boa leitura :)
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"O que eu fiz.. Que merda eu fiz"
Era a pergunta que ecoava em sua mente a horas.
Já se passavam das duas da manhã e ele mal conseguira fechar os olhos.
Precisava conversar com alguem, desabafar, por pra fora como se sentia senão acabaria explodindo.
Pegou o celular discando rapidamente o número da única pessoa com quem poderia conversar livremente sem ser julgado ou pelo menos era o que ele pensava.
– Ocupado? Perguntou assim que a ligação fôra atendida.
– Luciano? Não não! Quer dizer... A boate fecha só as 5 horas.
– Blz! Chego ai em 10 minutos.
Desligou indo até sua mala escolhendo algumas roupas se trocando logo. Pegou as chaves do carro e logo saiu.
A cidade ficava meio sombria a essa hora, ruas varias, mas isso de certa forma o fazia se sentir bem.
Pisou no acelerador, a velocidade de fato o fazia se sentir livre mas foi algo que não durou muito logo em menos de dez minutos havia chegado ao seu destino.
Estacionou em um lugar qualquer entrando sem ser barato, ia com freqüência ali então já era conhecido por boa parte dos funcionários.
Música alta, dança, bebida e mulheres. Em outros tempos ele adoraria aquilo, mas agora só queria alguém com quem pudesse conversar.
Passou direto pela pista de dança esbarrando em algumas pessoas indo ate um canto mais afastado onde ficavam algumas salas reservadas. Como camarotes, eram exclusivos somente para aqueles que podiam pagar.
Parou em frente a uma das portas onde havia dois caras um pouco maiores do que ele, terno e óculos pretos.
– Sr. Lambert
Cumprimentaram abrindo caminho e a porta.
– Ora vejam só... Pensei que nunca mais o veria por aqui caro amigo. – comentou o mais velho rindo irônico.
– Sem ironias Mateus... Hoje não tô com bom humor.
Foi ate um pequeno bar que tinha ali servindo-se da bebida mais forte, tomando de uma única vez o líquido acobreado, sentindo-o descer rasgando sua garganta.
– Simpático como sempre, enfim, Soube que por amigos que pendurou as chuteiras e resolveu conhecer o lado bom do arco íris
– O que? – Perguntou confuso
– Que tu virou gay lerdão – revirou os olhos levantando-se indo até onde Luciano estava.
– Isso e uma pena.. acabei perdendo meu melhor cliente mas, Te conhecendo bem sei que tem alguma coisa por traz disso. – falou sentando-se de frente para o mais novo.
– E... Tem razão – riu secamente.
– Então.. começe pelo começo.
Então Luciano contou tudo o que viera passando desde o dia em que fora obrigado a se comprometer com Yosef ao agora, e como se sentia confuso em relação ao rapaz.
– MORTO!! – Gritou rindo
– Da pra falar baixo porra!
– Foi mal Luc e que... Cara isso é muito bizarro e engraçado.
– E eu sei.. meus p-
– Não! Não isso... me referia a isso e sim ao fato de você estar com ciúmes dele.
– Ciúmes? Haha até parece.
– Está sim! senão então porque acha que ficou com tanta raiva quando viu ele com o tal marcos?
– Eu... Sei lá... Talvez porque ele tenha trazido os rolos dele pra dentro da "nossa casa".
- Cai na real Luciano e também você não fez muito diferente. Fez até pior na verdade, trepando encima da cama do garoto, pelo amor.
Revirou os olhos, voltando a bebericar seu drink.
Conheçia Luciano desde criança e sabia o quanto ele podia ser cabeça dura e burro até lento pra certas coisas.
– Mais eu não sou gay porra! – gritou já com raiva.
– Gostar de outro cara não te faz exatamente gay, tipo... Você se imagina beijando ou pagando outros caras? – Perguntou
– Não...
– Exatamente! Arg.. esse assunto começou a me dar dor de cabeça – Disse massageando suas têmporas.
Luciano mergulhou seu rosto em suas mãos.. pensativo. Agora mais do que nunca se sentiu confuso nunca havia se sentido assim por ninguém antes.
Ciúmes.. amor.. eram palavras ainda desconhecidas para ele.
Por agora só queria esquecer de tudo, encheu o copo com bebida novamente bebendo rapidamente logo outro e mais outro.
– Own.. vai com calma senão vai acabar entrando em coma alcoólico.
– Só quero esquecer... Esquecer de tudo.
– Procurar a solução no fundo de uma garrafa de bebida não é lá a decisão mais sábia de todas.
Proferiu observando o estado lastimável do amigo. Queria poder fazer algo para ajuda-lo mas isso quem tinha que fazer era o próprio rapazminutos depois– Chega tá bom! Me dá essa garrafa!
– N-nao, me deixa – Choramingou se desiquilíbrando, caindo.
– Affs.. Luciano tu fica insuportável bêbado. Anda levanta daí vou te deixar em casa.
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Yosef não muito diferente do Luciano não conseguia dormir.
Ficou pensando e repensando tudo que havia acontecido.
As imagens voltavam a sua mente a todo instante.
O beijo..
Ouviu o barulho do carro saindo. Olhou pela janela. Vendo o carro sumir no horizonte.
