Cap.9
Ao ouvir aquela voz, virei me, era o André.
-André ? O que está fazendo aqui ? - perguntei eu, surpreso.
-Eu perguntei primeiro – falou ele, lançando um olhar fulminante na direção dele.
-Ah, nós... Nós só estamos passeando...
-Passeando ? Você se esqueceu do que eu disse pra você ? - perguntou ele, olhando para mim.
-Ah, então é você quem anda falando de mim pra ele – Fernando se pronunciou.
-Sim, sou eu ! Falando mal não, salvando ele da sua mente doentia !
-Salvando de quê ? Por acaso eu pareci uma pessoa ruim para você André ? Por acaso eu maltratei você ? - de repente então ele tomou a foto que estava na minha mão – isso aqui parece maus tratos Maicon ? - ele olhou para a foto, atônito.
-Você acha que eu vou esquecer o que você fez comigo Fernando !? - arregalei os olhos, então não havia sido uma amiga. Ele é quem tinha se relacionado com Fernando e não queria contar.
-Parem já com esta discussão ! - falei eu, me metendo no meio deles dois – Fernando, vá pra sua casa. Amanhã nós nos vemos.
-Mas eu que trouxe você...
-Eu volto de táxi ! Agora vá... - ele olhou para mim, olhou pra ele e então virou de costas, indo embora – e você ! - olhei para o Maicon – vamos conversar já !
MINUTOS DEPOIS
Sentamos num dos bancos da praça, ligeiramente afastados do pessoal.
-E então ? Eu estou esperando uma resposta para aquela discussão – ele ficava calado – então foi você quem se relacionou com o Fernando ?
-Sim... Fui eu... E foi aquela experiência horrível que eu falei para você... Ele foi um canalha comigo André, não teve coração em nenhum momento. E quer fazer a mesma coisa com você...
-Como você pode ter tanta certeza disso ? Ele não me pareceu ser malvado.
-E a mim também não ! Mas foi ! André, ele não é um garoto para você ! Eu já tinha notado os seus olhares por ele... Não deixe se levar pelo olhar bonito que ele tem... Pelas possíveis boas palavras que ele possa dizer ! Ele é como a Viúva Negra... Usa e depois da o bote. Porquê é que vocês dois estavam aqui ? E passeando ?
-Ele meio que me chantageou... Disse que não ia fazer o trabalho se eu não saísse com ele.
-Mas isso não é chantagem... Era só dizer que ele ia ficar sem nota e pronto...
-Eu sei ! Mas ele iria querer que eu falasse com os pais dele porquê o motivo de ele não vir seria porquê tinha que viajar, e eu não queria falar com ninguém.
-E como foi ?
-Foi... bom... - eu não conseguia me enganar. Apesar do que ele dizia, dentro de mim algo pulsava pelo Fernando, e dizia que ele era uma rapaz bom.
-Eu posso ser melhor que ele ! - falou, colocando a mão sobre a minha.
-O quê ?
-Sai comigo ! Eu posso ser melhor que ele...
-Mas... Porquê isso agora ?
-Eu não quero que você caia nas garras dele André... Eu não quero que você sofra, você é um rapaz muito bom para que isso aconteça. Vamos, saia comigo, e eu te mostrarei que sou melhor que ele !
-Depois nos conversamos a respeito disso Maicon... Agora eu quero ir embora...
-Ok, eu vou com você até o ponto de táxi. Mas não esqueça, agora eu irei disputar o seu coração – de repente ele se aproximou de mim e beijou o meu rosto – com ele... - falou, então andando ao meu lado. Meu coração acelerou novamente. Mas, não era a mesma sensação de quando Fernando fez isso.
NO DIA SEGUINTE
É óbvio que eu passei todo o tempo que restou pensando no que havia acontecido naquela praça. O passeio com o Fernando tinha sido bom, ele tinha sido um amor comigo, porém o que Maicon me disse me forçava a ficar com o pé atrás, e não dar muitas brechas a ele. Tinha medo do meu coração me trair. Tinha medo de sofrer.
-Você sabe se o seu amigo gosta de Pizza, André ? - minha mãe perguntava.
-Deve gostar né mãe, não conheço ninguém que não goste...
-É... Vou fazer algumas hoje a tarde para o jantar...
-Ok... - bebia água a beira da geladeira até ela falar de novo
-Esse seu amigo é o mesmo que saiu com você ontem ?
-É...
-Ah... Ele é bonito não é ?
-Você o viu ?
-Vi... Foi até bem educado comigo... Parece ser um bom rapaz...
-É... Eu também acho...
E o Maicon, sempre a embaralhar os meus pensamentos. Ele diz uma coisa, porém o Fernando me mostra outra, eu não sei em quem acreditar, nem o que fazer.
-André ! Seu amigo está aqui – minha mãe disse... Sai do quarto, desci as escadas e lá estava ele, vestido mais casualmente, com uma camisa, uma bermuda e uma sandália.
-Oi... Eu trouxe tudo o que tinha na minha casa a respeito desse assunto, trouxe uma pesquisa que eu fiz também e falei com a minha avó. Agora só falta você fazer o seu lado da pesquisa... - fiquei impressionado.
-Bateu com a cabeça e lembrou que tem que estudar, foi ?
-Não... É que você me inspirou... - falou ele, sussurrando esta última frase.
Começamos a andar em direção ao meu quarto, e logo entramos.
