Pessoal, mais uma vez, obrigado por acompanharem meus contos e obrigado pelos comentários. Por questões pessoais talvez o intervalo de tempo de postagem entre um conto e outro se torne maior. Vou fazer o possível pra manter a regularidade nas postagens. Mais uma vez obrigado e vamos ao conto. Espero que gostem. :)
Capítulo Seis
- O que aconteceu, João? – Beto pergunta se aproximando dele.
- Ela descobriu, Beto... – Ele soluçava e chorava – Minha mulher descobriu que eu trai ela...
João tinha sido colocado pra fora de sua casa e ele dizia que não sabia o que fazer e chorava bastante dizendo que amava sua mulher e não queria perder ela desse jeito.
- Se amasse ela, não teria traído – eu falo e Beto me lança um olhar de censura.
Eu entendia a tristeza de João mas não conseguia entender era como alguém que dizia amar uma pessoa podia trair dessa forma. E não foram nem uma nem duas vezes que o João traiu sua esposa. A esposa de João já estava desconfiada que ele a traia e hoje o seguiu e confirmou suas suspeitas e o fez sair de casa mas sem antes lhe dar umas boas porradas. “Bem feito”, pensei e me controlei pra não rir.
- Você fica aqui esta noite e a a partir de amanhã você vai lá pra casa. – O Beto fala.
- Tudo bem pra você, Lucas? – João me pergunta e eu faço que sim com minha cabeça. O cara podia ter feito uma besteira enorme, mas ainda assim era meu amigo então não vi problemas em lhe deixar dormir aqui em casa.
- Você está com fome? – eu pergunto e ele responde que sim e eu lhe dou comida, afinal Beto tinha trago comida suficiente pra quatro pessoas.
João come como se fosse a última refeição de sua vida e eu faço um comentário:
- Calma, que a comida não vai fugir – eu falo, rindo e ele apenas me olha e aponta o dedo do meio pra mim. Nessa hora, o Beto começa a rir também.
Após conversarmos um pouco o Beto fala que teria que ir porque tinha trocado de turno com um amigo que tinha se acidentado e por isso não poderia ir para o serviço.
Ele dá um tapinha nas costas do João e fala:
- Cara, tudo vai melhorar, não fica triste assim que esse não é o João que a gente conhece.
Realmente, nessa parte eu tinha que concordar com o Beto, o João foi sempre o mais animado e mais engraçado do nosso pequeno grupo de amigos. Ele tinha uma capacidade enorme de transformar as vezes até um problema em piada e tinha esse espírito de sempre “seguir em frente não importa o que aconteça”. E agora ele estava daquele jeito.
O Beto vem pra se despedir de mim e me dá um abraço e fala no meu ouvido:
- Hoje não dá pra eu dormir aqui mas amanhã você não escapa – ele fala e dá uma mordida de leve no meu ouvido.
Olho pro João e ainda bem que ele estava ainda muito concentrado em sua comida e provavelmente não percebeu nada.
Quando ele terminou de comer, fomos pra sala assistir alguma coisa e não estava passando nada que preste a não “A culpa é das estrelas” e ficamos assistindo e quando virei pra ver como João estava ele estava se acabando de chorar. Não aguentei e comecei a rir descontroladamente.
- Nossa, João, nunca pensei que você choraria em um filme de romance – eu fala, tentando não rir mais.
- Quem que está chorando aqui? É que meu olho está coçando muito ai fica desse jeito – ele tenta argumentar.
- Não tenta desfaçar João, ninguém está aqui pra te julgar – eu falo dando um riso mais discreto.
- É que eu tô muito instável com todos esses acontecimentos – ele fala.
- João, eu posso te fazer uma pergunta? – eu falo.
- Pode fazer duas – ele fala e nós dois rimos.
- Por que você traiu sua mulher se você a ama tanto? – eu pergunto e e olho pra ele esperando uma resposta.
- Cara, sinceramente, eu não sei, nosso casamento tinha esfriado muito, eu me eesforçava bastante pra deixá-la feliz, mas ela sempre parecia indiferente a mim. Uns tempos atrás eu estava desconfiando que ela estava me traindo. Eu dizia eu te amo pra ela e ela apenas ficava calada. Mesmo assim, não desisti e continuei tentando salvar meu casamento mas ela nem sexo queria fazer comigo. Falava pra vocês que estava há dois meses sem sexo mas na verdade faz mais de 1 ano que ela não me procurava na cama. Eu não aguentava mais isso. Eu a traia mas depois eu ficava com uma culpa muito grande. Por mais que eu tenha feito muita besteira, eu ainda não estava pronto pra perder minha mulher – ele fala entre lágrimas e eu fico de boca aberta. Eu o julgava tanto pois achava que ele fazia o que fazia sem motivo e, se isso que ele falou for verdade então a mulher dele era uma vaca.