Voltou a deitar-se sem dar muita importância a isso. Luciano era livre afinal de contas. Bem... Quase né mais não deixava de ser.
Tentou voltar a dormir e até teria conseguido se alguns minutos depois barulhos vindos da sala não o tivessem acordado.
Foi até a sala ficando surpreso ao ver Luciano sendo carregado por dois caras que mais pareciam dois armários.
– O que aconteceu com ele? – Perguntou
– Nada demais ele só exagerou na bebida! – Disse um outro homem adentrando o lugar voltando seu olhar curioso para o menor que parecia meio confuso.
– Você deve ser Yosef não é mesmo? - Perguntou sorrindo docemente.
– Quem é você? E de onde me conhece?
– Own.. Perdoe minha falta de educação. Me chamo Mateus! Ouvi falar muito de você está noite e devo admitir, estava me corroendo de curiosidade para conhece-lo.
"Que homem mais estranho..." Pensou.
- Senhor onde o deixamos? – Perguntou um dos homens que seguravam Luciano que a essa altura já tinha apagado.
– Hum... Isso quem tem de dizer é o marido dele não acham? – Voltou o olhar para Yosef.
– Deixem ele aí no sofá mesmo.
– Como? Não são casados? Pensei que dormissem no mesmo quarto.
Questionou o mais velho sorrindo de uma maneira meio... Estranha ao ver do garoto como se estivesse adorando aquela situação.
– Fechem a porta quando saírem
Deu de costas indo para seu quarto. Não ia perder seu tempo com joguinhos bobos.
Deitou-se e depois de muito tentar acabou pegando no sono.
Na manhã seguinte acordou quebrado. Não conseguiu dormir direito.
Pra começar barulhos estranhos durante a noite mas ele tentou ignorar.
Bordejou esfregando os olhos observando o teto.
Levou um susto quando um enorme braço caiu sobre si fazendo seus olhos se arregalarem quase saltando para fora.
Olhou para o lado vendo do que se tratava.
Era Luciano.. ali deitado ao seu lado.
Depois de muito remexer de um lado para o outro conseguiu se livrar e sair da cama com bastante cuidado.
"Ele fica até fofinho quando dorme. Deveria ficar assim pra sempre"
Pensou sorrindo maliciosamente.
Resolveu deixar pra lá. Era só a bebida afinal de contas o que tinha de mais nisso?
Bem.. tudo pra falar a verdade, Luciano era hétero! Pelo menos era o que ele achava.
E depois de beija-lo e ágora dormir na mesma cama que ele, mesmo que inconscientemente, isso não mudava em nada.. talvez.
"Quer saber? Que se foda! Não vou ficar aqui feito um bobão pensando besteira. Acorda Alice"
Pensou varrendo os pensamentos levantando-se num pulo da cama correndo para o banheiro tomando um banho rápido e escovando os dentes.
Teria um dia longo... Pra começar teria que dar um jeito na porta do quarto.
Já era hora, precisava da sua privacidade.
E depois limpar a casa. Aquela bagunça toda estava começando a lhe incomodar.
Foi até a cozinha ligando a cafeteira depois indo a geladeira pegando alguns frios pondo sobre a mesa e mais algumas coisas.
Logo começou a comer e como de costume Luciano aparece minutos depois.
Consciência não?
Estava começando a achar que ele fazia de propósito. Só pra não ter que o trabalho de fazer nada.
– Bom dia!
Disse bordejando massageando a cabeça que estava prestes a explodir.
Yosef o olha desconfiado. Ele nunca lhe dava bom dia sempre o tratando com tanta.. indiferença.
– Bom dia.. – respondeu ainda desconfiado voltando a comer.
E assim permaneceram, em silêncio, até que o menor o quebrasse.
– Então... Pode me levar ao mercado daqui a pouco? Preciso comprar algumas coisas.
– Hum...
– Isso é um sim ou um não?
– Vou sair daqui a pouco.
– Tá bom ue..
"Definitivamente.. eu odeio depender dos outros mais também que se foda"
Foi até a pia, deixou sua xícara e voltou ao quarto trocando de roupa. Pegou a carteira e a pequena lista das coisas que precisava.
Pra sua sorte marcos tinha lhe dado seu número ontem e já que se tratava de uma emergência. Então porque não?
Foi até a sala pegou o telefone discou o número é logo fora atendido.
– Alô? Marcos?
– Yosef? Eai acordou melhor hoje?
– Sim sim! Obrigado por se preocupar – sorriu – mas.. eu queria te pedir um favorzinho...
– O que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo – e foi o que fez do outro lado, sorriu, fazendo as bochechas do rapazinho corarem.
– Então.. será que você poderia me levar no m-
*Ligação encerrada*
– Marcos? Alô? Marcos?
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– Algum problema? – Perguntou Luciano aparecendo na sala com um sorriso travesso.
Yosef não sabia nem tinha percebido mas Luciano havia escutado todo e aproveitou a distração do menor para cortar os fios que faziam a ligação do aparelho a afiação externa.
– Nada! Deixa pra lá. – Bufou de raiva.
– Se quiser eu te dou uma carona.
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