Durante a minha vida eu fui sequestrado duas vezes, levei tiros, surras, fui perseguido em um carro, e arrancado da rua. Isso acaba te anestesiando para experiências surreais. Por causa de tudo isso, meu irmão Dane tem certeza que o meu sentido indicador de coisas estranhas está desregulado. É possível. Coisas que outras pessoas, pessoas normais, acham que são loucas ou horripilantes, realmente não me incomodam; então, de tempos em tempos eu tenho dificuldade em diferenciar loucura varrida de psicose grave. Eu também preciso verificar ocasionalmente para me certificar de que alguma coisa que eu disse estava certa, realmente. Tenho tendência a ser aceitar demais certas situações e circunstâncias. Tipo, se um amigo meu me pedisse para guardar uma arma para ele, eu provavelmente o faria simplesmente porque ele é meu amigo, por que eu iria questioná-lo?
Esta capacidade de confiança deixa meu parceiro, meu marido, – nos casamos no Canadá e usamos alianças – Sam Kage, absolutamente furioso. Mas, ultimamente, como ele estava fora, eu não tinha que me preocupar em me explicar ou minhas ações. Eu queria, porém; queria ser interrogado, porque assim eu saberia que era amado. Sam se importava o suficiente para me colocar contra a parede, e eu sentia falta disso.
O homem em questão estava longe há três meses, quase quatro, participando de uma força-tarefa federal. Eu ansiava por sua presença, seu toque, seu cheiro nos lençóis, a xícara de café vazia na pia, e as toalhas que ele deixava no chão do banheiro. Sentia falta de estar na cama com ele, e meu corpo doía e pulsava com sua ausência. Eu estava descontando minha energia sexual na academia, e estava correndo como um homem treinando para uma maratona. Eu até derrotei o meu irmão em um jogo de raquetebol, algo que, para acontecer, as estrelas tinham que estar alinhadas. Quando Dane olhou para mim com admiração estampada em seu rosto, eu disse a ele que precisava que Sam voltasse para casa para que eu pudesse transar. Como sempre, quando eu compartilhava demais, recebi aquele olhar de nojo que ele conseguia fazer melhor do que ninguém.
Eu precisava me manter ocupado, de modo que trabalhar no fim de semana parecia uma boa ideia. Foi por isso que eu me ofereci para um sábado com Michelle Cooper em vez de ficar deitado, comatoso, em meu apartamento por dois dias. Normalmente, quando Sam estava em casa, os sábados eram para dormir, fazer horas de sexo, e tomar café da manhã tarde (ou almoçar cedo). Sam de manhã com sua voz rouca, olhos suaves, o cabelo desgrenhado e barba por fazer e poderia parar meu coração. Seu sorriso quando ele abria os olhos azuis, a maneira como se enrugavam nos cantos, a curva de sua boca... Eu não consegui evitar. De repente, tive que me mexer onde eu estava no trem porque meus jeans estavam apertados na frente. Eu precisava parar de pensar em meu homem.
Brincando com a banda de platina no dedo anelar da mão esquerda, desci para a plataforma de Oak Park e desci as escadas até a rua. Eu adorava aquela vizinhança, até mesmo já tinha morado lá, e era louco pelas pequenas lojas, os ótimos restaurantes, e a loja de joias que vendia âmbar do Mar Báltico, que minha melhor amiga, Dylan Greer, colecionava. A chuva havia parado, mas o céu estava escuro e nublado, a rua escorregadia e molhada com poças de água, o ar ainda cheirando à chuva. Passando por um restaurante, o aroma de xarope de bordo me atingiu, e senti um desejo súbito de comer torradas. Eu fiz uma nota mental para um brunch em um restaurante eu gostava depois da minha reunião/introdução/consultoria.
Três anos atrás, Aubrey Jenner, na época Aubrey Flanagan, Dylan Greer e eu tínhamos nosso próprio negócio. Mas a Harvest Design fechou as portas sob a economia fulminante, e fomos forçados a vender e encontrar novos empregos. Eu não consegui encontrar um emprego na minha área e me recusei a voltar a trabalhar para o meu irmão, então acabei na Synergy.
O que eu tinha pensado ser um bom trabalho na época, quando eu precisava de alguma coisa, qualquer coisa, e estava desesperado, agora eu percebia estar lentamente apodrecendo minha alma.
“Um pouco dramático?” Dylan me perguntou ao telefone.
Ela ainda não estava acostumada também com seu trabalho como designer gráfico de nível inicial na Tateman Limited, mas pelo menos estava usando suas habilidades.
“Oh, Jory, você está usando os dons que Deus lhe deu, e muito,” ela explodiu comigo. “Você tem um jeito de conversar com as pessoas, melhor do que qualquer um que eu conheça.”
Eu gemi.
“Então pare de reclamar sobre isso e encontre um maldito novo emprego!”
E eu precisava, mas admitia ser preguiçoso, porque o trabalho era fácil e eu ganhava muito bem.
“Ligue-me mais tarde. Eu quero ir àquela loja que vende esses temperos estranhos, mas esse cara... “
“Peter.”
“Sim, Peter. Ele me odeia, então você tem que falar com ele. “
“Ele gosta de você, não seja estúpida.”
“Ele gosta de você, Jory,” ela me assegurou. “Ele quer colocar as mãos em cima de você. Eu posso ver pela forma predatória como ele olha para você.“
“Que seja,” disse eu, só pra concordar.
“Ele quer sim, você simplesmente não enxerga. Você nunca enxerga até que seja tarde demais.“
O que isso significava? “Tudo bem, eu te ligo mais tarde.”
“Bom, vá trabalhar.”
Assim eu fiz, e quando terminei e liguei para ela, fomos fazer compras juntos. A loja de especiarias tinha sido a nossa terceira parada em Chinatown, e Peter tinha sido prestativo como era normalmente. Eu tinha certeza de que Dylan estava delirando. Ela sempre via mais interesse nos homens ao meu redor do que eu mesmo. Eu suspeitava de que ela estava acariciando meu ego.
Mas eu realmente precisava de um emprego novo, porque trabalhar na Synergy, sendo assistente de um consultor que ajudava um casamenteiro, não era minha ideia de diversão.
Na Synergy proporcionávamos reformas de vidas; ver a propaganda posando como material de garantia. Nós chegávamos, destruíamos sua casa, dávamos uma repaginada em você, e encontrávamos um parceiro. Era como uma mistura de Queer Eye for the Straight Guy com The Millionaire Matchmaker , exceto que não havia câmeras e levava cerca de um mês do início ao fim e havia o que eles chamavam de check-ins ou sequências, depois.
Primeiro, eu aparecia com um conselheiro e conhecia o cliente, documentava o horror de sua vida, e comunicava ao nosso casamenteiro. Havia cinco equipes na Synergy, cada uma liderada por um casamenteiro. Eu trabalhava com Michelle Cooper, um dos seis conselheiros que se reportavam a Becker Rowe, nosso casamenteiro e, finalmente, a Blake Somersby, nosso diretor.
Chegando à casa depois das 11 horas, olhei para a porta da frente e imediatamente vi Michelle e o resto da equipe. Mesmo se eu não estivesse procurando por ela, não havia como não vê-la. Ela era uma beleza com seus cachos loiros curtos e olhos verdes que olhavam para mim como se eu fosse a Segunda Vinda. Ela estava brilhante e polida em seu terno Stella McCartney e passava a impressão de frio equilíbrio, mesmo enquanto me chamava com seu dedo. Meu sorriso era enorme enquanto eu caminhava em direção a ela, minha bolsa batendo contra meu quadril enquanto eu andava rapidamente para chegar até ela.
“Eu poderia desmaiar agora, com você chegando na hora e tal,” disse ela, zombando de mim quando me aproximei.
“Para você eu chego na hora certa,” eu disse, retornando seu sorriso. “Para Keith, eu não sei.”
Ela assentiu com a cabeça. “Ele não gosta de trabalhar com você.”
“Ele é um idiota,” eu disse a ela, olhando para os outros. “Estou certo?”
“Ele está certo,” Lily Chow concordou em voz alta, enquanto outros resmungavam seu acordo.
