Por trás dos olhares - Capítulo 07 - Uma longa Noite

Um conto erótico de J.D. Ross
Categoria: Homossexual
Contém 2334 palavras
Data: 02/10/2016 15:11:50

Como sempre quero agradecer ao grande volume de leituras e, desculpar-me pelo longo tempo sem postar, espero que possam me perdoar.

Comentem, com criticas e sugestões elas ajudam muito.

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Andava de um lado para o outro dentro do quarto, as horas pareciam não passar. Sentia-se, extremamente nervoso com essa situação - Quem estará no jantar, somente a mãe do Diego ou a irmã insuportável dele também estará lá - Seu coração acelerava a cada pensamento, era impossível controlar aquela avalanche de pensamentos e medos tão característico de sua personalidade tão pessimista em alguns momentos.

- Toc- toc! - Pode ouvir - Entre disse ele com voz fraca e ansiosa.

- Você não vai jantar? - Entrando e olhando para o chão após tropeçar em uma dobra do tapete - Onde vai com essa roupa Rapha, nunca mais havia lhe visto usando ela! - Questionou sua mãe ao levantar os olhos e ver o filho usando um smoking.

- Não obrigado mamãe, vou jantar na casa de um amigo! - Ainda andando sem parar.

- Um amigo! Entendo - Disse ela se aproximando e arrumando a gravata borboleta dele - Não se preocupe, os pais dele vão gostar de você, um garoto bonito e inteligente como você não há como não gostar - Beijando-lhe a testa.

- Espera, como você sabe disso? - Disse ele totalmente surpreso com a fala da mãe.

- Eu sou só sua mãe Raphael - Rindo e lhe lançando um olhar amoroso - E se me permite dizer, uma noite dessas vim aqui para ver como você estava, faço isso toda noite, você sonhava e dizia com a voz mais apaixonada que já ouvi, o quanto amava uma pessoa chamada Diego - Abraçando o filho com os olhos marejados.

- Isso não te incomoda? - Com voz baixa, já que era quase sufocado por aquele abraço maternal.

- Poderia me incomodar se eu não tivesse ouvido você falar desse menino, o amor precisa ser cultivado e não ceifado - Saindo fingindo pressa com as lágrimas a despencar de seus olhos - Não demore a voltar e qualquer mudança de plano me avise.

- Obrigado mamãe, pode deixar eu ligo! - Sentia-se muito mais confortável, sua mãe apoiava as suas decisões.

Com um modesto arranjo de orquídeas brancas, Rapha bate a porta e é recepcionado pela Doutora Sueli.

- Olá querido entre por favor, Diego está terminando de se arrumar e em breve se juntará a nós - Apontando o belo sofá.

- Boa noite dona Sueli, isso é para a senhora! - Entregando as flores a ela.

- Ah que gentileza, não era necessário querido, elas são lindas. As colocarei em meu escritório, muito obrigada. Fique a vontade vou chamar Diego. - Sumindo pelo corredor.

Sentado e balançando as pernas nervosamente, Rapha ficou ali olhando os detalhes da sala que tinha um perfume suave, que lhe parecia muito com lavanda. Pode ouvir alguns passos no corredor, segundos depois lá estava Diego, lindo, simplesmente lindo. Todo de branco, usava uma camiseta regata que estranhamente tinha um capuz, uma calça branca de um tecido mole que Raphael não pode identificar, uma sandália de couro marrom e no pescoço ele trazia um colar com a metade de um coração. Rapha levantou-se e ficou imóvel após isso, parecia hipnotizado com o que via.

- Estou me sentindo muito mal agora! - Disse Diego sorrindo e pulando sobre Raphael que o abraçou com muita força, ainda sem dizer uma só palavra - Algum problema? - questionou se afastando dele um pouco para poder olhá-lo nos olhos..

- Ah! desculpe-me, você está ainda mais lindo, não pensei que isso fosse possível - Puxando Diego pela cintura e lhe beijando com muita intensidade.

