O homem era um porco, e não era só eu que pensava assim. Rosa Martinez, que morava do outro lado dos Peterson, concordava comigo. Na verdade, todas as mulheres que viviam no nosso cul-de-sac eram da mesma opinião. Oliver Peterson, cuja esposa havia acabado de surpreender traindo-a – de novo – era imundo. Não pelo fato de que eles já tinham dois filhos, mas porque ela estava grávida do terceiro.
Sam, o amor da minha vida, meu parceiro, marido, e o homem que estava criando duas pequenas pessoas comigo, apenas balançou a cabeça na noite anterior e beijou-me até me deixar sem fôlego depois de me dizer pela nongentésima vez para, por favor, não me envolver. Deixe os vizinhos sozinho, isso não era Housewives sei lá o que... , não estávamos num reality show. Eu tinha explicado enquanto comia o lanche do McDonald’s que o homem tinha trazido para casa em vez de me fazer cozinhar – o que, depois da última vez, ambos concordamos que nunca aconteceria de novo – que eu estava envolvido porque era seu amigo.
"Não," ele disse enquanto colocávamos as crianças para dormir. "Você usa essa palavra tão facilmente. Ela é uma conhecida, Jory, ela não é uma amiga."
"Ela é minha vizinha, Sam e seu homem é um cachorro, e se ela precisar da minha ajuda com o que quer que seja, eu vou dar a ela."
"Eu não estou dizendo para não ser prestativo, mas para simplesmente não meter o nariz em seus assuntos."
Eu o ignorei.
"Jory Harcourt!"
Dei-lhe o olhar mais indignado que eu consegui. "Então, eu sou o que, intrometido agora? Sou o vizinho intrometido?"
Ele ergueu as mãos em derrota.
Dei um grunhido superior porque pensei que ele estivesse saindo do quarto para verificar a casa, para se certificar de que todas as portas estavam trancadas, os queimadores do fogão desligados, mas depois eu percebi que ele não tinha se movido. "O que foi?"
"Você é muito fofo."
Eu olhei para ele. "Homens de trinta e cinco anos de idade não são fofos."
"Você vai ser sempre o garoto festeiro de vinte e dois anos de idade que eu vi pela primeira vez deitado na rua com um beagle em cima dele."
"Eu pensei que George fosse um Jack Russell."
"Não." Ele veio em minha direção. "Beagle."
"Sai pra lá." Eu sorri para ele, tentando expulsá-lo do quarto. "Vá garantir que a horda de zumbis não possa nos pegar."
Mas em vez de sair, ele me agarrou e me jogou contra a parede do nosso quarto. Com sua boca quente mordiscando meu pescoço, as mãos freneticamente me despindo, e sua virilha pressionada com força contra mim, minha mente ficou completamente em branco. Era impossível me concentrar quando havia 99kg de homem musculoso focado em me levar para a cama.
Mas no dia seguinte, enquanto eu cambaleava por minha cozinha – eu nunca fui e nunca seria uma pessoa bem humorada pela manhã – e vi meus vizinhos na varanda da frente, Christie Peterson sorrindo timidamente, seu marido carrancudo, eu só quis ir até lá e socá-lo. Eu tinha uma ideia de como eu devia estar parecendo: roupão, camiseta e calças de pijama, pantufa de coelho com os olhos brilhantes e felizes, eu parecia o vizinho intrometido em todos os sentidos.
Ouvi uma garganta sendo limpa atrás de mim.
"Você não tem que ir trabalhar?" Eu perguntei incisivamente. Era quarta-feira, e não sábado.
A risada retumbante soou logo depois. "Você acha que talvez agora, uma vez que você tem um filho na pré-escola e outro na primeira série, você não deve começar a pensar em voltar a trabalhar no escritório?"
Obviamente minha sanidade estava sendo questionada, porque eu ainda estava trabalhando em casa. Eu esperava que o olhar que eu lancei ao me virar tivesse transmitido meu desagrado.
Ele bufou uma risada.
Fiz uma carranca para o Supervisor U.S. Marshal de pé ao meu lado perto da pia da cozinha. Ambos olhávamos para os Peterson. "Por que você diz isso?"
"Digo o quê?"
Eu resmunguei.
Ele pressionou seus lindos lábios em uma linha dura para não sorrir.
"Sam?"
"Por nada."
"Diga de uma vez."
Ele limpou a garganta. "Eu só acho que talvez você ficar em casa durante o dia esteja lhe dando claustrofobia e, talvez, você precise voltar para o mundo real e conversar com adultos."
Eu bufei um suspiro exasperado. "Sam, só porque eu não vou para o escritório, não significa que eu estou faminto por contato adulto. Eu falo com Dylan a cada dia, converso com Fallon todos os dias. Eles são meus parceiros de negócios, eles precisam de mim, e eles me mantêm envolvido com o que está acontecendo no escritório."
"Ok."
"Eu envio mais e- mails do que os dois juntos!"
"Tenho certeza que sim," disse ele, deslizando a mão ao redor do meu pescoço, em seguida apertando suavemente, massageando e me puxando para perto. "Eu só acho que, talvez, sair de casa durante o dia te faria bem."
Eu afastei sua mão, me virando para ele. "Eu vou ao mercado, ao parque, levo as crianças para a escola, vou buscá-las ... quando eu não vejo pessoas?"
Ele resmungou, revirou os olhos e colocou a xícara de café na pia antes de seus olhos azul escuro se fixarem nos meus.
"Não,” eu quase gritei, me virando para correr.
No entanto, não fui rápido o suficiente.
Você poderia pensar que um homem grande não poderia se mover desse jeito, com tanta velocidade, mas o atletismo e força de Sam Kage nunca deveriam ser subestimados. Aos quarenta e seis anos, ele estava tão poderoso quanto quando eu o conheci, e eu finalmente entendi toda aquela coisa de melhorar com a idade. O homem nunca esteve melhor, e ele vivia bem em sua própria pele, tão satisfeito, tão feliz, tanto pessoal quanto profissionalmente.