“Viu?”
“Jory!” Ela tentou não rir. “Ele é um colega meu.”
“Como se eu me importasse. Ele não quer trabalhar mais comigo, mesmo.“
“Sim, eu sei, apenas Gina e eu gostamos de você.”
Eu abri minha boca para lhe dizer que eu não dava a mínima, mais uma vez, mas ela me silenciou com a mão. “Tudo bem,” eu disse, “mas como é que o seu marido deixa você trabalhar no fim de semana? Eu pensei que vocês tinham uma regra ou algo assim? “
“Ele está trabalhando em um grande caso.” Ela fez uma careta. “Ele não pode sequer fazer uma pausa hoje e jantar comigo, então eu ficaria sozinha de qualquer maneira.”
“Ah bom, então você pode comer comigo depois,” eu disse, me juntando a ela e aos outros na varanda.
“Eu adoraria fazer isso, Sr. Harcourt.” Ela sorriu para mim.
“Ótimo, é um encontro,” eu disse, estendendo a mão para ajeitar seu colarinho amassado, alisando-o de volta no lugar antes de sorrir para os outros quatro membros de sua equipe.
“Ei.”
Eu olhei para ela.
“O que há de errado?”
Eu dei de ombros.
“Jory?”
“Nada,” eu menti.
Ela pegou meu braço e me levou para um local a alguns metros. “Você odeia isso aqui.”
“Não odeio,” eu disse enquanto brincava com a corrente de prata em volta do meu pescoço. Sam tinha me dado uma medalha de São Judas alguns anos atrás, e já que ele era o santo padroeiro dos policiais, eu usava para me certificar de que ele, o santo, soubesse que eu estava prestando atenção. Eu queria que ele cuidasse de meu homem.
“Sim, você odeia.”
“Está tudo bem, eu juro.”
“J, coordenação de eventos não é a minha parte favorita do show também, mas é um trabalho, certo? Quer dizer, eu não sei quanto a você, mas eu preciso do dinheiro.“
Mas ela não precisava, não realmente. Seu marido era um engenheiro de software em uma firma importante no Centro. Era eu quem precisava do emprego.
“Ok?”
“Ok,” eu assegurei a ela. “Agora, vamos lá, vamos entrar e ver a farsa que esse homem chama de casa.”
“Oh, eu sei,” disse ela, admiração infundindo sua voz: “Eu mal posso esperar para entrar lá.”
“Sério?”
“Jory, você está brincando? Olhe para esta casa. Deve ser incrível lá dentro.“
Eu achava que o lado de fora parecia um pouco degradado e um lixo.
“Olhe para os vitrais e toda a madeira natural e...”
Mas ela teve que parar quando a porta se abriu e fomos confrontados com um homem loiro de olhos azuis, que nos olhava com curiosidade, se não completamente irritado.
Ele era mais alto do que eu, mas a maioria dos homens era. Com 1,75 m, eu não estava nem perto de ser grande. Mas o estranho na porta era magro e musculoso – não grande e musculoso como Sam era, mas poucos homens eram assim. A forma do estranho era esculpida e forte, algo óbvio, já que a camiseta que ele usava estava abraçando o peito tonificado e o tronco como uma segunda pele. Ocorreu-me que ele parecia pertencer aos Alpes, vestindo um casaco, alguém cujo nome era Siegfried. Tive desejo de cantar yodel , mas me controlei; ao invés disso, olhei para Michelle, como sempre dando deferência ao vendedor, assim como à mulher, em nosso meio.
“Boa tarde.” Michelle exibiu um sorriso enorme, dando ao homem o benefício de olhos brilhantes, linhas de dentes brancos e perfeitamente alinhados, e lábios que se curvavam no canto em um sorriso lindo. Ela era adorável.
“Bom dia.” Ele sorriu de volta, tomando a mão que ela lhe oferecia.
“Eu sou Michelle Cooper da Synergy, e este é Jory Harcourt.”
“Prazer em conhecê-los,” disse ele, sorrindo para mim também, apertando firmemente minha mão.
“E você,” eu perguntei a ele. “está pronto para nos deixar tomar conta de sua vida?”
“Se eu disser mais ou menos, você vai usar isso contra mim?”
Forcei um sorriso antes de olhar de volta para Michelle. Depois que ela apresentou o resto de sua equipe, ele convidou todos a entrarem, movendo-se para fora do caminho para que pudéssemos entrar.
No interior, Michelle imediatamente começou a falar sobre os pontos positivos que o Sr. Fisher extrairia de sua parceria conosco. Nós poderíamos assegurar-lhe que... blá-blá-blá... Eu me abaixei ao virar a esquina antes de adormecer ali de pé. As lenga lengas das vendas acabavam comigo, assim como as nossas reuniões matinais com nosso chefe Blake Somersby, que era a razão de eu chegar atrasado diariamente. Enviava os outros em meu lugar em vez disso, e Blake me disse em um número de ocasiões, quando me encontrava nos corredores depois, que ele sentia minha falta. Eu tinha perguntado a ele se ele queria que eu roncasse na frente de todos. Ele franziu o cenho, mas depois disso não insistiu mais em minha presença.
Dentro da casa, fiquei impressionado com o desperdício completo e total de espaço. Sr. Fisher poderia fazer qualquer coisa com a sua casa e tinha, em vez disso, escolhido não fazer absolutamente nada. Poderia ser um refúgio, um palácio, um santuário, e em vez disso era uma casa de fraternidade. Era muito mais terrível do que eu jamais poderia ter imaginado, até a escolha da música que estava tocando. Ainda bem que eu tinha o meu iPod; coloquei meus fones de ouvido e peguei minha câmera digital para registrar o horror que era a casa do homem. Eu estava cantando em silêncio junto com Eric Clapton, óculos de sol em cima da minha cabeça, onde eu tinha os colocado quando entramos na casa, quando Michelle e nosso cliente se juntaram a mim meia hora mais tarde.
Hayes Fisher estava sorrindo largamente.
“O que?” Eu perguntei, retirando o fone esquerdo.
“Você tem um coração de rock 'n' roll?”
Eu sorri. “Sim, como você sabe?”
Ele acenou com a cabeça. “Eu amo Eric Clapton. Por que eu não tenho esse álbum?“
Eu dei de ombros. “Não sei. Pelo que eu ouvi, você não tem nenhuma boa música.“
Michelle gemeu.
“Desculpe?” A expressão de Fisher mudou quando ele fez uma careta para mim.
E rápido assim, eu já o tinha deixado irritado. Era um dom, realmente. Olhei para Michelle. “É por isso que eu normalmente não converso com os clientes.”
Ela riu quando saí da sala para tirar mais fotos.
Eu não era encantador, tendia a ser direto, e sempre sentia que os clientes precisavam saber a verdade sobre as coisas. Eu tinha aprendido isso quando trabalhei para o meu irmão Dane há alguns anos atrás. Dane simplesmente falava o que pensava, e então eu também falava. Era um mau hábito, no entanto, já que eu não era o deus arquitetônico que ele era. Dylan sempre me falava que havia maneiras de dizer as coisas às pessoas. Honestidade não era, por vezes, a melhor política. Eu precisava aprender a arte da delicadeza. Eu disse a ela que, se eu ainda não tinha aprendido, provavelmente não aprenderia nunca. Eu já tinha 30 anos de idade, pelo amor de Deus.
“Sr. Harcourt!“
Olhei por cima do ombro ao som do meu nome.
“Você está me ouvindo?”
Claro que não.
“Você poderia simplesmente... você poderia tirar isso dos seus ouvidos para que eu possa falar com você?”
Eu concedi um fone de ouvido. Deixei o do lado direito. “Hã?”
“Hã?” Ele repetiu a palavra, irritado.
“Ah, sim?” Dane odiava “hã” também. Meu irmão dizia que “hã” era uma praga que havia se abatido sobre a humanidade, uma palavra desleixada e usada em demasia. E ele não se considerava uma pessoa tensa.
“O que?”
“O que eu posso fazer por você?” Agora eu estava irritado.
“O que você está fazendo?”
