A colisão afiada me acordou porque minha cabeça, que estava doendo, bateu contra o chão duro. Eu percebi que estava em movimento e, a julgar pela pequena luz, descobri que eu estava no porta-malas de um carro. Minhas mãos ainda estavam amarradas, mas os zip ties tinham afrouxado e eu estava flexível. Consegui fazer meus braços deslizarem sobre meus quadris e fiquei com meu traseiro sobre as minhas mãos. Estava dobrado como um pretzel, mas o resultado foi que eu passei minhas mãos para frente para que eu pudesse usá-las. Eu comecei a trabalhar imediatamente na lanterna traseira, como eles dizem para você fazer em todos os livros de autodefesa já escritos. Arranque a lanterna e acene para as pessoas na estrada. Se houvesse pequenas coisas para jogar para fora, deveria fazer isso também. Eu trabalhei tão rápido quanto eu consegui. Senti o cheiro acobreado do sangue, e eu esperava que não fosse de Caleb ou meu. Não que Caleb estivesse comigo, o que era assustador, já que eu não tinha ideia de onde ele estava. Mas eu afastei isso da minha mente e me concentrei em empurrar a lanterna para fora. Era um carro velho e tudo estava oxidado, por isso foi mais difícil do que normalmente teria sido. Quando paramos de repente, eu tive apenas tempo suficiente para colocar minhas mãos contra a minha cabeça, para que elas atingissem minha testa em vez do porta-malas. O carro parou de sacolejar silenciosamente para uma corrida suave com um zumbido. Tínhamos saído de uma estrada de terra, ou algo assim, para uma estrada pavimentada.
Eu tentei com todas as forças fazer a lanterna traseira cair, mas foi inútil. Quando eu consegui rolar e me virar para tentar a outra, tínhamos parado. Ouvi vozes, e houve uma batida repentina acima de mim.
“Faça um som e Caleb Reid está morto.”
Eu congelei. Ele tinha que estar no banco de trás ou em algum lugar próximo.
“Você está me ouvindo?”
“Sim,” eu sussurrei antes de limpar a garganta para falar mais alto. “Sim.”
“Bom.”
Eu fiquei lá tentando ouvir qualquer coisa, tentando sentir se o carro se mexendo, querendo chamar Caleb, mas, ao mesmo tempo, com medo de ser ouvido. A mistura de tensão, adrenalina, medo e me fez ficar com vontade de fazer xixi. Foi doloroso, e eu rolei de costas e confrontei a tampa do porta-malas enferrujado.
Ouvi o riso antes de o carro dar partida; o motor foi ligado e eu levei um golpe duro antes que pudesse erguer as mãos para proteger meu rosto. Fui atirado de um lado para o outro e ouvi gritos, além de música alta. Rolei, me curvando em uma bola, e tentei proteger tanto do meu corpo quanto eu podia.
O passeio continuou por muito tempo, o zumbido constante dos pneus com apenas uma colisão ocasional, que adormeci. Eu tentei com todas as minhas forças não pegar no sono, mas continuei estremecendo apenas para perceber que tinha estado babando. Quando o carro parou subitamente, os freios chiaram e eu fui arremessado contra a parte de trás com tanta força que eu fiquei sem fôlego. O porta-malas foi aberto e eu pisquei contra a luz e os rostos perplexos olhando para mim. Eles me olharam e eu olhei para eles, memorizando seus rostos.
“Oh merda,” um dos rapazes disse. “Aquele cara era um maldito sequestrador de merda!”
“Merda!” Outro gritou e eu ouvi os pés batendo no chão enquanto eles fugiram.
Eu não tinha certeza do que fazer. Após vários minutos olhando para o céu que clareava lentamente, sentei-me e olhei em volta. O estacionamento da loja de bebidas estava deserto, exceto por um mendigo na esquina com seu carrinho de compras e três caras conversando ao lado de um edifício. Eu estava em algum lugar do centro – podia ouvir o metrô chacoalhando por perto – e como os arredores não eram completamente estranhos, eu comecei a me acalmar. Cruzei as pernas, me sentei no porta-malas e tentei decidir qual era a melhor coisa a fazer.