Eu estava tão orgulhoso dele e dizia-lhe frequentemente. Ele era um pai maravilhoso, um marido maravilhoso, um grande filho, e o tipo de amigo que qualquer pessoa ficaria feliz de ter. Eu era suspeito para falar porque eu o amava, mas ainda assim, eu via as pessoas olharem para ele e sabia a verdade. Quatro anos depois de começar seu novo trabalho como um Marshal, ele agora era o supervisor do escritório de campo de Chicago, supervisionando outros cinco agentes e três escriturários. Eu pensei que, uma vez promovido, ele se tornaria xerife, mas aparentemente tudo o que faziam era adicionar o "Supervisor" ali. Um xerife era algo totalmente diferente. Não fazia sentido do ponto de vista do faroeste. Em todos os filmes que eu já tinha visto, o agente era promovido a xerife. Como de costume, Sam apenas balançava a cabeça para mim.
Ao eu me abaixar ao redor da ilha no meio da cozinha, eu pensei por um segundo que escaparia dele, mas quando ele agarrou, puxou, e me prendeu contra a geladeira, eu percebi o quão errado eu estava.
"Tudo o que eu quis dizer,” começou ele, inclinando a cabeça com uma mão no meu queixo,” é que já que você tem uma criança de quatro e uma de seis anos de idade agora, você pode trabalhar meio período no escritório em vez de trabalhar em tempo integral em casa. Pode ser bom, depois de deixá-los, pegar uma xícara de café e ir para o seu escritório e realmente ver Dylan e Fallon e conversar com eles cara a cara."
Eu estava realmente muito interessado em sua boca para ouvi-lo. Ele tinha o tipo de lábios feitos para beijar, grossos e escuros, e quando ele sorria, havia uma curva no canto que poderia quebrar seu coração. Não que o resto de seus traços rudes não fossem atraentes. Seus olhos azul acinzentados com as linhas profundas de riso nos cantos, o nariz longo e reto, o queixo quadrado duro, e as sobrancelhas espessas acobreadas eram um prazer também. E sua voz, por telefone ou pessoalmente, profunda e rouca, afiada com um grunhido, poderia enviar ondas de calor por todo o meu corpo. Mas a boca do homem, a forma dele, a sensação dela... realmente, eu era um fã.
"Você está me ouvindo?"
Eu me levantei da minha altura de 1,75 m contra seus 1,93m, e ele se inclinou ao mesmo tempo. Nossos lábios se encontraram e sua língua deslizou profundamente entre meus lábios abertos para me provar.
O ruído dos espectadores – sons de asfixia e ânsia de vômito – e o puxão no meu roupão acabou instantaneamente com o calor do encontro. Sam soltou uma risada quando interrompeu o beijo, nós dois olhando as pessoinhas de pé ao nosso lado.
"Isso é nojento,” Kola disse com um olhar que uma criança de seis anos de idade não deveria ter, cheio de julgamento e repulsa.
"Por quê?" Eu perguntei com escárnio.
"Sua boca tem germes,” ele me informou com altivez. "Por isso você disse para Hannah não lamber Chilly."
"Não, eu disse a ela que não lambesse Chilly porque o gato não gosta de ser lambido por ela."
"Ele lambe seu próprio corpo."
"Ele lambe,” Hannah, nossa filha de quatro anos de idade, concordou com um aceno de cabeça. "Kola está certo."
"Mas ele não quer que você faça isso,” eu assegurei minha filha, dirigindo o meu comentário para ela.
"Como você sabe?" Kola questionou.
"Aham" Hannah Banana entrou na conversa de novo, sempre apoiando seu irmão mais velho. "Como você sabe?"
Eu tive que pensar.
Kola esperou, olhando para mim.
Hannah estava também estava esperando uma de suas sobrancelhas escuras arqueadas. Essa era nova. Ela tinha a mesma maneira de olhar para mim que seu pai tinha, como se eu fosse um idiota.
"Não lambam o gato! Ninguém pode lamber o gato!" Sam ordenou quando o silêncio se estendeu por muito tempo.
Eu comecei a rir; só o meu marido para fazer tais regras.
Ele olhou para seu filho, Mykola Thomas Kage, de seis anos com quase quarenta, que estava cheio de perguntas e opiniões.
Tínhamos o adotado quando tinha três anos, a partir de uma agência na Holanda. Quando fizemos a última viagem para trazê-lo para casa, ele tinha nos visto da janela do escritório do diretor do orfanato e correu até porta ao nosso encontro. Isso tinha sido há duas semanas e ele já chamava Sam de papai, o que Sam estava loucamente apaixonado em ouvir. Mas, apesar de Kola ter aprendido o significado da palavra americana pai, não fazia sentido para ele, não era o que ele tinha crescido ouvindo e o que ele estava esperando para usar com alguém que lhe pertencesse. Assim, ele já havia tentado a que ele sabia comigo.
Pa.
Uma palavra tão simples, mas que significava muito.
Eu já havia escutado nas ruas quando visitei, junto com a mais formal, vader, e as crianças corriam para seus pais a usá-lo. Não como o pai que eu conhecia, não como a forma como o pai de Sam era chamado por seus netos, mas apenas pa. Quando Kola me chamava, eu o atendia, e seu rosto, a forma como ele se iluminava, a alegria que chegava a cegar, tinha sido um presente.
Sam era papai, e papai representava a nova vida de Kola e sua nova família nos Estados Unidos, e eu era o conforto da idade. Eu estava Pa, e ele tinha me nomeado.
