Apaixonado por Caio! Meu Brother do Orkut. (07)

Um conto erótico de Fernando
Categoria: Homossexual
Contém 5232 palavras
Data: 06/08/2016 16:36:31
Última revisão: 06/08/2016 18:24:44

Hey, Galera. Antes de mais nada, queria me desculpar pela demora, mais uma vez digo a vocês que a faculdade está me consumindo até o último átomo do meu decrépito corpo e tempo. E para piorar, consegui bugar minha conta do Dropbox e meus textos ficaram em uma espécie de criptografização bizarra, onde letras eram substituídas por números e pontos por sinais. Um horror. E lá foi eu ter que ajeitar tudo e refazer alguns capítulos por completo. Sou uma mula, eu sei. Podem me xingar. E como você - que leu até aqui e não pulou logo pro conto -, percebeu, eu não respondi comentários. Tô sem tempo, e posso admitir que tô sem paciência também - não com vocês, mas comigo mesmo, não quero dar respostas rápidas, cês não merecem. Namorado, professores, pilhas de trabalhos, casa e outras coisas tão me fodendo física e mentalmente. Queria responder um Rapaz que disse ser do Jurunas; oi, querido... Não moro mais naquele bairro foda. Mas vou de quando em vez por aquelas bandas, talvez um dia eu lhe encontre por lá e cê me pague uma Cerpa bem gelada. Galera, recebi uns emails bacanudos de pessoas as quais eu não conhecia. Valeu pelo carinho do cês. Beijos e tudo mais a todos que acompanham o conto. Vamos lá.

*Capítulo dedicado ao meu amigo Marcelo, vulgo Machado*

-

Eu lembrava daquele dia com clareza. Eu estava na laje da casa de André, com ele ao meu lado. Não havia nada alí em cima a não ser os varais onde dona Lúcia estendia as roupas, naquele momento todos se encontravam vazios. Sentados na beirada da laje - com nossos pés balançando enquanto comíamos, distraídos, uns salgadinhos vagabundos de 10 centavos que vendiam numa bodega próxima, - olhávamos para o céu estrelado sem nada falar. Naquele mesmo dia, havia acontecido o velório de um rapaz que morava do lado da casa do André. O mesmo era conhecido por sua vivacidade e sua alegria demasiada. Desde pequeno suas tendências eram explícitas e por isso sua feminilidade era incompreendida por algumas pessoas ignorantes. Pessoas essas, 5 rapazes nojentos para ser preciso, que espancaram o menino e depois o estupraram em um terreno qualquer. O garoto ficou gravemente ferido, não resistiu a tamanha covardia e morreu. André e eu conhecíamos o cara e gostávamos muito dele. Eu tinha meus 12 anos e André já completara seus 13 há semanas passadas.

Eu: Meus pais estão brigando lá em casa. Valeu por me deixar ficar aqui - falei meio pesaroso.

André: Quê isso, baixinho, pode vir sempre - ficamos olhando para o céu ainda. - Porque eles tão brigando?

Eu: Meu pai deu um tapa na minha mãe.

André se assustou: Caralho! Sério?

Eu triste: Sim. Agora está todo arrependido e minha mãe diz que vai embora. Ele não quer deixar e agora deve está ouvindo poucas e boas dela.

André: Por que bateu nela?

Eu peguei um pouco de salgadinho, coloquei na boca. Crock! Crock! Crock!, engole: Ele disse que o (nome do rapaz falecido) mereceu o que aconteceu com ele. E foi a primeira vez que vi ele fazer isso com a mãe - falei tristonho.

André: Mas que... Desculpa, Nando, mas teu pai ta sendo leso. Muito.

Eu ri sem humor: Eu também penso assim - mastigando mais salgadinhos. - Ninguém merece algo daquele tipo.

André: Claro que não. Tu é doido, o (fulano) era gente de boas. Teu pai tá bitolado.

Eu ri: Bitolado é bem forte.

André: Doido - falou ele rindo e me cutucando. - O filho tem a quem puxar.

Eu: Não sei, da atura que estamos, se eu te empurrar tu não morre. Mas eu talvez tenha sorte.

André: Hora errada pra falar de morte - rimos tristes. Depois ficamos em silêncio. Como uma estrela em movimento lento no céu, vimos um satélite cintilando forte, para depois sumir ao longe. André quebrou o silêncio. - Meu pais também disseram algo desse nível.

Eu: Nossos pais estão loucos? - falei exaltado.

André: Mas os meus falaram isso porque são religiosos. Eles fazem vista grossa pra esse tipo de pessoas. Disseram que agradecem aos céus por ter a mim normal.

Eu: Todos somos! Não existe isso de anormalidade. Anormal é pensar que nem eles.