-Olha, você gosta de rock ! Incrível... Tem uns postêrs bacanas – dizia ele, olhando para a minha parede – como conseguiu ?
-Alguns amigos me deram, outros eu comprei. Mas enfim, vamos lá Fernando... Temos bastante coisa para fazer...
-Ok, capitão ! - disse ele, batendo continência. Eu apenas sorri.
Começamos a fazer o trabalho naquela tarde ensolarada. E o tempo começou a passar com nós dois ali dentro do quarto.
-Olha André, você acha que essa foto pode entrar no trabalho ? - eu estava sentado numa mesa no canto do quarto. Ele trouxe a foto e eu a olhei.
-Pode... Mas tem que ter um texto bacana para combinar... - naquela hora notei que ele estava me olhando – o que foi ? Porquê você está me olhando ?
-Porquê eu te acho bonito... E eu gosto de olhar coisas bonitas...
-Deixa as cantadas para depois Fernando, agora... - ele me interrompeu.
-Espera... Vamos esclarecer umas coisas primeiro... - falou ele, me puxando da cadeira em direção a cama. Logo sentamos – o que foi que o Maicon falou pra você de mim ?
-Ontem ou antes ?
-Ao todo...
-Bem, antes ele disse pra mim que você tinha namorado uma amiga dele. Ontem eu descobri que foi com ele. Disse que você o traiu, deixar ele sozinho nos lugares, beber e fez ele passar vergonha, e terminou o namoro de uma hora para outra. Ontem, ele disse que você foi um canalha com ele, que não teve coração em nenhum momento. E quer fazer a mesma coisa comigo. Que fala coisas bonitas, mas na verdade é igual a Viúva Negra – ele olhou para o lado.
-Eu não vou mentir pra você André. Já que ele contou a história do jeito dele, omitindo várias coisas, eu conto a história de verdade. Eu nunca fui apaixonado pelo Maicon, André. Ele é que era apaixonado por mim. E ele vivia correndo atrás de mim, assim como eu hoje corro atrás de você. Como ele não escondia de ninguém que era apaixonado por mim, as pessoas começaram a pressionar para que nos namorassemos. Meus pais estavam muito chateados comigo, e sempre melhoravam quando eu levava um bom rapaz em casa, e eu acabei então namorando com ele. Sim, eu fiz todas essas coisas que ele disse, mas ele também não foi o melhor rapaz comigo !
-Porquê não ?
-Logo quando eu começei a namorar com ele, eu começei a perceber umas coisas. Eu não era feliz vivendo na promiscuidade com vários rapazes. Eu queria descobrir o que era amor. Os meus pais não me ensinaram o que é, eu não sei o que é amar alguém. O Maicon era um rapaz que parecia poder me mostrar o que era amor. Parecia. Porquê, passado algum tempo do nosso início de namoro, ele começou a ficar frio comigo, como se tivesse, sei lá, se apaixonado por outra pessoa. Passou a furar comigo nos programas que a gente marcava juntos, mais eu relevava porquê achava que ele podia me mostrar o que era amar. Até que certo dia, eu não aguentei mais. Fui pra balada sem ele, e o vi no meio da balada se esfregando com outros rapazes. E então fiz todas essas coisas que ele relata pra você. O trai, passei a sair com ele e em seguida deixá-lo sozinho, bebia muito quando saia com ele só de raiva, e quando a situação ficou insustentável eu terminei o namoro. Eu posso não ter sido um bom namorado, mas ele também não foi ! - a minha cabeça embaralhou mais ainda.
-Agora eu não sei em quem acreditar... - de repente então ele pegou na minha mão.
-Olha André, os meus pais nunca foram legais comigo. Enquanto a maioria das pessoas tinham pais que cuidavam bem deles, os meus não estavam nem ai pra mim, só ligam pro trabalho. Quando eu me assumi gay, eles nem disseram nada. Eles nunca me deram um carinho, nada. De modo que eu cheguei na adolescência sem saber o que é amor. Sem acreditar que ele existia. Ficava com um, ficava com o outro, sem me importar com os sentimentos das pessoas. Até que nos últimos tempos, eu tenho notado um vazio tão grande. Me sinto sozinho. Ninguém gosta de mim, porquê eu tenho fama de ser metido, por não ligar muito pra ninguém. Ninguém mais fica comigo, porquê eu tenho fmaa de galinha. Você mesmo, só tá aqui falando comigo agora porquê tem obrigação, senão eu estaria longe. Vejo alguns amigos dizerem que eu nunca namorei com ninguém de verdade, por que senão não ficaria de um pra outro. Porém os rapazes também não são o que eu quero. A maioria deles são fáceis. Por eu ser um galinha, só me procuram pra transar. Só ligam pra minha beleza. Mas, você é diferente. Você foi o primeiro que não ligou para a minha aparência, que ela não é a melhor coisa em mim. Foi o primeiro rapaz que a minha beleza não passou por cima da personalidade. Além disso, você é o primeiro que acelerou o meu coração. Que me faz ficar algum tempo a pensar. Que me faz querer melhorar. Você é um rapaz especial ! Eu tenho certeza que você, de verdade, pode me mostrar o que é amor de verdade....
-Mas... Eu nunca amei ninguém... Como eu poderia fazer isso ? - de repente então ouvimos a voz da minha mãe.
-André, não se esqueça que amanhã você tem que ir no hospital fazer a transfusão !
-Transfusão ? Você faz transfusão de sangue ? Mas, pra quê ?
Continua
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