Eu não tinha telefone celular, estava sem minha carteira, sem dinheiro; o hospital mais próximo estava a vários quarteirões de distância e encontrar um policial em uma parte deserta da cidade de manhã cedo seria um milagre. Quando começou a nevar, saí, trêmulo, do porta-malas. Eu não achava que deveria deixar o carro – todos os episódios de CSI que já tinha assistido me diziam que não – mas também não queria ser um alvo fácil se os sequestradores viessem me procurar. Embora as chances de isso acontecer fossem mínimas. Era a situação mais ridícula do mundo. O carro do sequestrador tinha sido roubado. Cômico.
Respirei fundo enquanto caminhava pelo estacionamento e até a esquina com a calçada. A frente estava coberta por tábuas e havia panfletos antigos de bandas que fizeram shows na cidade colada nas tábuas. Quando olhei mais para baixo da rua, havia uma loja fechada de reparos em automóveis e, em frente, um chaveiro fechado e uma loja que vendia aspiradores de pó. Do outro lado da rua havia um hotel que anunciava quartos por 10 dólares o pernoite, 15, se você quisesse tomar um banho. Não havia uma luz acesa em nenhuma janela. Não havia nada aberto em qualquer lugar, nenhum sinal de vida, tudo estava deserto. Pedaços de lixo explodiram do outro lado da rua e para a sarjeta. Estava frio e escuro e um pouco sombrio. Eu andei em direção ao final da rua e tentei descobrir onde eu estava. Descobri que estava perto de La Salle, o que não era ruim. Eu conseguiria chegar em casa, apenas levaria uma eternidade, já que eu estava a quilômetros do meu apartamento. Mas primeiro iria verificar o carro, ver se, por acaso, a chave ainda estava lá.
Quando eu voltei e vi as chaves penduradas na ignição, comecei a rir. Era um absurdo. Entre os sequestradores e os ladrões de carro, não sabia quem eram os idiotas maiores. Eu tinha esperanças de que, sendo Caleb um cara inteligente, ele também tivesse conseguido escapar. Eu entrei, fechei a porta, e deixei o estacionamento.
Tudo deu certo, uma vez que, dirigindo o carro do sequestrador, eu poderia levar todas as provas comigo. Eu estacionei em frente à delegacia de polícia do centro. Era um zoológico, barulhento e lotado, mas eu fiquei na fila e esperei minha vez. Quando finalmente cheguei ao sargento, pedi para chamar o detetive Sam Kage para mim. Fui informado de que o detetive estava fora, mas que sua parceira, detetive Stazzi, estava livre para me ver. Pedi para subir, mas ele me disse para me sentar ao invés. Fui até a sala de espera e escorreguei na primeira cadeira que vi. Ouvi meu nome um minuto mais tarde e levantei a cabeça a tempo de ver Chloe voando pela sala até mim. Ela estava gritando com as pessoas para que saíssem de seu caminho e os outros dois homens ao seu lado – grandes caras, como Sam – separaram a multidão para ela. Quando ela se ajoelhou na minha frente, com as mãos no meu rosto, eu sorri para ela.
“Oi.”
“Jesus Cristo, Jory,” ela respirou, seus olhos em cima de mim. “De onde foi que você veio?”
Então eu disse a ela sobre o carro do sequestrador que eu tinha estacionado em frente à estação e tudo sobre Caleb e eu, e sobre como eu estava preocupado com ele.
Ela assentiu e sorriu, usando uma voz muito suave enquanto falava comigo, e mandou que trouxessem vários cobertores para mim. Ela estava muito preocupada com a temperatura do meu corpo e com o tamanho das minhas pupilas e com o fato de que eu estava falando a mil por hora. Quando ela sugeriu que eu fosse para o hospital com ela, concordei, já que eu queria fazê-la feliz. Eu lhe disse que estava apenas fazendo isso por ela.
