AMOR DE PESO - 01X11 - SEGREDOS DESCOBERTOS

Da série AMOR DE PESO
Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 3040 palavras
Data: 03/09/2016 18:38:06
Última revisão: 04/03/2025 05:08:36

Pai e Mãe,

Meus segredos foram descobertos. O que vou fazer? Isso não pode estar acontecendo. O que será que o Vando vai fazer com o vídeo?

***

Sabe o que é sentir o peso do mundo sobre os ombros? Eu sei. Naquele domingo, acordei péssimo. Meu estômago revirava sem trégua, e a náusea era insuportável. Corri para o banheiro e vomitei tudo o que tinha dentro de mim — talvez até parte do bolo do aniversário.

O medo pode bagunçar a nossa mente de formas inimagináveis. Como pude dar tanta bandeira assim? E o pior: bem na frente do Vando. Fui um idiota. Dei mole e conseguiram um vídeo.

A vida é engraçada. No aniversário do Hélder, eu pude ser o verdadeiro Yuri, sem máscaras ou amarras. Dancei, beijei, me diverti. Agora, estava jogado no chão frio do banheiro, esgotado, esvaziado de corpo e alma.

Na nossa casa, tia Olívia tinha uma regra irritante: se alguém estivesse passando mal, a porta do banheiro deveria ficar aberta (exceto, felizmente, para o número dois). Ela bateu e pediu para entrar. Na cabeça dela, eu devia ter bebido além da conta, mas a verdade era outra: o medo me fazia vomitar.

— Você está bem? Sua irmã me disse que você estava passando mal. — Ela perguntou, passando a mão na minha cabeça.

— Estou. Deve ter sido algo que comi ontem. — Menti, protegendo meu segredo a qualquer custo.

— Comeu ou bebeu? Yuri, já conversamos sobre isso...

— Tia, não bebi, ok? Só devo ter comido algo que não caiu bem.

— Vou acreditar, Yuri. Vou até a farmácia comprar alguns remédios. Nossa caixa de medicamentos está quase vazia.

— Tudo bem. — Falei, levantando-me do chão e puxando a descarga. — Vou escovar os dentes e me deitar um pouco.

Definitivamente, aquele não era o meu dia. Segundo Giovanna, eu parecia um zumbi. Deitei na cama e peguei o celular. Nem fiquei surpreso ao ver 10 chamadas perdidas de Diogo e mais de 200 mensagens.

Droga. Eu não deveria estar chateado com ele. De todos os envolvidos, Diogo era o único inocente. Ainda assim, enviei um áudio dizendo que estava tudo bem. Ou seja, menti para a única pessoa que sempre esteve ao meu lado.

De repente, tive uma ideia: falar com Vando e tentar apelar para o seu lado bom. Decidi procurá-lo no Fred’s, já que ele sempre estava por lá. Para a minha sorte — ou azar —, o encontrei com um grupo de amigos.

— Olha só. Se não é o rolha de poço. — Vando debochou, rindo com os outros.

— Corta essa, Vando. Quero falar com você.

— Saiam daqui. — Ele ordenou, e seus colegas se afastaram. — Muito bem. Então você criou coragem e veio me encarar? Saiba que eu nem planejava fazer nada... pelo menos hoje. Quero te usar para provocar seus amigos.

— Não quero nada com você. Me deixa em paz. — Pedi, tentando sair, mas fui impedido. Vando segurou meu braço com força.

— Já pensou nos seus amigos vendo esse vídeo? Já te contei o que eles fizeram com um cabeleireiro aqui do bairro? — Ele balançou o celular diante do meu rosto, sorrindo de forma cruel.

— O quê? — Perguntei, sentindo um arrepio. — O que eles fizeram?

— Bem, baleia encalhada... Seus amiguinhos Zedu, Ramona, Brutus e Letícia nunca gostaram de um cabeleireiro chamado Mascarenhas. Um dia, inventaram que ele tinha dado em cima do Brutus. Para encobrir a história, espancaram o pobre homem.

Vando andava de um lado para o outro, contando os detalhes como se fosse uma fofoca qualquer. Meu peito apertou.

— Isso é mentira...

