha frente. “Isso poderia levar, tipo, dez segundos, depois que ele verificasse todos os seus associados conhecidos e toda essa baboseira, mas ele encontraria você também. E o homem é tenaz! Ele teve que encontrar esses caras de um cartel de drogas uma vez, e passou dois anos na Colômbia, mas ele encontrou todos, e eles, ou já estão mortos ou apodrecendo na prisão. “
O parceiro respirou fundo e eu olhei para ele.
“Você pode imaginar? Lá está você vivendo sua vida e, em seguida, bam!” eu gritei. “Ele só aparece de repente e desce o martelo em você. E não é como se ele não tivesse esse temperamento louco, louco, às vezes, e essa sede de vingança de um quilômetro de comprimento. O homem é simplesmente incansável. E sabe de uma coisa, eu aposto que alguns desses caras que ele prendeu na América do Sul teriam gostado de voltar para os EUA. Mas sei que ele os deixou em algum esgoto por aí para que eles pudessem ter uma experiência bem Midnight Express .”
“Jesus.”
Eu me virei para o líder com a máscara de esqui para cima. “Falando sério, porém, ele não vai realmente atirar em mim, mas eu não vou poder entrar no ônibus com você, tipo, pra onde quer que você esteja indo. Quer dizer, ele estaria dentro ou em cima do ônibus ou, como eu disse, ele apenas atiraria em sua cabeça. Sam sempre diz que um colete Kevlar seria fantástico se viesse com uma armadura corporal completa. Mas o seu pescoço e clavícula, e, claro, sua cabeça... tudo isso fica vulnerável. E como ele tem realmente uma boa mira, tipo, assustadoramente boa, como um franco-atirador. Oh, já sei,” eu fiquei animado, pensando em uma ótima referência e sorri para eles. “Vocês assistem Bones ? Tipo o personagem de David Boreanz, bem assim – Ele vai apenas colocar uma bala em seu cérebro.”
O primeiro cara, que estava no comando, que já não tinha a arma apontada para mim, respirou. “Você está dizendo que, juntamente com os policiais, há um U.S. Marshal lá fora que quer me matar, e a meu parceiro também?“
“Bem, sim,“ Eu dei de ombros, levantando minhas mãos. “Quer dizer, você coloca algemas plásticas em mim, o que, por falar nisso, é uma merda de tirar. Tipo, nos filmes as pessoas simplesmente cortam com uma faca ou algo assim, mas não dá. Há uma ferramenta especial que você tem que usar para cortá-los. É tão ruim quanto quando – e eles fazem isso o tempo todo – um personagem vira a trava de segurança em um revólver.“
“Não há trava de segurança em um revólver?” A senhora ao meu lado perguntou.
Eu dei uma risada irônica, balançando a cabeça. “Pois é, não; é tão estúpido.“
“Sério? Eu não fazia ideia.“
“Você não poderia saber.” Eu bati o joelho. “A menos que vivesse com um policial ou um cara que conhecesse suas armas.“
“Você é casado?“ Ela me perguntou.
Eu sorri para ela. “Sim, já faz algum tempo. Estamos à espera de notícias de uma agência de adoção.“
“Oh,” ela murmurou.
“Olhe para mim!“
Eu me virei para o cara que não tinha tirado sua máscara de esqui.
“Você precisa falar com o seu...“
“Você sabia que a prioridade dos caras da SWAT é salvar os reféns e simplesmente matar vocês? Sam me contou.“
“Bem feito,” a senhora ao meu lado disse. “Eu tenho crianças em casa.“
“Todos nós temos,” o homem do meu outro lado disse. “E eu realmente gostei desse seu marido. Ele soa como um cara que atira primeiro e faz perguntas depois.”
“Oh, não,” eu balancei minha cabeça. “Ele é maravilhoso, gentil e amoroso. É que, sabe, isso vai deixá-lo psicótico. E ele vai estar preocupado com vocês também, e como eu disse, a arma é como um canhão e ele sabe para onde apontar.“
Eu olhei de volta para o cara de pé sobre mim com o rifle.
“Você está bem? Parece meio cinza.”
Sem aviso, ele fugiu em direção à parte de trás do banco e fora da vista. Seu parceiro, o rapaz cujo rosto não podíamos ver, gritou para ele parar e, em seguida, saiu correndo atrás dele.