“Estou detalhando o horror,” disse eu, como se fosse óbvio, acrescentando um tom cínico à minha voz para enfatizar.
“Perdoe-me?”
Fiz um gesto ao redor.
“Você tem alguma coisa para...”
Michelle tentou invadir a conversa. “Sr. Fisher, eu acho...”
“Sr. Harcourt, você...”
“Estou ocupado,” disse eu, sacudindo minha câmera digital para que ele pudesse vê-la. “Eu só estou tirando fotos para que a equipe de projeto saiba o que vão enfrentar.”
“Enfrentar?”
“Bem, sim.”
“Como assim?”
Fiz um gesto ao redor de modo que ele entendesse que eu quis dizer tudo.
“Você tem um problema com a minha casa?”
Michelle riu sem graça. “Não, ele...”
“Sim,” eu disse a ele: “Eu tenho um problema. Parece uma casa de fraternidade aqui, exceto que é limpo. Não tem garrafas de cerveja vazias à vista. “
“Como é que é?”
“É incrível o que você não fez.”
“O que?”
“O que foi?” Fiquei confuso. Eu estava falando Inglês, estava certo disso.
Carranca sombria, sobrancelhas franzidas quando ele olhou para mim.
“Tome isso, por exemplo,” eu disse, apontando.
“É um pufe,” disse ele defensivamente, esfregando o topo de sua cabeça. “Os filhos do meu amigo adoram isso.”
“É mesmo?”
“Sim.”
“Bem, que bom. Você pode dar a eles.“
“O que?!”
“Jory,” Michelle começou, “talvez o Sr. Fisher gostaria que nós criássemos uma sala de recreação para...”
“Basta nos dizer para onde devemos enviá-lo. Posso conseguir um serviço de entregas para hoje.“
“Sr. Harcourt, você...“
“Cristo.” Eu estava pasmo, examinando o pesadelo. “É uma bagunça aqui.”
“Você poderia...”
“Posso lhe fazer uma pergunta pessoal?”
Pego de surpresa, ele engoliu ar e apenas balançou a cabeça.
“Você traz encontros aqui?”
“Eu, o que? Sim.“ Sua voz falhou e ele limpou a garganta. “Sim.”
“Você tem certeza?”
“Vou trazer.”
“Vai ou não? Você não parece muito certo.“
“O quê? Sim, claro.“
“Tudo bem.” Eu sorri para ele, alargando meus olhos, me certificando de que ele sabia que eu o achava louco. “Contanto que você tenha certeza.”
Ele se virou para Michelle. “Sra. Cooper, o seu parceiro...”
“Sr. Fisher, eu...”
Liguei o iPod novamente para não precisar ouvir o que quer que eles estivessem dizendo um ao outro enquanto eu analisava os detalhes: a estante de blocos de concreto e madeira compensada, as caixas de leite segurando sua coleção de filmes, a lâmpada de plástico pendurada na sala de estar, a corrente dourada pendurada nela que passava pelas cortinas, caindo para o meio do chão, onde estava então conectado a um cabo de extensão de laranja que, por sua vez, estava plugado em uma parede distante. Era muito mais do que hediondo. E depois havia o clorofito no canto.
O único outro lugar que eu tinha visto um gancho de planta macramé antes, foi em fotos da casa dos pais de Sam, dos anos setenta. Acho que havia uma de sua mãe sentada ao lado de um daqueles na sala de estar. Peguei meu celular e tirei uma foto apenas do suporte e, em seguida, uma minha e do gancho juntos. Eu estava fazendo minha melhor impressão de Vanna White , e enviei para o gerente do projeto, Wade Fujihara. Recebi rapidamente uma mensagem de texto e ri quando li. Ele estava muito confuso sobre onde eu estava, ou mais precisamente, em que época eu estava. Eu tinha entrado na máquina do tempo para ir trabalhar, ele tinha plena certeza.
“Jory!”
Percebendo que ela estava gritando, tirei meus fones de ouvido e olhei para Michelle. Ela estava bem atrás de mim, aparentemente tinha estado lá por vários minutos, e Hayes Fisher estava de pé ao lado dela. “Sim?”
“Sr. Harcourt,” Fisher começou bruscamente. “Eu...”
“Você acabou de se mudar para cá certo?”
“Eu... o quê?”
“Li no seu perfil. Você costumava viver em Nova York, mas é originalmente daqui, de Chicago, e você se mudou de volta depois de um divórcio horrível porque sua família está aqui, certo?“
“Sim, eu...”
“Então, a maior parte do lixo aqui é do proprietário anterior.”
“Não, eu...”
“Você não os fez limpar tudo, simplesmente se mudou, certo?”
“Não, tudo isso é meu.”
“Oh,” eu disse, arrastando a palavra. “Uau, lá se vai o benefício da dúvida, hein?”
“Sr. Harcourt!“
“Estamos falando sobre a casa ou estamos apenas conversando?”
“Você...”
“Desculpe, você obviamente tem algo a acrescentar,” Eu suspirei, mesmo que minha mente tivesse começado a viajar. Foi por isso que eu tinha parado de ir à igreja quando alcancei a idade suficiente para decidir por mim mesmo. Eu tinha informado a minha avó que sempre me sentia mal porque eu estaria pensando cookies de chocolate ou algo assim quando deveria estar pensando em Deus.
“Você tem alguma ideia do quão ofensi...”
“Você sabe qual é a coisa mais legal sobre dirigir?” Eu perguntei, desistindo, no momento, de continuar minha tarefa.
“O quê? Não, eu não...”
“Você quer saber?”
“Eu...”
“Quer?”
“Sr. Har...”
“Quer?”
Ele respirou fundo, ergueu as mãos, e fez um gesto para que eu continuasse.
“Ok, então a coisa mais legal sobre dirigir é que, se você faz papel de idiota em um semáforo – deixar o carro morrer, interromper o cruzamento, não reparar que a luz ficou verde até que alguém buzine atrás de você – que seja, não importa; porque no momento em que você chega no próximo semáforo, já está com um novo grupo de motoristas que nunca te viram mais gordo. Você é novo. É apenas mais um idiota dirigindo um carro, igualzinho a eles. Eu adoro isso. É como fazer tudo de novo a cada sinal vermelho.”
Ele ficou olhando para mim.
“Legal, né?” Eu balancei as sobrancelhas para ele.
Seus olhos, que eram realmente de um tom lindo como o céu azul, estavam fixos nos meus.
“Portanto, vamos fazer tudo de novo. Sinto muito por insultar sua completa falta de interesse em sua própria casa, e você vai perdoar a minha análise contundente de seu fracasso colossal. Soa bem pra você?“
Sua boca estava aberta, mas não saía nada.
Olhei para Michelle. “Eu tentei.”
Ela estava olhando para mim.
Gina Bailey, a única outra conselheira no grupo em que eu estava, sabia que não devia me deixar falar com os clientes. Michelle, aparentemente, não tinha recebido o memorando. E eu tinha tentado escapar. Não era minha culpa que o homem estava me seguindo.
Eu tinha que tentar consertar. “Deixe-me fazer uma pergunta séria,” eu disse, me dirigindo a Hayes Fisher. “Você quer ou não quer alguém especial em sua vida?”
“O que?”
“O objetivo disso tudo não é mostrar a todos que você é um partidão?”
“O objetivo disso é...”
“É encontrar alguém para casar, certo? Quer dizer, em vez de sair e namorar e fazer o trabalho duro, você está passando para nós, através de um serviço, e nós vamos fazer uma festa enorme, onde você vai ter a chance de mostrar sua nova casa e seu dinheiro e onde haverá várias mulheres disponíveis, prontas para se estabelecer e se tornarem esposas e mães. Estou certo?“
Ele estava perdido, isso era óbvio.
“Então engula seu orgulho ao me ouvir dizendo que este lugar se parece com um monte de excremento – o que, a propósito, é verdade – e deixe-nos fazer o nosso trabalho sem o incômodo de ouvir você gemer e reclamar sobre como essa boca de fumo aqui não é tão ruim.”
“Desculpe, o que você disse?”