— Foi uma cena horrível. Eu estava lá, mas, graças a Deus, não me envolvi nessa barbaridade. O pobre gay quase morreu e ainda apanhou mais quando a polícia chegou. E adivinha? Eu tenho o vídeo. — Ele desbloqueou o celular e buscou algo na galeria. — Olha.

Minhas mãos tremiam enquanto assistia. Meus amigos estavam agredindo um homem. A voz de Vando aparecia no fundo, incentivando o ódio. Eu queria acreditar que era uma montagem, uma distorção da realidade. Mas as palavras estavam ali, cruas, impiedosas:

“Morre, seu gay.”

“Esse viado tem que pagar.”

“Vamos acabar com ele.”

As frases de ódio ecoavam dentro da minha cabeça. No vídeo, Mascarenhas chorava e implorava por misericórdia. Outros moradores se uniram ao linchamento, arrastando-o para fora. Minha mente gritava: isso não pode ser real.

— Chega, por favor. — Implorei, afastando o celular de mim.

— E agora, já pensou? Se eles fizeram isso com ele, imagina quando descobrirem que você é viado?

— Não, não, não... Eles não fariam isso comigo. — Tentei me agarrar a uma esperança, qualquer que fosse.

— Eu não teria tanta certeza. — Vando digitou algo no celular e me mostrou uma manchete de um site local.

"Cabeleireiro é linchado no Parque 10."

As letras garrafais gritavam para mim. A matéria explicava que Mascarenhas estava em estado grave no hospital e citava o vídeo como prova. Meu Deus, era verdade. Como pude confiar neles? Eles eram homofóbicos.

— Pelo menos eu sou honesto. E se eles estiverem te usando de isca? — Vando se aproveitava da minha confusão, da minha vulnerabilidade.

— Não. Eles não fariam isso comigo...

— Quer uma prova? Hoje à noite, às 20h, no Fred’s. Quero te apresentar alguém. Sem falta, bolota. — Ele saiu antes que eu pudesse responder.

Minha mente estava um turbilhão. Voltei para casa, tranquei a porta do quarto e desabei. Lágrimas quentes escorreram sem controle. Meu peito apertava, a respiração falhava. Eram meus amigos ou meus algozes? Eu não conseguia mais confiar, não conseguia mais respirar.

Coloquei "The Scientist", do Coldplay, para tocar no meu celular. Nunca chorei tanto na vida. O que uma decepção não pode fazer, não é?

A tia Olívia bateu na porta. Limpei os olhos e abri. Para minha surpresa, Zedu estava ao lado dela.

— Nossa, querido... Você está bem? — perguntou minha tia, ao ver meu estado deplorável.

— Está precisando de algo? — Zedu quis saber, me olhando da cabeça aos pés.

— Ontem comi algo que não caiu muito bem. Podemos conversar amanhã?

— Claro. Te encontro na parada de ônibus. Com licença, dona Olívia. — Ele se despediu, saindo.

— Você não quer ir ao médico? — tia Olívia questionou, pegando na minha testa.

— Não, tia. Vou deitar.

Deus... O que eu vou fazer? E se descobrirem que sou gay? Decidi encontrar Vando. Ele estava no Fred’s, mas pediu para conversarmos em outro lugar. Fomos de moto até a Ponta Negra.

O pôr do sol começava a surgir no horizonte. Lembrei da última vez que estive ali com meus amigos. Vando aproveitou para tirar várias selfies. Sério, eu não conseguia entender qual era a desse cara.

— Então, vai me ajudar? — perguntou ele, após tirar umas 40 fotos.

— Quem é a pessoa que você ia me apresentar? — questionei, sem paciência para suas enrolações.

— Meu novo parceiro no crime, Bolota.

— E quem seria?

— Você. — Ele apontou para mim.

Louco. Homem louco. Como assim, ser seu novo parceiro no crime? Vando explicou que meus amigos deveriam pagar porque sempre o excluíram de tudo. Até mesmo quando ele foi expulso da escola, ninguém ficou ao seu lado.

A ideia dele era pegar meus amigos um por um, usar suas fraquezas para derrubá-los. Apesar de tudo que vi, eu não conseguiria fazer mal a eles. Afinal, nos últimos meses, criamos laços de amizade e companheirismo, principalmente com José Eduardo.