André: É bem osso. Mas vai falar isso pra eles.

Eu: Nem me atrevo. Meu pai no mínimo mandaria eu calar a boca.

André: O meu diria que tô com o demônio nos couro - rimos.

Eu: Ai ai. Sabe, eu se tivesse um filho, aceitaria ele de qualquer forma. Ou um amigo, irmão, primo... o que fosse.

André olhou pra mim, e como sua mão estava do lado da minha, a pôs sobre e me fitou profundo: Tu não veria problema "nium" se alguém te falasse ser gay?

Eu despreocupado: Claro que não.

Vi os olhos do André brilharem, uma excitação que eu não entendi e não busquei entender. Com 12 anos, eu podia ter uma certa existência de senso e noção dos fatos que me cercavam, mas não o suficiente para tais coisas. A homossexualidade naqueles tempos para mim era algo incerto, algo que não me incomodava e tão pouco me sentia tentado a falar sobre. Gays para mim eram tão normais quanto o fato de respirar, mas claro que eu tinha limitações quanto a esse mundo paralelo ao meu. Eu me entendia hetero, não me rotulava, só me sentia bem sendo o que eu era e com o que eu gostava (mulheres). Então naquele momento eu não notei as reais vontades do meu amigo. André apertou minha mão e falou: Queria te dizer algo.

Eu despreocupado: Fala, cara.

André: Eu... É meio complicado.

Eu: Descomplica falando - disse na camaradagem e ri caloroso.

André naquele tempo era um menino bonito, já se gabava das meninas que namorava, mas não da forma cafajeste, como todo jovem de sua idade faz. Magrelo e charmoso, meio desajeitado e às vezes bem ignorante quando ficava bravo. Ele abriu a boca. Falou um "arr" e fechou ela. Parecia reunir coragem e falou: Nando, é o seguinte e...

Dona Lúcia subiu uma escada atrás da gente que levava à laje e chamou: Fernando?

Eu me virei: Sim?

Ela: Teu pai ligou e disse que é pra ti ir pra casa.

Eu: Já vou. Valeu, tia.

Ela desceu as escadas e vi que André ainda estava com sua mão sobre a minha: Fala, mano.

André riu e pareceu envergonhado: Deixa pra lá. Um dia desse eu te conto.

Eu fiquei curioso, mas não prensei. Morria ali um assunto que talvez mudasse minha vida. Me levantei, André me acompanhou. Antes ele me deu um abraço forte e eu não entendi. Fui pra casa. A mãe estava no quarto e meu pai na sala com o rosto vermelho de chorar. Corri pro meu quarto tentando fugir daquele mundo dos adultos. O tempo passou rápido. Imagine você que está lendo isso, uma sequência de acontecimentos passando rapidamente, muito rápido, como nos filmes. Caio chegou em Belém/André se afastou/Caio e eu nos beijamos/Começamos a namorar/Transamos/André se reaproximou/Ricardo e sua emboscada/Meu pai intolerante/Minha mãe deixando ele/Eu sendo expulso de casa/A declaração de André/Tudo isso passando muito rápido e parou comigo dançando na casa de Pablo, com meu namorado do meu lado.

Diamonds da Rihanna, remixado, explodia na sala e todos dançavam como se na houvesse o amanhã. André e seus brother's ficaram longe e eu fiquei tão nervoso quando o vi que bebi rápido goles de Red Label e logo acabei esquecendo a tensão devido ao álcool me deixando mais solto. De minuto em minuto eu olhava ao redor e reparei que André e cia se encontravam há uma distância boa, depois eles sumiram e eu pensei que os mesmos tivessem ido embora. Caio não saía do meu lado e ora a gente dançava se flertando, ora ele me agarrava mesmo e me dava uns beijos fodas. Isso não era problema, a baladinha na casa de Pablo era liberal pra casais de qualquer preferência sexual. Havia mulheres beijando outras, uns caras se amassando, claro que havia um limite de orgia ou tudo acabaria numa suruba sem precedentes. A bexiga encheu e eu precisei esvaziar ela.

Eu meio tonto, cheguei com Caio e colei a boca nos seus ouvidos, claro que pra isso precisei ficar na ponta dos pés: Vou mijar, amor.

Caio: Bora.

Eu: Não precisa. Vou sozinho. Fica aí que eu já volto.

Ele me olhou bem e disse: Não demora. Te amo - e deu um tapa na minha bunda.