É claro que não me importava que nome ele escolhesse. Ele poderia ter me chamado Jory, eu não estava nem aí, ele era meu filho, e isso era tudo que eu me importava. Ele era legal e totalmente meu e de Sam, e isso era o que importava. E nós estávamos bem, nós três, até a primeira agência que havíamos contatado quando começamos todo o processo de adoção entrou em contato conosco para nos dizer que havia que havia uma menina de Montevidéu pronta para ser adotada. Eu tinha esquecido sobre eles por causa da falta da notícia, mas esse acabou não sendo o caso. Você acabava ouvindo falar deles quando a hora chegava e finalmente chegou.
Fiquei surpreso, Sam não tinha certeza, até que o profissional, porém não bem-apessoado e, definitivamente, não cavalheiro que deslizou a foto até o outro lado da mesa até nós. Ele precisava saber se queríamos a menina na foto.
Sim, nós queríamos muito aquele anjo.
Nossa família passou de três para quatro membros, com a vinda da irmã com quem Kola não queria nada, até que fomos todos para casa. Ele se ressentiu com todos nós no caminho para o aeroporto, odiou seu choro no carro, e estava realmente irritado porque Sam estava carregando-a ao invés dele. Ele estava começando a se preocupar, estava estampado em seu rosto – até que Sam se ajoelhou e o pegou também. As crianças são tão engraçadas. Assim que Kola entendeu que Hannah estava pensando em nos compartilhar com ele também, que ela não estava lá para tomar o seu lugar, que nada ia mudar no departamento do amor, apenas seriam necessários alguns ajustes na disposição do tempo, ele decidiu que gostava dela. E agora, ele com seis anos e ela quatro, seu vínculo era perceptível.
Eles brigavam como cães e gatos... mas só às vezes. Ela chorava, ele ficava emburrado, eles perseguiam um ao outro e se engalfinhavam, mas nove em cada dez vezes, eu a encontrava em seu quarto pela manhã. Quando estávamos fora, ele segurava a mão dela, ele pegava as coisas quando ela não podia, e era extremamente paciente quando ela estava tentando passar algum pedacinho de informação. Eu ficava tipo, Desembucha, garota, mas Kola apenas balançava a cabeça e esperava até que algum incidente sobre um inseto em uma flor fosse comunicado nos mínimos detalhes.
Ele a ajeitava quando ela caía, fazia-a a lembrar de suas luvas e touca, e poderiam adivinhar os desejos um do outro se Sam e eu estivéssemos ausentes. Dylan Greer, minha melhor amiga, estava muito surpresa, porque tinha certeza de que, às vezes, Hannah Banana ou B, como todos nós a chamávamos – falava em línguas. Mas Kola simplesmente explicava que ela queria leite ou um lápis ou uma lanterna. E ele nunca estava errado. Ele era um excelente irmão mais velho, e ela o adorava.
Hannah Regina Kage – seu nome do meio era em homenagem à mãe de Sam – tinha o narizinho mais adorável do planeta. Eu me inclinava para beijá-la algumas vezes e mordiscava para beijar seu nariz em vez disso. Ela gritava de alegria. Colocar seus dedinhos dos pés em minha boca também era motivo de gargalhadas. Mesmo com um ano de idade, ela tinha uma linda risada. Não era tímida ou suave. Ela era pequena, mas como ela se expressava bem. As pessoas ouviam o som profundo e gutural e ficavam encantados. Eu tinha caído sob seu feitiço à primeira vista.
No nosso bairro River Park, às vezes as pessoas ainda olhavam para nós quando estávamos caminhando. E a maioria ainda questionava Kola quando se aproximavam, já que, com seus profundos olhos azul-cobalto, traços europeus acentuados, e cabelo castanho-escuro, ele não parecia comigo ou com Sam. Mas Hannah, que era meio-uruguaia, era obviamente adotada. O que era engraçado, porém, era que as pessoas às vezes questionavam se Gentry – nascido com os olhos cor de carvão do meu irmão Dane em vez dos olhos cor de mel de minha cunhada Aja – na verdade pertencia à sua própria mãe. Eu sempre me perguntei por que as pessoas se importavam. Se seu filho era azul e você era laranja, quem dava à mínima, desde que você amasse e cuidasse do garoto azul? As pessoas ainda me surpreendiam.
"Pa."
Hannah estava olhando para mim como se eu fosse o idiota da aldeia.
"O quê?"
"Se Kola não pode lamber Chilly, você não pode lamber o papai."
Eu tive uma visão terrível de mim dando uma boquete em Sam naquele momento, e ele provavelmente sabia, por isso ele me agarrou e cobriu minha boca com a mão. "Vocês dois vão terminar o café da manhã, por favor?"
Eles se afastaram, então, mas não sem lançar um olhar para trás.
Sam moveu a mão, mas se inclinou e me beijou. Eu o recebi alegremente, e, claro, houve mais ruídos de ânsia de vômito.
"Kola Kage!" Eu o admoestei mesmo enquanto ria. "Quer parar com isso?"
"Ewww," Hannah guinchou.
Quando eu olhei para eles, Kola estava misturando seu mingau de aveia com manteiga e açúcar mascavo, fazendo-o arrotar com a colher.
"Apenas coma de uma vez,” eu disse a ele.
"Estou tornando comestível."
Comestível. A criança e seu maldito vocabulário.
"Deixe os Peterson em paz,” Sam suspirou, longânime como ele era.
"Vou deixar." Mordi o lábio inferior.
" Jory...,” ele me avisou.
Eu tentei parecer inocente.
"Papai,” disse Kola, de volta ao nosso lado, olhando para Sam.
"Não lamba o gato," Sam reiterou, curvando-se sobre um joelho quando seu filho se aproximou e colocou as mãos no rosto. "Tudo bem?"
"Ok." Kola assentiu.
"Ok,” Sam suspirou, puxando Kola para perto, abraçando-o com força por um minuto.
"O que é homônico?"
"Eu não sei." Sam bocejou, afastando-se assim pai e filho poderiam olhar um para o outro. "Onde você ouviu isso?"
