Arrumem as malas meninos, vamos para Vegas..
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Travis colocou as malas no chão e olhou em volta do quarto.
- Isso aqui é legal, hein? – olhei feio pra ele, que ergueu uma sobrancelha. – Que foi?
O zíper da minha mala fez barulho quando o puxei pelas bordas e balancei a cabeça. Diferentes estratégias e o pouco tempo de que dispunha enchiam a minha cabeça.
- Não estamos de férias. Você nem devia estar aqui, Travis.
No momento seguinte, ele estava atrás de mim, cruzando os braços na minha cintura.
- Eu vou aonde você for.
Apoiei a cabeça no peito dele e suspirei.
- Tenho que descer lá. Você pode ficar aqui ou ir da uma volta, à gente se vê mais tarde, tá?
- Eu vou com você.
- Não quero você por lá, Travis. – Uma expressão de magoa pesou sobre seu rosto e pus a mão em seu braço. – Preciso me concentrar para ganhar catorze mil dólares em um fim de semana. Não gosto do que vou me tornar enquanto estiver naquelas mesas, e não quero que você veja.
Ele tirou o cabelo da frente dos olhos e beijou meu rosto.
- Tudo bem, Flor.
Travis acenou para América antes de sair do quarto, e ela se aproximou de mim com o mesmo vestido que tinha usado na festa de casais. Eu estava com um terno todo preto com blusa social branca e gravata listrada em tons de cinza claros e escuros.
Olhei para América e meus olhos começaram a lacrimejar.
- Droga, Kevin, não chora – falei, olhando pra cima e respirando fundo.
- Você não precisa fazer isso. Você não deve nada pra ele – América colocou as mãos nos meus ombros enquanto eu me olhava no espelho pela última vez.
- Ele deve dinheiro pro Benny, Mare. Se eu não fizer isso, eles vão matar o Mick.
A expressão dela era de pena. Eu a tinha visto me olhar daquele jeito algumas vezes antes, mas agora América estava desesperada. Ela tinha visto meu pai arruinar minha vida mais vezes do qualquer um poderia contar.
- E da próxima vez? E da próxima? Você não pode continuar fazendo isso.
- Ele concordou em ficar longe. Mick Abernathy é um monte de coisa, mas não é desses caras que não pagam o que devem.
Atravessamos o corredor e entramos no elevador vazio.
- Você tem tudo de que precisa? – perguntei a ela, me lembrando das câmeras.
América bateu com as unhas em sua carteira de motorista falsificada.
- Meu nome é Candy. Candy Crawford – disse ela, com um sotaque impecável sulista.
Estendi a mão.
- Collin Thompson. Prazer em conhecê-la, Candy.
Colocamos os óculos escuros e ficamos parados, sem nenhuma expressão no rosto, enquanto o elevador se abria, revelando as luzes de neon e o barulho do cassino. As pessoas se movimentavam em todas as direções, vindas de todas as camadas da sociedade, de todos os estilos de vida e profissões. Las Vegas era um inferno celestial, o único lugar onde era possível encontrar no mesmo edifício, dançarinas com vistosas plumas e maquiagem de palco, prostitutas com roupas insuficientes e ainda assim aceitáveis, homens de negócios em ternos chiques e famílias inteiras. Atravessamos uma área ladeada por cordas vermelhas e entregamos a identidade a um homem de casaco vermelho. Ele me olhou por um instante, e abaixei os óculos.
- A qualquer hora hoje seria ótimo – falei, entediado.
Ele devolveu nossa identidade e se pôs de lado para que entrássemos. Passamos pela área de Caça-níqueis, pelas mesas de blackjack e paramos perto da roleta. Examinei o salão, observando as diversas mesas de pôquer, e resolvi ficar naquela onde estavam sentados os jogadores mais velhos.
- Aquela – falei, apontando com a cabeça para o outro lado do salão.
- Já comece agressivo, Kevin. Eles nem vão saber o que os atingiu.
- Não, eles são a velha guarda de Vegas. Tenho que fazer um jogo inteligente dessa vez.
Fui caminhando até a mesa, exibindo meu sorriso mais charmoso. Os nativos podiam sentir o cheiro de vigarista a quilômetros de distancia, mas eu tinha duas coisas a meu favor que encobriam o rastro de qualquer golpe: juventude e .... bunda.
- Boa noite, cavalheiros. Se importam se eu me juntar a vocês? – eles nem ergueram o olhar.
- Claro, doçura. Sente aí e fique bonitinho. É só não falar.