- Caham, caham! - Pigarreou Sueli olhando os dois da porta.

- Desculpe-me, acho que me excedi! - Se afastando de Diego tentando arrumar seu smoking que acabou ficando desalinhado.

- Tudo bem querido, vamos jantar? A mesa já está posta! - Disse ela apontando o caminho.

Diego segurando a mão de Raphael seguiu na frente puxando-o todo sorridente. Ao chegar à mesa pediu que seu namorado sentasse a seu lado, dona Sueli sentou-se no lado oposto logo a frente de Raphael.

- Meu namorado não está lindo mamãe? - Sorria e olhava para Rapha com um brilho indescritível nos olhos.

- Sim filho, ele está muito elegante! - Sorria ela - Espero que goste de Lasanha Raphael, Diego disse que esse seria o teste final, se você não gostasse de lasanha, seria o armagedom do namoro de vocês.

- Adoro! - Encarando Diego que sorria - Nunca gostei tanto de algo na vida.

- Então? vamos comer? - Diego apontava os pratos.

- Sim claro, estou faminto! - Respondeu Rapha.

O jantar correu agradavelmente, dona Sueli muito educada ia introduzindo tópicos bastante inteligentes, o que deixava a conversa bastante cativante. Então a certa a altura do jantar ela perguntou - Quando vocês começaram a namorar e quem foi que fez o pedido? - Houve um silêncio e os dois se encaram com um sorrisinho estranho. Eles não tinham bem certeza, as coisas foram acontecendo apenas.

- Bom! - Começou Raphael meio sem jeito - Acho que começamos quando trouxe o diego aquele dia, após a crise de asma dele, porém nós nunca formalizamos isso! - Ajoelhando-se ao lado da cadeira de Diego.

- Ai me-u De-us! - disse Diego.

Raphael tirou do bolso, duas alianças de prata, com uma fina listra amarela dividindo-a na metade, ele segurou as mãos de Diego, olhou em seus olhos.

- Diego meu amor, você quer namorar comigo? - Com os olhos brilhando.

- Claro que sim! sim, sim eternamente sim - Ajoelhando na frente dele para abraçá-lo e beijá-lo.

- Ok, ok! - Interrompeu dona Sueli com os olhos marejados - Deviam trocar as alianças.

- A senhora está certa - Colocando a aliança em Diego - Ah! ficou um pouco grande - Disse um pouco decepcionado Raphael.

- Ficou ótima amor! - Levantando-se e beijando ele na bochecha.

- Tudo bem, podemos levar amanhã na loja e pedir pra ajustar - Disse Rapha com um belo sorriso.

- Vou buscar a sobremesa - Disse dona Sueli indo em direção a cozinha - Gosta de sorvete de milho verde Rapha?

- Sim é meu favorito - Tentando se esquivar dos beijos de Diego.

O Diego não gosta muito, mas seu futuro sogro também adora - Gritava ela da cozinha.

Foi quando um estouro muito alto foi ouvido, parecia vir da sala de estar. Sem muita demora, os dois foram surpreendidos por um homem mascarado e segurando uma pistola prateada, ele sacudia a arma e gritava - Deitem no chão e fiquem de boca fechada - Dona Sueli apareceu na entrada da sala de jantar e foi também pega de surpresa - Pro chão vadia - Gritava o homem - Onde está o Doutor Marcos?- Perguntou ele olhando em todas as direções - Ele está viajando e volta em alguns dias apenas - Respondeu dona Sueli olhando para o chão. O homem os levou para um dos quartos, trancou a janela com um cadeado que ele mesmo trouxe, depois trancou a porta e vasculhou a casa toda, parecia estar a procura de algum documento, aparentemente não teve sucesso. Voltou ao quarto, pegou Diego pelos cabelos e depois agarrou ele pelo pescoço.