"Pa disse a Tia Dyl que os pais de Jake não vai deixá-lo vir brincar na minha casa porque eles são homônicos."
Sam assentiu. "Ele quis dizer homofóbicos, o que significa que os pais de Jake não querem que ele venha porque você tem dois pais."
Kola olhou para Sam. "Por quê?"
"Algumas pessoas simplesmente não gostam."
"Por quê?"
"Bem, eu acho que algumas pessoas estão com medo do que isso significa."
Ele balançou a cabeça. "O que significa isso?"
"Que se você pode ter dois pais, talvez as coisas estejam mudando."
Sua carranca fez suas pequenas sobrancelhas formarem um sulco. Era adorável. "Eu não entendo."
"Acho que você vai entender quando for mais velho, amigo."
"É estúpido."
" Sim, é,” concordou Sam, abraçando-o novamente. "Mas eu sinto muito."
"Está tudo bem." Ele abraçou Sam de volta apertado, ambos os braços em volta do seu pescoço. "Stuart e sua mãe estão vindo comigo e Pa e Hannah e tio Evan e Bryce e Seth e Tia Dyl e Mica e Mabel e Tess e seu pai ao cinema no próximo sábado, assim Jake é quem está perdendo."
" Quem é que vai mesmo?" Sam brincou ele.
" Stuart e sua mãe estão vindo com..."
"Pare," eu interrompi Kola. "Seu pai ouviu na primeira vez."
Sam grunhiu e olhou para mim. " Como é que eu não fui convidado para o cinema?"
"Em primeiro lugar" – Eu sorri para ele, "os esquilos lhe dão urticária, e em segundo lugar, você não vai pescar com Pat e Chaz no sábado?"
"De que sábado estamos falando?"
"Estamos partindo amanhã para Phoenix, para a reunião, e nós vamos voltar para casa no domingo."
" Sim, eu sei disso."
" Ok, então eu não estou falando do próximo sábado, já que vamos estar fora da cidade, mas um sábado depois disso."
"Ah, é isso mesmo, então." Ele sorriu. "Eu vou pescar. Desculpe, eu não poder ir assistir o filme, querido.”
"Mentiroso,” eu disse sem rodeios.
Ele gargalhou.
Mas ia ser divertido. Eu ia com os meus dois filhos, meu amigo Evan ia levar seus filhos Bryce e Seth, e Dylan foi carregar as duas crianças: o filho, Mica, que era seu mais velho, e Mabel, sua filha, que tinha a mesma idade que Kola. Era lamentável que eles tivessem feito outro filme de Alvin e os Esquilos, mas todas as crianças estavam morrendo de vontade de vê-lo, de modo que estávamos planejando um evento. Eu ainda estava esperando a resposta de Aja para ver se ela iria também. Eu sabia que Robert e Gentry estavam tão interessados em roedores movidos à hélio como o resto de nossas crianças, mas Aja não estava, e ela poderia usar um dia de folga.
Aja, que tinha estado no reino escola pública quando se casou com meu irmão, primeiro como diretora, e, em seguida, como superintendente adjunto de escolas, viu-se incapaz de promover mudanças nesse nível. Aja não poderia alterar a política ou alocar recursos, mas em vez de se tornar amarga sobre o que viu acontecendo ao seu redor, a apatia e ignorância deliberada, ela decidiu fazer algo sobre isso. Em sua posição atual como o reitor adjunta de educação na De Paul University, treinando e inspirando a próxima geração de professores, ela estava preparando mentes brilhantes para o mundo real, bem como endurecer peles. Ela os armava e motivava e fazia com que eles soubessem que ela seria sempre um recurso para eles, mesmo depois que se formassem. Tudo isso, além de cuidar de dois filhos, ser uma esposa, assistir a uma miríade de funções sociais com seu marido, e o resultado foi uma desgastada Aja Harcourt. Eu queria ajudar a diminuir sua carga.
Enquanto eu estava dirigindo de volta para casa depois de deixar Kola e Hannah – ambos frequentavam a mesma escola Montessori perto de Oak Park – liguei para Aja do carro e me ofereci para levar suas duas pessoinhas, em vez de fazê-la se juntar a nós. Eu fui imediatamente canonizado.
"Jory, eu preciso de algum tempo sozinha com Dane."
"Que tal eu pegar Robbie e Gen na próxima sexta após a escola e ficar com eles até domingo de manhã? Vamos todos nos encontrar para um brunch e você pode pegá-los de volta. Isso lhe dá sexta à noite e todo o dia de sábado. O que você me diz?"
Eu pensei que ela fosse chorar de tão agradecida.
"Então isso é um sim?"
"Oh meu Deus, sim, isso é um sim!"
"Você está começando a soar como eu."
"Obrigado, querida."
"Pra que serve a família?"
"Mas você é a única pessoa em quem confio."
"Isso não é verdade." Eu sorri ao telefone quando virei na rua lado e caí na Harlem Avenue, indo para casa. Andei talvez 3 metros antes que eu e todos os outros na rua parássemos abruptamente.
"Sim, mas desde que Carmen conseguiu seu emprego dos sonhos batendo perna pelo mundo e meus pais fugiram para a Flórida e Alex para Delaware, você e Sam são a única família que eu tenho aqui."
"Você tem um monte de outras amigas," eu disse a ela que eu tentei ver qual era o problema em todo o SUV na minha frente.
"Eu sei, mas eu me preocuparia em checar com as outras, eu não preciso verificar com você e Sam. Ele vai matar qualquer um que chega perto dos meus filhos, e você se preocupa mais do que eu."
"Eu não me preocupo."
Ela bufou uma risada pelo telefone.