Me distanciei e ele ficou dançando com Lise e outra menina. Olhei pra ele, dançando que nem um gogoboy. O cara tinha um gingado másculo na cintura e sabia dançar a ponto de enlouquecer a mulherada e até alguns machos. Eu ri vendo ele assim e quando cheguei no banheiro, tinha um casal se pegando, sexo na privada. Resolvi ir na parte de fora da casa de Pablo. Sabem, aquelas festas loucas de filmes, que os filhos fazem em casa quando os pais viajam?, estava nesse nipe e um pouco mais louca e com muita gente. Na cozinha uns caras enchiam aqueles galões de água mineral azuis e colocavam uma mangueira na boca dele para depois virá-lo e a pessoa beber o que podia. Mais a frente vi uma menina vomitando numa panela próxima da geladeira e sua amiga do lado falava algo, adiante um casal discutia, ela deu um tapa na cara dele, apressei o passo. Cheguei na porta de saída dos fundos e tinha mais gente se pegando num canto. Uns falaram meu nome quando passei e eu nem dei bola muita. Cheguei no muro da casa e mijei fartamente alí me sentindo aliviado.

Quando terminei e ia me virando pra voltar pra dentro, trombo com alguém. Ele: Opa!

Eu: Hey... e... André? - falei surpreso. Achei que ele havia ido embora.

Ele: Nando? Caramba, foi mal. Vim aqui fora mijar porque não tem banheiro disponível lá dentro.

Eu ri meio tonto: Tá me seguindo?

Ele agora ficou surpreso: Não! Claro que não. Tava era me mantendo longe.

Eu: Verdade?

André: Claro. Não é isso que tu quer?

Eu: Bom... É.

Ele riu: Espero está fazendo um bom trabalho.

Eu: Ok.

Silêncio entre nós dois. O som rolava e ao longe ouvi gente gritando por causa de uma música do Gustavo Lima.

André: Bacana a festa - falou ele.

Eu: Ahãm - e resolvi entrar, mas ele ficou na minha frente. Perigo! Perigo! Afaste-se dele, alertou meu subconsciente bem ciente de que teria briga caso eu não saísse logo dalí.

André não parecia estar bebendo e perguntou bem sóbrio: Tá me evitando?

Eu olhei pra ele bem firme: Não, André. Mas tu sabe que nossa aproximação só vai trazer danos.

Ele: A mim ou a você?

Eu: A ti, cara. Principalmente a ti.

André: Eu não ligo. Já me acostumei com essa tal de friendzone - ele falou em um tom tão doído que eu quase o abracei. Não! Eu tinha que me manter longe, naquele momento mais do que nunca, pois Caio já devia ter sentido minha falta e concluira que eu estava demorando de mais.

Eu: Pois deveria ligar e viver, não ficar nessa. Tenho que ir.

André: Eu disse que iria lutar, mesmo tu não permitindo.

Eu: Para! Já falamos essa bosta. Tchau.

Ele segurou meu braço: Você não sabe se pode gostar de outro, oshe. Vai que acontece isso.

Afastei-me de seu toque com um safanão.

- Tire as mãos de mim, André - sibilei.

- Desculpe! - disse ele na mesma hora, erguendo as mãos como quem se rende. - Me desculpa, de verdade. Sobre o outro dia também. Eu não devia ter tentado beijar tu. Foi um erro. Eu acho... Bom, acho que me iludi pensando que tu quisesse aquilo.

Eu olhei incrédulo pra sua cara: O quê? Eu querer?

- Me iludi - repetiu ele rindo sem graça.

Eu ri sem humor: Iludido... Que descrição perfeita!

André: Seja bonzinho, pode aceitar minhas desculpas, sabe disso.

Eu: Não sei mais de nada, só sei que tenho que ir.

Ele ficou na minha frente mais uma vez: Pow, Fê.

Eu falando rápido: Tudo bem. Desculpas aceitas. Agora se me der licença... - falei ríspido.

André: Tudo bem - murmurou ele, e sua voz era tão diferente de antes que parei no lugar e examinei seu rosto. Ele olhava o chão, desviando o olhar. Seu lábio inferior se projetava um pouquinho. - Acho que prefere ficar com seus amigos de "verdade". Entendi.

Eu gemi: Ah, André, tu sabe que isso não é justo.

André: Sei?

Eu: "Devia" saber. - Curvei-me para frente e espiei, tentando olhar em seus olhos. Ele então levantou a cabeça, mais alto que a minha, evitando meu olhar. - André?

Ele se recusou a me olhar.

Eu: Hey, soldado de chumbo. Tu não ia mijar? Ou fez isso nas calças sem perceber?

Ele riu relutante: Seu palhaço - e vi seus olhos lampejarem de alegria.

Eu ri e dei um soco em seu braço: Teus amigos são gatos.

Ele revirou os olhos: Não fazem meu tipo.

Eu curioso: Algum deles curtem?

