Enormes flocos de neve caíam do céu em plena noite, caindo sobre o para-brisa do carro alugado de Caleb Lombardi. O som irritante dos limpadores o embalavam em sua completa exaustão. As pálpebras se fechavam devido à sonolência, então abriu a janela.
O ar gelado da noite o atingiu em cheio, fazendo-o respirar fundo. O vôo de NY aterrissara com atraso em Chicago e, quando ele finalmente chegou ao hotel, o quarto que havia reservado já estava ocupado por outra pessoa. Sem ter onde dormir, ele decidiu guiar por mais duas horas até a casa dos seus pais em vez de perder mais tempo à procura de um quarto de hotel.
Não fora tanto a urgência de ir para casa que o havia feito enfrentar a tempestade de neve, mas sim o fato de que detestava perder tempo. Ele tinha ido embora a 11 anos para Manhattan e trabalhava a sete no mundo implacável do Relações Públicas, ele havia aprendido a ser muito eficiente e a tirar o máximo de cada minuto do dia. Não perdia tempo com nada que não pudesse fazê-lo progredir em sua carreira. Exercitava-se porque a academia era um bom lugar para fazer contatos. Pertencia a sete organizações de caridades diferentes apenas porque aqueles nomes ficavam muito bem no currículo. Ele havia trabalhado 16 horas por dia durante sete anos porque essa era a maneira de conseguir entrar como sócia na empresa. Sua vida girava em torno de sua carreira. Nada mais importava
— O que é que eu estou fazendo aqui ? — resmungou ele.
Emma, a irmã mais nova de Caleb, havia ligado há algumas semanas insistindo para que ele viesse passar a semana do Dia dos Namorados com a família. Emma tinha planejado um evento muito especial para a família, mas havia se recusado a fornecer maiores detalhes. Tudo o que disse foi que todos os Lombardi deveriam estar presentes. Os pais de Caleb tinham se casado no Dia dos Namorados, há 30 anos, portanto não era muito difícil adivinhar as intenções da irmã. Adore You interrompeu os devaneios de Caleb. Ele olhou para seu Iphone dourado sobre o banco do carona. Abriu-o para olhar o visor e "ao identificar de quem se tratava" voltou a jogar o aparelho sobre o assento de couro. Brian. Ele já havia ligado ao menos 20 vezes desde que Caleb saíra de Nova York para uma viagem de negócios, alguns dias atrás, mas ele evitara atender.
Ele e Brian tinham sido namorados por quase dois anos e ele havia planejado ir com ele até aqui para conhecer a família. Brian, porém, cancelara a viagem no último momento, alegando compromissos de trabalho. Foi então que Caleb percebeu que aquele relacionamento era pura perda de tempo.
Entre viagens de negócios e uma agenda lotada, eles haviam passado apenas três noites juntos nos últimos meses, muito pouco, considerando o fato de viverem no mesmo apartamento.
Ele se esforçou para enxergar por entre a neve à procura de uma placa que indicasse o caminho para a Villa Bella. Houve uma época em que ele conhecia cada palmo daquela minúscula cidade. Tinha passado todos os verões lá, até ir para a faculdade. Hoje mal se lembrava o caminho até a casa dos pais.
Caleb sentiu uma excitação familiar percorrer lhe as veias. Lembrou-se da emoção que tomava conta dele ao viajar com sua familia. Das viagem até o lago numa caminhonete lotada, com a mãe atrás do volante. Evan, o irmão mais velho, sempre sentava-se na frente para controlar o rádio enquanto Caleb sentava-se entre Emma e Adam, seus irmãos mais novos. Teddy, o caçula, ficava no colo dele ou de outro irmão. Os irmãos mais novos sempre viajavam em trajes de banho para que pudessem saltar do carro diretamente para o lago sem ter de parar para se trocar.
Caleb, porém, sempre tinha outras coisas em mente. A cada quilômetro que passava, ele ia ficando cada vez mais animado, a expectativa ia crescendo e os nervos ficavam à flor da pele. Será que ele ainda estava exatamente como ele se lembrava? Será que ele o veria de maneira diferente? Será que aquele seria o verão em que eles finalmente se beijariam?
Ano após ano, viagem após viagem, cada minuto de seu pensamento era dedicado a ele. Mesmo agora, Caleb havia flagrado a si mesmo praticando esses antigos hábitos. Jake Braga. Ele havia sido o príncipe encantado, a paixão de adolescência, o primeiro amor. Um rapaz incrivelmente sensual e charmoso. A família dele era dona da casa no lago ao lado da dele. Eles haviam passado os verões juntos por anos: os cinco Lombardi e os cinco Braga, uma tribo indisciplinada de crianças conhecidas em toda cidade como os Brardi.