"Isso foi muito indigno de uma dama,” eu disse enquanto me recostava no assento da minivan que eu absolutamente adorava. Todo mundo que eu conhecia tinha SUVs que estavam, eu tinha certeza, ajudando a destruir o meio ambiente. Minha minivan não fazia parte do plano mestre de Satanás, e eu amava o meu carro que me anunciava casado e com filhos, assim como consciente com a segurança com o meio ambiente. Eu estava ansioso para Kola começar as aulas de futebol na primavera para que a imagem da felicidade doméstica fosse completa. Eu já tinha um suéter escolhido e tudo mais.
"Você trás a tona o melhor em mim,” Aja gargalhou.
"Seja como for, eu te ligo quando voltar da reunião no domingo."
Ela deu uma risadinha.
"O quê foi?"
"Reunião de família." Ela estava rindo agora. "Oh, o horror!"
"Vai ficar tudo bem," eu disse a ela quando um homem caminhando perto da minha janela. Era estranho que ele estivesse andando pelo meio da rua e não na calçada, mas como estávamos em um impasse, ele não estava em perigo de ser atropelado. "Ei, seus filhos gostam de Mountain Dew e Oreos, né?"
"Eles vão ficar com você por dois dias. Alimente-os com o que você quiser."
Eu estava rindo quando desliguei, mas quando o SUV na minha frente de repente deu ré, colidindo com o meu para-choque dianteiro, eu gritei e buzinei. Mas o carro não parou, ele continuou dando ré, e eu percebi que ele, ou ela, estava tentando conseguir um ângulo para partir para o meio fio à direita.
Tirei uma foto da placa com meu telefone, agradeci a Deus por meus filhos não estarem comigo, e estava prestes a chamar a polícia para relatar o acidente, quando vi a porta do passageiro da caminhonete. O confuso era que a pequena mulher que saiu do carro segurava as chaves. Era como se ela estivesse dirigindo, mas não quisesse sair pela porta do lado do motorista. Quando ela abriu a porta de trás, dava para ver uma cadeirinha: ela estava carregando uma criança.
Saí rapidamente e dei a volta por trás de minha van – mesmo quando o cara no carro atrás de mim buzinou, inclinou-se para fora, e disse-me para voltar para a merda do meu carro – e corri para o lado dela.
Ela se virou para mim com uma lata de spray de pimenta na mão.
"Espere! Estou aqui para ajudar."
Seus olhos estavam arregalados quando olhou para mim, empurrou a lata contra meu peito, e me disse para vigiar o cara para que ela pudesse tirar seu filho do carro. Ela estava com medo para sequer abrir sua porta.
" Que cara?"
"Eu não sei, algum psicopata. Acho que ele matou o homem no carro à minha frente,” gritou ela. "Acho que ele tem uma arma ou... oh Deus!"
Virando-me, vi um homem avançando sobre nós. "Tirem os carros da frente, porra!"
"Entre!" Eu pedi a ela. "Tranque as portas!"
Ela subiu no banco de trás protegendo seu filho, e eu ouvi a tranca ser acionada atrás de mim enquanto o homem avançava rapidamente.
Ele tinha uma chave de roda, e não uma arma, e uma vez que eu poderia correr se fosse preciso, passei de assustado a irritado muito rapidamente. "Que diabos você está fazendo?" Eu rugi para ele. "Você deixando essa moça apavorada! "
"Mova seu carro! Toda essa rua está cheia de malditos carros!"
Ele não estava olhando para mim; duvido que ele pudesse ter dito onde estava ou o que estava fazendo. Talvez a road rage o tenha feito explodir, talvez algo mais. Eu não sabia e eu não me importava – ele estava carregando uma ferramenta automotiva como se fosse uma arma. Isso era realmente minha única preocupação. A moça do SUV estava assustada porque o filho dela estava no carro e esse cara estava agindo como um louco. Se os meus filhos estivessem comigo, eu teria tido a mesma reação.
"Pare," eu pedi. "Não chegue mais perto."
Ele continuou, e levantou a chave como se talvez estivesse pensando em extrair meu cérebro com ela. Eu apontei o bico do spray de pimenta e fiz questão de atingir seu rosto. Seu grito foi alto e agoniado, mas ele não deixou cair a ferramenta.
"Que diabos você está fazendo?"
Era o cara que tinha gritado comigo antes, cujo carro estava no engarrafamento atrás de mim.
" Você está atacando esse cara? " Ele rugiu antes de me bater.
Caí com força, atingindo a van ao ricochetear, mas do meu ponto de vista, pude ver o cara que eu tinha pulverizado indo até ele.
Chutando forte, atingi o cara que tinha acabado de me bater, e ele caiu no chão ao meu lado.
"Que porra você..."
"Cuidado!" Eu gritei quando o cara com a chave de roda veio atrás de nós.
"Merda,” ele gritou, lutando para se afastar de mim, movendo-se para correr.
"Largue a arma!"
"Para o chão!"
Normalmente, os policiais – mesmo que eu seja casado com um ex – não são minhas pessoas favoritas. Como regra, eles me pegam fazendo merdas que eu não deveria estar fazendo, mas de alguma forma deixavam de notar todos os outros falando em seus celulares, furando o sinal vermelho e com excesso de velocidade.
Mas naquele momento, quando vi os uniformes, as armas em punho, e ouvi as ordens sendo rugidas, fui consolado.
O cara largou a chave de roda e caiu de joelhos.
"Deitado, o rosto na calçada!"
"Você salvou a minha vida,” o cara que me bateu disse.
"Eu..."
Mas algo atingiu a parte de trás da minha cabeça, e tudo ficou escuro.
Meu marido, meu irmão, minha família e amigos diriam que sim, Jory Harcourt é um ímã de problemas, mas acho que é mais coincidência do que qualquer outra coisa quando o destino decide ferrar comigo. Especialmente neste momento: Eu estava indo para casa após deixar meus filhos, um trajeto que fazia de segunda a sexta-feira, normalmente sem incidentes. Como eu ia adivinhar que acabaria na mira de louco acidental?