André gargalhou: Nenhum. Pelo menos até onde eu sei.

Eu: Tem uns caras aqui legais, posso te apresentar...

André: Epa, não, man! Não é porque eu tô apaixonado em ti que quero um cara qualquer.

Apaixonado por ti. Apaixonado por ti. Aquelas palavras entram ácidas por meus ouvidos.

Eu fiz uma careta: Ninguém vive só de punheta.

André: Enquanto eu não tenho o que quero - o ênfase no 'quero' me fez acordar daquele momento descontração - eu prefiro ficar com mulheres ou viajar na minha imaginação e mão.

Eu: Então você não é só vidrado em caras e fica com mulher por status? - perguntei em dúvida.

Ele: Coé, não. Eu gosto de mulher. Gosto de comer uma. Pra distrair. Pra esquecer você.

Eu já estava alí conversando fazia uns minutos, Caio sentiria minha falta, não veria André e ligaria os pontos. Eu tinha que ir: André (gemi), viu como nossa aproximação nunca vai dar certo. Tu só me azara, cara.

André: Desculpa. Desculpa. Foi sem querer. Tenho que saber respeitar um cara comprometido.

Eu: Ajudaria muito.

André: Então vamos começar novamente. Olá, Fernando, sou afim de ti mas não vou te flertar - ele estendeu a mão em um cumprimento fingido.

Eu peguei a mão dele: Oi, André, quero tua amizade, mas tu não facilita seu pau-no-cu do caralho.

Ele riu: Podemos ser somente amigos então?

Eu não devia, eu não devia. O que eu devia fazer de fato, era dizer um não, dar as costas e sumir da vista de André. Uma aproximação só machucaria ainda mais ele e claro que eu sentiria a dor dele pelo fato dele ser meu amigo.

Eu: Amigos. Nada de cantadas.

André: Beleza e... - então ouvimos alguém pigarreando atrás de nós.

- Ãh rãm. Tô incomodando o papo? - Caio chegara por trás.

Eu o olhei e falei apressado: Não. Já ia pra dentro.

Caio: Não, pode ficar aí com teu brother.

André: Mano, a gente estava só conversando, sem b.o.

Caio: Falei contigo ainda não, parça!

Eu: Caio, pelo amor de Deus. Para com isso.

Caio: Vamos, Fernando. Vem! Tem nada que falar com esse aí não.

André: Tenho nome e ele não é teu dono, Fernando. Pra ficar te mandando.

Caio avançou rápido: Kêkitufalou, feladaputa? - proferiu as palavras juntas.

André: Tá surdo?

Me pus entre os dois, as mãos em seus peitos: Parem com isso. Parem com isso. Parem! - repeti.

Caio: Sai, Nando. Sai da frente, porra!

André: Deixa o pitbull vir, Nando. Vem, tó tó - chamou ele atiçando.

Caio irado: TU VAI VER COMO EU MORDO.

André: Que medo, Zézão.

Eu: CHEGA! Parem! Que porra! Tchau, André.

Os dois olharam pra mim e Caio me puxou pra dentro antes de eu contar 1 batimento cardíaco. Olhei para trás enquanto Caio me rebocava e vi o pior; André nos seguia determinado. O povo dançava despreocupado e Caio abria caminho entre eles apressado, numa raiva contida. André falou às nossas costas: Hey! Não terminei. Larga ele!

Eu: André, já terminamos sim. Caio, não! - mais uma vez ele avançou em cima de André, dessa vez não pude impedir. Vi o punho de um, ir de encontro ao rosto do outro. Por pouco, com um desvio rápido, André não foi atingido, infelizmente o segundo golpe o pegou em cheio e ele cambaleou.

Caio: Quem é o cachorro agora? Fala, porra... - de repente um dos amigos de André, um soldado moreno de cabeça raspada, chegou do nada e deu uma pisada nas costelas de Caio de surpresa. Caio caiu em cima de uma cara que estava próximo fazendo ele derramar cerveja numa garota. Caio levantou rápido, irado da vida. A música Titanium do Guetta feat. Sia explodia e os outros amigos de André se juntaram pra pancadaria. Caio avançou e desviou de um soco do moreno, bloqueou um ataque e acertou, com a mão aberta, seu peito. O moreno pareceu perder o ar e não teve tempo de recuperar ele porque um gancho de Caio o atingiu em cheio no queixo. Eu não iria me meter, iria sobrar para mim - pensei puto da vida. Mas aí, para piorar a situação, lá vinha Mário e Juan, pensei que iriam separar todos, pelo contrário. Foram pra batalha. André já estava de pé e com o nariz sangrando, Caio viu ele e os dois se atracaram. A musculatura de ambos era notável, Caio tinha mais encorpamento enquanto André crescia aqui e alí, mas ainda sim eu já o via como um maromba. Os dois trocaram socos, uns xingamentos, um deu um pisão forte, o outro se pôs em modo defesa... Vi Caio girar com uma leveza impressionante ao redor de André, ficando atrás dele e então dando uma chave de braço ao redor de seu pescoço.

