Uma semana depois que voltamos da praia e falamos com minha mãe, lá estava eu. Havia me arrumado lindamente com a ajuda de Júlia e trajava o vestido de noiva mais lindo de todos: feito por minha mãe e minha sogra. Por insistência de Valéria, ele era branco. Possuía um corte morderno com as costas nuas e a cauda de sereia, com rendas e bordados nas mangas e em toda sua extensão. O restante de mim estava deslumbrante em minha maquiagem leve e coque com alguns fio de cabelo caído. O véu não poderia faltar.
Eu me sentia feliz. Sim, muito feliz. Não iria casar na igreja como em meus sonhos de menina, mas teríamos um juíz de paz e a bênção do padre.
Agora eu estavá lá. Não poderia voltar atrás, e também, nem pensava nisso. Valéria me esperava ao longo de um belo tapete vermelho, trajada com o terno que sua mãe havia feito, os cabelos bem peteados para trás. Seu jeito me fez sorrir. Estava linda... E sorridente. Me olhava emocionada, bem como eu a olhava. O nervosismo tomava conta de nós. Eu sentia o mesmo que ela e sabia disso. Coisas de quem se ama.
Tínhamos como padrinhos Felipe, que há poucos dias havia sido liberto, Júlia, Giovana e sua namorada, Pâmela e também Tamires e Suzi. Sim, eu e minha "cupida" havíamos formado um casal...
Era a hora. Segurei-me no braço do pai de Júlia, ao qual eu tinha como um pai desde a infância e nos guiamos ao altar ao som de My Immortal, tocada estratégicamente ao som de um violino, por um rapaz que, provavelmente Giovana havia contratado.
Quanto mais eu caminhava, mais leve e solta eu me sentia.
Parecia que os vários meses sofrendo estavam sendo, de alguma forma, compensados. E eu sabia que a partir dali, tudo seria só sorrisos e felicidade, ao lado de quem eu tanto amava.
A cerimônia foi surpreendentemente tranquila. Assinamos alguns papéis e nossos padrinhos, ou melhor, testemunhas também e em menos de cinco minutos, estávamos casadas por uma união estável.
Ainda faltava a bênção do padre, que o fez sem exitar e ainda noa desejou um casamento sólido e harmonioso.
Por fim, a comilança e a festa para nossos convidados, que eram basicamente minha mãe e a de Valéria, alguns policiais, amigos de Valéria e suas namoradas/ esposas, Júlia e seus pais, Giovana e a namorada, Tamires e Suzi e Manoela e Luíza. Sim, outro casal formado por Valéria... Na verdade, eu nunca pensei que alguma dessas quatro iriam ao meu casamento. Mas que irônica é a paixão, não é mesmo?
-Acho que Felipe e a sua amiga se deram bem. Falou Valéria em meu ouvido, enquanto dançávamos a valsa.
Eu observei Júlia e Felipe que conversavam e sorriam alegremente.
-Sim! -Eu sorri contente, ao pensar em um provável namoro entre ambos.
-Você percebe, meu amor? Tudo parece tá se encaixando... -Sorriu tranquila de um jeito novo.
-E não fosse... Vc formou três casais... -Eu ri dela, a beijando em seguida.
-É sim, mas o melhor ainda está por vir. -Falou enigmática.
-É mesmo? -Perguntei curiosa.
-Sim. Tenho uma surpresa pra vc ainda hoje. -Sorriu.
Eu fiquei pensativa. Qual seria a grande surpresa? Em se tratando de Valéria, só poderia ter a ver com sexo. Provavelmente. Ainda mais sabendo que eu havia lhe prometido algo uma semana antes. E como se pudesse ler minha mente, ela sussurrou em meu ouvido:
-Essa surpresa não tem a ver com o sexo anal de lua de mel que vc está me devendo . -Sorriu maliciosamente, me deixando vermelha.
-É o que então? -Indaguei ansiosa.
-Calma, Helena, meu amor.
Minutos depois, minha mãe apareceu dizendo que precisava ir. Eu a achei estranha, mais concordei e me despedi dela.
A festa transcorreu normal e depois de algumas horas, todos haviam ido, exceto Giovana e sua namorada.
-Helena, Valéria... -Giovana estava abraçada a Pâmela perto da saída e chamou nossa atenção.
-Sim? -Respondeu Valéria, me puxando pra si.
-Bem... Eu e Pâmela... Nós... Estamos planejando o nosso casamento. É daqui um mês e gostaríamos que fossem nossas madrinhas. -Falou sorridente, olhando apaixonadamente pra namorada.