Deixei minha voz soar mais baixa. “Oh, você tem que se desculpar mesmo.”
“Boca de fumo?”
Eu dei de ombros. “É abominável.”
“Eu...”
“Vamos todos nos dar bem? Sim ou não, porque eu não quero enviar Wade aqui se você vai encher o saco dele. Ele é sensível.”
“Ele é sens...”
“E um babaca pomposo, mas isso vai trabalhar para o seu benefício, pois tudo o que ele vai querer é o melhor para você.”
Ele ficou lá, olhando para mim.
“Então,” perguntei-lhe, “você está dentro ou fora?”
“Eu... Sr. Har...”
“Jory,” eu o corrigi, estendendo a mão para dar-lhe um tapa no braço. “Apenas Jory.”
“Você...”
“Dentro ou fora?” Perguntei novamente, pressionando por uma resposta.
Ele olhou para mim por vários minutos antes de finalmente dizer, “Dentro.”
“Ótimo,” eu disse, apontando para Michelle, que estava sorrindo para mim.
Ele olhou por cima do ombro para ela, e eu comecei a me mover, mas antes que eu pudesse, ele estava barrando meu caminho, correndo na minha frente.
“Algo mais?”
“É apenas um apartamento de solteiro. São todos iguais.“
“Não,” eu assegurei a ele, tentando contorná-lo.
Ele se colocou na minha frente de novo, tão rápido, que eu tive que parar para não esbarrar nele.
“Que solteiros você conhece?”
“Uns com decoradores melhores,” eu disse, sorrindo para ele.
“Eu...”
“Sim,” eu disse, olhando ao redor, “isso aqui é uma farsa.”
“Sr. Har...”
“Jory,” eu corrigi de novo, me afastando dele, interrompendo-o. Fiquei surpreso quando ele me seguiu novamente.
“Você pode parar de andar?”
“Eu estou trabalhando, Sr. Fisher,” Informei a ele, sorrindo para Michelle, que parecia estar sofrendo novamente. “Eu não sou pago para apenas bater papo durante todo o dia.”
“O que você...”
“Huh,” eu grunhi quando meus olhos passavam pelo cômodo.
“Você pode parar com isso?”
“Claro,” eu disse distraidamente, olhando para todas as paredes vazias, todo o espaço. “Jesus.”
Ele olhou para mim, franzindo a testa. “O que você faria diferente?”
“Há tanta coisa que você poderia fazer.”
“Como o quê?”
“Como tudo o que Wade e sua equipe sugerirem,” eu assegurei a ele. “Basta estar aberto a isso.”
Ele estava sem palavras quando eu me virei, analisando as paredes.
“Espere.”
Eu olhei para ele.
“Você...”
“Segure esse pensamento.” Eu sorri rapidamente, deixando seu quarto, franzindo o nariz como se algo cheirasse mal.
“O que foi?”
“Incrível,” disse eu, distraidamente, olhando pela segunda vez o carretel gigante sendo usado como uma mesa de café. Eu pensei que, talvez, da primeira vez eu estivesse vendo coisas. Mas estava ali, grande como a vida, bem no meio de sua sala de estar. “Quem diria que você ainda consegue achar um desses.”
“Eu...”
“Eu preciso tirar uma foto,” eu disse, tirando a foto, enquadrando-a de modo que Wade pudesse ver todo o espaço desperdiçado no cômodo. “Wade vai distender algum músculo de tanto rir.”
“Sr. Har...”
“Jory,” eu o lembrei pelo que parecia ser a décima vez, deixando-o sozinho para que eu pudesse verificar um dos quatro quartos não utilizados. Estava cheio de equipamentos e calçados esportivos. E cheirava a cachorro molhado.
O segundo quarto era reservado aos hóspedes. Se você estivesse em liberdade condicional, se sentiria em casa. Inóspito era um eufemismo. O terceiro quarto estava sendo usado como um escritório, e em seu quarto havia espelhos nas portas do armário que não se encaixavam e estavam cortados em uma espécie de formas abstratas. Eu não conseguia articular minha repulsa. Tirei uma foto para Wade, e a palavra “farsa” foi enviada em uma mensagem como resposta. Eu resmunguei minha concordância.
Fui até a cozinha, peguei meu laptop, e comecei a fazer upload de todas as fotos que eu havia tirado. Enviei todas para Wade e recebi uma chamada de volta em cinco minutos. Era um novo recorde.
“Olá, diabo,” ele me cumprimentou: “Eu não sabia que havia sinal no inferno.”
Eu ri ao ouvir a voz fria e culta falando com sarcasmo. “Ah, mas é claro que há.”
“Sério,” disse ele, tossindo, “Eu pensei que você estivesse me sacaneando com o gancho da planta, tentando me fazer rir, porque eu estou preso aqui trabalhando no sábado, em vez estar fazendo compras em lojas de antiguidades com o meu homem, mas agora eu tenho que perguntar... estou realmente olhando para um pufe?“
“Você não me engana. Lojas de antiguidades, o cacete. O que você realmente ia comprar?“
Momentos de silêncio se passaram.
“Wade.”
“Estou no mercado por uma motocicleta, e daí?”
Eu ri.
“Não diga a ninguém. Tudo o que eu vou ouvir é sobre uma porra de crise de meia idade que eu não estou tendo.“
“Ok,” eu assegurei. “Nem uma palavra.”
Ele resmungou. “Agora, sério... aquilo é realmente um pufe?”
“Os filhos dos amigos dele gostam,” Eu disse alegremente.
“Ótimo, vamos colocar algo legal para eles como uma cama elástica com rede de segurança para o quintal. As crianças vão adorar, e não vai ser uma coisa desagradável na casa do homem. Pelo amor de Deus, ainda por cima é verde-limão também.“
“É o menor de seus problemas.”
“Oh, amém,” ele concordou plenamente.
“Eu e Michelle devemos estar lá aí torno de uma hora.”
“Vou esperar com um martini.”
Eu estava rindo quando desconectei, desligando a minha câmera.
“Você não tem que conectá-la?”
Eu me virei para olhar para o meu cliente, que eu não tinha percebido, estava lá.
“Como?”
“Sua câmera?”
“Não, eu uso Bluetooth,” eu disse a ele, “e eu tenho conexão sem fio, de modo que o horror foi documentado e enviado para assustar colegas meus.”
“Apenas...”
“Sabe,” eu disse, olhando para ele enquanto guardava meu laptop e câmera em minha bolsa, dando-lhe um sorriso indulgente, “é muito pior do que eu imaginava, Sr. Fisher. Realmente, é como um cenário de um filme pornô de terceira.“
“Eu admito que é um pouco escasso, mas...”
Meu gemido o cortou. “Este lugar precisa de uma reforma. É uma surpresa você não ser suicida.“
Ele amaldiçoou baixinho.
“E é sorte você não ter filhos ainda, porque todo esse espaço aberto seria assustador à noite.”
“O que você...”
“Deve ser assustador como o inferno aqui no escuro. Quando eu era pequeno, nós apenas tínhamos um trailer, mas mesmo assim, quando eu acordava no meio da noite, costumava fingir que era Frankenstein, sabe? Eu andava até o banheiro gemendo, fazendo o tipo de ruído tipo rosnado que ele fazia, caminhando com meus braços para frente porque eu pensava que, se os outros monstros achassem que eu era um monstro, então não iriam tentar me pegar.“
Ele ficou olhando para mim, de boca aberta.
“O que?”
“Você... você...”
Eu sorri. “De volta à casa, Sr. Fisher, eu prometo que, quando terminarmos, com o orçamento que você nos deu e com a liberdade sobre o projeto, vai ser impressionante, ok?”
Ele ainda estava me olhando de modo estranho.
“Sr. Fisher? “
“É realmente tão horrível agora?” Ele perguntou, se jogando em uma das cadeiras de sua cozinha. Ela rangeu sob seu peso.
Eu olhei para ele e apontei. “Isso vai ter que ir também.”
“Cristo,” ele murmurou.
Eu tive que rir.
Sua carranca se aprofundou. “Então o que você vai fazer?” Ele me perguntou, sua voz como se estivesse sentindo dor.