“Obrigado, querido.” Ela sorriu para mim, olhando para os outros dois homens, me guiando para a porta, o telefone celular na mão.
“Você está ligando para Sam?”
“Sim, querido.”
Eu balancei a cabeça. “Será que vocês poderiam ligar para Dane e dizer-lhe para me encontrar no hospital?”
“Sim.”
“Aja está bem? Eu a vi correr, mas só...”
“Aja está ótima. Estávamos preocupados com você.”
“Eu estava preocupado com ela e com Caleb. Tentei...”
“Jory, todo mundo está procurando por você. Era com você que estávamos preocupados. Nós não tínhamos certeza se você estava ferido ou...”
“Eu estou um pouco machucado, mas... você pode dizer a Sam que eu sinto muito?”
Ela assentiu, dirigindo-me para a porta. “É claro. Agora fique comigo, ok? Abra seus olhos para mim.”
Eu estava fechando meus olhos?
“Jory... querido...”
Mas minhas pernas sumiram e até mesmo chamar meu nome não ajudou. Não consegui ver mais nada.
* * * * *
Acordei no hospital e, mesmo que Chloe quisesse que eu entrasse em uma maca, eu me recusei. A cadeira de rodas estava fora de questão também. Eu me arrastei ao seu lado, meus pés instáveis, e quando olhei para cima e o vi na entrada da sala de emergência, eu sorri.
Vi seu peito se contrair, ouvi a inspiração aguda enquanto ele ficava lá, de pé, congelado, me analisando, me absorvendo com os olhos. Os músculos de sua mandíbula estavam se contraindo, assim como os do seu pescoço. Seus olhos estavam devastados e eu me senti péssimo, ali de pé, sabendo que eu era a causa.
“Eu não tive a intenção de ser sequestrado,” eu disse quando cheguei perto o suficiente para que Sam me ouvisse.
Ele correu através dos poucos metros que ainda nos separavam e levantei os meus braços a tempo de recebê-lo quando ele me esmagou contra ele, com o rosto enterrado em meu ombro. Ele respirou fundo enquanto me segurava com força.
“Jory.” Ele estremeceu com força.
“Sam,” Eu suspirei, ouvindo seu coração batendo em seu peito, atraindo o calor de seu corpo e puxando-o para o meu. Ele era tão sólido e forte, eu só queria me inclinar nele e ser segurado. “Diga alguma coisa boa.”
“Eu te amo.” Ele beijou o lado do meu pescoço, meu ombro, deslizou as mãos sob o meu suéter para acariciar minha pele nua.
O calor de sua voz, a ternura do seu toque, fez com que meu corpo se aquecesse. O homem não apenas me amava – eu era seu lar. Ele não funcionava sem mim.
“Porra, por que você não me ligou?!” ele rosnou, dando um passo para trás para olhar para mim. Eu percebi o quanto eu precisava dele perto de mim. Quando me estendi para ele, ele balançou a cabeça.
“Eu não tinha um telefone,” eu disse, em forma de uma explicação. “Eu fui onde pensei que estaria. Isso foi inteligente, não foi?”
Ele segurou meu rosto com as mãos e olhou em meus olhos.
“Certo?”
“Amar você vai acabar me matando, porra.”
Eu sorri em seus belos olhos e ele me puxou de volta e me beijou longa e duramente. Eu estava tão perdido no beijo que, quando ele interrompeu, eu gemi alto.
“Deus, Jory, eu estava com tanto medo. Ninguém sabia onde você estava e... bebê, você não pode simplesmente...”
Puxei-o para mais um beijo, minha boca o devorando, minha língua se enroscando com a dele.
“Pare.” Ele me empurrou para trás, mas me agarrou com força ao mesmo tempo, para ter certeza de que eu não caísse. “Você me assustou pra cacete.”
Eu coloquei minhas mãos na lateral do pescoço dele. “Eu sinto muito.”
“Temos que examinar você e...”
“Eu estou bem.” Eu sorri, inclinando a testa contra seus lábios. “Eu só preciso dormir.”
“Bebê...”
“Caleb está bem? Eu fiquei tão assustado quando...”