- Eu quero jogar – eu disse, entregando a América os óculos escuros. – Não tem muita ação nas mesas de blackjack.
Um dos homens mordia a ponta do charuto.
- Essa é uma mesa de pôquer. Pôquer fechado. Melhor você tentar sorte nos caça-níqueis.
Eu me sentei na única cadeira vazia.
- Eu sempre quis jogar pôquer em Las Vegas. E tenho todas essas fichas.... – falei colocando minha pilha sobre a mesa – Eu sou muito bom no pôquer online.
Os cinco homens olharam pra minhas fichas e depois para mim.
- Tem uma aposta mínima, meu bem – disse o carteador, que distribui as cartas no jogo.
- De quanto?
- Quinhentos, lindinho. – velho safado. – Escuta... não quero fazer você chorar. Faça um favor a si mesmo e escolha um reluzente caça-niqueis.
Empurrei minhas fichas para o centro da mesa, dando de ombros da mesma maneira que um garoto impulsivo e confiante demais. Os homens se entreolham. O carteador deu de ombros e jogou suas fichas.
- Jimmy – disse um dos jogadores, estendendo-me a mão. Quando o cumprimente, ele apontou paraa os outros. – Mel, Pauli, Joe e esse é o Winks.
Olhei para o homem magrelo que mascava um palito de dentes e ele piscou para mim.
Assenti e fiquei esperando com falsa expectativa enquanto eram distribuídas as cartas da primeira mão. Perdi de propósito as duas primeiras, mas lá pela quarta eu estava ganhando. Os veteranos de Las Vegas não demoraram tanto quanto Thomas, irmão de Travis, pra me sacar.
- Você disse que jogava online? – Pauli me perguntou.
- E com meu pai.
- Você é daqui? – Jimmy sondou.
- De Wichita – respondi.
- Ele não é nenhum jogador de pôquer online, disso eu tenho certeza – resmungou Mel.
Uma hora depois, eu havia tirado dois mil e setecentos dólares dos meu oponentes, e eles estavam começando a suar.
- Passo – disse Jimmy, jogando as cartas na mesa com o cenho franzido.
- Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos não teria acreditado – ouvi alguém dizer atrás de mim.
América e eu nos viramos ao mesmo tempo, e meu lábios formaram um largo sorriso.
- Jesse – o que você está fazendo aqui?
- Este lugar em que você está dando o golpe é meu, Docinho. O que você está fazendo aqui?
Revirei os olhos e me virei para meus novos amigos, que me olhavam desconfiados.
- Você sabe que eu odeio isso, Jess.
- Com licença. – ele disse, me puxando pelo braço e me fazendo ficar de pé.
América olhou pra mim com um ar vigilante enquanto eu era conduzido para longe.
O pai de Jesse gerenciava o cassino, e para mim era uma grande surpresa ver que ele tinha se juntado aos negócios da família. Costumávamos perseguir um ao outro nos corredores do hotel, e eu sempre vencia quando apostávamos corrida de elevador. Ele tinha crescido desde a ultima vez que eu o tinha visto. Eu me lembrava dele como um pré-adolescente magro, alto e desengonçado, mas agora o homem a minha frente era bem vestido e gerente de um cassino, nem um pouco desengonçado e muito másculo. Ele ainda tinha a pele morena e sedosa e os olhos verdes de que eu me lembrava, mas o resto era uma agradável surpresa.
Seus olhos cor de esmeralda cintilavam sob as luzes brilhantes.
- Surreal. Achei que fosse você quando passei por aqui, mas não conseguia acreditar que você tinha voltado. Quando vi esse mocinho aqui limpando a mesa dos veteranos, eu sabia na hora que era você.
- Sou eu – falei.
- Você está... diferente.
- Você também. Como vai seu pai?
- Aposentado – ele sorriu. – Por quanto tempo você vai ficar aqui?
- Só até domingo. Tenho que voltar pra faculdade.
- Oi, Jess – disse América, me pegando pelo braço.
- America – ele riu baixinho. – Eu devia ter sacado. Você são a sombra um do outro.
- Se os pais dela soubessem que eu a trouxe até aqui, isso teria acabado há um bom tempo.
- Que bom te ver, Kevin. Posso te pagar um jantar? – ele me perguntou, alisando meu braço.
- Eu adoraria saber as novidades mas não estou aqui pra me divertis, Jess.
Ele estendeu a mão e sorriu.
- Nem eu. Me passa sua identidade.
Meu queixo caiu. Eu sabia que tinha uma luta nas mãos. Jess não se renderia ao meu charme com tanta facilidade. Eu teria que lhe contar a verdade.