“E agora, onde eles estão indo?“ A senhora perguntou.
“Eu não sei,” eu disse, me inclinando para experimentar e ver.
“Meu nome é Felicia, a propósito; Felicia Jones.“
“Jory,” eu disse, virando a cabeça e sorrindo para ela.
“Tony,“ o homem à minha esquerda disse.
Olhei para ele e sorri. “Prazer em conhecê-lo também. Talvez todos nós possamos almoçar algum dia, quando tudo isso acabar.“
Ambos concordaram que seria ótimo, e algumas outras pessoas se ofereceram também.
Quando meu celular tocou um pouco mais tarde, eu olhei para o balcão onde ele estava. Os ladrões tinham colocado todos lá após recolhê-los. Eu não tinha certeza se deveria me mexer ou não.
“O que vocês acham?“ Perguntei a todos.
Tony encolheu os ombros. “Eu não vejo ninguém, acho que deve ir em frente.”
“Você quer que eu vá pegá-lo?” Outro cara perguntou, afastado de mim por algumas pessoas.
“Não, eu consigo”, disse a ele, me levantando, ouvindo o toque de Sam: Raindrop, de Stunt.
Caminhando até meu iPhone com a capa pink metálica, – precisava ser brilhante, caso contrário, eu o perderia – toquei o botão de resposta e, em seguida, o alto-falante.
“Jory?“ Ele gritou comigo.
“Oi,” eu sorri para o telefone, porque sua imagem estava lá, e era uma das muitas que eu amava. Ele estava apertando os olhos para mim e as sobrancelhas estavam franzidas. Deus, ele era tão bonito.
“Oi?!“ Ele estava irritado. “Que porra é essa que está acontecendo aí?“
“Não tenho certeza,” eu disse, olhando ao redor. “Parece que estamos sozinhos. Estivemos sozinhos pelos últimos... o que,” eu perguntei, meus olhos passando rapidamente pelos outros, “cinco minutos?“
“Acho que foram dez minutos,” Felicia ofereceu.
“Mais ou menos isso,“ Tony concordou.
“Sim, tipo 10 minutos, pelo menos,“ disse eu de volta para o telefone. “Eu acho que eles podem ter fugido.”
Ouvi um suspiro pesado. “Faça com que todos se sentem, vamos entrar.”
É claro que ele ia entrar, eles teriam sorte se ele não chutasse a porta abaixo e corresse na frente. Quem precisava de um aríete quando Sam Kage estava do seu lado?
“Ok, estamos sentando.”
Minutos depois, ver os caras da SWAT entrar foi absolutamente incrível. As portas voaram aos pedaços; cinco caras entraram correndo, ficaram de joelhos, gritaram para que nos abaixássemos, e congelaram lá. A segunda onda veio e correu pela sala, formando uma espécie de falange ao nosso redor e, finalmente, os últimos caras entraram e foram para o outro lado.
Depois que gritaram, avisando que estava tudo liberado, Sam veio correndo para o banco e eu podia ver que ele estava furioso, provavelmente porque o comandante da SWAT o fez esperar, mas quando eu levantei minhas mãos e acenei, eu o vi suspirar enquanto ele vinha em minha direção.
“Oh, Jory, seu homem é demais.“
“Eu sei, não é?” Eu sorri para Felicia, observando-o, o passo fluido, os ombros enormes, sua altura, todo forte e viril. Ele ainda me deixava sem fôlego, mesmo depois de tanto tempo.
Ajoelhando-se diante de mim, com as mãos em meu rosto enquanto me examinava, vi suas sobrancelhas franzirem. “Você está bem?” Ele perguntou, sua voz profunda e ressonante, ainda mais baixa do que o normal, porque ele tinha ficado com medo.
Eu me inclinei para frente, coloquei minhas mãos algemadas sobre a sua cabeça de modo que ficaram ao redor da parte de trás do seu pescoço, e sorri amplamente. “Eu estou bem. “
Ele soltou um suspiro, me envolveu em seus braços e me abraçou apertado. Quando ele se levantou facilmente, mesmo com o meu peso adicional, eu não tive escolha a não ser envolver minhas pernas em volta de sua cintura. Normalmente, ele não gostava de demonstrações públicas de afeto, mas parecia estar tudo bem. Ele me levou para fora, com uma mão na parte inferior das minhas costas, a outra na minha bunda. Ele me acompanhou até seu SUV monstruoso, um Chevy Suburban, me colocou no banco do passageiro e trancou a porta.
