Acordei com alguém batendo insistentemente no meu portão, coloquei um chinelo, fui até a garagem e o abri me deparando com um homem da minha altura, moreno, de cabelos escuros e que aparentava raiva.
- você não pode entrar na casa dos outros assim.- falei o parando enquanto ele entrava.
- fiquei sabendo que o Taylor tem um novo melhor amigo.
- não sei doque está falando.
- vamos lá garoto! Você sabe muito bem!- ele me encostou na parede.- ele passa tanto tempo com você que nem trabalhando direito está!
- realmente não sei do que se refere!- tirei sua mão de mim.- agora, sai daqui!
- oque é que vocês fazem?- ele se aproximou.- usam drogas juntos ou oque? Porque realmente eu não entendo porque ele te escolheu! oque ele viu em você? Em?!
- eu não sei!- gritei fazendo ele se assustar.
- eu deveria ser o melhor amigo dele, eu faço e fiz tanta coisa, a gente saia, bebia, pegava várias mulheres, eu tinha tudo pra ser o escolhido.- ele se encostou na parede.- mas você apareceu e estragou tudo, estragou os meus planos.
- eu não estraguei nada, apenas, fui eu mesmo.- ele se aproximou contendo a raiva, olhou nos meus olhos os fuzilando.
- então mude! Porque eu lutei para estar na onde estou, e não vai ser um garoto que não sabe nada da vida que vai estragar isso!
- e porque eu deveria te escutar?!
- porque?! Porque eu poderia acabar com a sua vida! Sabe o Taylor? Nosso querido amiguinho é um dos caras mais influentes dessa comunidade, e adivinha quem está abaixo dele?- sua mão foi até meu pescoço.
- você?- a tirei com força fazendo ele gemer de dor.
- exatamente! E sabe?- seus dedos tocaram minha bochecha- seria uma pena estragar um rostinho tão bonito quanto esse.
- e oque quer que eu faça?
- que se afaste do Taylor, pro seu bem. Eu não costumo ser bonzinho, então tome cuidado.
- é uma ameaça?
- não, um aviso.
Ele se afastou, piscou com o olho direito e saiu batendo o portão com força. Voltei pra dentro de casa, me deitei na cama e pensei por um tempo, decidi ir pelo caminho mais fácil, contar ao Taylor. Eu sabia que hoje ele estaria em casa, então não pensei duas vezes, tomei um banho rápido e fui a casa dele.
Andei tão rápido que quando cheguei na frente de seu portão as batatas da minha perna ardiam, estava ofegante e com as bochechas vermelhas, respirei fundo e toquei a campainha me encostando na parede logo em seguida.
- posso ajudar?- uma voz doce pronunciou me fazendo pular.- tudo bem?- uma menina bonita de mais ou menos 20 anos pronunciou, não deixei de reparar nos seus cabelos pretos que eram longos, nos seus olhos escuros e no seu sorriso encantador.
- tudo. O Taylor está?- ela se afastou me dando passagem.
- claro.- entrei enquanto ela fechava o portão.- são amigos?
- sim. Prazer, Jacob.- estendi minha mão na sua direção.
- Alex.- apertou com delicadeza.- só você subir, sabe aonde é?
- sei sim, obrigado.- subi as escadas e entrei no quarto dele, mas não tinha ninguém, então me sentei na cama nem macia nem dura que exalava o branco assim como os travesseiros, o piso cinza meio prateado dava um charme a mais ao quarto que conservava suas paredes beges quase amareladas. Alguns tênis e chuteiras faziam fila, junto ao armário feito por encomenda. Há fios, canetas, livros, cd’s e caixas de som por toda mesa de computador que também continha um teclado que a muito tempo estava mudo aparentando sinais de poeira.
- no que pensa?- a voz grossa me tirou dos pensamentos. Levantei o encarando.
- em nada não.- Taylor me beijou com força, suas mãos foram na minha cintura a apertando enquanto as minhas foram na sua nuca.
- esqueci...- ele beijou meu pescoço me olhando logo em seguida.- você está bem?
