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CAPÍTULO 2: MARINA
Dinheiro nunca foi um problema pra mim. Meus pais sempre me deram tudo o que eu sempre quis. Nunca precisei me preocupar com nada na minha vida. Tudo o que eu desejava, eu tinha. Minha vida sempre foi baseada em roupas e sapatos caros. Estudei nos melhores colégios. Viajei para vários países. Minha vida sempre foi assim: Simplesmente perfeita.
Acabei de me formar em Moda. Por insistência dos meus pais, é claro. Fazer faculdade pra que? Eu ja tenho tudo. Dinheiro, luxo e muito glamour. Agora com vinte e cinco anos eu quero mais é curtir a minha vida. Juntamente com os meus melhores amigos - André e Jade - eu aproveito o máximo a vida, e sem arrependimentos.
A noite estava linda naquele dia e eu não podia ficar em casa de jeito nenhum. Liguei para a Jade e para o André e chamei-os para sair. Saímos sem destino até encontrarmos uma boate próxima ao centro da cidade. Tinha muitas pessoas bonitas e glamorosas. Pedimos uma dose de whisky e ficamos conversando. Ja alterados, a Jade beijou o André e depois me beijou. Ficamos os três na maior pegação. Isso era bem comum. Ja fizemos muitas coisas juntos. Com a gente não tinha essa coisa de gay, lésbica, hétero, travesti, et, smurf... Se nos atraísse estávamos pegando.
Nesse dia eu fiquei muito louca, mas não tanto igual aos meus amigos. Por isso eu que dirigi o carro.
Minha cabeça girava, minha visão estava meio embaçada e eu não conseguia raciocinar direito. Por um breve instante meus olhos se fecharam e então meu carro se chocou com outro. Meu carro girou duas vezes na pista até bater em um poste de iluminação. A minha sorte foi que eu não estava em alta velocidade. Desci do carro cambaleante e me deparei com um par de olhos furiosos.
- Você está louca?! Como pôde invadir a contramão desse jeito?
Eu estava muito tonta. Minhas pernas fraquejaram e quando pensei que iria cair a dona dos olhos furiosos me segurou.
- Está embriagada, não é?
Fiquei olhando para a mulher que segurava firmemente em meus braços. Uma morena com cabelos negros presos numa espécie de coque. Os olhos eram castanhos bem claros e estavam fixos em mim.
- Claro que está. Olha pra ela. Não consegue nem ficar de pé sozinha. -- Disse um rapaz com um jeito bem afeminado.
Por um instante desejei ficar ali agarrada aos braços daquela desconhecida, mas eu precisava me recompor. Me soltei e disse:
- Se eu estou ou não embriagada não é da conta de vocês.
- Não é da nossa conta? Por causa da sua irresponsabilidade nós estamos aqui no meio dessa rua com o nosso carro batido. Olha o prejuízo que nos causou. Podíamos ter morrido.
- Como posso ver, infelizmente vocês estão vivos. -- Sorri deboxadamente -- Não se preocupe. Vou arcar com todo prejuízo. Dinheiro não é problema.
- Não quero o seu dinheiro!
- Eu faço questão de pagar.
Mulherzinha petulante. Fui até o carro. Peguei uma caneta que estava perdida no porta-luvas e anotei o numero do meu celular e o meu e-mail. Entreguei o pedaço de papel para aquela mulher e disse para ela entrar em contato comigo para mim poder pagar pelo prejuízo. Ela pegou o pedaço de papel da minha mão sem dizer nenhuma palavra e me deu as costas. Minutos depois ela entrou num taxi e foi embora. Fiz o mesmo. Não poderia está ali quando a polícia chegasse. Eu poderia ser autuada por está dirigindo embriagada.
- Cara, ainda bem que ela não chamou a polícia. -- Disse Jade.
- Verdade. Se ela chamasse, agora estaríamos fritos. -- Concordou André.
- É. Ela foi bem legal com a gente mesmo.
- Legal? Ela foi um anjo. E ainda é gata. Vocês viram como ela é uma delícia?
- Ta falando sério? Aquela mulher não tem nenhum glamour. Aliás André, pelo o que me consta ela não é o tipo de mulher que te atrai, não é mesmo?! -- Falei.
- Realmente ela é muito simples pra mim. Não faz o meu tipo. Gosto de mulheres poderosas, glamorosas, mulheres de classe. Mas nada me impede de fazer uma boa ação de vez em quando, concorda?
- Você não vale nada!
- Eu sei disso. Por isso somos amigos. É como dizem: Somos farinha do mesmo saco.
Ri com a absoluta certeza de que ele estava certíssimo. Nós éramos farinha do mesmo saco.
Fui para casa, onde tomei um banho e adormeci. Acordei pela tarde no outro dia com uma baita dor de cabeça. Peguei meu celular e tinha oito ligações perdidas do meu pai. Retornei, porém ele não me atendeu. Ja sabia o que ele queria. Falar sobre o acidente. Me arrumei e fui direto para empresa. Eu conhecia o meu pai o suficiente para saber que ele não iria querer discutir no seu local de trabalho. Quando cheguei na construtora bati de frente com a moça da noite anterior.
- Além de causar acidentes, você também segue as pessoas? -- Disse ela séria. O viadinho riu. Fiquei brava.
- O que? Você acha mesmo que eu iria perder meu precioso tempo seguindo alguém como você? Tenho coisas melhores pra fazer.
- Vamos, Clara. Não entra nessa. -- Disse o boiola.
Ela nao olhou pra ele. Simplesmente deu de ombros e foi embora.
Então o nome da esquisitona era Clara. Realmente o nome era perfeito pra ela. Ela era tão sem graça e insignificante como uma clara de ovo. Sorri com a minha conclusão e me lamentei por André e Jade não estarem comigo para podermos dar altas gargalhadas.
Mas o que ela foi fazer ali na construtora? Provavelmente deve ter ido pedir emprego.
Como eu imaginava meu pai não fez nenhum escândalo. Ele me disse que tinha coisas mais importantes para resolver. Eu estava saindo da sala dele quando ele me chamou.
- Marina...
- O que foi agora pai?
- Daqui a dois dias haverá um jantar lá em casa com a minha chefe.
- E?
- Eu quero muito que você esteja presente.
- Nem morta! Você sabe muito bem que eu não suporto esses jantares.
- Filha, por favor. Faz isso por mim. Ela acabou de chegar no Brasil e eu gostaria muito de ter a presença de uma pessoa jovem na mesa.
- Não conte comigo!
- Então pode esquecendo o dinheiro para o concerto do seu carro.
- Você não faria isso!
- Quer apostar? Ta preparada para andar de ônibus?
- Você...
Não acredito que meu pai estava me chantageando. Saí daquela sala furiosa. Xingando tudo e todos que apareciam no meu caminho. Nem conhecia essa mulher e já estava a odiando profundamente.