Um ano e dois meses depois.
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— Dia difícil esse... — Suspirou pesadamente enquanto organizava alguns papéis sobre a mesa.
— Difícil nada você que é um preguiçoso mesmo. — Riu batendo com um livro na testa do rapaz.
— Da pra parar? — Uma expressão falsa de raiva se formará em seu rosto enquanto esfregando a área atingida. Não doía mas ele exagerava um pouco no drama.
— Own... Não faz essa carinha mano eu só tava brincando. — Lilian então debruçou-se sobre a mesa alcançando suas bochechas, as apertando com moderada força.
— I e-eu que axei que ter irmaus era divertidu. — Disse com as bochechas ainda comprimidas pelas mãos da irmã. mas logo se livrará disso dando um tapinha em sua mão.
— Não faz drama.. isso é novo pra mim também mas... Eu tô adorando a ideia de ter um irmãozinho mais novo. Sempre quis um pra encher o saco. — Confessou por fim acomodando-se novamente em sua cadeira.
— Então... Como o sr. Carlos tem passado esses dias? — Perguntou com desdém não querendo parecer preocupada demais nem parecer que não se importava com a saúde do pai.
— Hum.. Normal! Ele tem se recuperado bem. Deveria visitar ele um dia desse.. — Sugeriu esperançoso, esperando que ela dissesse sim.
— E ser recebida a quatro pedras pela senhora sua mãe? Não valeu to de boa ".
— Minha mãe não muda... Quer dizer... Ela até pode mudar só que isso leva um tempo. — Luciano disse é de fato, sua mãe tinha um gênio muito difícil.
— Já eu acho que ela não vai mudar nunca. — Rebateu a garota levantado-se da cadeira caminhando pela sala.
Parou em frente à grande vista que tinha da cidade e do sol que começará a se esconder além do horizonte dando ao céu um colorido todo especial, em tons amarelos, vermelho, azul e laranja.
Luciano a seguiu com os olhos, sabia o quanto isso ainda era um assunto delicado de se tocar para a jovem mesmo que ela fingisse não se importar.
— Como vão indo as coisas com a Evelyn? — Perguntou a arrancando de deus devaneios.
— Ahh... A mesma coisa de Sempre.
Resmungou enfadonha coçando a nuca, logo se pôs a caçar pelos bolsos seu maço de cigarros.
— Ei ei.. Não pode fumar aqui. " Advertiu o rapaz
— Foda-se! sou dona da metade da empresa esqueceu? E você fuma também que eu sei então... não se faça de santo.
— Okay senhoritazinha vice não tá mais aqui quem falou. — Levantou os braços e mãos em redenção.
— Aquela piranha anda me enganando com outra!!!! Mais ela vai ver só uma coisa... Ahhh se vai. — Sorriu sádica chamando a atenção e atiçando a curiosidade do rapaz.
Mesmo ela sendo sua irmã, e estava bem ciente disso, ela era lésbica e isso meio que lhe instigava um pouco a imaginação em especial, ver duas belas mulheres se agarrarem... Que cara não iria gostar?!!.
— O que pensa em fazer?"
— Nada demais só mostrar pra ela quem é a dona dela."
— Continuo achando que tudo isso deve ser só coisa da tua cabeça.
— Vai dizer que eu sou louca agora? — Alternou o tom de voz mudando para ligeiramente mais alto. — Vocês homens... Tsc.. só mudam de endereço mesmo.
Acendeu o cigarro tragando duas ou três vezes soltando a fumaça pelas narinas.
— Só disse o que eu acho... Nada de mais.
— Hahaha.. — Gargalhou em tom de zombaria. — E logo você que me diz isso senhor Stalker.
— Meu caso é bem diferente. — Ajeitou-se na cadeira assumindo uma postura seria.
— Sei... — Revirou os olhos entediada. — Você e a minha maldita paixão não são lá muito diferentes... São dois fdps que não sabem valorizar as maravilhas que tem.
— Aquilo foi um erro.. uma burrada minha eu já disse milhões de vezes. — Espalmou as mãos sobre a mesa fazendo o som ecoar pela sala.
Ela sabia que esse era seu ponto fraco, adorava provocar o irmão mais novo. E atacava no lugar aonde mais lhe incomodava.
— Sério fofinho? — Riu com deboche. — Porque será então que o senhor resolveu se atracar com o seu "erro" depois que levou um pé na bunda?
— Vai se foder vai. — Vociferou Levantou-se feito um raio saindo da sala sentando em uma das poltronas que haviam por ali.
Reservadas para aqueles que tivessem de esperar para alguma reunião. Ou coisa do gênero.
Assim que sentou-se seu celular começou a vibrar, o atendendo de prontidão.
*Ligação on*
" Alô... " Disse sem ânimo algum.
" Ursinho.. " Proferiu a mulher do outro lado da linha com uma voz chorosa e manhosa, coisa que ele odiava por sinal. " Quando Vamos sair de novo? "
“ Não sei... Ando ocupado ultimamente. ” Mentiu, na realidade não queria ver ela mesmo.
“ Tá bom... ” Bufou do outro lado. “ Mais pode vir me buscar na faculdade hoje então? ” Perguntou esperançosa.
“ Eu sei lá... Pega um táxi qualquer coisa. ” Disse já alterado, suas têmporas começaram a latejar.
" Aí credo! Que bicho te mordeu hein? "
“ Tchau! ” Bufou encerrando a ligação sem dar-lhe tempo para responder.
Jogou o aparelho de lado suspirando, sua vida tem andado uma merda de uns tempos pra cá.
Já havia se passado um ano e dois meses...
Um ano e dois meses sem ele.
Sem a presença dele.
Sem poder toca-lo ou sentir o seu cheiro. Sua pele, ouvir sua voz, sua risadas ou reclamações.
Mais isso tudo era sua culpa sua.
Tornou-se o que mais odiava, o que passará a infância odiando.
O homem do trabalho, da empresa. Passou a viver exclusivamente e unicamente para isso.
E pouco a pouco, a cada dia se afastava mais e mais do rapaz.
Até que tudo aquilo aconteceu...
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Episódio curto? Sim sim! mas eu considero ele mais como um prefácio.
to cheio de idéias só preciso organizar tudo.
Mais Já da pra ter uma ideia do que aconteceu ou o que vai acontecer..
bye ♥