Caleb havia olhado para Jake durante anos como um irmão mais velho, até que um belo dia Jake lhe deu um caldo. Ele afundou como um garotinho de 11 anos e voltou à tona como uma adolescente, vivendo a primeira paixão e com a certeza de sua sexualidade. Ele tinha 13 anos naquele verão e já era um rapaz muito bonito. Caleb ainda se lembrava dos olhos azul-claros de Jake, dos dentes perfeitos, das gotículas de água presas a seus cílios escuros quando ele sorria para ele e do rosto bronzeado, Caleb havia tentado tocá-lo, mas Jake afastou a mão dele abruptamente, franzindo as sobrancelhas, com uma expressão confusa. Foi só depois que aquele amor e admiração de menino se transformou em desejo de adolescente e, mais tarde ainda, em sentimentos que beiravam a obsessão, e acabaram terminando em uma grande humilhação. Caleb respirou fundo e suspirou. Tinha conseguido, nos últimos 11 anos, visitou a casa do lago apenas quando tinha certeza de que Jake estava em outro lugar. Mesmo assim, ele nutria a secreta esperança, a cada visita, de talvez cruzar com ele novamente e ter a chance de desfazer a bobagem que havia feito na noite do seu 18° aniversário. “Adore You” tocou mais uma vez e Caleb soltou um palavrão ao pegá-lo. Desta vez, porém, ele não reconheceu o número, mas apenas o código de área de NY. Depois que havia se tornado sócio da firma em que trabalhava, o chefe se sentia livre para ligar para ele a qualquer hora, fosse de dia ou de noite. Quase se sentia dono dele. Caleb ficou tentando imaginar que tipo de emergência podia surgir Aquela hora da madrugada.
— Alô?
— Eu imaginei que você estava controlando as chamadas, por isso fui obrigado a ligar de um telefone público.
Caleb reconheceu a voz de Brian e conteve outro xingamento.
— Eu não quero falar com você. Já lhe disse tudo o que precisava dizer antes de partir. Acabou, Brian.
— Caleb, nós podemos resolver isso. Estava indo tudo tão bem.
Ele riu, balançando a cabeça diante da capacidade dele de distorcer a realidade. Brian era um dos jovens advogados mais bem-sucedidos da Wall Street. Assim como ele, ele era capaz de tirar algo de positivo do maior desastre. Mas a relação tinha esfriado e eles se tornaram estranhos.
— Como é que você pode dizer isso? Nós não estávamos conseguindo nos encontrar e, quando o fazíamos, mal tínhamos o que dizer um ao outro. Só falávamos sobre trabalho.
— O que você queria? Eu posso falar sobre outras coisas.
— Não é essa a questão — disse Caleb, ainda mais frustrado.
Ele costumava ser capaz de expressar os desejos dele de maneira clara, mas desta vez não tinha a menor ideia do que queria. Sabia apenas que não queria reatar com Brian.
— Qual é a questão então? Perguntou Brian Irritado
Ele respirou profundamente.
— Eu não estou feliz.
— E quando foi que isso fez alguma diferença para você? Você trabalha incessantemente, nunca tira férias. Cada minuto de sua vida é planejado. É claro que você não é feliz. Quem seria? Mas é assim que você quer que as coisas sejam, Caleb.
— Não mais — disse ele.
Uma onda de pânico se apoderou dele de repente. Será que aquela era a coisa certa a fazer? Será que ele estava realmente pronto para abandonar aquele estilo de vida? Atordoado, começou a ouvir uma espécie de zumbido e achou que fosse desmaiar.
— Tenho que desligar agora. Eu telefono para você quando chegar. Adeus, Brian.
Ele encostou no meio-fio e baixou a janela, inalando profundamente o ar frio da noite. Tinha passado o último mês lutando contra aqueles ataques. Eles haviam se tornado quase diários. Caleb os atribuía ao estresse por ter sido nomeada sócio, à vida agitada na cidade e às dúvidas em relação a sua vida amorosa, mas sabia que nenhuma dessas era a causa verdadeira.
O som de uma sirene o assustou. Ele olhou no retrovisor e viu um carro de policia se aproximar, piscando os faróis. Viu então o policial sair do veículo e caminhar até o carro dele. Tremeu de medo ao se lembrar de algumas histórias que havia lido no jornal a respeito de estupradores e assassinos em série que se disfarçavam de policiais, mas tentou afastar aquele pensamento.
O policial bateu no vidro e Caleb o baixou um pouco mais.
— Mostre-me o seu distintivo — exigiu ele.