- você deveria perguntar isso antes de me beijar.
- não resisti.- sorriu.- então?
Olhei em seus olhos, queria dizer que estava tudo bem, mas não estava, eu precisava contar oque tinha acontecido hoje cedo, não podia esconder mais isso dele.
- um homem veio me procurar hoje, disse pra eu me afastar.- falei vendo seus olhos se arregalarem e seu aperto na minha cintura afrouxar.
- como?
- isso mesmo.
- oque ele te disse?
- bom, foi algo como, era pra eu ser o melhor amigo dele, então você chegou e estragou tudo, se afaste do Taylor, porque eu tenho que ser o escolhido.- falei fazendo aspas com as mãos e engrossando a voz.
Taylor continuava a minha frente ouvindo tudo que eu dizia com atenção, quando acabei ele segurou minha cintura novamente.
- ele não disse mais nada?
- não, mas eu fiquei com medo.
- como ele era?
- bonito.- Taylor revirou os olhos.- da minha altura, moreno e disse que está abaixo de você.
- Mike!
- ele é perigoso?
- sim.- o olhei com espanto.- quer dizer... Não se preocupe.
- como ele soube de mim?
- todo mundo vê Jacob, eu vou sempre na sua casa, te deixo no portão no fim do expediente...
- mas é de madrugada.- falei o interrompendo.
- esse lugar não para. Todo mundo vê, e pelo jeito agora você é meu novo melhor amigo.
- ele vai fazer alguma coisa?- seus dedos tocaram meu rosto.
- vou falar com ele, não vai acontecer nada, é só...- ele engoliu em seco.- ciúmes. Passou muito tempo me bajulando e não quer perder isso.- seus dedos se enroscaram no meu cabelo.- está tudo bem, okay?
- vocês tiveram alguma coisa? Ou tem, sei lá.- dei de ombros.
- como assim tem? Eu to com você agora Jacob, por mais que não seja algo sério, é só com você.- ele desviou o olhar.- mas já tive sim, nós íamos a bares, e tomávamos até não aguentar, e quando percebia já estávamos nos pegando em um beco ou qualquer lugar do tipo.
- então ele sabe da gente?
- não, ele pode desconfiar, mas não sabe de nada.- me afastei dele e sentei na cama.
- ele me ameaçou.
- eu sei, e você vai ignorar, porque vou resolver.
- como?- ele se sentou do meu lado.
- deixa a parte difícil comigo, e a divertida pra você.
- divertida?
- é! Ou vai dizer que não é excitante saber que podemos ser pegos a qualquer momento?
Me beijou.
Seu toque era profundo e lento... Quase tímido, como se tivesse medo de ser rejeitado.
- está tudo bem.- pronunciei lhe dando um selinho quando o beijo terminou.- oque você fez no seu quarto?- olhei ao meu redor observando tudo.
- como sabe?
- bom, tem alguma coisa diferente, mas não sei oque.- me levantei e o puxei.- mudou a cama de lugar?
- não.- ele se aproximou e me deu um beijo no pescoço.- foi só um guarda-roupa novo.
- realmente!- envolvi meus braços na sua nuca.- quer sair pra almoçar?
- um encontro?
- chame como quiser.- suas mãos foram até minha cintura a segurando.
- seria mais romântico a noite.
- mas eu trabalho. então, vamos ou não?
- vamos, mas aqui em casa.- o olhei confuso.- que você ta aqui todo mundo sabe, minha mãe não vai dizer nada, nós almoçamos e subimos. Privacidade.
- eu queria ser mais romântico mas já que você quer assim...
- okay, okay.- ele me beijou indo em direção ao guarda-roupa novo.- vamos sair pra almoçar.
- não, você quer comer aqui, então vamos comer aqui.- puxei seu braço.
- não, nós vamos sair e eu pago.
- não mesmo!
- meu Deus! Como você é marrento!- agarrei sua cintura.
- eu to sendo marrento? Tem certeza?- ele sorriu me dando um beijo em seguida, segurou alguns fios do meu cabelo enquanto sua língua procurava a minha.