“Bebê,” ele me cortou, pegando meu rosto em suas mãos. Suas mãos estavam tão quentes; eu percebi o quanto eu estava congelado quando estremeci. “Você precisa me deixar cuidar de você.”
“Ele está realmente fora de si,” Chloe disse atrás de mim. “Você deve levá-lo para dentro.”
Sam não respondeu, concentrando-se em mim. “Jesus, J, suas pupilas estão enormes.”
“Ah, é?”
“Alguém bateu...”
“Eu fui atingido na parte de trás da cabeça,” eu disse antes de sorrir para os olhos dele. Eu me sentia como se estivesse flutuando e tinha certeza de que Sam era a razão. Porque eu o amava. “Mas realmente não está mais doendo, eu só...”
Sua mão foi para o meu cabelo quando ele inclinou minha testa em seu peito. “Ah, merda, J, tem um calombo enorme aqui atrás.”
“Eu estou bem,” eu disse enquanto inclinava a cabeça para trás e beijava seu queixo. “Estou tão contente em vê-lo. Senti sua falta.”
“J,” ele disse bruscamente, balançando-me um pouco. “Bebê, abra seus olhos.”
Eu percebi, quando abri os olhos que, de repente, eu estava olhando para ele no fim de um longo túnel. “Sam, eu te amo.”
“Jory! Bebê!” ele gritou comigo e eu me senti como se estivesse caindo, como se eu estivesse em uma montanha russa, aquela queda em seu estômago pouco antes de começar a descer. E então, não vi mais nada.
* * * * *
Eu gemi quando abri meus olhos. “Merda.”
“J?”
Rolei minha cabeça para a esquerda e lá estavam Sam, Dane e Aja.
“Ei, bebê.” Sam sorriu para mim, sua voz suave, gentil, estendendo a mão e tocando em meu rosto. Ele estava tão quente e eu me inclinei para ele. “Como você se sente?”
Eu resmunguei. “Eu me sinto uma merda. O que há de errado comigo?”
“Você teve um caso leve de hipotermia, uma concussão, e está severamente desidratado. Já lhe deram três bolsas de soro.”
“É mesmo?”
“Sim, querido. Você estava realmente fora de si antes.”
Eu balancei a cabeça e olhei para Dane. “Me desculpe. Eu sinto muito ter preocupado você.”
Ele contornou a cama, se inclinou e tomou-me em seus braços. Eu suspirei e ele me abraçou forte, seu rosto contra o meu cabelo.
“Dane, por favor...”
“Você salvou Aja e está salvo em casa. Eu não poderia pedir mais de você.”
“Você não está com raiva de mim?”
“Com raiva de você?” Ele exalou profundamente, esfregando minhas costas. “Não, Jory, estou agradecido. É tudo.”
“Tem certeza?”
“Jory, você é incrível. A única razão de eu gritar com você e me preocupar com você é porque você é meu irmão. Se você... se alguma coisa... eu...”
Eu relaxei em seus braços e meus olhos se fecharam. Os lábios que tocaram minha bochecha eram leves e macios, como pétalas de uma rosa. Eu sorri lentamente. “Aja,” eu suspirei, abrindo os olhos com grande esforço, seu rosto adorável como minha recompensa. “Oi.”
“Jory.” Ela sorriu, embora seus olhos estivessem enchendo rapidamente, o lábio inferior tremendo. “Oh baby, eu estava tão assustada.”
“Não chore.”
Mas ela não podia falar porque as lágrimas afogaram sua voz.
“Dane, deixe-me abraçar sua esposa,” Eu suspirei.
Ele jogou o braço ao redor dela, puxando-a para perto de modo que ambos estávamos no círculo de seus braços, ele nos segurando com força. “Eu não posso perder nenhum de vocês,” ele mal conseguiu falar.
“Você não vai,” garantiu-lhe Sam, sua mão esfregando círculos na parte inferior de minhas costas. “Mas eu acho que você tem que colocar J de volta na cama antes que ele desmaie.”