- Se sua mulher é realmente assim, talvez esteja na hora de você seguir em frente, tenho certeza que tem muita mulher que ficaria feliz em ter um homem como você do lado dela. – Eu falo e o abraço e eu estava me sentido mal porque sempre julguei o João como um cara que não prestava pra relacionamentos e eu na verdade estava injustiçando-o.
Na hora de dormirmos, decidi que dormiria no sofá para que ele dormisse na minha cama. Ele tentou argumentar que a casa era minha e não era certo eu dormir no sofá mas a conversa já estava encerrada.
- Amanhã você volta pra sua cama então, só não fui hoje pra casa do beto porque ele tinha serviço – o João falou “serviço” fazendo aspas com os dedos.
Fiquei pensando nisso bastante antes de dormir. “Se ele ia realmente pro serviço por que ele não deixou que o João dormisse em sua casa?” , “O João não sabia do nosso rolo então ele disse aquilo sem se importar com as consequências”.
Tentei dormir por diversas vezes mas essas perguntas não deixavam. Elas bombardeavam minha mente e eu ficava pensando nas possibilidades. Eu sabia que aquelas dúvidas não deixariam que eu dormisse e, por isso, resolvi levantar e ir para casa do Beto pra tirar minhas dúvidas de uma vez por todas.
A casa do Beto era um pouco longe da minha e, normalmente, se eu tivesse que dirigir até lá naquele horário teria dormido no meio do caminho e batido o carro mas as dúvidas não deixaram que eu dormisse em nenhum momento. Quando cheguei em sua casa, as luzes não estavam apagadas. Logo, ele já tinha mentido porque disse que iria pro trabalho. Tentei manter minha imparcialidade tentando me convencer que talvez ele tinha se esquecido que algo e voltou para pegar.
Pensei em bater na porta, mas se ele estivesse fazendo algo de errado ele daria um jeito de esconder então procurei por alguma janela que estivesse apenas encostada para que eu pudesse encontrar. Ele havia comentado uma vez comigo que tinha o péssimo hábito de deixar, às vezes, as janelas abertas. Procurei por alguma janela aberta e grande foi minha frustração ao descobrir que todas estavam fechadas.
“Droga”, pensei. “E agora?Como vou entrar?”
A curiosidade que me invadia era tão grande que cheguei até a cogitar quebrar uma de suas janelas de vidro pra entrar e ver o que se passava lá dentro. Pensei melhor e percebi que uma das janelas da parte de cima estava aberta. Subi em uma árvore que ficava bem perto dessa janela e depois de alguns segundos de auto-encorajamento resolvi saltar em direção à janela. Saltei e consegui cair no quarto de hóspedes. Cai com as costas viradas para o chão e dei um gemido abafado de dor. “Pelo menos não fez muito barulho”, pensei enquanto me levantava e saia do quarto. Escuto barulhos e concluo que tinha realmente alguém na casa e ai veio a primeira hesitação. Eu podia ser preso por invasão à domicílio mas logo essa ideia foi embora porque não conseguia imaginar o Beto me prendendo.
Chego no quarto de Beto e me surpreendo com a cena dele fudendo uma mulher. Ela estava deitada na cama com as pernas pra cima e ele fodia ela violentamente e botava os dedos na boca dela, abafando seus gemidos. Nem ele nem a mulher pareceram perceber minha presença. Me controlei pra não começar a chorar ali mesmo. Eu gostava do Beto. Gostava de verdade. Talvez ainda não fosse amor, mas eu já tinha costumado com a ideia de que tinha encontrado alguém pra passar o resto dos meus dias. Alguém em que eu podia sempre contar em confiar.
“Não me importo de envelhecer ao seu lado”
As memórias dele falando isso me atingiram como um soco no estômago e não consegui mais me controlar. Sai devagar para eles não perceberem minha presença e fui para a janela enquanto as lágrimas saiam de meus olhos involuntariamente. Pulei da janela em direção à arvore e consegui chegar até ela e me equilibrar mas desta vez tive menos sorte pois arranhei meu braço em um dos galhos e meu braço começou a sangrar.
Eu estava muito triste, não acreditava que Beto era capaz de fazer isso comigo. Eu não poderia continuar um relacionamento com alguém que me trairia na primeira oportunidade.
Não aguentava mais ficar ali, eu tinha que ir embora o mais rápido possível. E foi isso que eu fiz. Estava até passando do limite de velocidade e o volante já estava sujo do sangue que escorria do meu braço. As lágrimas ia fluindo naturalmente e, em momento de distração, não percebi que havia um animal no meio da pista. Já estava muito em cima do animal e girei o volante com tudo e não atingi o animal mas nessa manobra tinha colocado o carro pra fora da pista e bem na frente havia uma árvore que seria a última coisa que eu veria antes de apagar totalmente.
Continua...