Amelie era totalmente inocente, nem sequer sabia como os bebês nasciam. Quando tivera sua primeira menstruação, pensara que iria sangrar até a morte...
Valentim sabia o quanto ela era pura e inocente, como fora sua perdida Gisela, por isso foi cuidadoso e limitou-se a beijar aquela boca vermelha e molhada como quem degusta uma fruta delicada... Queria desvendar o amor e seus prazeres gradualmente a Amelie, para não assustar nem chocar a garota. Queria despertar a mulher ainda adormecida dentro dela, queria fazer com Amelie tudo que não pudera fazer com Gisela...
Amelie suspirou e de modo instintivo o beijou também . Depois recostou a cabeça em seu peito, como um anjo.
- Engraçado... - disse ela, - Você é um vampiro, mas eu não tenho medo de você, conde Valentim...
- Fico feliz, respondeu Valentim apertando-a em seus braços. - Ah, como é bom estar assim com você... Esperei séculos por esse momento...
Amelie se aninhou nos braços dele. Estava carente demais e se apaixonou pelo belo vampiro antes que seu coração entendesse o que significava aquilo.
- Mas, eu não sou ela... A moça do retrato...
Valentim a encarou com seus profundos e negros olhos.
- Ela é inatingível para mim, está num lugar onde eu não posso ir. Pertence à luz, eu às sombras. Mas você, Amelie, se parece tanto com ela, que eu sei que podemos, juntos, fazer tudo que me foi negado no passado.
Uma lágrima rolou pelo rosto de Amelie.
- Por que você não salvou minha mãe ?
Valentim hesitou.
- Porque ela usava um crucifixo no pescoço. - respondeu.
Um relógio começou a badalar em algum lugar remoto do castelo.
- Meia noite, disse Valentim. - Preciso me ausentar um pouco, linda Amelie, mas não vou me demorar... Em seu quarto encontrará tudo o que precisar.
E assim dizendo, para grande espanto de Amelie o conde se transformou num grande morcego de olhos brilhantes, e saiu voando por uma janela próxima...
Era meia noite, hora dos seres das trevas e das almas penadas , hora dos vampiros saírem à caça de suas presas.
Amelie não quis mais pensar naquilo e voltou para o seu quarto, não sem antes dar uma última olhada ao retrato de Gisela de Grammont, que parecia segui-la com o olhar...
Quando entrou no quarto, encontrou uma apetitosa refeição sobre a mesinha.
Frango assado, salada, frutas e vinho.
Amelie sentou - se e comeu com apetite, pensando que pouco antes tivera a experiência de seu primeiro beijo.
Talvez se transformar numa vampira não fosse assim tão ruim...
Se esse era o preço para ficar ao lado de Valentim.
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