A música gritava "I AM TITAAAAAAAANIIUMM" e a porrada se intensificou. De uma análise rápida no momento, vi que os três amigos de André eram grandes, fortes e sabiam lutar. Um branquinho meio troncudo deu um chute na barriga de Mário que lhe mirou um direito e errou. Juan derrubara o moreno, mas o terceiro amigo de André, um de cabelos louros, tirou ele de cima do colega com um empurrão violento. Vi Pedro, depois Pablo e Roger. Insisti para que eles apertassem aquela selvageria. Caio segurou André pelo pescoço na sua chave de braço e lhe deu uma série de socos no estômago. André empurrou ele até a parede e com o cotovelo acertou suas costelas dos dois lados de forma violenta. As pessoas corriam e abriam uma roda para olhar o espetáculo de MMA. Pedro foi até os dois para afastá-los, mas André pensando que iria ser atacado lhe deu um chute no estômago. Caio soltou André e eles ficaram se encarando. Olhei pra Caio e tinha sangue em sua testa. André cuspiu algo que julguei ser seu dente e eles se pegaram novamente. Um dava um soco, o outro bloqueava; um chutou, acertando a coxa do oponente que lhe atingiu com um direito muito bem executado. Ambos sabiam brigar, mas Caio por seu porte físico tinha mais vantagens de matar André na porrada. Senti medo quando vi que André iria sair muito ferido daquilo tudo. Caio parecia um demônio com raiva... Com raiva por ter um idiota cercando o seu namorado.

Em pleno século XXI e as pessoas sendo primatas, pensei. É um impulso humano natural pensar na evolução como uma longa cadeia de aperfeiçoamentos, um avanço incessante rumo à grandeza e à complexidade física e mental - ou seja, rumo a nós. Mas não, não passamos de um mero acaso feliz. Combinações ínfimas de possibilidades genéticas e mutações toscas - e acidentais - nos tornaram os homo sapiens que somos hoje em dia. Mas vendo aquela cena degradante, percebi que paramos de evoluir e estávamos regredindo. Roger segurou Caio, ele se desviou do seu toque e partiu pra cima de Ricardo, opa... eu estava tão louco com tudo aquilo, que o dejavú fora inevitável. Lembrei da praia e da boate, os dois locais com brigas e com Ricardo no meio. Aquela briga na casa de Pablo me lembrou muito os dois eventos e me lembraram também que se eu me metesse, sobraria para mim (eu já disse isso, eu sei). Eu sabia disso na prática. A música parara, todos os presentes ficaram olhando e tirando fotos dos brigões. Eu ralharia com Juan e Mário, os dois além de apartar, colocaram mais lenha. Mas o moreno, amigo de André, se meteu sem ser chamado. Bem feito para ele, que jazia no chão inconsciente. Roger em fim conseguiu segurar um irado Caio e Pablo afastava um André raivoso. Se não separassem eles, ambos se matariam.

Caio: Isso foi só uma amostra... Me solta, Rô. Isso foi uma amostra, seu militarzinho. Chega perto dele e eu te mato.

André com o nariz sangrando: Tenho medo não, seu bosta de mauricinho. Cai dentro, pitbull sem rabo.

Caio: Aé, quer mais, viado. Peralá.

Eu fui até ele: Caio, chega. Hey! Olha pra mim. Caio!

Caio: ... a tua madrinha, aquela arrombada. - Falava ele pra André e olhou pra mim. Sua testa sangrava e tinha um furo, sua orelha esquerda estava machucada.

Eu: Vamo embora.

Caio: Vamu, se não mato ele.

André: Mata nem tua fome!

Caio: Me solta, Caralho. Vem cá, merdinha! - disse e Roger o segurou firme.

Pablo: Que porra é essa?

André já estava saindo, os amigos dele iam logo atrás. O moreno, já disperto, olhou feio para mim e saiu. Mário e Juan falavam que tinha lutado de forma foda e fui até eles e apontei o dedo nas caras suas: Vocês não tinham nada que crescer a briga, debiloides.

Juan se espantou: Ih alá, queria u quê? Ver Caio apanhar?

Eu incisivo: Caio não iria apanhar, não é, querido - dei ênfase na última palavra de forma raivosa.

Caio: Rapá, papai aqui se garante. Ninguém chama eu de vira-lata.