-Mas é claro que aceitamos. -Respondeu Valéria euforicamente.
-Obrigada gente. -Giovana agradeceu e depois de nos despedimos, eu e Valéria fomos embora.
No carro, ouvíamos Link Park. Valéria havia cedido ao meu gosto musical.
-Chegamos! -Exclamou eufórica, abrindo minha porta.
-Eu posso sair sozinha. -Ri da euforia dela.
-É, mas eu tenho que te levar no colo! -Sorriu me contagiando.
-Não mesmo, eu vou a pé.
-Meu amor, nós vamos perder o vôo.
-Vôo? -Perguntei incrédula.
-Sim, nós vamos viajar meu amor.
-Viajar? Mas pra onde?
-Não se preocupe, é uma viagem nacional mesmo. Presente da Giovana. Ah e te aconselho a encher as malas com casacos e roupas quentes Agora vem.
Depois de muita insistência deiei Valéria me levar.
-Ainda tenho outra surpresa e acho que dessa vc vai gostar mais. Talvez até nem queira viajar por causa dela. -Falou enquanro entrávamos no elevador.
-E que surpresa é essa? -Perguntei a olhando, tentando adivinhar.
-Calma, meu amor. -Sorriu me dando um selinho.
Depois de um tempo, o elevador parou e descemos. Eu saí apressadamente e acabei me esquecendo de que não tinha as chaves.
-Eu abro pra vc amor. -Disse Valéria. Agora era a vez dela rir da minha euforia.
Depois de Valéria abrir a porta, eu quase saltei pra dentro e assim que cheguei a sala, tive uma grande surpresa.
-Filha, vc chegou! -Nossas mães estavam sentadas no sofá e no colo de minha mãe estava um bebê.
-Sim, mamãe. De quem é esse bebê? -Perguntei já me esquecendo da surpresa.
-É seu, meu amor. -Falou Valéria que acabara de chegar.
-Meu... É... Então... -Estava perplexa.
-A surpresa era essa. Vc gostou? -Perguntou sorrindo.
-Sim, ele é lindo! -Falei pegando e não contendo as lágrimas. O bebê era Bernardo, um menino que eu era madrinha e visitava no orfanato. -Mas... Como vc conseguiu adotá-lo? Isso demora anos!
-Eu tenho meus contatos. -Sorriu docemente acariciando o bebê. -Nós precisamos arrumar as malas pra viajar.... E infelizmente o bebê não vai junto.
-Mas por que? Quem vai cuidar dele? -Perguntei preocupada.
-Ora, nós duas! - Minha sogra finalmente se manifestou.
-É, e são apenas sete dias. -Falou Valéria me tranquilizando.
-Tudo bem... -Concordei ainda preocupada.
Depois de algum tempo, estávamos com as malas arrumadas, prontas para partirmos.
-Cuidem bem dele... E me liguem... Todos os dias. -Falei me despedindo do bebê, da minha mãe e sogra.
-Tudo bem, querida. Deixe com a gente. Vai aproveitar a viagem.
Saímos de casa e fomos pro aeroporto. Em pouco tempo estávamos na friolenta cidade de Gramado, em um hotel luxuoso e aconchegante.
-Vou acender a lareira. -Disse Valéria assim que nos instalamos. -Vc podia pedir uma sopa né?
Fiz que sim com a cabeça e pedi a sopa. Estava frio, mas o quarto estava quente.
-Ei... Me lembrei de uma coisa. -Falou assim que terminamos a sopa.
-Do quê? -Perguntei enquanto limpava a boca e em resposta ganhei apenas um sorriso malicioso. Mordi o lábio em resposta.
-Eu te amo, Helena.
-Eu também amo vc, Valéria.
Fim...
Bem galera, esse foi o capítulo final. Espero que tenham gostado e que comentem. Sobre a nova versão tenho notícias boas. A primeira é que já tenho o roteiro todo da estória. A segunda é que pra não enjoar, trocarei os nomes dos personagens e da estória. E a terceira é que passarei a postar aqui, pois o outro site não está atualizando. E ah! Recomendo que leiam os primeiros episódios, pois irei mudar algumas coisas na narrativa. E quero que saibam que, para mim, essa não é exatamente uma nova versão da história, mas sim uma nova história com um início e circunstâncias parecidas. Fiquem atentas, hoje ou amanhã postarei o primeiro episódio. Beijos...