Eu bati na janela, e ele a abriu com a coisinha do controle remoto em sua mão.
“Sim?“
“Não diga sim como se eu estivesse te incomodando!“
Ele estava esperando.
Eu levantei meus pulsos para ele. “Você não vai tirar isso?“
“Você está brincando, certo?” Ele perguntou, e a janela rolou entre nós.
“Sam Kage!“ Eu gritei para ele através do vidro.
Uma bela sobrancelha acobreada subiu antes que ele se virasse e fosse embora.
Quando ele voltou, eu já tinha comido as sobras do almoço e bebido uma das garrafas de água que ele mantinha na pequena geladeira atrás do banco do motorista.
“Já era tempo.” Eu me queixei para ele enquanto ele entrava.
Ele resmungou. “Parece que você assustou os assaltantes com histórias sobre mim. Eles foram encontrados a dez quarteirões de distância, em um quarto de hotel, fazendo as malas.”
“Como eles saíram?“
“Do mesmo jeito que entraram – por meio de algum elevador de serviço que tem acesso pelo beco.“
Eu tive que processar.
“O que você disse?“
“Eu não... Eu não disse nada a eles. Não de verdade.“
Ele estava estreitando os olhos novamente.
“O quê? É sério. Eu estava preocupado porque você ia ficar puto comigo.“
“Eu estou puto com você.“
Eu gemia. “Você poderia só tirar essas algemas de uma vez, por favor?“
Ele enfiou a mão no console entre os bancos e tirou o alicate. Eu estava livre alguns segundos mais tarde.
Estava massageando os pulsos quando me virei para olhar para ele. “Isso foi mesquinho.”
“Você é um ímã de problemas.“
“Não sou, não.“
Recebi um olhar de incredulidade.
“Eu só... As coisas acontecem às vezes.”
“Às vezes?“
Eu dei de ombros.
“Venha aqui.“
Me movi rapidamente, porque, na verdade, eu usaria qualquer desculpa para ficar no colo de Sam. Passei meus braços ao redor de seu pescoço e olhei em seus belos olhos azuis. Ele agarrou minha bunda e me puxou para frente, empurrando minha virilha em seu abdômen rígido.
“Acho que você apareceu nos noticiários,” ele sorriu para mim.
“Sério?“ Isso era divertido.
Ele se inclinou e me beijou. Meus lábios se derreteram sob os seus, minha língua passeou por sua boca quente, explorando até que ele, finalmente, teve que se afastar para respirar.
“Por que você não estava com medo?“ Ele me perguntou, ofegante.
“Porque você estava lá fora. Por que eu estaria com medo?“
“E se eu não conseguisse chegar até você?”
“Você?“ Eu ri. “Não estar lá para me salvar? Isso é mesmo possível?“
“Não, não é,” ele me assegurou, a mão na parte de trás da minha cabeça, segurando meu cabelo enquanto recapturava minha boca para uma segunda rodada.
Quando eu estava me contorcendo em seu colo, gemendo com necessidade, tivemos que mover o carro e ele gentilmente, mas com firmeza, me colocou de volta na minha cadeira e puxou o cinto de segurança ao meu redor.
“Ande logo, vamos pra casa.“ eu pedi com a voz rouca.
“Vou correndo, mas você – oh,” de repente ele riu, e tocou seu telefone do carro no mesmo momento. “Alô?“
Por que ele estava sorrindo? Por...
“Sam?“ Ouvi o tom sério na linha. “Onde...“
“Você assistiu o noticiário.” Sam disse, virando-se para mim, seu sorriso fora de controle quando eu coloquei minha cabeça para trás e gemi um pouco alto demais.
“Esse é Jory? Jory!“
“Não é o que você pensa.” Eu prometi ao meu irmão mais velho, Dane Harcourt. Sam começou a rir.
“Pelo amor de Deus, Jory ! Você é um ímã de problemas!“
E entre o meu irmão gritando e meu marido balançando as sobrancelhas para mim, eu sabia que ia ser uma longa viagem para casa.
“Pelo menos você vai transar quando você chegar lá” Sam me prometeu, sussurrando.
E esse era um excelente argumento.
“Você está me ouvindo?“ Dane estava fumegando.
Infelizmente, eu estava.
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