As pessoas saíam aos poucos, a festa acabara. Olhei pra Mário: E tu, chamava os outros e apertava a briga.

Mário: Nando, te cala que "salvemo" o teu marido.

Caio: Ele tá tomando as dores do amiguinho dele - falou carrancudo.

Eu: Escuta, aqui. Tô tomando as dores de ninguém. Tanto é que nem me meti. Não precisava disso, porra!

Caio: Não precisava? O cara fica dando em cima de ti e depois vem de alopração pra cima de mim e tu quer que eu fique calado? Namm. Parto é a cara mesmo.

Numa lógica masculina, ele tinha razão. E eu na hora, movido ao álcool, concordei com ele sem saber o certo. Vocês que lêem isso deve pensar "mas porra, não é certo brigar. Esse relato é violência gratuita e desconexo". Bom, a parte de ser desconexo tem explicação, pois isso se trata de lembranças bêbadas. O que quer dizer que eu não estava sóbrio o suficiente na hora para lembrar de tudo de forma... civilizada digamos. Sobre a violência gratuita, quem nunca esteve numa briga, viu, participou, que atire a primeira pedra (pode ser uma pedra de esmeralda).

Eu: Ai ai.

Pablo: Quer dizer que isso foi por causa do Nando?

Roger: Parece que sim. O cara é afim de ti, Nando?

Eu: Não é da conta de vocês, fofoqueiros. E Pablo, não foi por minha causa. Foi por causa de André e Caio. Eles não se bicam.

Caio: Aquele marica e....

Apertei o braço de Caio e sussurrei: Não expõe o cara dizendo que ele é gay. Parou.

Caio com raiva: Kié, quer mandar na minha boca?

Eu ficando mais puto: Pedir é diferente de mandar, otário.

Ele: Otário é tu por ficar dando trela pra ele.

E recomeçamos a brigar. Imagine nos dois discutindo em câmera lenta - sem nossas vozes, como nas Série de TV - e com uma música mexicana no fundo do tipo que toca em filmes do Zorro, quando há uma luta. Eu apontava o dedo no rosto dele, ele mandava baixá-lo. Alteramos as vozes, eu empurrei ele e ele me empurrou. No meio da briga, em camera lenta, percebi que Caio e eu discutíamos de mais. Não narrei isso, mas sempre rolava uma briguinha. Logo depois esfriávamos a cabeça e fazíamos as pazes. Discutíamos por causa de André; discutíamos pelo ciúme de Caio; discutíamos pelo fato de eu ser um idiota e das burradas que eu fazia; discutíamos pelas discussões já passadas e discutíamos quando não discutíamos. Depois fazíamos as pazes. Um ciclo, como bem percebi. Havia um problema ali e tinha nome - rotina. Caíamos na rotina a cada dia. Mesmo sem perceber, éramos um casal em uma crise disfarçada. Disfarçada pelo afeto de ambos. A música mexicana imaginária estava mais rápida e enlouquente enquanto brigávamos na casa de Pablo, e então como numa série de tv, essa parte se encerra com a gente indo pro intervalo comercial.

*

Os meninos mandaram a gente se acalmar. Caio tirou a camisa e limpou o rosto e junto com Pablo ele foi até o andar de cima limpar a face e esfriar a cabeça. Fui pra parte de fora da casa, perto da piscina. Eu queria ir embora, pegar um taxi e sumir. Vi Juan fumando e exigi um cigarro. Bom, eu tomei um da sua mão quando ele me negou. Peguei seu isqueiro e fumei. Não sabia bem como se fazia, me engasguei na primeira vez, tentei tragar mas fracassei e o que produzi fora uma saraivada de tosse. Juan disse que eu devia esfriar a cabeça, eu estava puto com Caio, que queria ser o machão fodão, batendo nos outros por se achar o pica das galáxias. A nicotina me fez tontear quando traguei a fumaça. Roger estava numa cadeira próxima à piscina com Lise em seu colo, ambos olhando as águas enquanto ele lhe fazia carinho nos cabelos dela. Estávamos somente Mário, Pablo, Juan, Pedro, Henrique, o casal, Caio e eu, o resto do pessoal tinha ido embora.

Peguei o celular, vi o número de André. Liguei e ele atendeu rápido: Kié?

Eu: Tu tá bem?

André riu alto: Tô ótimo.

Eu: Tá machucado?

Ele: Relaxa, cara. Tô sussa. Espero ter quebrado a cara do teu macho.

Eu cansado: Sem essa também de machão. Vamos ser civilizados. Bom; vejo que tu ta vivo.

Ele: Esses soquinhos dele nem fizeran cócegas e...

Eu cansado daquele papo: Tchau, André - desliguei. Ele estava bem. Era o que importava.