Ele o fez. Parecia verdadeiro. Ele abriu um pouco mais a janela e o devolveu.
— Carteira de motorista e os documentos do carro, por favor — disse o policial.
— Acho que não estou com os documentos aqui — disse Caleb. — O carro é alugado. Ele lhe estendeu a carteira de motorista e o contrato. — O carro é da Locadora StoCar. Eu não estava correndo.
— O senhor estava falando ao celular — retrucou ele. — Nós temos uma lei contra isso ,sabe. Andou bebendo, Senhor?
— Não — disse Caleb, atordoado com a pergunta.
— Só parei no meio-fio porque estava cansado. Estou precisando de um pouco de ar fresco.
O policial se deteve.
— Caleb Lemos Lombardi — resmungou ele.
— Você por acaso é Caleb Lombardi? — Perguntou ele apontando-lhe a lanterna para o rosto.
— Sim.
— Um dos Brardi ?
— Isso mesmo.
Ele desligou a lanterna e se inclinou sobre a janela, lançando lhe um sorriso amigável.
— Não se lembra de mim? Jeff Wilson. Nós saímos algumas vezes. Eu o levei para velejar e deixei o barco encalhar. Você me chamou de idiota e despejou uma lata de Coca-Cola na minha cabeça.
Caleb lembrou-se de tudo, inclusive de como ele havia tentado beijá-lo e passar a mão na bunda dele. A maioria dos rapazes com quem havia saído naquele verão antes da faculdade tinham tido uma única função na sua vida: tentar fazer com que Jake Braga ficasse sabendo.
— É claro — respondeu ele. — Jeff Wilson. Meu Deus, você virou um policial? Isso chega a ser irônico a julgar por todos os problemas que você causava na juventude.
— É verdade. Uma juventude desperdiçada. Mas eu me regenerei. Formei-me em Direito e comecei a trabalhar no Departamento de Polícia. Depois soube que estavam precisando de um chefe de polícia por aqui. — Ele guardou o seu bloco de multas. — Eu não vou multá-lo — disse ele, devolvendo-lhe os documentos — contanto que você me prometa que não vai mais falar ao celular enquanto estiver dirigindo.
— Obrigada — disse Caleb.
— O que é que você tem feito? Da última vez em que o vi, você estava prestes a entrar na faculdade.
— Eu trabalho em NY. Não venho aqui com muita frequência.
— É uma pena — disse Jeff. — A vida na cidade grande é ótima, mas só aprendi a apreciar este lugar depois que o deixei. Há algo especial aqui em Villa Bella, uma certa paz. — Ele deu uma batidinha na janela. — Guie com cuidado, Caleb. As estradas estão muito escorregadias. Boa noite.
Caleb teve a sensação de que Jeff ia dizer mais alguma coisa, mas ele se virou e voltou para a viatura. Pouco depois desligou os faróis e ele interpretou aquilo como um aviso para que voltasse à estrada. Entretanto, a caminho de casa, notou que Jeff o estava seguindo a distância. Ele se esforçou para enxergar as casas, avistando enfim a casa dos Bragas. A próxima pertencia aos pais dela. Caleb conduziu o carro para debaixo de uma árvores. Jeff, enfim seguiu o próprio caminho, aparentemente satisfeito por ele ter chegado ao destino.
Ele desligou o motor e olhou para a casa pela janela embaçada do carro. Olhando para aquele cenário pacífico, Caleb teve certeza de que não conseguiria trabalhar enquanto estivesse na casa da família. Havia, por isso mesmo, reservado um quarto num hotel do centro da cidade, a partir do dia seguinte. Caleb sabia que precisaria de um lugar para se esconder da loucura de sua família. Saiu do carro e pegou as malas, sem deixar de lançar um olhar para a casa dos Bragas. Havia uma luz na cozinha, mas o restante da casa estava às escuras. Ellis e Fran Braga certamente estariam presentes na festa, mas não havia razão para que os filhos deles tivessem sido convidados. Ainda assim, Caleb ficou se perguntando se haveria uma chance de ele se encontrar com Jake. Será que ele se lembraria daquela noite na praia ou fingiria que nada havia acontecido?
Já fazia 11 anos. Talvez fosse hora de se esquecer daquilo tudo. Ele não passava de um menininho apaixonado na época e não havia mais visto Jake desde aquela noite, antes de partir para a faculdade. Se ele quisesse repetir a ridícula cena adolescente e falar sobre o ocorrido, ele simplesmente se recusaria a discutir o assunto.
Eles tinham se envolvido em todo tipo de confusão quando eram crianças. Caleb era o único dos Brardi que nunca havia recuado diante de um desafio proposto por Jake. Ele usava todo e qualquer modo para ficar perto dele. Até aceitar os desafios idiotas dele.
