A vida seguia normalmente na fazenda de café. Era tempo de colheita, os escravos trabalhavam de sol a sol, sob o chicote dos feitores. A barriga da negra Luzia crescia outra vez, como de muitas outras escravas. O pai de Celeste depois vendia as crias.
Sentada numa cadeira perto da janela em seu quarto, Celeste bordava um lençol para seu enxoval e pensava que não queria se casar. Como escapar, porém? A palavra de seu pai era lei, e ela tinha muito medo de sua mãe.
Sentada aos seus pés, no tapete, Ana separava algumas meadas de linha de seda dentro do baú de costura. Ela usava uma longa saia de algodão e uma bata branca, e prendera um jasmim nos cabelos.
Está calor, Nhá, disse ela. Nhá não quer passear na cascatinha?
Celeste estremeceu e largou o bordado.
Não, Ana, respondeu. Prepare o meu banho...
Ao lado do quarto de Celeste havia uma casa de banho, um aposento com uma grande tina de madeira e uma prateleira de cosméticos. Duas escravas terminaram de encher a tina com água quente.
Os pais de Celeste haviam ido à cidade. Ana trancou a porta e começou a despir sua dona...
Desamarrou os cordoes das botinas e as tirou, deslizando para baixo as meias de seda . Depois tirou o vestido de Celeste e, de pé atrás dela, começou a abrir seu espartilho. Ela fazia isso desde que eram crianças, mas desde algum tempo, Celeste sentia- se perturbada quando Ana a tocava. A respiração da mulatinha na sua nuca, o roçar daqueles seios firmes nas suas costas a faziam sentir coisas...
Ana eu estou me sentindo tão estranha, desabafou, acho que estou doente.
Ana arregalou seus lindos olhos de topázio. O que Nhazinha está sentindo? Não sei explicar respondeu Celeste, uma coisa aqui... tocou no baixo ventre. Bem aqui...
Houve um silêncio entre as duas.
Nhazinha precisa se aliviar, disse Ana.
Celeste a encarou espantada. Do que você está falando, perguntou. A mucama ficou calada e terminou de abrir o espartilho de sua senhora, admirando cada palmo de pele alva e acetinada que surgia.
- Nhazinha tem um cheiro tão bom... disse baixinho ao ouvido de Celeste. - Feito flor de laranjeira.
Celeste encostou seu rosto ao dela... e as duas lindas bocas se encontraram.