A Vida é pra ser Vivida #12
Despedida
Faz uma semana em que Fernando foi embora para os Estados Unidos. Estou muito triste para pensar em fazer qualquer atividade. Parece que meu mundo está faltando algo, algo que não posso recuperar algo que nunca será preenchido facilmente. Fer foi para fazer uma especialização de dois anos em Los Angeles, Califórnia.
ALGUNS DIAS ANTES...
Depois do final de semana que tivemos em Paracuru faltava apenas dois dias para que ele partisse, fizesse seu caminho para o futuro. E eu ficaria aqui. Não que largaria tudo pra ir com ele, hipoteticamente claro, jamais faria isso.
No dia seguinte a nossa volta da praia, saímos pra jantar. Ele me levou a um restaurante extremamente requintado. Pra falar a verdade eu nem sabia como agir naquele momento. Fui criado no interior, não sei usar nem os 10 talheres que estavam naquela mesa. Mas acho que isso era o de menos, afinal, Fer não se importou e pra mim, naquele momento, o importante era ele. O que estava ao meu redor eu ignorava.
A noite fora divertida, mas a minha tristeza era perceptiva. Fernando percebeu.
Fernando: Antonio está tudo bem? Está com uma cara bem tristonha. – falava tentando rir, mas a verdade era que ele também estava triste.
Antonio: Estou sim. – falava tentando forçar um sorriso.
Depois do jantar fomos pra apartamento dele. Ele morava sozinho desde que terminou a graduação em Engenharia Ambiental, já trabalhava em um escritório e se sustentava. Estava tudo organizado, esperava algo mais bagunçado. O lugar era bem espaçoso, tinha uma sala grande, uma cozinha estilo americana, e seu quarto era quase uma suíte. Sério, quando o conheci, com aquelas piadas de mau gosto, pensava que ele era um surfista, desempregado sustentado pelos pais, mas as aparências enganam.
Ficamos assistindo aleatoriedades na TV e acabei dormindo em seu colo. Acordei com ele mexendo em meu cabelo.
Antonio: Acho que adormeci.
Fernando: Até que enfim bela adormecida. Achei que tivesse entrado em coma. – falava rindo.
Já eram mais de 00:00, então tive que me despedir dele ali mesmo. Liguei pedi um taxi e saí de lá. Não rolou nada a mais por que nem tivemos tempo. E acho que naquele momento, em que estava me sentindo tão triste, o sexo era a última coisa que queria ali, a companhia dele me bastava, me saciava.
Pra piorar meu humor mais ainda havia esquecido de mandar uma mensagem pra tia Ana explicando do meu atraso. Durante os dias que voltei de Paracuru ela está realmente está estranha comigo. Não sei o que está acontecendo ou o que eu fiz. Se for pelo dia em que enchi a cara num bar e causei uma confusão em casa, já me desculpei milhares de vezes. Se ela guarda rancor por aquele ocorrido, acho que já passou da hora dela esquecer, afinal, isso foi há quase um mês. Cheguei em casa era quase 1 hr da manhã. Nem preciso falar que ela abriu a porta com um “sorriso” na cara.
Tia Ana: Antonio está virando rotina você chegar todos os dias na madrugada. Não estou gostando disso. Aqui todos nós dormimos cedo, principalmente eu que saio do trabalho cedo.
Eu nem sequer falei nada e fui pro quarto. Eu estava triste, de saco cheio de tudo o que estava acontecendo comigo: Fer indo embora amanhã, ou melhor, hoje né, o assunto inacabado com JP, essa desconfiança toda da tia Ana, o ocorrido com Amanda. Naquele momento tudo me preocupava e tinha medo do que viria. E eu estava muito certo quanto a isso.
PELA MANHÃ...
Acordei cedo, afinal nem consegui dormir direito. Uma puta de uma insônia me atingiu e não consegui dormir nada. Quando peguei no sono eram 5hrs da manhã e agora são exatamente 5:50. Sei que 50 minutos de sono são pouco, mas fazer o que né!?
Estava tomando uma xícara de café sozinho olhando para o nada quando recebo uma mensagem de Fernando:
Fernando: Oi Antonio, bom dia, desculpa te atentar logo cedo da manhã, mas é que queria saber se você topa sair comigo hoje pela manhã? Queria te ver antes de ir.
Prontamente respondi.
Antonio: Pode vir agora se quiser.
Eram 7hrs da manhã quando ele chegou lá em casa. Já estava a espera dele na frente da casa. Estava com uma roupa simples: uma camisa branca com uma estampa do A7x e uma bermuda verde, chinelo e o mais importante uma cara de sono do caralho. Só pra dar o toque final no look.