"Um o quê?" O policial que estava tomando minha declaração no hospital perguntou.
"Ímã de problema," eu disse enquanto suspirava profundamente.
"Como você foi nocauteado?” ele me perguntou.
"Acho que a moça que eu mandei ficar no carro, ela abriu a porta muito rapidamente e eu estava sentado ao lado de seu carro e ... você sabe."
Ele acenou com a cabeça. "Sei."
"É por isso que vans são melhores, as portas deslizam." Eu o eduquei.
Seu sorriso era paternalista.
"Eu..."
"Jory!" Seu grito ricocheteou nas paredes, e eu estremeci.
O policial olhou assustado. "Quem era..."
"Volte aqui,” eu pedi, e respirei para obter a quantidade necessária de ar em meus pulmões. "Aqui!"
A cortina foi praticamente arrancada momentos mais tarde e lá estava Sam, dentes cerrados, os músculos no pescoço saltados, olhos escuros e cheio de muitas coisas para acalmar ao mesmo tempo.
"Detetive Kage?"
Sam virou-se para o oficial.
" Oh, não, Marshal." Ele tentou sorrir para o meu homem carrancudo.
Sam voltou a atenção para mim, e eu sorri quando levantei meus braços para ele.
Movendo-se rapidamente, Sam percorreu a curta distância entre nós e me arrastou para frente e me esmagou contra ele.
Não foi um movimento gentil; na verdade foi um movimento ríspido e duro.
Eu adorei.
"Assustou-me, " ele disse como ele me agarrou firme.
Eu sabia disso, essa era a razão para o aperto. Inclinei-me contra ele, acariciei meu rosto na curva do pescoço dele, e deslizei os braços sob o paletó e sobre a camisa passada. Ele cheirava bem, um leve rastro de perfume, amaciante e homem. Eu gemi baixinho bem no fundo da minha garganta.
"Essas ligações levam anos da minha vida, sabe?"
"Que ligações?"
"As ligações Jory está no hospital."
Eu balancei a cabeça, e havia traços de um grunhido antes dele se afastar e olhar para meu rosto. Seus olhos me analisaram, verificando, certificando-se de que eu estava inteiro e seguro.
"Eu estou bem,” eu disse quando ele levantou a mão e segurou meu cabelo, inclinando minha cabeça para trás enquanto examinava meu olho direito e minha bochecha.
"É, mas você não parece bem,” ele disse, e sua voz era baixa e ameaçadora. "Quem fez isso?"
"Tinha um cara atrás de mim, e ele não entendia por que eu usei o spray de pimenta no homem com a chave de roda, e ele..."
"Pare,” ele me cortou, deixando cair a mão do meu cabelo enquanto virava a cabeça para o policial. "Fale."
Eu poderia dizer por sua mudança de tom que ele esperaria por mim, mas, aparentemente, o oficial não teria esse privilégio. "Olá?" Sam retrucou friamente.
" Oh-oh,” o cara gaguejou e depois contou a Sam os acontecimentos da manhã.
"Então a moça no SUV o apagou quando ela abriu a porta?" Ele estava tentando se certificar de que havia entendido tudo.
"Sim."
Sam resmungou.
"Ela está muito triste com isso. Ela me disse que seu parceiro lhe salvou a vida."
Aquilo não tornou nada melhor, pelo menos para Sam.
"Minha van é está..."
"Nós vamos cuidar da van e conseguir uma alugada até que a sua seja consertada. Não se preocupe com isso."
"Não, eu sei," Eu disse rispidamente. Às vezes, uma grande parte do tempo, Sam me tratava como um inválido. Estava acontecendo mais e mais recentemente, como se eu precisasse ser cuidado, do mesmo jeito que as crianças, porque eu não conseguia pensar por mim mesmo ou resolver as coisas. "Eu só queria saber para onde meu veículo foi rebocado... Oficial..."
Eu me virei para o homem de uniforme, prendendo-o com meu olhar - minha pergunta dirigida a ele – e ele ainda estava olhando para Sam como se pedindo permissão para me responder.
"Oficial?"
"Eu posso descobrir onde..."
"Não,” eu cortei, os olhos arregalados, enquanto esperava. "Onde está o meu carro?"
"Nós, uh..." Ele tossiu ao me passar um cartão de visita de sua prancheta. "Rebocamos para uma garagem no centro..."
"Pare agora." Sam latiu para mim, pegando o cartão. "Sente-se aqui enquanto eu vou encontrar seu médico e descobrir se você teve uma concussão ou..."
"Sam..."
"Depois que eu te levar para casa, então vamos nos preocupar com a maldita van."
"Eu posso..."
"Pare.” ele ordenou mais uma vez, e porque eu não queria fazer uma cena, me calei e olhei para o relógio na parede.
O oficial murmurou alguma coisa e saiu, e Sam me disse que tinha que ir e descobrir mais sobre as outras pessoas no acidente e aproveitaria e trataria sobre minha liberação.
Eu fiquei quieto.
"Você vai ficar de mau humor agora?"
Eu virei minha cabeça e estava prestes a dizer algo quando ele levantou a mão.
" Eu não quero brigar com você. Apenas deixe-me fazer isso."
"Eu não sou uma criança, Sam. Posso cuidar do meu próprio carro. Posso fazer..."
"Então, eu não deveria estar aqui? Não deveria ter sequer vindo?"
"Não, eu só... ultimamente parece ser o Show de Sam e não o Show de Sam e Jory. Você cuida de tudo, e eu não entendo por que isso está acontecendo."
Seus olhos procuraram os meus.
"Sam? Você me acha incapaz?"
O olhar que eu recebi teria aterrorizado a maioria das pessoas. Mas esse era o cara que me amava, e como sempre, quando eu parei e realmente usei meu cérebro, entendi o que estava realmente acontecendo.
Ele estava apavorado.