- Esse aqui vai comigo, avise seu marido que eu quero o dossiê ou este rapazinho sofrerá as consequências - Com a arma apontando para a cabeça dele.

- Por favor não machuque meu filho, eu vou dar um jeito de falar com meu marido, não precisa levar meu filho - Implorava ela de joelho.

- Vou levá-lo, vocês têm até amanhã às 9:00 para me entregar aqueles documentos, e não envolvam a polícia, senão, eu mato ele e a menina também. Sim eu sei da jovem Débora. - Dizia ele andando de costas em direção a sala por onde ele entrou.

- Por favor solte ele - Dizia Raphael, que já estava de pé seguindo o homem sem perdê-lo de vista.

- Fique calmo garotão, se o pai dele fizer tudo certo ninguém vai se machucar.

Raphael continuou a seguir, ao passar pela sala de estar, teve uma oportunidade o homem se distraiu olhando para a porta. Rapha não pensou, pegou uma grande faca da mesa e pulou sobre aquele homem. Diego conseguiu soltar-se e jogou-se no chão, o criminoso percebeu a ação e antes que Raphael pudesse fazer algo foi atingido por um tiro, mas no calor do momento ele não sentiu nada e desferiu dois golpes no peito do homem, antes de desmaiar. O homem durante o ataque deu mais dois tiros, que acabaram por atingir a parede logo atrás de Raphael. Tanto o criminoso quanto Raphael ficaram ali no chão imóveis.

Diego desesperado correu e tirou seu namorado de cima daquele homem, ajoelhado o colocou em seu colo, abraçando ele gritava.

- Mãe ajude-me aqui rápido! - Chorando sem parar - Mãe pelo amor de Deus ele vai morrer.

Dona Sueli correu em direção ao filho depois de recuperar-se do choque, abriu o smoking e pode ver uma grande mancha de sangue na altura da cintura.

- Corra a meu quarto e traga minha maleta de trabalho, rápido Diego! - Abrindo a camisa para poder ver onde estava o ferimento.

- Aqui mãe! Ele vai ficar bem? - Olhava desesperado a grande mancha de sangue.

- Claro que vai, mas você precisa chamar uma ambulância, corra meu filho, qualquer segundo conta.

Ele saiu em disparada e ligou para a ambulância. Enquanto isso Dra. Sueli conseguiu estancar o sangramento de Rapha, mas nada pode fazer quanto ao invasor que já encontrava-se em estado de Óbito. Em 16 minutos a assistência médica chegou ao local.

- Sou médica e vou com o paciente, preciso estar presente na cirurgia - Disse ela ao paramédico.

- Tudo bem doutora! - Concordou.

- Fale tudo que lembrar aos policiais, ligue para seu pai e diga que quero ele aqui ainda hoje, entendeu filho? - Disse ela em tom alto, porém Diego ainda estava atordoado e mal respondia.

- Certo mãe, falar com policiais e ligar para o papai vir ainda hoje - Respondeu roboticamente.

- Outra coisa avise a família do Raphael diga que estamos indo para o São Lucas no centro - Fechando as portas da ambulância

- Certo farei isso agora - Respondeu ele parecendo recuperar-se do choque inicial.

Após receber a notícia a mãe de Raphael se dirigiu para o hospital de carona com a irmã Madalena.

- Fique calma, ele é um rapaz forte, irá dar tudo certo! Dizia Madalena com convicção na voz.

- Deus te ouça Lena, Deus te ouça - Falava ela olhando para o vazio agarrada a uma medalhinha de São Jorge numa face e Santa Bárbara na outra.

No hospital, encontrou-se com Dra. Sueli que a esperava no saguão de entrada.

- Olá Melissa eu sinto muito, ele está estável, a bala está alojada perto do osso ilíaco e dois fragmentos parecem estar nas paredes do intestino, ele está sendo preparado para a cirurgia. Eu estarei junto auxiliando o Dr. Humberto, dará tudo certo, é uma cirurgia relativamente simples - Dizia ela tentando ser o mais clara possível.