Pablo: Nunca mais convido vocês pra alguma festa minha - falou quando saiu da casa e veio até a piscina.

Caio: Deixa de onda, man. Tem cerva "dalavra" (aos montes) aí na geladeira. Vamo beber tudo - disse e reparei ele com um short malha fina e óculos. Seu peito nu tinha manchas avermelhadas provocadas pela porrada.

Pablo: Fazer o quê. Vocês espantaram todo mundo.

Caio veio até mim: Tá com raiva ainda?

Eu não respondi. Lise falou alto: Deixa ela, Caio.

Eu olhei pra piscina e Caio colocou uma mão no meu ombro. Eu o afastei: Não toca em mim!

Pedro bebia uma Skol com Henrique e disse: Mata ele, Fernando. Esse brigão.

Caio: Cala a boca, Filho da puta! - todos riram. Caio repetiu a pergunta - Tá com raiva ainda?

Não respondi. Ele ficou perto de mim, depois se distanciou e então me empurrou na piscina. Não havia nada pra me segurar e eu caí lá dentro. Emergi furioso e xinguei ele: Desgraçado, viado do caralho e... - Tibum! Ele pulou na piscina só de cueca. Mário e os outros fizeram o mesmo na mesma hora.

Pablo: Não mandei vocês entrarem na piscina! - Henrique pegou ele de surpresa e o empurrou.

Eu: Caio, infeliz! - gritei furioso.

Caio: Calma, bem. Tira a roupa, vai. - Falou rindo e mergulhou para tirar minha calça a força.

Eu: Te odeio, seu arrogante.

Caio submergiu: Eu te amo.

Eu ri relutante. Ouvi Lise falar "nom amour, nom" e vi ela nos braços grandes de Roger e logo em seguida ele a jogou nas águas para depois pular gritando "madeiraaa".

Henrique: A festa acabou mas ficou melhor.

Pablo: Minhas festas são fodas - jogamos água nele.

Caio me abraçou, nossos corpos semi-nus colados. Ele: Vamo para de briga?

Eu: Caio, eu não gosto dessas violências.

Pedro: Tá bom que ele não gosta. Só se mete em confusão.

Eu: Cala a boca, Pedro.

Caio: Me perdoa?

Eu: Caio, claro ué. Mas ainda tô zangado.

Caio: Uma semana tu só me pegando. Meu cuzinho é todo teu.

Eu ri malicioso: Perdoado completamente

Ele gargalhou alto: Agora me diz, o que vocês faziam lá fora naquela hora?

Eu: Eu fui mijar e esbarrei com ele e a gente conversou. Só.

Caio já estava sóbrio e me pressionou: Só isso?

Eu: Um hum.

Caio: Ele não tentou te beijar?

Eu: Se tentasse eu socaria ele.

Caio: Nando, vou te falar a real.

Eu: Fale.

Caio: Tenho medo daquele cara.

Eu: Oi?

Caio: Sei lá. Ele pode te roubar de mim. Ele é inteligente e agora tá aí todo marombado.

Eu: Caio, entende uma coisa. Só existe tu nesse mundo pra mim.

Caio me abraçou mais forte. Ouvimos um "viraram mosquito da dengue pra trepar na água?" era Juan com graça.

Mário: Vamo fazer uma suruba? Lise e Fernando.

Caio: Sai daí, rapá. Respeita não!

Roger: Sai fora, mermão. Minha gatinha é só minha.

Caio: Rô, bora pegar ele de porrada?

E partiram pra cima de Mário. Ficaram naquela briga de brincadeira tentando afogar Mário. Depois arranjamos uma bola e pronto, parecíamos crianças de 10 anos brincando na água no meio da noite. Depois fomos pras cadeiras a beira da piscina, Pablo trouxera roupões e toalhas e ficamos enrolados ouvindo Juan tocar violão enquanto Caio e Pedro cantavam pagodes. Fiquei sentado na perna de Caio, bebericando minha latinha de cerva. Amanhecemos alí, entre músicas, bebidas, histórias, amigos e descontração. Apesar de tudo, fora a melhor festa de Pablo.

Lise falou somente pra eu ouvir: Qui legal, Nando.

Eu franzi o cenho: O quê?

Ela: Dois caras lutanda por-í ti.

Eu: Que ridículo. Não é bacana. E ninguém tá lutando. Isso não é um conto gay com triângulo amoroso.

Caio ouviu: E eu vou lutar mermo. Te liga, Lise. Quem ama luta.

Lise: Que vença a melhor?

Eu: Não existe isso de competição - falei zangado.

Caio: Existe. Mesmo tu não querendo. Cuzinho disputado heim.

Revirei os olhos: Que babaca tu heim, Caio.

