Capítulo 5 – XOXO
Como o médico antecipou, até o fim do dia já estávamos em casa. A Alice passou lá no apartamento para pegar a chave do carro do João e foi busca-lo no estacionamento da universidade. Passaram dois dias, eu ia normalmente para a aula de manhã, só o que aconteceu foi que eu ia sozinho, o João dormia quase que a manhã inteira, então não tinha problema em ficar sozinho, chegou na quarta-feira e eu decido ir falar com o João sobre o ocorrido na segunda-feira.
Douglas: Posso entrar? – Perguntando batendo na porta do quarto dele.
JP: Claro que pode!
Douglas: Então, a gente precisa conversar.
JP: Sobre? – Se fez de desentendido.
Douglas: Você sabe sobre o que – ele me olhou sério – eu quero saber o que, por que e quem que fez isso contigo.
JP: Foi o Cris.
Douglas: Eu imaginava. Por que?
JP: Vou começar do começo. Ele veio morar aqui no prédio a mais ou menos 6 meses, e é colega do irmão do Ander, assim os dois se conheceram. Ele saia de vez em quando com a gente apenas, já que sua família é evangélica e não permite ele sair por achar que pode se envolver com drogas, álcool, e tudo que é relacionado a isso. Mas tem um porém, a família dele não sabe que ele é gay. Nem eu sabia até, na verdade, descobri na segunda-feira, quando ele veio com um papo estranho comigo. Semestre passado eu já dava carona pra ele até o campus, e não vi problema em oferecer esse semestre de novo. Eu percebi que ele tava estranho quando conversamos nesses dias, mas não achei que seria por algo que eu tinha feito, e sim algum problema pessoal. Então, na segunda-feira quando eu estava te esperando ali fora, e quando ele chegou, ele disse que queria conversar comigo a sós, falei pra conversarmos quando chegássemos na universidade, eu concordei de boa, achando que talvez ele quisesse desabafar. Enfim, chegamos, você saiu e foi pra aula, e nos minutos que ficamos sozinhos ele veio com uma conversa estranha, dizendo para mim parar de correr atrás do Ander e forçar ele a ficar e transar comigo, por que se não eles iriam ir fazer um denúncia contra mim por abuso sexual e perseguição, eu fiquei boquiaberto, tentei explicar pra ele que isso era loucura, que fazia muito tempo que eu não conversava com o Ander e quem ainda corria atrás de mim era ele. Ele não aceitou o que eu falei, avançou sobre mim, eu não consegui ataca-lo de volta e o resultado é esse aqui, que tu ta vendo na tua frente.
Douglas: CA – RA – LHO. João, tu precisas denunciar esse cara. Fazer um B.O, alguma coisa. Ele não pode ficar impune assim.
JP: Não adianta, não tem o que fazer. Eu não vou me estressar por causa disso, passou já, deixa os dois viverem felizes para sempre.
Tentei usar mais alguns argumentos para o João denunciar o Cris e o Ander, mas não teve jeito, ele não queria continuar pondo lenha na fogueira.
Ficamos o resto daquele dia em casa assistindo filme, já que não havia muito o que estudar ainda. Na quinta-feira o João começou a ir na aula de verdade, e quando vimos já era Sexta-feira. Na noite daquela sexta teria a primeira cervejada dos calouros com os veteranos do nosso curso e eu iria ir de carona com um colega meu com quem eu estava me dando super bem e que eu conversava bastante, o Daniel. Daniel passou cedo no nosso apartamento, me despedi do JP, combinamos que a hora que eu quisesse voltar para casa, ele iria até a festa me buscar, e então fomos. Chegamos cerca de 25 minutos depois no local que iria ocorrer a cervejada. Foi uma noite em que começamos a beber cedo e com isso não era nem 00:00 já estava todo mundo muito louco. O tempo foi passando, já passava das 4 horas da manhã, quando sinto meu celular vibrando, atendo sem conferir quem estava ligando:
Douglas: Alô? – Indago.
JP: Tu tá aonde?
Douglas: Quem é?