- Tudo bem Dra. salve o meu garotinho por favor - Ainda agarrada a sua medalhinha.

- Por favor esperem ali naquela sala, assim que eu tiver novidades eu volto - Apontou a direção e as duas dirigiram-se para o local indicado.

Alguns instantes depois elas perceberam um certo alvoroço na recepção e foram para lá. Um menino loiro gritava desesperado no balcão de atendimento.

- Preciso falar com a Dra Sueli - Berrava aos prantos.

- Acalme-se, ela está em uma cirurgia assim que possível ela falará com você - ponderava a atendente sem saber como lidar com aquilo.

O rapaz foi até uma das paredes e encostou-se deixando seu corpo deslizar até o chão, onde ele soluçava e murmurava.

- Ele não pode morrer, ele não pode morrer - Com as mão no rosto.

- Diego? - Perguntou Melissa ajoelhando-se à frente do garoto.

- Sim, quem é você? - Tirando as mãos do rosto.

- Eu sou Melissa nos falamos ao telefone a pouco - Segurando-lhe as mãos.

- Diz pra mim que ele vai ficar bem, por favor - Pulando no pescoço dela e a abraçando com muita força.

- Fique tranquilo querido, ele é forte e sua mãe está cuidando bem dele - Com as lágrimas a rolar pelo seu rosto como pedras.

Vamos nos sentar lá na recepção - Sugeriu Lena, indicando o caminho carinhosamente.

Seguiram até às cadeira e sentaram-se sem falar uma única palavra durante as quatro horas seguintes. Algumas vezes alguém levantava ia ao banheiro ou dirigia-se a lanchonete e voltava com café e sanduíches, que eram sempre recusados por Diego. Ele não tirava os olhos da porta de onde sua mãe deveria sair.

Depois de mais de cinco horas esperando, Dra Sueli surgiu atravessando a grande porta de vidro.

- Então mãe ele está bem? - Perguntou extremamente ansioso.

- Fique tranquilo a cirurgia foi um sucesso, ele não corre risco de morte. Agora é só aguardar o corpo se recuperar, se tudo correr como o esperado em alguns dias ele poderá ir para casa - Tentou dizer tudo com postura profissional, mas foi interrompida pelo abraço coletivo.

- Obrigado Dra - disseram todos em coro, inclusive Diego.

- Posso vê-lo, ele já acordou? - Falou desesperadamente Diego se afastando do abraço.

- Ele ainda está dormindo, está sedado e irá acordar somente amanhã cedo, manteremos os medicamentos para que ele possa se recuperar. Mas vocês podem vê-lo pela janela da UTI.

- UTI? você disse que ele estava bem! - Questionou Melissa.

- É só uma medida de precaução, é o procedimento padrão. Fique tranquila ele está bem e fora de risco. Deixe-me ir preencher os formulários, falem com a enfermeira ali na entrada ela levará vocês ao quarto, já deixei ela de sobreaviso - Saindo em direção a sala de cirurgia.

Os três seguiram juntos a enfermeira para o quarto de Raphael.

- Sei que parece assustador, mas amanhã iremos tirar os tubos, já acordado ele ficará livre deles podendo receber visitas e conversar com vocês.

- Quer dizer que não poderemos entrar no quarto? - Questionou a tia.

- Infelizmente hoje não, mas amanhã logo pela manhã o doutor deverá liberar a visita de vocês e a transferência dele para o quarto.

- Que absurdo! - Vociferou Diego e depois beijou e acariciou o rosto de Rapha pelo vidro - Eu amo você gatão e não sairei daqui até você estar pronto para sair comigo.

Melissa emocionada abraça Diego por trás e beija seu ombro direito. E os dois ficam ali olhando pelo vidro abraçados sem falar nada.

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Bom é isso, espero que gostem, este relato me trouxe muitas lembranças.

Até Breve

J.D. Ross

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