Para minha surpresa, Vando já tinha um plano armado. Como eu poderia participar disso? Pedi para ficar na Ponta Negra. Precisava de um tempo para pensar na proposta dele. Aquilo só podia ser um pesadelo.

O Complexo Turístico da Ponta Negra é gigante. A praia fica separada do calçadão. Sentei na areia, tirei o chinelo e deixei a brisa bater no meu rosto. Eu estava muito fragilizado. Imagens do Mascarenhas apanhando vieram à minha mente. Como eles puderam ser tão cruéis com outro ser humano?

Do nada, senti vontade de entrar no rio. Tirei a calça e a camisa, ficando apenas de cueca, e mergulhei nas águas turvas do Rio Negro.

— E se Vando contar para todos? E se minha tia me expulsar de casa? E se meus amigos me humilharem?

Mergulhei.

Se eu morresse ali, ninguém viria me resgatar. Talvez essa fosse a solução ideal: a morte. Não precisaria enfrentar ninguém. Era só desaparecer. Um dia achariam meu corpo e pronto.

Abri os olhos debaixo d’água. Escuridão total. Ao longe, o sol dava seus últimos sinais de vida, tingindo o céu com um tom alaranjado. Aguentei apenas 40 segundos submerso. Nem para isso eu tinha coragem.

Fiquei divagando por quase uma hora, até meus dedos ficarem enrugados. Pensei nos animais da Amazônia e, quando a noite caiu, decidi voltar para a areia. Vesti minhas roupas, molhado mesmo, mas, ao subir para pegar o ônibus, percebi que não tinha dinheiro.

E agora, Yuri?

Se eu ligasse para minha tia, ela certamente surtaria. Então, decidi atender uma das 159 ligações do Diogo. Contei parte da história para ele. Não demorou muito, e Diogo chegou na moto do irmão, que estava morando em Portugal.

Falei que não queria ir direto para casa. Não queria encarar os questionamentos da tia Olívia. Falando nela, tia Olívia percebeu minha ausência e começou a me ligar. Mas, a essa altura, meu celular já estava descarregado.

Ela ligou para meus amigos. Ninguém tinha me visto. Engraçado como funciona a mente humana...

Tia Olívia acessou, em sua memória, momentos em que eu agi de forma estranha e, para sua infelicidade, o dia em que surtei após a morte dos meus pais veio em primeiro lugar. Tal possibilidade a deixou desesperada.

Fomos para o apartamento do George. Lá, eles me serviram um café quente e colocaram minhas roupas na máquina de secar. Contei todo o drama das últimas 24 horas. Diogo, revoltado, já queria quebrar a cara do Vando.

Por um segundo, quase deixei. Mas Jonas lembrou que violência só gera mais violência.

— O importante é você ser feliz consigo mesmo. — George colocou a mão no meu ombro, tentando me tranquilizar.

— Também acho, Yag. Você não pode dar o gostinho de esse cara te tirar do armário. Saia antes. — aconselhou Hélder, passando protetor labial.

— Querido, você não pode esconder isso da sua família. Eles merecem saber a verdade. — disse Jonas, de maneira doce e direta.

Os três estavam de saída para um recital no Teatro Amazonas. Como não ficava longe, deixaram a chave do apartamento com Diogo. Aparentemente, confiavam nele. Antes de irem, agradeci os conselhos e os abracei.

Devido ao nervosismo da tia Olívia, meus amigos foram até a minha casa para saber se algo havia acontecido. Eles decidiram procurar nas áreas próximas, mas não encontraram nenhum vestígio.

Enquanto isso, tia Olívia subiu para o meu quarto em busca de pistas. Lá, viu uma fotografia nossa no primeiro dia em Manaus e começou a chorar copiosamente.

Meus amigos encontraram Giovanna e Richard na sala, ainda tentando entrar em contato comigo. Ninguém entendia o motivo do meu sumiço. Na verdade, eles nem imaginavam. Foi então que Giovanna contou sobre o surto que tive alguns anos atrás.

Na época, fui o primeiro a saber da morte dos meus pais. Passei o dia inteiro vomitando e cabisbaixo. No fim, acabei descontando toda a frustração no meu antigo quarto e quebrei tudo. Como punição, minha avó me mandou para uma instituição psiquiátrica.