- e então, onde vamos almoçar?
- vamos sair e almoçar num lugar calmo.- ele me olhou com um sorriso estampado no rosto, como se eu fosse uma criança ingênua.
- eu gosto do seu jeito.- pegou uma camisa preta e outra azul.
- eu gosto da preta.
- oi?
- a camisa...- dito isso ele pegou a azul me fazendo revirar os olhos.
- vamos?
- os dois não vão a lugar nenhum.- ouvi a voz doce daquela garota de novo que havia entrado no quarto sem permissão.
- Alex nós vamos sair.- Taylor andou ficando do meu lado.
- eu fiz o almoço, vão fazer essa desfeita? Fica, por favor Tay!- ela fez cara de cachorro pidão me fazendo soltar um riso.
- a gente fica.- falei fazendo ela sorrir.
- então jaja desçam.- ela se virou saindo do quarto. Taylor foi até a porta a trancando.
- não acredito que fizemos esse show todo pra no final ficar em casa.- ele se jogou na cama ficando de barriga pra cima.
- eu não resisti.- me deitei do seu lado.
- se eu fazer aquela carinha você também faz tudo que eu pedir?- ele disse maliciosamente.
- idiota.- soltei um riso.- sua irmã?
- sim. Só não se apaixone por ela.- ele pronunciou enquanto se levantava.
- não posso prometer.- levantei indo com ele ate a porta, lhe dei um selinho e saímos descendo a escada.
Andamos até um comodo onde havia uma mesa com acabamento de carvalho com tampo de vidro, nos cantos haviam vazos com plantas grandes que eu não soube identificar, quando terminei de analisar vi a mãe do Taylor entrar me olhando de cima a baixo.
- oi.- pronunciei sorrindo, mas fui ignorado, ela se sentou numa das cadeiras que ficava na ponta da mesa.
- gente! Que climão!- Alex disse entrando.- vocês dois, venham me ajudar.- fomos até a cozinha, outro cômodo bem decorado, mas mal tive tempo de observar, Taylor já foi colocando uma travessa com frango assado na minha mão e o dirigi até a mesa que em questão de segundos estava cheia de pessoas, jovens, em sua maioria homens.
Quando voltei a cozinha para pegar a salada ouvi um barulho estranho num canto, onde eu havia julgado ser a dispensa, andei devagar até lá me deparando com a mãe do Taylor que me encarou imediatamente.
- a senhora está bem?
- nao me chame de senhora.
- desculpe. Mas eu ouvi o barulho e pensei que podia ter se machucado.
- mas não me machuquei!- ela soltou a lata de atum que estava na sua mão, causando um estrondo baixo, porém, irritante.- qual seu nome mesmo?
- Jacob...- sua expressão mudou rapidamente para uma mais séria.
- pois bem Jacob, acho que já percebeu que não gosto muito de você, certo?
- notei.
- tem ideia do porque?
- porque me viu com seu filho?
- não!- ela se virou procurando algo.- porque você não larga ele, eu já vi meu filho com alguns caras, mas é só por diversão! Ele não é gay!- gargalhei fazendo ela se virar.- e você quer o transformar nisso.
- é sério?!- continuei rindo, deixando ela cada vez mais irritada.- não acredito que você está se iludindo desse jeito.
- eu quero você longe dele!
- pelo amor de Deus.- ela se aproximou bruscamente de mim, me fazendo encostar em um dos armários.
- meu caro Jacob... Você sabe com quem está falando?- num movimento rápido ela encostou uma faca no meu pescoço.
- da onde tirou isso?
- não queira saber.
- a fala sério!- peguei seu braço o segurando no ar.
- isso é só um susto, eu posso fazer muito mais, pra você sumir é questão de segundos moleque! Eu não vou ficar com o trabalho sujo, entende? Eu mando por aqui. E sei da sua vida, sei da sua tia, sei da sua mãe... Mães.... Uma pena não serem eternas...
- você ta blefando!