E eu não ouvi o que Dane respondeu, porque o quarto se inclinou para a esquerda de repente e eu caí em um buraco negro.
* * * * *
A mão estava, lentamente, afastando o cabelo do meu rosto, gentilmente, amorosamente. Era muito bom. “Você está acordado?”
Eu fiz um barulho.
“Abra seus olhos, então.”
Abri apenas uma fração e vi Sam sentado lá, olhando para mim.
“Como você se sente?”
“Meu corpo inteiro dói.”
Ele acenou com a cabeça. “Eu aposto que sim.”
A barba de três dias, seus olhos suaves, a maneira como seu cabelo estava meio despenteado, o sorriso tímido e torto que derretia o gelo de seus olhos azuis sombrios, infundindo-lhes com calor... tudo isso fez meu coração doer. “Você parece tão bem.”
Ele apenas olhou para mim. “Eles querem que você passe a noite no hospital em observação por causa da concussão.”
“Eu quero ir para casa.”
“Eu sabia que você ia querer, foi o que eu lhes disse. Dane está cuidando de tudo agora.”
“Bom,” Suspirei profundamente, “porque eu só quero dormir com você.”
“Bebê...”
Senti a picada das lágrimas em meus olhos. “Eu senti sua falta.”
“Eu também senti sua falta, amor.”
“Isso é ainda melhor do que bebê.” Eu sorri para ele, deixando escapar um profundo suspiro de contentamento. “Eu mal posso esperar para ir para casa.”
“Ok, bebê,” disse ele, e colocou a cabeça em meu peito, sobre meu coração.
Eu passei meus dedos por seu cabelo enquanto olhava pela janela, assistindo a neve que se acumulava no batente. Os dias cinzentos e nublados eram os meus favoritos, e eu fui confortado pela escuridão.
* * * * *
Sam me deu uma escolha. Eu poderia ser carregado até o quarto de Caleb ou eu poderia ir de cadeira de rodas. Eu escolhi a cadeira, e quando cheguei ao quarto e o vi, fiquei tão aliviado que comecei a tremer. Caleb tinha sido atingido de raspão por uma bala que atingiu sua perna, mas, fora isso, ele estava em ótima forma. Na verdade, ele parecia muito melhor do que eu, machucado e surrado.
“Eu estava tão preocupado com você,” disse a ele, segurando sua mão, tentando não chorar.
“Eu sei.” Ele suspirou, me abraçando apertado. “Você se importa tanto comigo.”
E eu me importava. Nós éramos amigos, e familiares, mais ou menos. Fiquei com ele enquanto Sam permitiu. Achei triste que Caleb não tivesse ninguém para se sentar com ele. Sam me garantiu que não ia ser eu.
Quando chegamos em casa e Sam estacionou o carro na rua em frente ao meu apartamento, eu abri a porta para sair.
“Não se mexa, J.”
Então eu esperei que ele saísse para dar a volta, e quando ele desceu, eu pulei para fora. Antes que eu pudesse andar, porém, ele me pegou em seus braços.
“Oh, inferno, não.” Eu me contorci para obrigá-lo a me soltar. “Eu não sou uma garota, Sam. Você não pode me carregar como...”
“Vou levar você até o apartamento,” ele me disse, “e se eu colocá-lo sobre o meu ombro você vai ficar enjoado. Então, hoje você vai assim.”
“Mas Sam, eu...”
“Não, J, pare de falar.”
Eu suspirei, percebendo que ele ia fazer do jeito dele já que não havia nada que eu pudesse fazer.
Ele esfregou o queixo no meu cabelo enquanto me levava até a varanda da frente e passava pela porta que dava para o hall de entrada do edifício. Eu deixei minha cabeça cair sobre seu ombro e senti quando ele apertou mais forte.
“Caleb vai ficar bem, não é?”
“Essa é a quinta vez que você me pergunta.”
“Não, eu sei,” eu disse. “Eu só estava preocupado com ele.”
“Foi você quem se machucou, J, ele deveria estar preocupado com você.”
