A Vida é pra ser vivida #1 – Decisões tomadas.
Eu poderia dizer mil vezes que a vida não é fácil. Se a sua é, então, agradeça aos céus. Por que a minha tem mil e uma complicações.
Primeiro de tudo, deixa eu me apresentar: meu nome é Antonio (fictício), tenho 21 anos de idade, estou morando em Fortaleza, no belíssimo estado do Ceará. Sou estudante do curso de direito de uma universidade aqui da cidade, estou no primeiro semestre, ainda. Tenho uma altura mediana 1,75, tenho um corpo malhado, mas nada muito exagerado, não sou “marombeiro”, como alguns amigos dizem kkkkkk, cabelo castanho claro num estilo samurai e uma barba por fazer, gosto do meu estilo e não mudaria por nada. E sim, eu sou gay, só que ainda estou no armário. Ainda não encontrei forças para falar com minha família sobre. É um saco isso, sabe. Tipo, eu não matei ninguém, nem cometi um crime pra ter que me assumir pra sociedade... Mas parece que isso tem que ser feito para que possamos viver com a mente tranquila, sem ressentimentos dos familiares... Sei que tenho que fazer só que ainda não encontrei o momento certo. Esse momento certo não encontrei desde os meus 20 anos, quando foi o momento da minha aceitação com minha condição sexual.
Bom, eu nasci e cresci numa pequena cidade do Ceará chamada Barbalha, localizada no sul do estado. A cidade é pequena e aconchegante, mas eu procurava algo mais. Tipo, eu queria me aventurar pela vida, viver a vida e sempre achei que estar e continuar naquela mesmice ia me deixar louco ou depressivo.
No momento em que terminei meu ensino médio (com uns 18 anos) prestei vestibular para direito numa universidade de uma cidade próxima chamada Crato, bem próxima da maior cidade da região, Juazeiro do Norte, terra do “Padim Ciço”, mas infelizmente não entrei. Não estava preparado ainda. E então o tempo passou e eu comecei a trabalhar numa loja aqui da minha cidade e fui deixando o tempo passar.
Passei os próximos dois anos estudando, acumulando conhecimento para garantir a minha vaga na faculdade de direito, alternando entre estudos e trabalho. Porém, eu não queria apenas entrar numa faculdade de direito, eu queria algo a mais. Uma mudança na minha vida.
Quem nunca passou por sua crise existencial quando descobriu sua condição sexual? Eu sempre tive certeza da minha sexualidade, mas não me permitia sentir aquilo, então, ficava com garotas, namorei algumas rapidamente, mas nada duradouro. Nunca quis estender relacionamento algum, por que sempre soube o que eu realmente era: gay. E ser idiota o suficiente para brincar com os sentimentos de garotas nunca foi uma opção.
No momento em que passei no vestibular numa universidade da região eu fiquei bastante feliz. Passei para o curso que queria. Ficaria próximo da minha família. Mas, contrariando todos eu decidi não cursar. Claro que minha família ficou arrasada:
Mãe: filho, por que você não quer esta faculdade? Perguntou triste.
Antonio: mãe, infelizmente eu não quero ficar nessa cidade. Eu não quero construir meu futuro aqui. Digo, deixando minha mãe triste.
Meu pai nem quis falar nada, percebi que ele estava realmente furioso. Odeio decepcionar eles, mas, eu não aguentava mais.
Eu sei que querer sair de casa por estar com medo de contar que vc é gay significa que você está querendo fugir da sua “responsabilidade”, está com medo dos olhares nas ruas, está com medo das consequências. Todos nós, gays, homossexuais, passamos por isso. E uma das alternativas que sempre pensamos é: sair de casa é a melhor opção. E foi isso que pretendi fazer. SAIR DE CASA.
Quando contei da minha da minha decisão aos meus pais foi aquele choque:
Mãe: mas filho, pq vc quer ir pra Fortaleza? Disse com olhos lacrimejando.
Antonio: mãe, não chora. Eu decidi tentar cursar uma faculdade na capital. Estou querendo arranjar um trabalho melhor, ter melhores chances de crescer na vida.
