Quando somos tão irracionais por amor por que nunca existe alguém ali que nos diga para pararmos, e mesmo depois da típica explosão efusiva de sentimentos acontecer em consequência da desilusão da nossa paixão, por que ainda continuamos acreditando no fundo mais negro de nosso cérebro, que algo poderá ser diferente e que nossa paixão será correspondida por quem amamos?
Era tarde de uma segunda-feira cinzenta, domingo passou e eu não visitei o Wellison no hospital, estava com medo de que se me encontrasse com Tamires rente ao leito dele iria piorar minha situação, mas que situação era essa? Eu ainda não sabia explicar. Excessos de raiva me apossavam cada vez que eu pensasse na hipótese de que eles estivessem bem juntos, eu desejava tranquilamente que ele ou ela estivessem brigando ou tendo em segredo, e que isso ocasionasse na sumária separação. Me deixava alegre a imagem deles separados... eu estava piorando, acredite. Dormir tarde domingo passado lá para as 3 da manhã.
Ficar em casa na segunda não foi tão confortável, passei o dia inteiro tentado manter longe a imagem dele dentro da minha cabeça, no dia anterior dei algumas voltas no parque e isso me acalmou, mas hoje eu não estou com vontade de ir ao parque, nem muito menos ficar andando por aí feito besta, eu gostaria de visitar o Wellison no hospital, mas... eu não tenho forças, o motivo? Você já deve imaginar.
“Diiing Dong”: ecoou a campainha – com o “ding” mas longo do que o “dong”, duas três vezes tocou, eu me levantei letárgico da cama e abri a porta, a silhueta do lado do batente me revelou alguém cuja o rosto era-me familiar.
-- Oi – disse-me o estranho, me observando com bastante atenção, depois terminou: – você é o Matheus Rodrigues?
-- Siiim, e quem mais eu poderia ser, e você?
-- Meu nome é Ícaro Rodrigues, muito prazer eu vim deixar essas malas que...
Não estava prestando atenção no garoto a minha frente, mas antes dele terminar a frase eu olhei acima no corretor. Vindo da escada, os braços finos prolongados femininos apareciam respectivamente veio a cabeça, e como eu já espera, corri até minha mãe e abracei com força. “Como não avisaram que viriam hoje? Quero dizer... que bom que vocês chegaram..., eu não sabia. ” Meu pai veio logo atrás com outras malas pesadas nas duas mãos, minha mãe me beijou e desci para ajudar meu pai que me respondeu com um obrigado e um toque no meu nariz. Entramos. Estavam cansados, eu e meu pai falamos da viajem enquanto minha mãe procurava encontrar alguma coisa na casa faltando ou que não estivesse no seu lugar na última vez que esteve aqui. Eu retornei à atenção ao garoto que estava na cozinha bebendo um achocolatado de caixinha mordendo o canudo de forma grosseira, era um menino moreno, mais escuro do que eu, com roupas sociais comuns e um sapato marrom, o rosto infantil denotava ser mais novo, porém tinha a mesma altura do que eu ou talvez mais alto pouca coisa, sobrancelhas finas e bem delineadas, uma boca pequena e quase desparecendo no tom escuro da pele, magro de braços curtos e o corpo em formato reto com uma pequena saliência da bunda, na parte da frente as coxas eram finas porem tinha uma aspecto de resistência e gravidade que embora a calça eclipsasse a pele, dava para perceber alguns músculos desenvolvidos, estava sentado mordendo o canudo de um jeito esquisito, como se estivesse em devaneios periódicos e não prestasse atenção na casa onde estava, nem muito menos em seus moradores.
-- Pai, quem esse menino, ele disse que é meu primo, mas eu nunca o vi antes?
-- Matheus, este é Ícaro, ele é filho do seu tio Francisco, que mora em Poço grande, os pais dele irão comprar uma casa aqui na cidade e nós trouxemos ele para conhecer a cidade.
-- Pai, eu não me lembro de nenhum Francisco...
-- Bobagem, você não lembra porque era muito pequeno quando fomos a primeira vez lá, mas agora você terá tempo de conhecê-los, eles chegarão aqui amanhã. Você poderia mostrar ao seu primo o seu quarto, ele vai dormir lá hoje. Vamos. Ícaro, venha até aqui – meu pai olhou para mim e disse sussurrando – brinque com ele.
-- Senhor. Estou aqui.
-- Pode me chamar de tio Marcos Ícaro.
Naquela tarde acabamos nos dando bem, Ícaro tinha um gosto musical diferente, escutava funk e não gostou das minhas bandas de rock, tinha um sotaque engraçado, que me fazia rir, e que o deixava sem graça... estava bastante comportado, pedia licença ao ir ao banheiro e obrigado quando falavam com ele, tudo aquilo era um pouco cômico, o que me levou a simpatizar com o rosto dele. Quando contei aos meus pais o que havia ocorrido sobre o roubo, a vã, sobre o Wellison, hospital e tudo ele me olhava com mais interesse do que minha mãe me olhava com preocupação. No fim, estávamos outra vez no meu quarto para ali pousarmos o sono... meus pais saíram e meu irmão estava assistindo tevê na sala.
-- Poxa, o seu quarto é incrível, olha quantos livros você tem ali...
-- É, nunca reparei nisso... – coloquei o coxão dele no chão, deitei na cama em seguida.
-- Matheus, esse seu amigo que está no hospital, ele recebeu um tiro de fuzil e não morreu? Onde foi?
Apontei para ele o local com o dedo, e depois me virei, eu não estava afim de pensar no Wellison justamente onde a lembrança dele mais me machucava... pensar nisso só piorava minha insônia e tentar não pensar também, isso é, não dar para esquecer de pensar quando constantemente você se pergunta se já esqueceu de pensar sobre.... Estava feito. Duas horas depois e a aquela semelhante sensação no meu peito de dor física, mas que era resultado dos densos pensamentos na minha cabeça, e o sono se escondendo de mim no vazio lá fora, mas, para nem todo o mal, os malditos barulhos eram pontos de fixação: o som da tevê, o silvo do vento entrando pela janela, a buzina dos carros no asfalto e o.., mas o que? Que som é esse, diferente, ritmado e parece... não... eu não acredito. Ícaro estava se masturbava no coxão.
Olhei com cuidado para que ele não percebesse minha curiosidade. A luz fraca que adentrava da janela revelava aquele pequeno pênis escuro sendo violado por aquelas mãos grossas e fortes, o prepúcio encobria a glande e depois libertava-a, assim direto com pequenos descansos para molhar aquela cabeça com seus dedos ensopados de saliva, o vento trouxe o cheiro daquele corpo, era enjoativo
-- Ícaro, vai dormir – disse eu por cima da cama olhando direto para os olhos dele, estavam me fitando.
-- Você estava olhando para o meu pau hein safadinho – ‘tá’ bom, eu vou dormir, mas amanhã eu vou querer que você me der a bundinha, eu sei que você é veado, só o seu jeito já se entregou todo e ficou olhando meu pinto, vou comer sua bundinha amanhã...
“Oquei, você vai me comer amanhã”, eu pensei... “mas oque? ” Como eu poderia permitir que ele me falasse essas insolências, eu deveria pensar em uma resposta, porém fiquei calado, tinha algo em mim que se rastejava por macho, talvez eu fosse mesmo só um “veadinho”. Obrigado, pensar naquilo me fez dormir.
Pessoal por favor, vocês poderiam me dar uma forcinha comentando o que vocês acham do conto, esses dias estive ocupado como vocês constataram, desculpe-me... e... por favor, não esqueçam de dizer o que acharam.