“Ele levou um tiro.” Eu estava incrédulo. “Eu nem sequer...”
“Ele foi atingido de raspão por uma bala, foi isso. Você, por outro lado...” Ele respirou para se acalmar. “Você foi sufocado, levou uma surra, chutes e...”
“Eu estou bem,” eu o interrompi antes que ele ficasse nervoso. “Você pode ver que eu estou bem.”
“Bem, Caleb também,” ele se virou para mim. “Ele está em melhor forma do que você.”
Eu ia mencionar novamente que Caleb Reid tinha sido baleado, mas Sam não parecia receptivo à lembrança.
“Caleb teve bem mais sorte do que você,” disse Sam, destrancando a porta de segurança. Eu lhe disse que poderia a subir as escadas sozinho, não precisava ser carregado, mas ele nem sequer diminuiu a velocidade. “Só me deixe tomar conta de você... por favor.“
“Por que você não me coloca no chão?”
“Porque eu não quero. Gosto de segurar você,” ele disse e subiu as escadas sem esforço, mesmo com o meu peso adicional.
Apertei-o com força e senti a respiração profunda que ele tomou quando chegou à minha porta. Meu apartamento estava exatamente como eu havia deixado dias antes. Era tão bom estar em casa.
“Está frio aqui,” ele comentou enquanto trancava a porta atrás dele.
“O radiador ainda não está a todo vapor.” Eu bocejei. “Mas vai ficar.”
“Sim, e você vai estar congelado até lá.”
Eu não conseguia parar de bocejar. Meus olhos lacrimejavam, eu estava tão cansado. “Preciso tanto de um banho.”
Ele me levou para o banheiro, e depois que eu prometi não desmaiar e bater com a cabeça no azulejo ou na torneira, ele foi acender a lareira enquanto eu retirava minhas roupas e eliminava os resquícios dos meus dias de cativeiro.
Quando eu estava secando meu cabelo com uma toalha, ele entrou com um moletom, meias e uma camiseta de mangas longas para mim. Ele me olhou enquanto eu me trocava.
“O que?”
“Nada.” Ele balançou a cabeça. “Estou feliz em vê-lo.”
“Onde é que você vai com a minha roupa?” Eu perguntei quando ele colocou o meu jeans, suéter e botas em um saco plástico.
“São evidências,” ele disse. “Vou chamar alguém para vir buscá-las.”
“Ok,” eu disse fracamente, “Vou me deitar.”
“Você deve tentar comer alguma coisa.”
Mas só pensar em comida era repugnante. “Talvez mais tarde,” eu disse, me afastando dele.
Minha cama era incrível e eu afundei nela. Eu estava quase dormindo quando ele voltou, mas senti a cama se mexer quando ele se deitou.
“Venha aqui.”
Eu me levantei e ele me puxou para seus braços, de modo que eu estava deitado com as pernas entre as dele e minha cabeça em seu peito. A batida do seu coração era muito reconfortante, assim como seu calor.
“Você sentiu minha falta?”
“Mais do que isso,” disse ele, com as mãos em meu cabelo, nas minhas costas, me acariciando.
“É?”
“Eu não consigo dormir da mesma maneira quando você não está comigo. Eu percebi isso quando estive longe todo aquele tempo. Você é o único que me faz esquecer todo o resto para que eu possa apenas... ser eu mesmo.”
“Você sabe, para um grandalhão do tipo durão e silencioso, você diz um monte de coisas realmente boas.”
“Sim, bem, eu tento.”
“Não, você não tenta.” Eu sorri, meu corpo ficando pesado. “E essa é a melhor parte.”
“J, você...”
“Espere,” eu disse, rolando sobre meu estômago para longe dele, alcançando entre meus ombros para puxar minha camiseta sobre a minha cabeça. “Olhe.”
“J, eu estou tentando... oh merda.” Escutei-o suspirar.
Sorri para o travesseiro quando senti suas mãos quentes deslizando sobre minhas costas.
“Jory... bebê, você colocou o meu nome em você.”