Eu tinha o deixado fora de si de pavor naquela manhã, e como ele estava esperando o outro sapato cair de qualquer maneira... era quase como se ele estivesse esperando más notícias. E ele estava; estava esperando o pior.
"Você acha que eu e Kola e Hannah poderíamos ser tirados de você."
"O quê? Não.” disse ele calmamente, sem muita força por trás de suas palavras. "Não."
Ele era um mentiroso.
"Eu sinto muito," eu disse rapidamente, colocando minhas mãos em seu peito musculoso, incapaz de parar de enrolar meus dedos em sua camisa, segurando. Sim, ele estava sendo superprotetor, mas não pelas razões que eu pensava. Ele não me achava burro, ele só não queria que eu ou seus filhos ficassem longe de sua vista por qualquer motivo. Nunca. E porque ele estava tentando não ser sufocante, ele estava conseguindo exatamente o oposto. "Eu não estava pensando."
Ele respirou fundo. "Do que você está falando?"
"Quanto mais você trabalha, mais você vê, mais você percebe que isso, o que temos, não é a norma. A maioria das pessoas não consegue o tipo de felicidade que temos, a casa que temos, então você fica cada vez mais protetor e sufocante."
Ele franziu as sobrancelhas, e eu sorri para enquanto envolvia minhas pernas em suas coxas. Ele se inclinou mais sobre mim, com as mãos em ambos os lados na cama estreita do hospital. "Você acha que me conhece?"
Eu balancei a cabeça, meus dedos soltando sua camisa. "Sim. Eu sei disso."
Ele abaixou a cabeça, e eu envolvi o pescoço dele para atraí-lo. Sua respiração soprou suavemente em meu rosto antes de sua boca pairar sobre a minha.
Eu gostava de beijá-lo. Sempre, de qualquer jeito, por quanto tempo ele me deixasse ou que ele quisesse. Eu era dele.
Ele me invadiu com a língua, a dele tocando a minha, se envolvendo, esfregando, empurrando, e invadindo. Nossos lábios não se separaram, nunca, nem uma vez, nem mesmo para respirar. Senti seus braços me envolver, me esmagar contra seu peito, e me apertar. Eu segurava forte em seu cabelo, e o gemido que eu não consegui abafar foi baixo e sofrido. Quando, de repente, ele me empurrou para trás, interrompendo o conato escaldante e faminto, meu gemido de protesto foi alto.
Ele estava vermelho e ofegante, os lábios inchados, suas pupilas largas quando olhou para mim.
Eu estava respirando com dificuldade, meus pulmões arfando por ar e eu sorri para ele.
"Merda." Ele finalmente conseguiu soltar uma palavra.
Meu sorriso era malicioso.
"Você não deveria me beijar no trabalho."
"Você me beijou,” eu o lembrei.
"Merda,” disse ele novamente e engoliu em seco enquanto se endireitava, afastando-me, obviamente lutando para ter seu corpo de volta sob controle .
"Você pode me comer em seu carro."
Sua carranca veio rapidamente, assim como meu sorriso.
"O quê foi?" Eu sorri amplamente.
"Um Supervisor US Marshal não come seu parceiro no carro."
Eu arqueei uma sobrancelha para ele. "Você tem certeza?"
Ele apontou para mim. "Eu vou levar você para casa, para nossa cama, e comer você lá."
"Oh, sim, por favor." Eu balancei as sobrancelhas.
"Só... sente aí,” ele rosnou para mim. "E espere enquanto eu assino a papelada para te tirar daqui e podermos ir buscar as crianças."
"Hoje não, Marshal," eu disse a ele.
Ele pareceu surpreso. "Você não planeja ir buscar seus filhos hoje?"
"Não, sua mãe vai buscá-los e, em seguida, vamos para o jantar."
Ele olhou para mim.
"Você sabe que ela é uma coordenadora,” eu disse alegremente.
"Deixe-me ver se entendi,” ele suspirou. "Nós vamos ficar com eles em um avião amanhã, com eles em um resort de quinta a sábado, e depois com eles novamente em um avião no domingo voltando para casa, mas ainda assim vamos jantar com eles hoje à noite, porque eles não vão nos ver "
"Sua mãe gosta de coordenar e você sabe disso, então deixe pra lá."
"Por quê?" Ele estava irritado.
"Por que ela gosta de planejar as coisas ou porque estamos fazendo a vontade dela?"
"O segundo,” ele resmungou. "Por que fazemos isso?"
"Porque nós a amamos" eu disse como se fosse óbvio.
"Não, que se foda. Vou ligar para ela e dizer que..."
"Por que você vai fazer onda? Por que você iria perturbar o delicado equilíbrio de todas as coisas que dizem respeito à Regina?"
Eu amava sua mãe, Regina Kage, com abandono absoluto, e de todos – seus filhos, seus cônjuges e todos os seus netos combinado – ela e eu nos dávamos melhor. As razões para isso eram duas: primeiro, porque eu nunca tive uma mãe e ansiava por uma como uma droga; em segundo lugar, e acima de tudo, porque eu não nunca tentei mudá-la. Nós nunca brigávamos, eu lhe permitia reorganizar qualquer coisa em minha casa que ela quisesse, fazer sugestões sobre como criar as crianças – porque, realmente, seus filhos se saíram bem, então por que eu iria discutir sobre o assunto? – e principalmente, quando ela queria agitar alguma coisa, eu estava sempre lá ao seu alcance para dar uma mão. Estávamos bem.
"Jory..."
"Deixe quieto, Sam."
Ele revirou os olhos, mas nós dois sabíamos que ele não diria uma palavra. Ninguém contrariava Regina Kage. Nós todos fazíamos exatamente o que ela queria. Ela era a matriarca, afinal de contas.
"Sério, porém, devemos cancelar, você não está em con..."