- estou?! Então tenta a sorte! É melhor você sumir da vida dele!- quando eu ia retrucar ouvimos um barulho e ela guardou a faca rapidamente, Taylor apareceu e ficou nos olhando.- oi filho, oque foi?
- está tudo bem por aqui?- ele me olhou desconfiado.
- sim, porque?
- ouvi vocês, pareciam alterados.
- é que pedi pro seu amigo pegar o atum, mas ele nunca pegava oque eu queria, até deixamos um cair.- ela me olhou sarcásticamente.
- pois é, não entendo nada, e aí tem vários, ela acabou gritando um pouco.- menti, não me sentia bem, não queria fazer aquilo.
- então vamos.- ele andou, quando estávamos na cozinha o parei.
- eu vou pra casa.
- porque?- ele disse juntamente com a mãe.
- derrepente meu estômago embrulhou.- a encarei.- não estou me sentindo bem.
- fica, por favor- Taylor disse colocando a mão no meu ombro.
- não vai dar. E também mais tarde eu tenho que trabalhar, melhor ir pra casa.
- ta me zoando? Poxa Jacob, que sacanagem, já ta todo mundo sentado comendo.- a mãe dele saiu nos deixando a sós. Eu poderia dizer oque estava estava acontecendo, mas e se ele não acreditasse? E se ficasse com raiva de mim por estar o colocando contra a mãe? Talvez eu ainda seja uma diversão, talvez eu seja descartável e o sacrifício não valha a pena.
- eu tenho mesmo que ir, desculpa.- olhei ao nosso redor e lhe dei dois selinhos. Ele permaneceu imóvel, decepcionado. Peguei na sua mão a levando até minha cintura, e coloquei as minhas no seu ombro.- eu sei que fiz aquele show todo, mas é que preciso mesmo ir.
- me dê uma boa justificativa.
- já disse, to passando mal e com o estômago embrulhado.
- tabom.- beijou meu pescoço.- se cuida.- me soltou.- mais tarde te ligo.- e foi até a sala de jantar, passei por lá me despedindo de todos e sai.
Eu sabia no que estava me metendo, sabia que aquelas pessoas não eram brincadeira, recebi duas ameças no mesmo dia e uma delas envolvia minha família, isso não podia ir mais longe.
Eu andava sem rumo e quando percebi estava numa praça, sentei num banco observando tudo, a grama verde que já estava ficando alta, uma árvore seca e sem vida ao lado de outra que exalava o verde enquanto suas folhas dançavam no ritimo do vento, crianças corriam e pulavam, sorriam e choravam, país conversavam sem prestar atenção em mais nada, nem ao menos nos filhos, senti algo nos meus pés me tirando de todos esses pensamentos, olhei pra baixo e vi uma bola rosa e a peguei. Vi uma menina morena de cabelos crespos no auge dos seus cinco anos se aproximar, seu vestido roxo lhe caia muito bem, me lembrando uma boneca.
- essa é sua bola?- estiquei os braços a entregando.
- é.- ela me observou dos pés a cabeça me fazendo sorrir.- você é bonito.
- obrigado, você também.- ela sorriu.
- você acha que a gente pode casar?- sorri com sua pergunta.
- talvez... Você só precisa crescer mais um pouquinho.- ela sorriu e saiu chutando a bola, indo em direção a um homem que estava sentado olhando para seu celular.
- e agora Jacob? Desiste ou luta por algo que não sabe se existe?- perguntei a mim mesmo enquanto soltava um longo suspiro.
Continua...
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Demorei, desculpa, mas cheguei! Espero que tenham gostado, está meio pequeno, eu sei. Meio confuso?
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Hb--->> obrigada! 💙 Essa questão da família ainda vai aparecer, calma, senão acabo dando spoilers sem querer. 👏
Hello--->>obrigada! 💙 Taylor é muito... Taylor.? 👏 Heuheu
★May★--->> esse Taylor... Todos com dúvidas kkkk 💙 obrigada! 👏
S.veneno--->> obrigada! 💙 Demorei, mas continuei. 👏