“Sim, eu coloquei,” eu disse suavemente. Esta era a primeira vez que Sam estava vendo a minha tatuagem. Eu não tive chance de mostrar a ele antes que tudo acontecesse.
“Eu não...” Ele parou, e isso me deixou muito feliz.
A tatuagem era simples, apenas grandes letras pretas, mas era especial porque eu tinha levado um pedaço de papel com sua assinatura comigo para o estúdio de tatuagem. Eles haviam usado um projetor para ampliá-la e, em seguida, desenharam sobre a minha pele. O resultado era como se o próprio Sam tivesse assinado o seu nome diretamente sobre meu ombro direito. Não havia como não saber a quem eu pertencia agora.
“Como você fez isso?”
Eu grunhi enquanto suas mãos deslizavam para cima e para baixo pela minha coluna, sobre a parte inferior das minhas costas, e mais para baixo sobre a minha bunda, massageando, tocando minha pele, afastando a tensão com cada toque.
“Jory?”
“Você gostou?”
“Sim,” ele disse simplesmente, sua voz rouca, beijando a tatuagem suavemente, e em seguida, traçando o mesmo caminho que suas mãos, pelas minhas costas até minha bunda. “Eu estava apavorado, J. Eu nunca tive tanto medo, mesmo antes.”
Eu descansei minha cabeça em minhas mãos, tentando me virar sem sucesso. Ele me queria embaixo dele.
“Há hematomas em suas costas e sobre as costelas.”
“Um dos caras me agrediu um pouco.”
“Havia sangue em suas roupas,” disse ele firmemente.
“Não pense mais sobre isso.”
“Não.”
“Estou em casa agora.”
“Eu sei, eu só... não estamos mais perto de parar esse cara.”
“Nós?”
“É. Eu, minha parceira, o departamento, os federais... todos nós.”
“Você vai dar um jeito, Sam.”
Ele limpou a garganta. “Você sabe que Dane pediu para falar com você quando ele conversou com Caleb, mas o cara disse que não.”
“Você estava com medo que eu estivesse morto, não é?”
“Não, porque Caleb disse que estava tudo bem, mas... Eu queria falar com você.”
“Claro.” Eu tremi quando suas mãos começaram subir sobre as minhas costas.
“Sente-se bem?”
“Você sabe que sim.”
“Eu senti falta de esfregar sua bundinha apertada de manhã.”
Eu me concentrei em respirar.
“Eu senti falta de tudo em você.”
“Sinto muito por tê-lo assustado.”
“Querido, você não tem nenhum motivo para se desculpar.”
“Eu me sinto... estranho. Acho que talvez eu esteja um pouco fora de mim agora.”
“Bebê, você está tão fora que não tem nem ideia. Depois de tudo o que aconteceu e você esta calmo, conversando comigo, divagando sobre o quão engraçado o carro ter sido roubado depois de você ser sequestrado... Jory, querido, você deve estar apavorado.“
“Mas isso é tão estúpido, Sam. Vamos lá, é engraçado como o inferno.”
“Você está em estado de choque, bebê.”
“Estou?” eu perguntei, rolando para o meu lado.
Ele imediatamente deitou de conchinha comigo, me segurando perto para que eu estivesse envolvido por seu calor.
“Sam.” Eu suspirei enquanto fechava meus olhos, tão cansado de repente.
“Você sabe que, após isso, você vai fazer exatamente o que eu mandar, certo?”
“Ok.” Senti sua mão deslizar para cima até meu pescoço e ele inclinou minha a cabeça para trás.
“Obrigado por colocar meu nome em você, J, é a coisa mais sexy que eu já vi na minha vida.”
E eu podia sentir como ele estava excitado pela forma como ele pressionava contra mim, a maneira como sua mão escorregava para baixo sob o cós elástico do meu moletom e depois para dentro, sob minha cueca. Eu inspirei quando sua mão quente se fechou ao redor do meu eixo.
“Sam,” Eu tentei respirar.
“Shhh,” ele me acalmou enquanto se movia ao meu redor, me rolando sobre minhas costas, movendo-se pelo meu corpo, arrastando minhas roupas com ele até meus joelhos.