“Nada. Como eu disse, a equipe de design de interiores vai assumir. É uma entidade à parte.“
Ele olhou para mim, e eu não tive certeza do que vi.
“Sr. Fisher, eu juro por Deus, você não tem que me ver de novo até sua grande noite.”
“Sr. Harcourt, você...”
“Tudo bem,” eu anunciei, “eu tenho que ir, porque estou morrendo de fome, mas outra equipe entrará em contato para combinar cronogramas com você, e os convites, e a lista de quem você quer e quem não quer.” Estendi minha mão.
Ele parecia atordoado, mas pegou minha mão e apertamos.
Afastei-me dele, caminhando para Michelle.
“Eu me lembro agora,” disse ela, sorrindo para mim “você passa por cima das pessoas até que elas se submetam a você.”
“Isso mesmo.” Eu pisquei para ela, agarrando-lhe a mão e puxando-a atrás de mim.
“Jory,” disse ela, rindo, “eu tenho que me despedir do homem.”
“Tudo bem,” eu resmunguei, soltando-a. “Vou encontrá-la no restaurante. Vou na frente para conseguir uma mesa.“
“Espere.”
“O que?”
“Eu não sei para onde estou indo.”
Eu olhei para ela. “Comer rabanada, é claro.”
“Como eu poderia saber disso? E, por favor, diga-me onde vamos?“
Eu estava acostumado a sair com Dylan. Minha melhor amiga nunca ficava de fora do que estava acontecendo em minha cabeça. Eu tinha que parar de esperar isso dos outros. Dei-lhe o nome do lugar e lhe disse onde ficava.
“Tudo bem,” disse ela, sorrindo para mim, a adoração em seus olhos. “Eu vou te encontrar lá.”
“Você vai levar toda a equipe?“
“Não, boneco, só você e eu.”
“Bom,” eu disse, mesmo que eu gostasse do resto da equipe. Só não estava a fim de conversar com todo o grupo.
No meio do caminho, quase na porta, eu me virei. “Tudo vai ficar bem, Sr. Fisher,” eu assegurei a ele. “Michelle irá planejar a festa com você, Wade Fujihara vai estar aqui na manhã de segunda-feira para discutir os planos para a renovação de sua casa, e então alguém vai trazer fotos das mulheres interessadas em se tornar sua patroa.”
Ele só olhou para mim, a boca aberta.
“Talvez se você jogar suas cartas direito, então, na noite da festa você pode conseguir que sua acompanhante passe a noite porque você realmente parece precisar de...”
“Jory!”
“O que?”
Sua expressão era impagável.
“Eu pensei que os clientes quisessem ser tratados como pessoas normais?”
“Não.”
“Não?”
“Jory!”
Porcaria.
“Vá para o restaurante agora. Eu estarei lá bem atrás de você.“
Ela me queria longe. Eu não precisava ser dispensado duas vezes.
Eu estava descendo os degraus de volta para a calçada quando o meu nome foi chamado. Voltando, eu olhei para trás até a porta da frente para encontrar Hayes Fisher ali, olhando para mim.
“Sim,” eu disse.
Ele balançou a cabeça. “Que tipo de modos são esses, nem mesmo oferecendo um almoço ao cliente?”
“Você quer dizer brunch,” eu o corrigi.
“Você é meio idiota, Sr. Har... Jory.”
“Meio?” Eu brinquei com ele.
“Por que não tomamos, todos, brunch com você?”
“Por quê?” Eu perguntei, voltando a subir as escadas que eu tinha acabado de descer.
“Por que não?” Ele perguntou quando eu pisei na frente dele.
Esse tipo de lógica sempre funcionava comigo. “Tudo bem” eu disse com um encolher de ombros.
“Hayes?”
Nós dois nos viramos para olhar para a mulher de aparência assustadora que tinha saído para a varanda ao lado dele. Eu nunca tinha visto uma expressão tão sombria – exceto por Sam.
“Este é minha assistente, Lisa, que a Sra. Cooper já conheceu,” disse ele, sorrindo para mim. “Lisa, este é Jory Harcourt.”
Suas sobrancelhas estavam franzidas. Eu ampliei meus olhos e dei a ela o meu grande sorriso, o que fazia até mesmo meu irmão, mesmo quando ele estava furioso comigo, parar de gritar e ouvir. Por um segundo eu pensei que talvez ela fosse se agarrar à sua vibração de carcereira e não ia descongelar; mas então, de repente, seus olhos se suavizaram, e ela se derreteu.
“É um prazer conhecê-lo,” ela suspirou, oferecendo-me sua mão.
“O prazer é meu,” eu abaixei minha voz, tornando-a profunda e sedutora, enquanto pegava a mão dela e, em seguida, cobria-a com a minha.
“Oh,” Michelle também suspirou quando se juntou a nós.
A boca de Fisher se moveu como se ele fosse falar, mas ele acabou me encarando. Eu arqueei uma sobrancelha para ele.
“Então, vamos?”
“Sim, hum... Lisa liberou minha programação, e então eu pensei em me convidar para o almoço, ah..., brunch. Eu queria falar mais com a Sra. Cooper, e todos nós estamos com fome.”
“Michelle,” ela o corrigiu.
“Michelle,” ele repetiu.
“Claro,” eu concordei, puxando Lisa para frente, colocando a mão sob seu braço. “Sua assistente deve vir também,” eu disse, olhando para os grandes olhos azuis da moça. “Nós, a equipe de apoio, precisamos permanecer juntos.”
Ela assentiu, tomando meu braço enquanto começávamos a descer os degraus da frente. Ouvi Michelle rosnando atrás de mim.
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O lugar ao qual eu queria ir estava lotado quando chegamos lá, então fomos obrigados a esperar, sentados ao lado da porta, ao relento. Hayes sugeriu que tentássemos em outro lugar, mas Michelle disse que não era possível depois que eu enfiava uma coisa na minha cabeça.
“É verdade,” eu disse, balançando a cabeça. “Quer dizer, se eu não comer agora, minha vontade não vai passar, e então eu vou comer mais coisas para tentar preencher o vazio de algo que eu quero com algo que não é o que eu quero, e todos nós sabemos aonde isso nos leva.“
“Não, aonde?”
“Excessos,” Lisa lhe disse como se ele fosse estúpido. “Se você come o que quer, então fica saciado e come só isso. Se não, você só come e come e come até que, finalmente, volta para comprar o que realmente queria, mas, enquanto isso, você se entope com qualquer outra coisa que pareça decente.“
Michelle grunhiu seu acordo.
Ele ergueu as mãos quando meu telefone tocou.
“Alô?”
“Jory?”
“Sim, quem é?”
“Aqui é Eddie Liron, de ontem à noite.”
“Oh, oi.” Sorri para o telefone. “Como você está?”
“Estou melhor do que Josh Peretti, com certeza,” ele riu.
“O que você quer dizer?”
“Você não viu o jornal de hoje, huh?”
“Não, por quê?”
“Eu acho que Josh deu aquele mergulho de sua varanda, do qual você me salvou.”
Fiquei atordoado. “Puta merda.”
“Eu sei, certo? Quais são as chances?“
Eu tinha uma ideia muito boa. “Seu irmão ficou furioso por você ter sido ameaçado no apartamento de Peretti. Ele esperava que você estivesse seguro, e no fim você não estava. Ele deve ter ficado chateado.“
“Ele ficou.”
Irmãos mais velhos ficavam assim. Eles eram protetores. Normalmente não uma proteção homicida, mas o ponto tinha provado. Talvez eu estivesse saltando à conclusões, no entanto. Eu nunca tinha sequer conhecido o irmão de Eddie.
“Ei, então, eu liguei para convidá-lo para ir até a casa do meu irmão esta noite. Ele quer te conhecer e agradecer por salvar minha bunda.“
“Ah, isso não é realmente...”
“É sim. Você salvou a minha vida.“
“Eu realmente não fiz.”
“Sim, fez. Vamos lá, eu quero ver você, te exibir, certo? Eu quero que meu irmão veja que nem todos os meus amigos são perdedores.“
Eu tive que sorrir, pois desde quando éramos amigos?