Fomos direto pra praia de Iracema. Ele queria andar comigo por ali, ver o melhor da cidade, levar lembranças boas e belas de Fortaleza. Foi a primeira vez que andei pelas areias da praia mais famosa da cidade, uma beleza rara. A todo o momento em que andávamos, ele segura minha mão. Existiam sim olhares tortos, mas ignoramos. Infelizmente o Nordeste ainda é bastante preconceituoso em relação à homossexualidade, diria que mais para os gays, tudo por causa do “nordestino cabra macho”. Mas isso vem mudando gradativamente, ainda bem.
Passamos ali uma hora mais ou menos alternando entre andando nas areias, bem, por onde dava, já que a praia estava lotada em alguns trechos, e namorando. Claro que em locais apropriados, já que se nos beijássemos na frente de todos, haveria “famílias tradicionais brasileiras” que se sentiriam afugentadas e nos colocariam em fogueiras. Bom, a velha hipocrisia de alguns cristãos.
Saímos dali e fomos pro Jardim Japonês, que é uma beleza que só. Fica na Avenida Beira Mar. Tem uma estrutura semelhante às construções orientais. É realmente lindo pra passear, tirar algumas fotos. E foi isso que fizemos mesmo. Ele tirou fotos de nós dois para se lembrar. Ríamos, fazíamos selfies, comíamos cachorro quente vendido próximo dali. Beijávamos-nos.
Próximo da hora do almoço fomos para um restaurante de comida japonesa. Bom, eu queria ir pra uma churrascaria e comer carne, baião de dois com queijo, mas ele quis ir pra esse restaurante. Nada contra, mas eu não gostava muito, mas fazer o que né! Eu não diria nada que o pudesse fazer sentir-se culpado.
Quebrei a cara. Sério. Sempre odiei shushi e os outros que nem sei dizer o nome, mas acabei gostando daqueles. Sei lá, acho que foi o momento. Estava aproveitando aqueles que seriam os últimos momentos com Fer. Tudo ficava bom quando estava com ele.
Estávamos nos preparando para irmos pro apartamento dele quando chega uma conhecida de Fer:
- Oi Fernando, como vai meu querido? – falava abraçando-o e dando um selinho nele.
Fernando: Olá Bruna, quanto tempo não? – falava desconcertado olhando pra mim. Eu não me importava com nada. – Bruna, esse é o Antonio... Ele é... um amigo!
Opa! Como assim um amigo. Bom, sei que não tínhamos absolutamente nada de um namoro, mas achei que tínhamos pelo menos um relacionamento. Sei lá, pelo menos eu achava isso. Pelo jeito, apenas eu.
Antonio: Oi boa tarde. – falava tentando forçar um sorriso.
Bruna: Boa tarde. – falou nem sequer olhando pra mim. – fiquei sabendo que você está indo embora pra L.A hoje a noite. Por que não me disse. Queria passar o dia inteiro contigo. Pelos velhos tempos.
Bom, ele não mencionou nada sobre Bruna, mas creio que eles tiveram algo a mais em alguma época de sua vida. Mas quem eu era ali pra falar algo, eu havia conhecido o Fernando a mais ou menos uns 5 dias atrás num final de semana.
Ela acabou se sentando conosco na mesa e ficamos nós três ali. Bom, na verdade, eles dois, por que eles nem sequer tentavam me incluir nas conversas. Poxa, eu fiquei chateado, confesso, mas procurei não demonstrar. Não demonstrar sentimentos em certas ocasiões é uma das minhas melhores qualidades. Acho que nem sempre demonstrar sentimentos é o certo a se fazer. Ser frio e calculista às vezes é mais necessário do que ser emotivo e sincero. Bom, pelo menos pra mim.
Decidi ir ao banheiro. Entrei e permaneci uns cinco minutos ali. Me olhava no espelho e procura saber o que eu estava fazendo ali. Sei lá, essa era uma pergunta que fazia pra mim mesmo muitas vezes nos últimos dias. O que eu queria de Fernando afinal, que ele largasse seu futuro e sua viagem pros EUA para ficar comigo? Um cara que ele conheceu a dias? Parecia que eu esperava demais dele. Esperava algo que ele não poderia me dar, naquele momento: um amor.
Saí do banheiro e parecia que eles nem haviam se dado conta que eu havia saído de lá. Tá eu estava furioso internamente, mas não falava nada. Eles conversavam sobre algumas passagens de sua vida, parece que fizeram faculdade juntos e eram colegas de trabalho. Passou-se alguns minutos e finalmente ele me incluiu na conversa:
Fernando: Vamos embora Antonio?
Antonio: Vamos.
Fomos para seu apartamento. Avisei a tia Ana que passaria o dia fora e que só voltaria a noite. Dessa vez lembrei de avisa-la. Chegando lá eu nem entrei direito e ele me agarrou por trás. Claramente excitado. Esqueci o que havia acontecido a menos de 1hr e curti o momento.