"Eu estou bem, e além disso, acho que ela imprimiu itinerários de viagem, e eu quero pegar o meu."
Ele ficava indignado, mas consegui o que eu queria, o sorriso seguido do aceno de cabeça, o você é demais e eu desisto que eu amava.
"Então," eu disse suavemente enquanto meu olhar deslizava sobre ele. Deus, eu adorava olhar para ele. Os ombros largos que o paletó acentuava, o ajuste confortável da camisa sobre seu peito enorme, e a barba que cobria seu queixo quadrado embora ele tivesse se barbeado naquela manhã antes do trabalho.
"O quê foi?” Ele perguntou roucamente enquanto me olhava.
"Você vai me levar para casa?"
"Sim."
"E ficar comigo?"
"Aham. Quero ter certeza de que você está bem."
Olhei para aqueles olhos que eu amava tanto agora, como da primeira vez que ele me beijou todos aqueles anos atrás. "Você está cuidando de mim de novo."
Ele resmungou, tipicamente do sexo masculino, todo urso mal humorado. "E daí?"
"E isso é bom." Eu sorri para ele, segurando sua gravata.
Ele suspirou e eu peguei um vestígio de um sorriso. "Ok, eu já volto."
"Espere,” eu disse antes que ele pudesse sair.
"Por quê? O que foi?"
"Venha me dar um beijo."
"Não." Ele bufou uma risada e depois se inclinou e beijou minha testa antes de sair da sala.
Eu estava perdido em pensamentos, todas as células do cérebro que possuía absorvidas com Sam Kage e no que eu ia fazer com ele e uma tarde disponível, quando meu nome foi chamado.
"Sr. Harcourt?"
Quando me virei, havia um médico lá, e eu pensei quase instantaneamente que realmente não era justo. Ele podia ter aquela aparência e ser brilhante? Normalmente você era inteligente ou bonito, não os dois. Ele até tinha luminosos olhos azul-esverdeados. Notei de primeira que porque eram do tom exato de turquesa que eu queria quando estava crescendo. Eu odiava meus olhos castanhos com paixão. Agora as coisas eram diferentes. Minha filha e eu tínhamos quase o mesmo tom de profundo marrom chocolate com toques dourados, e o homem que acordava na cama comigo todas as manhãs nunca deixava de mencionar que, no que dizia respeito a olhos, os meus eram de sua cor favorita.
"Sr. Harcourt?"
"Sim, me desculpe." Eu lhe dei um sorriso rápido. "Sou eu mesmo."
"Olá." Ele sorriu calorosamente ao se aproximar, oferecendo-me sua mão. "Sou o Dr. Dwyer, e..."
"Jory, você..."
"Sam?"
Meu médico chamou meu homem por seu primeiro nome.
Sam estava lá de pé parecendo profundamente atônito.
Os dois homens, meu parceiro e meu médico, congelados enquanto olhavam um para o outro.
Que diabos...?
Doutor Dwyer tinha sido interrompido pela volta de Sam, e Sam ficou, obviamente, bastante espantado ao ver o médico quando voltou correndo para o quarto.
Eu continuei olhando para eles, sentindo o clima ficar mais estranho a cada segundo.
"Kevin.,” Sam disse finalmente.
O homem deu um passo para frente, e o sorriso, a luz que iluminou seus olhos, o arrepio que percorreu seu corpo longo, típico de um nadador, não poderia ser confundido com qualquer coisa que não fosse uma alegria absoluta, do tipo que deixa a pessoa tremendo, que acelera o pulso e faz o sangue correr. Quem quer que fosse aquele homem, ele estava delirantemente surpreso e encantado ao ver Sam Kage.
Eu esperei e percebi que tinha parado de respirar.
Quem era essa criatura celestial, este médico, que estava olhando para Sam como se ele fosse a coisa mais linda que já tinha visto em toda sua vida?
"Você..." Sam respirou fundo. " O que você está fazendo aqui?"
"Jesus...” o médico suspirou e correu para frente, braços levantados, pronto para estender a mão e agarrar, recuperar.
Sam foi mais rápido, encontrando-o e impedindo o movimento; então, basicamente, com seu impulso para frente interrompido, o bom médico foi barrado de maneira breve, chocante, quase a ponto de perder o equilíbrio. Sam se inclinou, deu-lhe aquele abraço seco típico de homem, e então o logo empurrou para trás e recuou; e o Dr. Dwyer foi basicamente abandonado e ficou lá, confuso, de braços vazios, parecendo perdido.
"Prazer em vê-lo,” disse Sam rapidamente, aproximando-se da cama e pegando minha mão ao mesmo tempo. "Jory, este é o Dr. Kevin Dwyer. Nós nos conhecemos na Colômbia, quando eu estava trabalhando naquela apreensão de drogas após Dom ter entrado para o programa de proteção às testemunhas. Ele estava com os Doctors Without Borders na época. O que você está fazendo aqui em Chicago?"
Anos atrás, Sam tinha me deixado quando eu ainda estava me recuperando no hospital para rastrear um cartel de drogas na Colômbia seguindo uma dica de seu parceiro corrupto. Nós tínhamos ficado separados durante três anos, e em algum momento ele conheceu o bom doutor.
Parecia que alguém tinha dado um soco no estômago do Dr. Dwyer ou passado por cima dele com um caminhão. Era difícil dizer como melhor descrevê-lo naquele momento. "Eu...” ele começou, mas parou, e então seus olhos se dirigiram aos meus. "Jory?"
Eu sorri para ele. "Sim."
Ele acenou com a cabeça. "Sam me contou tudo sobre você."
No entanto Sam nunca, jamais, mencionou Kevin Dwyer para mim. "Vocês saíram juntos?" Eu perguntei ao médico, porque eu não era de ficar dando voltas.
" Jor..."
"Não,” ele interrompeu Sam. "Nós moramos juntos por três meses."
E o meu mundo implodiu.
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