“Certo, certo.”
“Eu vou enviar as instruções por torpedo, ok?”
Eu concordei, e quando desliguei, perguntei à Michelle se Joshua Peretti estava realmente morto.
Ela fez uma careta para mim. “Quem?”
“Sim,” respondeu-me Lisa, apontando.
Virando, vi a pilha de jornais para venda ao lado da caixa registradora. Quando me aproximei, vi o título e, quando pude, brevemente esquadrinhei o artigo. Joshua Peretti tinha bebido na noite anterior e caiu de seu apartamento. Foi um acidente horrível, e sua família e amigos e muitos colegas, sentiriam sua falta. Como filantropo, suas muitas melhorias cívicas seriam lembradas.
“Puta merda,” eu suspirei.
“Desde quando você conhece Joshua Peretti?” Michelle perguntou, desconfiada.
Eu sabia que o sorriso eu dei a ela deve ter parecido culpado a julgar por sua imediata carranca.
“Jory?”
“Eu estava trabalhando no evento Dunbar na noite passada com Harris, e quando acabou, nós dois fomos convidados para subirmos para uma festa depois.”
“Mas você sabe que não devemos nos misturar com cli...”
“Sim, eu sei, mas Jeff estava indo, e eu não queria que ele fosse sozinho.”
Ela apontou para mim. “Você...”
“Você quer ouvir a história ou não?”
Ela rosnou para mim.
Eu sorri de volta. Não há nada como uma boa história.
Sinceramente, eu só queria ver o Lago Michigan do alto do trigésimo quinto andar. Nem mesmo meu irmão, o grande arquiteto, tinha um apartamento no qual Paris Hilton teria se sentido em casa.
Fiquei surpreso por meu colega de trabalho, o pé no chão Jeffrey Harris, quisesse subir e se misturar com pessoas que bebiam Cristal em taças Baccarat , que cheiravam carreiras de cocaína na sala de estar, e dançavam a noite toda sobre a cidade, mas ele quis. E quando eu olhei ao redor uma meia hora depois de chegarmos lá, ele havia desaparecido, o que tinha me surpreendido também. Quem diria que o homem iria esquecer-se de seu parceiro tão rapidamente?
Saindo para a varanda, ouvi o grito imediatamente. Foi apenas uma daquelas coisas. Não estava frio como em janeiro, mas março em Chicago ainda era tempestuoso, ainda chuvoso. Certo ano havia até nevado antes da Páscoa, então realmente não havia nenhuma razão para ir até a varanda. Mas eu gostava de luzes, todas aquelas coisas brilhantes e cintilantes; na verdade, estava bastante certo de que eu fui um corvo em minha vida anterior, então o horizonte brilhando acenou para mim e eu atendi ao canto da sereia. Eu era o único lá fora. Eu e os outros cinco caras.
Da sala de estar, não havia maneira de vê-los. Era necessário andar até a varanda e virar uma esquina para ver os quatro homens segurando o quinto sobre o parapeito.
“Eu acho que você não vai ver o seu irmão a tempo de lhe dizer, Eddie.”
Era o fim. Ele ia cair se eu não fizesse...
“Eddie, caramba!” Eu gritei.
Quatro cabeças viraram-se para mim. Eddie apenas gritou.
Dei três passos para trás, para perto da porta, ainda muito longe para conseguir escapar caso alguém tivesse uma arma, mas minhas chances eram melhores. Aos 30 anos, que eu tinha acabado de completar em janeiro, eu estava na minha melhor forma. Gostaria de comparar meu fôlego com o da maioria das pessoas.
“Quem diabos é você?” O primeiro cara gritou.
Eu apontei para Eddie. “Esse babaca passou gonorreia para minha irmã!”
Era tudo que eu poderia pensar. Eu não queria dizer que ele passou gonorreia porque isso teria aberto outra lata de vermes. Eu soltei sem querer, como de costume, e apostava que, de todas as coisas que eu poderia ter dito, essa era q que menos esperavam. Os olhares em seus rostos diziam exatamente isso.
“Eu preciso falar com esse desgraçado agora!”
“Você precisa dar o fora da...”
“Agora!” Eu gritei, antes de girar e me dirigir de volta para a porta de vidro deslizante. “Estou tão puto! É melhor vocês arrastarem o traseiro dele até aqui!“
Minha mão estava na maçaneta da porta quando fui agarrado por trás e girado para enfrentar o homem que gritou comigo.
“O que?” Eu gritei, puxando meu ombro para que ele tivesse que me soltar ou deixar claro que ele estava me segurando.
“Acalme-se,” disse ele, em voz baixa e ameaçadora enquanto os outros três homens empurravam Eddie para mim com tanta força que eu tive que segurá-lo com as duas mãos para impedir que ele desse com a cara na porta. “Aqui está o sedutor.”
Eles cercaram-nos com comentários vulgares e vívidos sobre como minha irmã fictícia era promíscua. Eu avisei a todos para fecharem suas malditas bocas enquanto esbarravam em Eddie com os ombros ao passarem por ele.
“Não fique tão assustado, criança, não íamos realmente vai fazer nada. Se eu quisesse você morto, você já estaria morto. Nenhum irmão mais velho revoltado de uma vadia que você comeu mudaria isso.“
“Vá se foder!” Eu gritei com o cara só para enfatizar.
“Sua irmã é uma vagabunda,” ele rosnou de volta, mas não se virou.
A porta se abriu e fechou, e o último cara disse que, se Eddie fosse inteligente, Cristo nunca saberia sobre o que aconteceu.
Eu fiquei olhando os homens irem e, quando a porta se fechou, virei imediatamente para Eddie.
“Quem é você?” Ele suspirou.
“Você sabe que tem que contar a seu irmão, tipo, agora, certo? A honestidade é sempre a melhor saída, e tendo um irmão mais velho, eu sei que eles ficam totalmente estranhos se você mentir.“
Seus olhos absorvido meu rosto. “Jesus Cristo, cara, se você não estivesse aqui, eu estaria beijando o chão agora, porra.”
“Provavelmente.” Eu sorri para ele, agarrando seu ombro e puxando-o para dentro comigo. “Onde estão as pessoas que o acompanham?”
Ele não respondeu, apenas olhou para mim rígido.
“Você está bem?”
O tremor foi rápido, e eu o agarrei, abraçando-o com força, enfiando sua cabeça contra meu ombro. Foi só então, quando se moveu de repente, que ele se mexeu para que eu estivesse esmagado contra seu peito, que eu percebi que ele era maior do que eu.
“Está tudo bem,” eu disse suavemente, moldando meu corpo ao seu, apertando para que ele pudesse sentir o quão quente e vivo eu estava.
“Você salvou a minha vida....”
“Está tudo bem.”
Eu podia sentir sua mão cerrada na parte de trás do meu cabelo, a outra contra minhas costas. Ele não ia me soltar.
“Dê-me um segundo.”
“Eddie?”
Nós nos viramos para o homem de terno de pé ao nosso lado. Era uma bela peça de alfaiataria, um terno de lã, de grife, que havia sido feito sob medida para caber nos ombros e peito largo. Eu apostava que custava tanto quanto o meu pagamento da hipoteca.
“Você está pronta para ir, garoto?”
“Onde você estava?” Ele suspirou, inclinando-se para fora dos meus braços, mas logo tomando conta da parte de trás da minha jaqueta de couro.
“Eu estava aqui,” respondeu o homem, os olhos dardejando entre mim e Eddie.
“Não,” ele disse, balançando a cabeça, “Eu acho que não.”
“Vamos lá, garoto, o que aconteceu...”
“Eu quase fui morto, seu filho da puta!” Ele rugiu para o homem que, embora fosse maior, deu um passo para trás. “E agora eu não sei o que diabos fazer.”
Ele estava com medo e em pânico e pronto para começar a hiperventilar a qualquer minuto. Eu conhecia os sinais. No passado, eu mesmo tive reações semelhantes.
“Desculpe-me,” eu disse para o homem. “O irmão de Eddie.”
“O que tem ele?”