Caio: Te amo, Nando.

Eu abracei ele e ao leste o sol nascia poderoso, imparável: E eu te amo, Caio. Mas vamo parar com isso de lutas.

O dia começava. Mas assim como o dia, o amor também tinha um fim.

Continua...

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Como viram no começo. Dediquei esse capítulo para meu amigo Machado. Ele é muito especial (mentalmente) e tá passando por uma fase de saúde bem incômoda. Conheci ele através daqui e quero que ele saiba que estou torcendo pela recuperação dele. Tamo Junto, Chado ♥. Bom, galera. Como eu disse, meu Dropbox deu pau e eu tô agogado de trampos da facul. Talvez eu volte domingo. Mas com um capítulo curto. Espero que tenham curtido esse. Quero desejar um Bom Final de Semana a todos. Boa balada, ou curtição em casa, ou cinema e etc. No próximo respondo vocês. Beijus.

Ps: As partes que serão ou foram narradas por Caio, na verdade são escritas por mim. Ele só me faz lembrar os acontecimentos e eu os coloco no papel. Não é por nada, mas ele não sabe escrever direito. Aquele ditado: músculos de mais, cérebro de mesmo kkk. Flw.

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Comentários

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Desculpem a demora, galera. Vou continuar sim. Esperem mais um pouco. Até mais à noite.

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eeeê, mais um capítulo rs, como sempre muito bom rs kk, o André gosta de provocar em man kkk, logo levou o chocolate dele kkkkkkkkkkkkk, como sempre teu conto tá show.

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eeeê, mais um capítulo rs, como sempre muito bom rs kk, o André gosta de provocar em man kkk, logo levou o chocolate dele kkkkkkkkkkkkk, como sempre teu conto tá show.

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Eu gosto do André! Ele parece ser legal, apenas ta apaixonado tadinho, ja o Caio se não parar com esse gênio explosivo dele vai ferrar contudo.

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Obrigado pelo carinho e dedicação maninho. Mas ispia q tem dois boys disputando o pobre e indefeso menino Nando, mamãe passou açúcar em vc mesmo viu! Kkkko abração

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Conto maravilhoso, Caio e vc mais ainda ❤

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Pare de falar essas coisas do Caio! Vou lhe entregar kkkkk. Fico passado com essa disputa toda e continuo detestando esse André. Caio deveria ter deixado ele com alguma coisinha quebrada kkk, estou de brinks. Ooooo cabeção! O que tu fez com teus capítulos feitos?!?! Xero Nando. Volta logo.

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esse "nom amour" da Lise ficou claro que ela é a próxima Inês Brasil né non ?! KKKK. olha tudo vai melhorar (clichê sim), daqui a pouco vc vai ficar menos estressado e só vai curtir, temos que trabalhar duro pra no final podermos aproveitar o nosso esforço passado, então rlx q já já isso passa e vc fica mais calmo. Eu ia perguntar a orientação sexual do André mas to me desconstruindo pra que isso seja cada vez mais irrelevante de ser levado em conta, q ele q sabe oq ele gosta o pessoal n tem nada a ver com isso, mas olha a bicha enfrenta msm em, pode ser bom assim no mano a mano mas quero só ver no dialogue.

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Não gosto nem um pouco de violência,mas adoraria ter dois homens brigando por mim,eu iria morrer de felicidade,pois ate hoje nunca namorei.Ancioso pelo próximo capitulo.BEIJOS😘😘😘

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Amo teu relato, sabes disso. Porém, hoje, amei muito teu momento reflexivo e filosófico.. Diante de cenas de violência, será que podemos dizer que o ser humano evoluiu? Gostei. Um abraço carinhoso para ti e para Caio,

Plutão

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Detesto lutas mas daria tudo pra ver esta,que(bela)mas disputada kkkkkkk luta de gigantes.Porém violência nunca resolve nada se Caio tivesse um pouco mais de visão viria q Nando só tem olhos pra ele.

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Fofinho esse início com André. Chega senti a angústia de André daqui. Tadinho. E essa pancadaria? Menino, tua vida só tem "porrada"? Amei esse confronto de machos alfas... to amando tudo isso. Sério. Mas sempre iriei ser TeamCaio. Sempre. Sempre. Sempre. Sempre. Caio é o cara que sonho todos os dias. Sério, eu queria ter sua sorte, de ser amado dessa forma. Consegue uns primos dele pra mim. E Fernando, queria te fazer uma pergunta: você tem algum diário e anota tudo isso ou lembra por ter uma memória fotográfica? Beijinhos, meu autor favorito. Não demora. Tem adoro. Abracinhos pra Caio. Casal mais fofo da dcd.

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