— Cê é louco! Com uma avó dessas, ninguém precisa de inimigo. — comentou Brutus, sentado no sofá.

— Mas eu enfrentei a minha mãe e resgatei o Yuri. Ela até hoje não fala comigo, mas eu não me importo. Os pais deles não iam fazer isso, então por que eu faria? — disse tia Olívia, descendo as escadas e sentando-se ao lado de Brutus.

— Yuri... — murmurou Zedu, os olhos marejados, antes de sair da sala.

— Vocês acham que ele pode... — começou Letícia, pousando a mão no ombro da titia.

— Não! — gritou Richard, subindo para o quarto.

— Desculpa. — pediu Letícia, que se assustou ao ouvir a campainha tocar.

— Tia, eu falo com o Richard. A senhora atende, por favor. — pediu Giovanna.

Richard e Giovanna tinham uma relação de amor e ódio, mas, na maioria das vezes, o amor prevalecia. Ela encontrou nosso irmão caçula deitado na cama, com o travesseiro sobre a cabeça.

O momento era difícil, mas eles precisavam ser fortes. Giovanna deitou-se ao lado de Richard e começou a relembrar histórias da infância deles.

— Sai daqui. Não quero falar com ninguém. — pediu meu irmão.

— Richard, tudo bem ficar com medo. Mas precisamos pensar positivo. O Yuri tá bem.

— E se aconteceu algo com ele? Eu vou ficar sozinho! — protestou Richard, a voz abafada pelo travesseiro.

— Você nunca vai ficar sozinho. Tem a titia e, principalmente, a mim. Eu nunca te deixaria. Agora, precisamos ser fortes. A tia Olívia já está muito nervosa. Você me ajuda?

— Sim. Ajudo. — ele respondeu, tirando o travesseiro do rosto e abraçando Giovanna.

Na minha cabeça de girino, eu jamais imaginaria que um verdadeiro apocalipse estava acontecendo na minha casa. Eu estava completamente concentrado nos beijos do Diogo. Ele tirou a camisa para ficar mais à vontade, e eu vestia apenas uma toalha. Não teve jeito, acabamos transando na sala do George.

Eu me sentia bem ao lado do Diogo. Ele me transmitia segurança. Nossa primeira vez foi incrível, mas, naquela noite, a transa foi diferente. E eu gostei ainda mais. Não houve pressa nem palavras baixas. Fizemos amor.

— Yuri, eu não queria apressar as coisas, mas... você gostaria de namorar comigo? — perguntou ele, enquanto estávamos abraçados no chão da sala do George.

— Diogo... — falei, tentando escolher as palavras certas. — Você é um cara nota 10. Mas eu não estou preparado para um relacionamento. Não quero que fique com raiva de mim, porque... vou ter que enfrentar algo muito difícil e...

— Ei, calma. Eu estou do seu lado. Mas você tem que prometer que a gente vai transar de novo. — soltou ele, rindo.

— Tarado! — gritei, jogando a toalha no rosto dele.

Minha situação começava a melhorar, mas, para tia Olívia, ficava cada vez mais complicada. Carlos e Orlando chegaram juntos à minha casa. Imagina o constrangimento dela.

— Vim o mais rápido que pude. — disse Carlos, pegando na mão de tia Olívia. — O que ele tá fazendo aqui?

— Ele apareceu. Veio fazer uma visita. Eu liguei pra você.

— Relaxa, isso não importa agora. E o Yuri? — perguntou o estagiário da titia.

— Não atende, não liga... — as lágrimas foram inevitáveis. — Eu não sei o que fazer, Carlos.

— Calma, Olívia. Ele vai aparecer. — Carlos a envolveu no abraço mais carinhoso que pôde.

Na calçada, meus amigos tentavam juntar todas as peças do meu desaparecimento. Zedu se sentia impotente, afinal, ele se considerava meu melhor amigo. Eles deram mais uma volta pelo bairro em busca de pistas, mas, novamente, sem sucesso.

Finalmente, minhas roupas secaram. A máquina do George era muito lenta, mas, pelo menos, consegui ficar com o Diogo, que me levou para casa com um sorriso no rosto. Segurei-me firme nele, pois não gostava de motos. Como já era tarde, não pegamos trânsito e chegamos rápido.