Depois de umas horas... Ela veio falar comigo.
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Mãe: Antonio, mesmo com o coração partido com tua decisão, eu a aceito. Diz ela chorando e me abraçando.
Mãe: Filho você vai pra casa da minha irmã Ana. Lá você estará com sua família e não terá que pagar aluguel pra morar.
Antonio: Estava pensando nisso mesmo. Vai ser ótimo.
Pai: Toim, se esta é a sua decisão, então vá. Torne-se um grande advogado e nos encha de orgulho. Diz.
Meu pai é muito na dele e muito fechado, até mesmo comigo e eu nunca procurei me aproximar dele devido a problemas com álcool e com casos com outras mulheres, mas nesse momento ele me deu um abraço e vi lágrimas nos seus olhos. Nesse momento, vi que ele realmente, pela primeira vez, que minha decisão afetaria muito osALGUMAS SEMANAS DEPOISNão fui de imediato para Fortaleza. Esperei algumas semanas para me mudar realmente pra capital. Um rapaz do interior na cidade grande. Seria um título legal pra esse conto, mas deixa como está. Hehehe
Então eu parti de ônibus. Sim, foram quase três dias de viagem até Fortaleza. Naquele momento era tudo que conseguiria com a grana que tinha. Meus pais me deram uma boa quantia, mas guardei para caso precisasse no futuro. Estava quase entrando em coma devido ao tédio da viagem, quando finalmente chego na cidade, depois de mais de 500 km percorridos.
Já na rodoviária, minha tia Ana veio me buscar acompanhada com meus primos Miguel e João Pedro.
Cara, nem lembrava mais dos garotos. Miguel era o mais novo, uns 14 anos, cabelos lisos, loiro (puxou ao pai) e bastante carrancudo (cara fechada). Já João Pedro, sempre sorridente, com seus cabelos lisos, castanhos escuros, cortado num estilo undercut. Eu não lembrava dele desde quando éramos crianças, já que eles não nos visitavam com frequência. Surpreendi-me, era um garoto que chamava bastante atenção. Seu sorriso me conquistou.
Fomos no carro da minha tia até a sua casa que fica num bairro de classe media de Fortaleza. Minha tia era advogada e trabalhava então tinha condições de viver bem. Fomos conversando tranquilamente até sua casa.
Tia Ana: e então Antonio, o que te motivou a vir morar em Fortaleza?
Antonio: Ah tia, eu queria mesmo é ver a loucura da cidade grande, construir novas amizades, conhecer gente nova, sentir este ar cosmopolita hehehe.
Tia Ana: entendo meu querido. Eu também saí daquele fim de mundo pra isso. Não aguentava aquela mesmice de interior. Agora os garotos tem alguém pra conversar e sair de vez em quando. Falou olhando pros garotos.
Fazia sentido, afinal, eu e João Pedro não tínhamos uma diferença de idade tão grande assim. Ele tinha 18 anos e eu 21.
Antonio: E vc João Pedro. Já acabou o ensino médio?
João Pedro: Termino esse ano e já vou prestar vestibular pra direito também.
Antonio: Então vamos passar e estudar juntos. Hehehe
João Pedro apenas sorriu. Ele tinha um sorriso lindo. Me peguei olhando pra ele e percebi que tava com uma cara de tacho (é tipo uma cara de bobo), até que percebi o meu papel ridículo e recobrei a sanidade.
Já o Miguel... Pense num garoto difícil. Me lembrou bastante a mim quando adolescente. Tipo, meio emo, com camisas de rock, Avegend Sevenfold, pelo menos tinha bom gosto. Era extremamente o contrário do seu irmão mais velho, que tinha uma maneira simples de se vestir, camisa branca, boné aba aberta para trás, bermuda vermelha. Ele tinha certo bom gosto, simples, mas nada de exagerado.
Quando chegamos na casa da minha tia ela me disse que dividiria o quarto com o João Pedro. Achei legal, teria mais tempo pra conversar com ele.