Fomos para seu quarto, nos despimos e ele começou a mamar no meu pau assim que tirei a cueca. Era urgente, afoito, rápido. Ele sabia o que estava fazendo. Ia ao delírio com aquelas chupadas. Começava fazendo círculos com a língua em minha glande e tentava por tudo na boca de uma vez, engasgando algumas vezes durante o processo.
Ele levantou me dando beijos rápidos, urgentes, mordendo meus lábios com força, empurrando a língua como se fosse a ultima coisa que faria na vida. Passou a língua por cada canto de meu rosto, boca, olhos, nariz, tudo. Pairou pelo meu peito e começou a morder meus mamilos, puxava que doía que só, mas era bom, sei lá. Ele passava a língua em meus pelos que tinha na barriga. Mamou mais alguns minutos novamente. A única coisa que fazia era gemer.
Me virei de bruços e ele começou a lamber do meu pescoço até os pés, refazendo o caminho até minha bunda. Mordia, lambia, minha bunda com força. Ficou varias marcas depois. Quando chegou no meu cu ele fez o primeiro cunete que recebi. Sua língua era maravilhosa. Passava pelo meu buraco, colocava alguns dedos e me fazia delirar com aquelas linguadas.
Se posicionou para a penetração. Dessa vez não doeu como na primeira vez, mas mesmo assim doeu. Seu pau era grosso, então não ajuda muito. Ele metia com rapidez, com força, era uma sensação maravilhosa ser invadido por aquele homem lindo, loiro, corpo musculoso, bronzeado. Ele era lindo e o tinha só pra mim, naquele momento.
Passamos alguns momentos ali até acabarmos. Estávamos exaustos, caímos um em cima do outro. Bom, dessa vez ele não quis ser passivo, mas não me incomodei. Afinal, eu gostava dos dois. Pra quê escolher entre ser passivo ou ativo, se os dois dão prazeres diferenciados? Bom, eu resolvi escolher os dois. Hehehe
Adormecemos ali mesmo. Fomos acordados com a campainha tocando. Acordamos rápidos. Fernando estava muito assustado. Falava se vestindo, colocando uma bermuda, quase caindo. Ele me deu um beijo demorado e foi atender a porta. Ouvi algumas conversas:
Fernando: Mãe e Pai que surpresa vocês por aqui. – falava nervoso.
- Não, não viríamos nos despedir do nosso filho que vai ficar dois anos fora. – falava com raiva. – acho que era o pai dele.
Fernando: Entrem podem entrar. Vou só por a camisa e já volto. Cadê o Joaquim?
- Já está chegando. Ele foi buscar a Bruna! – falou uma voz feminina.
Fernando: Por que buscar a Bruna?
- Oras mais, por que ela é sua namorada. Que pergunta mais besta rapaz!
Fernando: Ex-namorada mãe. Ex.
- Vocês terminaram a mais ou menos uma semana. Não foi muito tempo atrás.
Falaram mais algumas coisa que não consegui entender muito bem. Quando ele entra no quarto assustado.
Fernando: Antonio, se veste que meus pais estão ai fora. Eles não fazem a mínima ideia de que eu ando transando com caras. Então vou te apresentar como um amigo Ok.
Antonio: Sem problemas. – o engraçado é que ele já havia me apresentado como um amigo, quando encontramos com Bruna no restaurante japonês.
Saímos do quarto e ele foi logo me apresentando pros seus pais.
Fernando: Pai, mãe esse é o Antonio, um amigo meu. Ele estava aqui se despedindo. Antonio esse são meus pais: Feliciano e Martha.
Os cumprimentei formalmente. Dona Martha foi muito gentil comigo. Mas eles estavam com o pé atrás, afinal, eu saí do quarto do filho deles, vestindo uma de suas camisas. Foi no mínimo estranho. Joaquim chegou naquele momento.
Joaquim: Chegamos meus amores. – ficou surpreso ao me ver. – Antonio meu querido. Como vai? – falou me abraçando.
Antonio: Oi Joaquim, beijei seu rosto. – Bruna chegou logo atrás.
Amanda: Olha só o carinha bonito. Como vai? – falou me dando beijos de lado.
Seu Feliciano não parou de nos olhar. Ele estava estranho.
O tempo estava passando rápido. Eu conversava com a dona Martha que me fazia perguntas, querendo colher informações. Jogando verde pra colher maduro. Mas eu já estava sabendo qual era a dela e respondia monossilábico, afinal, eu não iria revelar os segredos do filho dela, horas antes da viagem dele.
Joaquim sempre um amor. Sempre me salvava das perguntas de sua mãe. Agradecia a ele por olhares. Fora que Bruna resolveu me interrogar também. Ninguém merece.