“Você poderia ligar para ele e dizer para encontrá-los aqui.”
“Por que eu faria isso? O homem não gosta de ser perturbado. “
“Ele vai querer saber o que aconteceu a seu irmão caçula.”
“O que aconteceu?” Ele perguntou cautelosamente.
Expliquei rápido, e ele acenou com a cabeça, a mão pesada caindo em meu ombro, enquanto ele escutava minha explicação.
“Quem é você?”
“Jory Harcourt.” Eu sorri para ele, observando-o se acalmar, os ombros relaxando primeiro, o ar sendo liberado e, em seguida, a postura relaxando. Eu podia fazer isso, às vezes, quando tentava acalmar as pessoas. Meu irmão dizia que era um dom; Sam assegurava que era uma tragédia esperando para acontecer.
“Como você conhece Eddie?” ele perguntou enquanto levava o telefone ao ouvido, sua atenção em mim e na escuta ao mesmo tempo.
“Nós frequentamos o mesmo ginásio,” eu menti sem problemas.
Ele acenou com a cabeça, sua mão se contraindo ao desviar o olhar. “Cris, é Paz. Vou levar Eddie até sua casa. Tivemos alguns problemas no Peretti’s.“
Eu o olhei, vi sua mandíbula se contrair, observei a preocupação se abater sobre ele, vincando o espaço entre suas sobrancelhas em uma carranca. O que quer que o homem tenha dito do outro lado da linha, não havia sido bom.
“Problemas!” Eddie exclamou de repente, pegando o telefone do homem, seu guarda costas, e gritou. “Cris, os homens de Miller quase me jogaram na calçada, porra! Se não fosse pelo meu amigo, Jor... Não! Eu só estava conversando com Nina no Duvall’s, e ela...“
“Me dê o maldito telefone,” o homem maior resmungou, pegando de volta, quando eu me afastei um passo.
Eu queria ir, eu precisava ir. Eu tinha essa sensação na boca do estômago que tudo iria de mal a pior, muito rápido. Eu precisava injetar um pouco de normalidade à situação de algum modo.
Eddie agarrou o telefone de seu guarda-costas, e eu aproveitei esse momento para me virar e dar um passo à esquerda e depois à direita. Segundos depois, eu fui absorvido pela multidão, atravessei o cômodo e me aproximei da porta da frente. Examinei o local rapidamente procurando por Harris, um último olhar para que eu pudesse dizer que chequei, e depois corri para a porta. Eu tinha um sexto sentido para o perigo altamente desenvolvido e, naquele momento, parecia que havia uma luz vermelha piscando sobre minha cabeça.
Lá fora, no corredor, eu respirei.
“Jory.”
Virando, encontrei Eddie.
“Aonde você vai?”
Nós dois ouvimos o grito ao mesmo tempo, vimos os homens saindo do elevador. Nós dois vimos os casacos azuis com a palavra POLÍCIA em letras garrafais amarelas. Eu agarrei seu braço, o puxei para frente, e comecei a caminhar pelo corredor. Na porta que dava para a escada, bati na barra de pânico e ela se abriu. Ele deu um passo para descer, mas eu sabia sobre essas coisas e o segurei, puxando-o atrás de mim para subir. Quando estávamos quase atravessando a porta no andar de cima, ouvimos pessoas a subindo a escada. Eddie olhou para baixo sobre o corrimão, mas eu o empurrei para frente, abrindo a porta para empurrá-lo completamente.
“Que diabos foi isso?”
“Eu não tenho ideia,” eu disse ao me virar para ele. “Quem diabos são vocês?”
Ele abriu a boca para responder, mas parou, apertando os olhos, e então encolheu os ombros.
“Eu salvei você,” eu disse a ele, “duas vezes. Você me deve uma explicação.“
Ele suspirou pesadamente quando enfiou as mãos nos bolsos de suas calças. “Ok, então, eu sou Eddie Liron, e Cristo Liron, ele é meu irmão.”
Eu só esperei.
“Você nunca ouviu falar de Cristo Liron?”
Eu dei de ombros.
“Ok, então nós temos uma empresa de construção, bem, meu irmão tem uma empresa de construção, e ele já está no negócio com Peretti – o apartamento lá debaixo é dele – e com Adrian Miller. “
Eu não tinha ideia de quem eram essas pessoas. “O que isso tem a ver com a invasão da polícia lá embaixo?”
“Eles podem pensar que Peretti e Miller e meu irmão estão em no negócio de armas e drogas.”
“Eles estão?” Eu perguntei a ele.
Ele fez uma careta.
“Estão?” Eu o pressionei.
“Talvez.”
“Merda,” eu gemi.
Ele me deu um cutucão com dois dedos na clavícula, com força. “Se você contar a alguém que eu disse isso, é um homem morto, está me ouvindo?”
Eu arqueei uma sobrancelha para ele.
“Desculpe,” ele esvaziou, e eu percebi o quão jovem ele era.
“A quem eu vou dizer?”
Ele deu de ombros antes de olhar para cima e para baixo pelo corredor. “E agora?”
“Agora nós vamos descer pelo elevador até o primeiro andar e caminhar.”
“Só isso?”
“Sim, por que alguém iria querer você?”
“Eu não sei.”
“Quantos anos você tem?”
“Vinte e dois, por quê?”
Eu gemi e me dirigi para o elevador. Ele me acompanhou, igualando meu passo rápido, a sua mão encontrando o caminho para o meu ombro.
“Eu estou pensando que Peretti e Miller estão ferrados.”
“Talvez,” eu concordei quando chegamos ao elevador. “Mas foi sorte seu irmão não estar lá.”
Ele acenou com a cabeça rapidamente. “Sim, isso é sorte.”
Na rua, cinco minutos depois, entramos em táxis diferentes depois que ele me abraçou com tanta força que eu pensei que minhas costelas fossem rachar. Eu estava feliz por estar indo para casa. Tinha sido uma noite realmente estranha.
“Jory!”
Olhei para Michelle, que estava branca como um lençol. “O que?”
“Jory, Cristo Liron e Adrian Miller – são homens muito assustadores.”
“São?”
“Oh, Deus.”
“O que?”
Sua boca estava aberta. Lisa também parecia um peixe, e Hayes Fisher estava apenas olhando para mim.
“O que?”
“Você é como um acidente de trem à espera de ceifar vidas.”
Eu não era.
“Você é perigoso.”
“Quem é perigoso?”
A voz profunda e ressonante, rica, suave e quente, enquanto, ao mesmo tempo soava nítida e culta, estava claramente divertido. Mesmo antes de me virar, sabia quem iria encontrar.
“Oi.” Sorri para o meu irmão.
Como sempre, sua expressão, quando ele olhava para mim, era uma mistura de diversão e curiosidade.
“O que você fez agora?”
“Eu?”
Olhos cinzentos aquecido, transformando-se em mercúrio. Eu olhei para os homens que estavam com ele: seu melhor amigo Jude Coughlin, seu cunhado Alex Greene, e outro bom amigo, Rick Jenner, marido da minha amiga Aubrey. Eles todos me saudaram calorosamente, mas antes que Dane pudesse fazer as apresentações, Hayes avançou.
“Sr. Harcourt,” disse ele, puxando uma respiração profunda enquanto estendia sua mão a Dane. “É um prazer. As casas projetadas pelo senhor são umas das melhores que eu já vi.“
Dane aceitou a mão oferecida, dando ao homem um ligeiro sorriso.
“Obrigado.”
“Na verdade, tenho um horário marcado para vê-lo em três meses. Estive esperando na lista por seis meses.“
“Apenas seis?” Ele arqueou uma sobrancelha.
Dane Harcourt sabia o valor de seu tempo. Modéstia não combinava com o homem. Como um dos melhores arquitetos do país, ele sabia que era uma mercadoria desejada. Era um sinal de que você estava no topo, se pudesse se dar ao luxo de contratar Dane Harcourt para projetar sua casa. Os ricos e famosos o queriam, mas apenas os sérios o viam. Ele descartava os novos ricos e os frívolos; apenas conhecedores de arquitetura conseguiam horário com ele e, mesmo assim, tinham que esperar. Era um teste e apenas um pequeno número era aprovado. Aqueles que se consideravam um grupo de elite.