JP: Como assim, quem é? Douglas, tu tá bem? É o João.
Douglas: Ah cara, e ai, to de boa.
JP: Tu tá bêbado pra caralho né.
Douglas: Da onde, já viu!?
JP: Tô indo te buscar.
Douglas: Não, tá cedo ainda!
JP: Que mané cedo o que! 20 minutos to aí, fica lá fora!
Passou um tempo, eu continuei curtindo a cervejada com a galera, e não saí lá de dentro, quando sinto meu celular vibrando novamente:
Douglas: Alô!?
JP: Vem pra fora, tô te esperando aqui na frente.
Douglas: Calma, logo vou.
JP: Logo meu cacete, se despede e vem!
Douglas: Hum, quero ver esse teu cacete depois, só saio se rolar isso – digo eu provocando.
JP: Douglas, tô te esperando.
João Pedro desligou a ligação, despeço-me de todo mundo e vou para fora, entro no carro do João, cumprimento ele e fico o encarando.
JP: O que foi? Tá me encarando por que? – Pede ele dando risada.
Douglas: Quero ver teu cacete – digo provocando.
JP: Douglas, tu tá bêbado, vamos logo pra casa.
João dá a partida no carro e vamos. Chegando em casa ele me ajuda a chegar no banheiro dele para tomar mim tomar uma ducha, ele também me auxilia para mim me despir:
Douglas: Não vai tirar a minha cueca também?
JP: Não, essa tu consegues tirar sozinho – quando termina de dizer isso, dá uma leve piscada com seu olho – vou ir preparar tua cama enquanto tu esfrias a cabeça.
Douglas: Espera!
JP: O que foi?
Douglas: quero dormir contigo!
JP: O que?
Douglas: Não quero dormir sozinho. E tua cama é de casal.
JP: ai ai ai Douglas, tá bom. Vou sair do banheiro, e agiliza aí.
Quando ele saiu, eu termino de tomar minha ducha e já me sinto um pouco melhor. Me seco, visto uma cueca e abro a porta do banheiro para o quarto. O João estava soterrado de baixo das cobertas, já que seu ar condicionado estava ligado em uma temperatura muito baixa, não perco tempo e vou rapidinho pra de baixo das cobertas também.
Eu deito e fico de conchinha com ele, sinto sua respiração em meu ouvido, quando ele começa a sussurrar para mim:
JP: Douglas, sei que não é a hora, mas eu preciso me abrir contigo. Eu to sentindo uma coisa por ti que eu nunca senti por ninguém, é algo forte que mexe comigo de uma forma muito boa, eu fico tão feliz quando passo meus momentos do teu lado e quando fico longe me dá muita agonia, saudade. Só deus sabe quanto ciúme eu senti de ti indo para aquela festa que teve hoje, todo bem arrumado, lindo, maravilhoso, e só Deus sabe também o quão agoniante ficar sem ter você me ligando, pedindo para ir te buscar. Douglas, embora a gente não tenha ficado ainda, a convivência contigo, vendo a pessoa doce, madura e especial que tu és, fez eu me apegar a ti. Douglas, eu te amo.
Eu senti que precisava responder ele, essa era a hora de dizer para ele o que eu sentia, que isso era recíproco, mas não me vinham palavras bonitas como as que ele falou, na cabeça. Me virei e nossos rostos ficaram muito próximos e eu precisava reponde-lo. Eu só consegui responder ele com isso:
Douglas: Eu também te amo, João Pedro.
Aproximei ainda mais o meu rosto ao dele, senti sua língua invadir minha boca. O que começou com um beijo rápido, voraz, se transformou em um beijo calmo, doce, verdadeiro. Ficamos assim, nos curtindo, até pegarmos no sono. De conchinha.
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Gente, eu estou tão feliz com os comentários positivos de vocês! Vocês não fazem ideia do quão feliz fico lendo os comentários que vocês deixam. Eu só peço calma a vocês, deem tempo aos capítulos, aos poucos as coisas vão sendo resolvidas... obrigado por lerem e até amanhã! Beijos e amo vocês!