Passou algumas horas e já estava tudo pronto pra todos irmos para o aeroporto. Bom, eu fui no carro com Bruna, Joaquim e Fernando. Eu estava num misto de aflição e tristeza. Estava prestes a chorar toda vez que a distancia do aeroporto diminuía.
Eu não queria que ele fosse embora. Eu o queria ali comigo. Eu queria estar sempre com ele. Nós nos conhecemos a pouquíssimo tempo, mas nossa sintonia, nossa ligação foi instantânea. Parecia que fomos amigos durante a vida toda. Ele me fez feliz durante cinco dias o que eu não fui durante minha vida inteira. Lagrimas já escorriam naquele momento, mas disfarcei olhando pela janela do carro.
Chegamos. Fomos direto para onde ficaríamos para nos despedir antes de Fer ir entrar no avião. Passaram-se alguns minutos para ele checar se estava tudo ok com as reservas, burocracia e tals. A cada minuto sentia meu coração chorar o que eu não chorava pelos olhos. JP e Amanda chegaram naquele momento. JP olhou pra mim, me abraçou. Apenas olhei para Amanda, ela também não falou nada.
Fernando estava chegando. Era a hora da despedida.
Ele foi primeiro falar com os pais. Disse que os amava, que sentiria muita saudade deles, agradeceu por tudo, pelo apoio sempre. Sua mãe chorava horrores, seu pai sempre carrancudo, mas acabou se rendendo ao momento e chorou também.
Falou com o Joaquim, que já estava chorando horrores. Era lindo de ver a amizade, a cumplicidade dos dois. Eu sempre quis um irmão mais novo e era essa a relação que queria com ele, pena que meus pais nunca quiseram. Fer falava para Joaquim cuidar do apartamento, das plantas que haviam por lá, avisou que ele não queria estranhos por lá. Joaquim apenas chorava. Nesse momento Fer chorou demais. Eu nem me segurava mais, já chorava tbm, as lagrimas saiam que nem me dava conta.
Fer se despediu com um abraço de JP e Amanda. Eles não se conheciam muito, afinal eles eram amigos do Joaquim, que estudavam na mesma escola.
Bruna agarrou Fernando ali e chorava feito criança. Havia razão para tal, afinal, eles namoraram durante muito tempo, quase três anos, segundo dona Martha. Eles se beijaram. Bom, eu não vou dizer que não doeu, mas eu entendia. Uma relação de três anos não acaba assim da noite pro dia. E havia chego minha vez.
Fernando: Antonio. – ele falava chorando. – você foi a melhor coisa que me aconteceu durante esses dias. Queria poder ter a oportunidade de ter vivido mais com você, mas do pouco que convivi contigo, posso dizer que você é um cara incrível, que merece ser feliz, merece tudo de bom que há no mundo. – eu já chorava que soluçava. – Sei que é pouco tempo, mas eu realmente TE AMO. – ele falava para todos que estavam ali. Ele não se importava com mais nada. – Obrigado por tudo, obrigado mesmo. Eu não posso pedir pra você esperar por mim, seria injusto, mas eu repito: EU TE AMO.
Antonio: Eu também te amo. – foi a única coisa que consegui dizer naquele momento. – ele me beijou na frente de todos ali. Não houve receio, houve apenas amor, vontade. Tristeza. Nos abraçamos forte, nos beijamos novamente.
Era a hora. O vi dar as costas pra todos, dar um obrigado pra todos ali, jogar uma beijo pra mim, com as mãos, e partir. Minha vontade ali era correr e o impedir de entrar naquele avião. Mas seria egoísmo eu fazer isso. Era o futuro dele que estava em jogo. Estava sem chão. Fiquei ali até não o ver mais. Quando não o vi mais sai correndo dali. Chorava tanto que nem sabia para onde estava indo. Parei no estacionamento e chorei como nunca havia chorado na vida.
Era péssima a sensação de estar perdendo alguém tão importante. Sei que não o perdia, digo, ele continuava vivo, mas muito longe. Eu o queria perto de mim, queria beijá-lo, abraçá-lo. A distância dificultava tudo isso.
Estava chorando de cabeça baixa sentado no chão, quando alguém se aproxima de mim. Era o JP. Ele não falou nada. Apenas me estendeu a mão e me levantou. Dando-me um abraço forte, quente, reconfortante. Eu estava precisando daquilo.
CONTINUA...
Opa! Boa noite galera (Bom dia pra quem tá lendo depois)... Depois de passar alguns dias sumidos por motivos pessoas (conflitos de auto-aceitação, ainda, sim, ainda estou passando por este processo chato e angustiante)...
Bom, espero que gostem, se houver erros de ortografia, digitação, concordância, posteriormente corrijo.
Um abraço bem forte em vocês, um abraço de amigo <3
E lembrem-se: AMEM, mas amem a si mesmos mais que tudo. Um beijo.