“Sam,” eu chamei seu nome quando minhas costas se curvavam e eu arqueei para fora da cama.
Na mesma hora eu fui engolido em um calor úmido e apertado, senti mãos fortes em meus quadris, ancorando-me sob ele, e olhei para os olhos fixos nos meus. E eu sabia que, para ele, o jeito como eu reagia lhe disse que estava tudo bem. Para Sam não havia o que substituísse ações, já que, para ele, as palavras eram baratas. Ele poderia me perguntar se eu estava bem e eu poderia mentir. Meu corpo não podia. Quando eu estremeci e agarrei seu cabelo, ele ficou feliz. Eu vi o brilho em seus olhos quando seu nome foi arrancado de mim; e depois, quando eu fiquei ali, com forças apenas para olhá-lo, exausto demais para fazer qualquer outra coisa, ele respirou profundamente para se acalmar.
“Acredite em mim Sam... eu te amo.”
Ele acenou, olhando para mim dessa maneira possessiva que era típica dele. “Eu sei.”
“Eu preciso cuidar de você,” eu disse, sorrindo, tentando me levantar da cama.
Sua mão em meu abdômen me acalmou. “Fique aí, feche os olhos.”
E eu pensei que talvez ele fosse dizer outra coisa, mas ele apenas olhou para mim. Tentei esperar, mas era uma batalha perdida. Eu estava dormindo segundos depois.
* * * * *
Estava claro quando eu acordei, e ele estava sentado na cama ao meu lado, lendo. Levantei a cabeça e, sem olhar para mim, ele bateu em seu peito. Eu me aproximei e ele me alcançou, colocando minha cabeça sob seu queixo. O suspiro veio de dentro de mim, subindo, e eu senti seu rio suave retumbando antes dele esfregar o queixo em meu cabelo. Ele disse que me amava e eu fechei os olhos de novo. “Que horas são?”
“Cerca de nove horas.”
“Da noite?”
“Não, amor, da manhã.”
“Deus, eu dormi muito tempo.” Eu bocejei languidamente, me sentindo bem demais para me mexer, sabendo que eu deveria.
“Sim, dormiu. Você precisava.”
“Eu deveria me levantar e fazer algo para você comer.”
“Fique quietinho aí e me deixe te abraçar.”
Eu passei meus braços em volta de seu pescoço e me aconcheguei contra ele. Ele me abraçou apertado e beijou minhas pálpebras. Eu estava tão tranquilo, meu corpo tão pesado, me senti drogado pela sua proximidade, por sua atenção.
“Eu te amo.” Eu bocejei.
“Eu sei, querido. Volte a dormir, você está seguro. Estou aqui.”
Ele não tinha ideia de como isso era reconfortante.
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Gente meu município está sem água a TRÊS SEMANAS já, me sentindo no tempo medieval.
NinhoSilva - Concordo com você , Kkkk Eu leio e penso, ' Cara, a galera vai pirar'. Continue acompanhando conosco. Choraremos juntos logo mais. Bjx
Beauteful - Concordo com você completamente. kkk Esses dois são apaixonantes. Bjinhos Amore
andersoncleiton - Sorry, kkk Não foi a intenção. Eu juro. Mais nem demorei viu. Não fique bravo comigo... Bora curtir outro capitulo Bjx
magus - Quero matar você não menino. kkk Oxe, Voltei rápido , para não correr risco de você surtar. Bora ler o capitulo Kkk Bjx
Cintia C - Queria o Sam me alimentando. Aiiinw. Kkkk De nada queridaaah. Pode perguntar . Bjxx
Rogean - Somos dois , Somos dois. Kkkk Se encontrar primeiro, me fala, onde você achou. KKkkk Tambem espero um final feliz, mais pena que a vida tem umas infelicidades. Bjss
henrinovembro - Irmão biologico? Será meudeuz? Ele já transou com tanta gente,né? Para ser um rejeitado não custa nada. Vamos vê se nesse capitulo se explica isso. Bjxx