— Quer que eu te acompanhe? Já passa da 1h. — perguntou ele, tirando o capacete.

— Relaxa. — falei, entregando-lhe o capacete. — Eles devem estar dormindo. Te vejo na escola?

— Com certeza. — respondeu Diogo, sorrindo.

Estranhei ao ver todas as luzes de casa acesas. O brilho intenso contrastava com a escuridão da rua, e um frio percorreu minha espinha. Algo estava errado.

Ao entrar, encontrei todos reunidos na sala. Meu coração acelerou ao ver Carlos e Orlando entre eles. O clima era pesado, e seus olhares pareciam me atravessar. Antes que eu pudesse reagir, começaram a me bombardear com perguntas. E então, tudo veio à tona de uma vez só: o vídeo, as ameaças de Vando, a morte dos meus pais... Meu peito se apertou, e um zumbido começou a soar em meus ouvidos.

E, de repente, as vozes. Elas estavam ali. Mas não eram as deles.

— Chega!! — gritei, assustando a todos na sala. — Querem saber? Vão todos para o inferno!

Virei as costas e subi as escadas da forma mais dramática que alguém poderia subir, sentindo meu rosto arder de raiva e vergonha.

— Nossa. — murmurou Giovanna, quebrando o silêncio. — Que climão.

— Vou conversar com ele. Giovanna, leva o pessoal até a porta, por favor. — pediu tia Olívia, já subindo atrás de mim.

Meu coração ainda martelava no peito. Sim, eu fiz um barraco na frente de todo mundo. Gritar foi libertador, mas agora, no silêncio do meu quarto, a culpa começava a pesar. Eu não queria que minha família se preocupasse comigo. Senti um nó se formar na garganta e, sem conseguir conter as emoções, comecei a chorar.

Tia Olívia entrou no quarto com sua paciência de sempre. Se aproximou devagar e se sentou ao meu lado, passando a mão na minha cabeça num gesto reconfortante.

— Yuri, o que está acontecendo? E, por favor, não diga que é nada.

— Nada, tia. Não aconteceu nada. — menti, como já havia feito tantas outras vezes.

— Amor... Você precisa me contar as coisas. Não pode guardar tudo para você.

— Eu não posso, tia. — minha voz falhou entre os soluços. — Eu tô aqui. Nada aconteceu comigo. Eu só quero dormir.

Ela suspirou, me observando com olhos carregados de compreensão e carinho.

— Yuri... Você sabe que eu sempre estarei aqui quando você precisar.

Se levantou e foi em direção à porta.

Minha mente girava. Os conselhos de George, Hélder e Jonas ecoavam na minha cabeça. Eles estavam certos. Eu não podia permitir que Vando me jogasse para fora do armário. Não quando ele claramente tinha um plano para machucar as pessoas que eram importantes para mim. Mas, ao mesmo tempo, eu sentia o peso desse segredo esmagando meu peito.

O Yuri corajoso queria aparecer. Queria gritar para o mundo a sua verdade.

— Conta. Conta. Conta pra ela agora. — minha consciência insistia.

Quando tia Olívia tocou a maçaneta para sair, as palavras escaparam antes que eu pudesse segurá-las:

— Tia...

Ela se virou imediatamente, me olhando com atenção.

— Oi?

Nossos olhos se encontraram.

Engoli em seco.

— Eu sou gay.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. A expressão de tia Olívia mudou. Seus olhos se arregalaram por um instante, e seu rosto assumiu um misto de surpresa e... algo mais. Eu não conseguia decifrar. É isso. Vou ser expulso de casa. Parabéns, Yuri. Meu corpo inteiro tremia. Me preparei para o pior.

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Comentários

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Uhuuuhh! Excelente decisão! Vamos lá! Não deixa o Vando te manipular.

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Nossa, esses acontecimentos assim deviam ser narrados em capitulos lançados em sequencia. Assim, vc mata os leitores de ansiedade e tensão. Publica logo a continuação !!!!! ancioso

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Ai que tudo! Vem, Yuri! Sai desse armário que não mais te pertence! Adorei esse capítulo. Simplesmente lindo.

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