A casa estava escura e silenciosa quando ele entrou. Ele se deteve no hall espaçoso e respirou fundo, inalando aquele cheiro familiar, uma mistura de aromas conhecido , da sua infância . Conhecia cada centímetro daquela casa. Aquele era o castelo dele. Não existe nada como voltar ao lar.
Caleb subiu as escadas e seguiu lentamente pelo corredor até o próprio quarto. Ao empurrar a porta, porém, percebeu que esteja estava ocupado por Evan e pelos filhos dele. Decidiu então dormir com Emma. Ele entrou no quarto da irmã e fechou a porta atrás de si. Pousou a mala no chão e caminhou até a cama. O quarto estava gelado. Emma estava coberta por um edredom, com um travesseiro sobre a cabeça.
— Em? — Sussurrou Caleb em frente à cama.
Ele tirou a jaqueta de couro e os sapatos. Emma sempre tivera o sono pesado. Caleb se sentou na beira da cama. Estava cansado demais para procurar um sofá. Descansaria algumas poucas horas e dormiria melhor no hotel na manhã do dia seguinte.
Ele tirou o jeans e se enfiou debaixo do edredom, puxando-o até a altura do queixo. Fechou então os olhos e deixou a mente vagar, voltando ao último verão que tinha passado na casa do lago. Jake fora passar as férias da universidade por lá. Caleb tinha ficado completo e totalmente obcecado com ele. Ele era lindo, esbelto, bronzeado e incrivelmente sexy. Ele passara o verão inteiro tentando fazer com que ele o notasse.Ele não mudou com ele depois que se assumiu, isso era um ponto positivo. Na noite de seu 18o aniversário, ele decidiu tomar uma atitude ousada. Estava a poucos dias de ingressar na faculdade e não queria partir virgem. Por isso criou coragem e abordou Jake na praia, arrancando a própria bermuda e pedindo que ele o fizesse seu.
Caleb gemeu, puxando o edredom até o nariz. A simples lembrança daquela oferta estúpida ainda era suficiente para deixá-lo ruborizado. Ele fechou os olhos e torceu para que Jake não aparecesse na cidade enquanto ele não tivesse ido embora.
Ele deveria estar a quilômetros de lá, pensou Caleb. Talvez até mesmo com uma mulher. Ele franziu as sobrancelhas diante da centelha de ciúme que invadiu lhe os pensamentos. A paixão por Jake já havia se acabado há muito tempo. Aquilo não era ciúme. Era algo mais próximo da inveja, pensou Caleb. Ele provavelmente havia conquistado tudo o que desejava e ele ainda estava tentando descobrir do que precisava para ser feliz.
Ele sempre havia achado que teria todas as respostas quando chegasse aos 30, mas já estava com 28 e parecia não haver mais muito tempo para isso. Quem sabe uma semana longe de NY e da vida que ele havia construído por lá o ajudassem a ter uma visão mais clara das coisas? Da vida?
Caleb bocejou e cobriu os olhos com o braço. Ele teria muito tempo para pensar nisso no dia seguinte. No momento, tudo o que ele precisava fazer era dormir.
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Uma musica despertou Jake Braga de um sono profundo. Ele gemeu baixinho e então se deu conta de que aquele não era o toque do próprio aparelho. Foi só então que percebeu que havia um corpo quente ao lado dele. No início, achou que estava sonhando, mas o peso da perna dele sobre as suas coxas, assim como o perfume dos cabelos era bastante real.
Jake tentou mover o braço e encontrou a cabeça dele aninhada em seu ombro. Ele estava na cama com um homem e não conseguia se lembrar do nome dele. Ok, ele tinha desejado alguns homens já. Mais ele não tinha decidido se iria ceder a esse desejo ainda.
O celular continuou a tocar e então parou. Aonde eles tinham se conhecido? Onde ele havia estado na noite anterior? Jake esperou pelos sinais de uma grande ressaca, suficientemente forte a ponto de apagar a memória, mas sabia que não tinha bebido. Por que então não conseguia se lembrar daquele homem?
— Pense — sussurrou ele para si, enquanto abria os olhos lentamente.
O lugar pareceu inicialmente desconhecido, mas aos poucos ele foi se lembrando de onde estava. Aquela era a casa dos Lombardi. O quarto de Emma. Mas então quem era o homem que estava na cama com ele? Ele puxou o cotovelo e olhou no relógio: 6 da manhã. Olhou então para o parceiro e afastou cuidadosamente o cabelo escuro ondulado do seu rosto.