- Estou aqui por causa do Mick. Ele está metido numa encrenca.
Jesse se afastou um pouco.
- Que tipo de encrenca?
- A de sempre.
- Eu queria poder ajudar. A gente tem uma história antiga, e você sabe que respeito o seu pai, mas também sabe que não posso deixar você ficar aqui.
Agarrei o braço dele e apertei.
- Ele deve dinheiro pro Benny.
Jesse fechou os olhos e balançou a cabeça.
- Meu Deus!
- Eu tenho até amanhã. Estou te pedindo um grande favor. Fico te devendo essa, Jesse. Só me dá até amanhã, por favor.
Ele encostou a palma da mão no meu rosto.
- Vamos fazer assim... Se você jantar comigo amanhã, te dou até a meia-noite.
Olhei para América depois para ele.
- Estou acompanhado.
Ele deu de ombros.
- É pegar ou largar, Kevin. Você sabe como as coisas funcionam aqui. Você não pode conseguir algo a troco de nada.
Suspirei, derrotado.
- Tudo bem. Encontro você amanhã no Ferraro´s, se me der até a meia-noite.
Ele se inclinou e beijou meu rosto.
- Foi bom te ver de novo. Até amanhã... às cinco, ok? Preciso estar aqui em baixo às oito.
Sorri enquanto ele se afastava, mas meu sorriso se desvaneceu com rapidez assim que vi Travis me encarando da mesa da roleta.
- Ah, merda! – disse América.
Travis fuzilou Jesse com o olhar quando ele passou, depois veio até mim. Enfiou as mãos nos bolsos e olhou de relance para Jesse, que estava nos observando de soslaio.
- Quem era aquele cara?
Assenti na direção do meu velho amigo.
- Jesse Viveros. A gente se conhece a muito tempo.
- Quanto tempo?
Olhei para trás, para a mesa dos veteranos.
- Travis, depois a gente conversa.
- Acho que ele desistiu da idéia de ser ministro batista – disse América, olhando na direção de Jesse com um sorriso de flerte.
- É seu ex-namorado? – ele me perguntou com raiva. – Achei que você tinha dito que ele era do Kansas.
Olhei para América com impaciência e depois segurei o queixo de Travis, para que ele prestasse total atenção no que estava falando.
- Ele sabe que não tenho idade para estar aqui, Trav. Ele me deu até meia noite. Eu te explico tudo depois, mas agora tenho que voltar para o jogo, tudo bem?
Dava pra ver o movimento de seu maxilar sobre a pele, e então ele cerrou os olhos e respirou fundo.
- Tudo bem. Te vejo à meia-noite. – E se curvou para me dar um beijo, mas seus lábios estavam frios e distantes. – Boa sorte.
Sorri enquanto ele se misturava à multidão, depois voltei a atenção aos homens da mesa.
- Cavalheiros?
- Sente-se, Collin Thompson – disse Jimmy. – Vamos recuperar o nosso dinheiro agora. Não gostamos de ser roubados.
- Façam o seu pior – sorri.
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CONTINUA....
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BIBIZINHA2: Já percebi que vc gosta do coisa com mais ação né kkkk
CINTIA C: kkkk consegui postar hoje, porque domingo é foda e não tem nada pra fazer, aí deu pra escrever hahaha
MARC01CL: KKKKK Se você tá dizendo que não é safado, ou acha que não é, quem sou eu pra dizer o contrario kkkk Nunca fui com a cara do Mick, ele é um escroto aff, acho que isso resume ele..... não digo nada sobre esse negocio de “melação” aí, só não sei quem tem a mente mais poluída, você que escreveu ou eu que pensei besteira.... Bom, agora vai chegar a parte mais tensa da história, tenho certeza que alguns vão gostar outros não, uns vão odiar o Travis ( nem que seja por um momento) e por ai vai. Eu se fosse o Kevin, tenho certeza que ajudaria o Mick do mesmo jeito, o Mick não deixa de ser o pai, irresponsável, cretino, mas mesmo assim é o pai, masssssssss como é só uma história, acho que ficaria feliz se o Mick morresse logo kkkkkkkk É a cidade do pecado vai trazer muitas surpresas por ai, e te garanto que muitas não são nada boas hahaha Beijossss meu lindo, até o próximo capitulo!!!!!!
GABRIEL26: Tudo que vc falou é a mais pura verdade.....
HENRINOVEMBRO: Meu Deus kkkkkkkk morri aqui kkkkk é, escroto é a palavra que melhor define o Mick kkkk Abraços meu lindo!!!