“Eu estou ansioso por a nossa reunião.”
“E agora eu também estou,” disse ele, soltando a mão do homem para direcionar seus olhos de carvão para mim. “Como você está?”
“Estou bem, e você?”
“Por que você é perigoso?” Ele perguntou, ignorando a minha pergunta, vindo diretamente para o ponto como era sua marca registrada.
“O que?” Eu realmente não queria que Dane soubesse.
“Por que,” disse ele, pronunciando a palavra “você é perigoso?”
“Jory estava com Joshua Peretti ontem à noite, antes dele morrer.”
Eu me virei para olhar para Michelle.
Seu rosto se manteve neutro durante vários segundos antes de um olhar de terror tomar conta dela.
“Obrigado.”
Ela vocalizou as palavras oh merda.
“Como?” Dane limpou a garganta, cruzando os braços, olhando para mim a partir de sua própria altura imponente.
Com 1,95m, o homem olhava para baixo para praticamente todos, mas essa não era a razão pela qual as pessoas paravam para olhar para ele na rua. Era a maneira como ele andava, como se fosse o dono do mundo e você estivesse apenas de visita, respirando o seu ar. Confiança exalava dele, como se ele tivesse tudo planejado. E na verdade ele tinha. Nada abalava Dane Harcourt, exceto a sua mulher... e eu.
“Jory?”
“Espere.” Eu sorri para ele como ele olhou para mim. “Não é o que você está pensando.”
“Não?”
“Ok, escu...”
Ele agarrou meu braço e me puxou para o lado, até a alcova entre a porta e o banheiro. Olhando em volta, vi os olhares invejosos lançados em minha direção, e não apenas por mulheres. Difícil não querer ser manuseado por Dane Harcourt.
Era o cabelo negro e olhos de granito com pontos prateados, o perfil cinzelado, e o som profundo e ressoante de sua voz que fazia isso. Sua altura, os ombros e peito largos, a forma como as suas roupas se encaixavam, como se tudo fosse feito sob encomenda; apenas a postura de estrela de cinema clássico do homem era de tirar o fôlego. Meu irmão deveria estar em revistas, não em uma mesa de desenho.
“Joshua Peretti tem – tinha,” ele se corrigiu, “conexões com a máfia. Todo mundo sabia disso. Foi a razão que me fez recusar desenhar para ele. O que você estava fazendo lá?”
Expliquei sobre estar em um trabalho e depois de concordar em acompanhar Jeffrey Harris, e como eu tinha salvado Eddie na varanda. Falei muito rápido, porque da forma como Dane estava olhando para mim, eu só tinha minutos de vida.
“Você não pode sair em encontros,” ele me disse no segundo em que eu terminei.
Onde ele tinha entendido, em minha explicação, que eu estava em um encontro? “Não, eu... era negócio primeiro e depois foi diversão e...”
“Jory, você não pode ser acompanhante de um cara, uma vez que você é casado. É considerado...“
“Por que não? Não era eu que estava em um encontro?“
Seus olhos me seguraram como um inseto sob um microscópio.
“Escute-me. Você não...“
Eu o interrompi. “Quem é Adrian Miller? Eddie disse que seu irmão, Joshua Peretti e Adrian Miller estavam fazendo negócios juntos.“
Eu assisti os músculos de sua mandíbula se contraírem. “Adrian Miller é um bandido. Sua empresa de construção não apenas limpa detritos de construção, mas todos os tipos de coisas.“
“Como assim, coisas?”
“Como as coisas das pessoas,” ele se virou para mim, com a mão em meu ombro, de repente, apertando. “Você não deve chegar perto de Eddie Liron ou seu irmão Cristo ou Adrian Miller novamente. Você me entende? Está claro?“
Eu me perguntei vagamente se ele percebia que eu era um adulto.
“Dane...”
“Você está me ouvindo?” Ele perguntou, sua voz de negócios.
“Como você sabe realmente que tipo de negócio Adrian Miller ou...”
“Você costumava trabalhar para mim. Você sabe o quão próximos são os meus laços com a indústria da construção. Todas as pessoas com quem trabalho não vão trabalhar com Adrian Miller, e nem você.“
“Eu não trabalho com ele agora,” eu me defendi. “Eu fui com Jeff Harris, que me abandonou, por sinal, e acabei conhecendo Eddie Liron. Eu não planejei isso.“
Ele acenou com a cabeça, os olhos fixos no meu rosto. O escrutínio era enervante.
“O que você está fazendo aqui?”
“É óbvio, eu vim tomar brunch em um dos meus restaurantes favoritos. Eu poderia lembrá-lo que fui a pessoa a te trazer aqui pela primeira vez.“ É isso aí. “Onde está Aja?”
“Não tente mudar de assunto. Eu quero sua palavra de que você vai ficar longe de Eddie Liron, seu irmão homicida Cristo, e Miller Adrian.“
Eu soltei um longo suspiro irritado. “Concordo. Eu vou dizer a Eddie que meu irmão disse que eu não mais brincar com ele.“
O olhar sério se transformou em uma verdadeira carranca.
“Ah, pelo amor de Deus, hoje é dia de encher o Jory? Porque se for, eu perdi o memorando.“
“Vamos comer,” ele ordenou, se afastando de mim, então eu não tive escolha a não ser segui-lo.
Eu joguei as minhas pra cima mãos em um gesto de derrota.
“Faça o que eu digo,” ele me avisou quando nos juntamos aos outros.
Ele nem sequer precisou se virar para saber que eu estava desgostoso com ele.
“Apresente-me,” ele ordenou.
Então eu apresentei Dane-se a Michelle e Lisa e fiquei observando as duas. Michelle suspirou e ficou legal, mas Lisa... Eu vi a mulher se derreter em uma poça no chão ali mesmo. Ela olhou para cima e para cima, com a cabeça totalmente inclinada para trás para que pudesse olhar para o rosto de Dane Harcourt. Quando ele sorriu, ela, como todo mundo, viu as manchas de mercúrio em seus olhos. O tremor foi encantador, sua inspiração esperada. Mas ele não estava com vontade de ser charmoso, ele não ofereceu o braço para levá-la até a mesa; em vez disso, ele me agarrou, empurrando-me à frente dele, apontando para a parte de trás, onde eu só sentava quando comia com ele.
Eu não disse a Dane sobre concordar em ver Eddie Liron novamente. Eu não mencionei que ia ser apresentado a seu irmão. Mesmo quando eu senti meu telefone vibrar com a mensagem de texto, guardei isso para mim mesmo.
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Eeeeeeeeeeeeeeeeh. Vamos que vamos meu povo. Eles estão de volta. U.u
Vamos ao casamento ? Celebrar ao amor e blá, blá . blá . ELE TRAI ELA, E VAI JURAR AMOR ETERNO NA FRENTE DO PASTOR. kkkkkk Homens Hétero como Sam não existem, ou estão já casados.
Rogean - Etaaa . Catapora depois de velho? KKKK Melhorar para você chuchu. Ai novo capitulo só para você, só porque você tá dodói. Vamos lá. Bjxx
Henrinovembro - Vou continuar porque você manda. kkkk Simbora na loucura de Jory. O prazer é meu deter apresentado esses delicias para você. Bjxx cheirooo
magus- To postando. OOutra maratona de Jory e Sam. Aiai, Bjxxx. Não deixe de comentar em. Boa noite
RoseVital- Eu Tambem queria mulher. Que jory desse um beijo, daqueles desentupidores, em Sam. Mas sutil foi maravilhoso tambem,kkkkkk Nem deu para sentir saudades. kkkk Voltei rápido.
Cintia. C - Kkkkkkkkkk. Vou mandar . Terceira temporada sendo postada amore, porque vocês mandam. kkkkk Minha mãe mandou outros beijos, e agora quer saber se ela te conhece. kkkk Bjsss Amoraa
MathXYZ97 - Eiii novato, Bem vindo. kkk Vou continuar , mas só se você comentar sempre. Bjsss