— Droga! — Murmurou Jake, afastando rapidamente a mão.
Já fazia 11 anos que não via Caleb, mas aquele belo perfil, o nariz arrebitado, a pele perfeita e os cílios longos eram inconfundíveis.
Ele continuava exatamente como ele o havia guardado na lembrança. A única diferença era que Caleb Lombardi não era mais um adolescente desengonçado. Ele agora era um homem. Jake baixou os olhos em direção aos lábios macios e carnudos levemente entreabertos. Um homem muito sexy, gostoso e quente. Mas o que ele estava fazendo na cama dele? Jake lutou contra o desejo de se inclinar sobre ele e tocar-lhe o rosto. Quantas vezes ele havia pensado em beijá-lo? Cem, talvez duzentas? No verão em que ele havia completado 18 anos, Jake fizera de tudo para manter as mãos longe dele. Ele o havia evitado deliberadamente para não ter de pensar nisso. E agora tinha uma nova oportunidade. Por que não aproveitá-la? Jake se inclinou sobre Caleb, tocando os lábios dele com os seus. Ele se afastou quando ele se agitou, mexendo as pálpebras. Um suspiro escapou-lhe dos lábios e ele sorriu. Era óbvio que ele desejava que algo acontecesse entre eles, caso contrário, jamais teria se enfiado na cama dele. Era uma atitude audaciosa, considerando que os pais dele estavam dormindo logo ali ao lado, mas Caleb sempre fora conhecida pelas atitudes arrojadas.
— Quer que eu o beije novamente? — Sussurrou ele.
— Humm.
Ele se aninhou a ele, pousando a mão sobre o peito nu.
Jake enterrou as mãos no cabelo dele e beijou-o suavemente. Caleb pareceu se derreter com aquele contato, pressionando o corpo contra o dele enquanto um novo suspiro escapava-lhe da garganta. Ele tinha certeza que era hetero , mas Ele havia tido verdadeira obsessão por beijá-lo durante a adolescência e agora aquilo estava virando uma realidade. Jake estava atordoado com as sensações que haviam tomado seu corpo. E isso tudo por causa de apenas um beijo!
Já fazia algum tempo que ele não se envolvia com nenhuma mulher. No último ano, havia se flagrado à procura de algo que se mostrara muito difícil de encontrar: uma mulher que fosse forte igual um adolescente que sempre mexerá com ele. Estava farto de mulheres dispostas a se transformar naquilo que acreditavam ser o que ele queria.
Jake sorriu. Já conhecia Caleb há anos e sabia o quanto ele era transparente. Ele sempre o havia admirado, ele era corajosa. Ele era o único que era capaz de desafiá-lo. Caleb deslizou a mão quente pelo peito dele, até enfiá-la por dentro do cós da cueca pegando seu pênis na mão. Ele prendeu a respiração. Não havia acordado com uma ereção matutina, mas a situação mudou rapidamente depois que ele o beijou.
Jake o puxou sob ele, com os dedos ainda entrelaçados nos cabelos dele, moldando a boca à de Caleb. Caleb roçou os quadris contra os dele, sentindo o membro grosso e duro. Havia algo de muito excitante em tocá-lo daquela maneira, quase como se tratasse de algo proibido.
— Jake — sussurrou ele.
O som do nome dele emitido por aqueles lábios o atiçou. Ele aprofundou o beijo, mergulhando a língua na boca de Caleb com avidez. Aquele era Caleb, o menino que ele conhecia desde criança e que tão cuidadosamente tinha evitado, mas que agora poderia ser dele, ali, naquela cama. Não havia nada que os detivesse.
No passado, seu medo do desconhecido tinha o impedido de possuir Caleb, mas agora todos os seus instintos gritavam que o momento era perfeito para fazer isso.
Ao beijá-lo, Jake se flagrou vivendo uma fantasia que havia tido mil vezes. Ele escorregou a mão parar baixo da cueca dele e envolveu uma das nadegas dele, separando elas e acariciando lhe o seu buraco enrugado com o polegar. Ele tremeu e arqueou o corpo contra o dele, ainda de olhos fechados. Uma sensação desconfortável se apoderou dele por um momento, ao pensar que ele poderia estar sonhando. Jake se afastou e ficou olhando para o rosto dele, observando-o enquanto continuava a acariciar-lhe o seu buraquinho.
— Caleb?
— Jake?
— Abra os olhos.
As pálpebras se agitaram. Ele olhou para ele, primeiro sem expressão alguma, e então com uma confusão crescente.
— Bom dia — disse ele.
Caleb franziu a testa e esfregou os olhos.
— Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah.
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Espero que gostem. Bjs Bjs