Seu quarto tinha alguns cartazes de algumas bandas de Rock: Avenged Sevenfold, The Killers, Skillet, Guns, Aerosmith, ACDC, e algumas outras. Achei foda demais, afinal, rock é meu gênero musical favorito. Já havia uma cama pra mim ao lado da do João Pedro separadas apenas por um criado mudo.
Antonio: cara gostei do teu estilo musical. Amo Skillet e A7x. <3
João Pedro: bom gosto vem de família então. Fala rindo.
Sim, é estranho eu, gay, tendo o rock como estilo preferido. Sim, mas eu não gosto de estar dentro dos padrões estabelecidos pelos próprios gays. Tipo, quem disse que tenho que ter uma “diva pop”? Sim, eu escuto uma músicas da Lady GaGa (principalmente You and I, minha preferida, principalmente pela melodia), Britney, Madonna. Mas o rock cresceu em mim. É galera, as músicas da nossa adolescência permanecem durante a vida toda. E nunca me preocupei com estes tipos de coisa.
DOIS MESES DEPOISFiz a prova do vestibular. Acho que fui bem, JP já estava bastante contente, pois estudaríamos juntos e tals. Eu ainda estava com receio de comemorar antes do tempo. Sempre fui meio azarento então até que leia o meu nome na lista de classificados em Direito, eu estaria preocupado, ansioso, sei lá.
O resultado saiu em uns 20 dias depois da prova.
Minha tia nos levou para ver o resultado... Tinha uma multidão aglomerada no mesmo local. Saímos empurrando todo mundo...
Antonio: cadê? Cadê... Cadê... Cadê? Pensava aflito procurando meu nome...
JP: cara...
Antonio: E aí? Passamos?
JP me olhava com uma cara triste. Meus olhos começaram a lacrimejar pensando no pior. Já estava prestes a desistir e voltar pro interior (sim, eu sou muitooo dramático. Drama King, aqui).
JP vendo minha tristeza começa a rir igual a uma criança fazendo travessura.
JP: Passamos Toim! Passamos porra! -Disse me abraçando.
Eu olhava pra ele atônito.
Antonio: mas... vc disse... que...
JP: tava só tirando onda com tua cara... -Falava ele rindo igual a uma hiena.
Antonio: Cara eu devia te matar seu animal silvestre. Eu disse rindo e chorando.
Fui ver em qual posição eu tinha ficado. Foi a 25ª posição, nada demais, mas estava muito feliz pela conquista. Quando estava saindo esbarrei num garoto, ele caiu de bunda no chão. Logo o ajudei a se levantar.
Antonio: Desculpa cara. Eu sou desastrado.
- Sem problemas cara. Estava distraído. E saiu.
Não tive tempo de perguntar o nome dele, o garoto foi embora depressa. Eu o reparei bem. Era um garoto bastante bonito. Meio nerd, sim, eu tenho um fraco por garotos nerds. Sei lá. Acho fofo. Cabelos negros, olhos castanhos claros (sim, eu percebi tudo isso), um corpo legal, aposto que ele praticava algum esporte, usava óculos e uma timidez muito grande. Fiquei observando o garoto até ele se distanciar e JP chamar minha atenção.
Novamente nos abraçamos, choramos, rimos, agradecemos muito ao Cara lá de cima... Contamos juntos pra tia Ana e ela quase morre de felicidade. Nos parabenizou e já começou a dizer:
Tia Ana: agora que vcs são universitários vão ter que ter responsabilidade, vão ter que estudar muito...
Ela falou demais, mas eu e JP estávamos apenas ouvindo bla bla bla, pois estávamos felizes demaisCONTINUASim. Galera. É isso.
Ficou um pouco extenso. Me empolguei confesso. Acho que ficou até um pouco chato, mas perdoem-me. Sou iniciante, me inscrevi aqui hoje a noite, sou leitor a quase um ano e decidi escrever este conto.
O que está e estará inscrito aqui é fictício. Mas, não quer dizer que não tenha vivido algumas partes...
Se vocês gostarem deixem comentários, elogios ou críticas. Bem... É isso