CORAÇÃO DE TITÂNIO - 11 (O Retorno)

Um conto erótico de Leon
Categoria: Homossexual
Contém 1972 palavras
Data: 19/10/2016 14:06:29
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

*Olá...

Vim aqui dizer que retornarei com as postagens de Coração de Titânio.

O conto está pronto e postarei um por dia. Tem 17 capítulos e logo teremos o desfecho.

Sinto muito por ter demorado tanto, mas antes tarde do que nunca.

Espero que gostem do rumo que a história tomou e, novamente, peço desculpas pela demora.

Amo vocês!*

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CORAÇÃO DE VIDROAcho que nunca houve na história uma morte provocada por sentimentos exacerbados. Ninguém morre de amor, ninguém morre de saudade, ninguém morre de felicidade... Ninguém morre de raiva.

Eu acredito que o que causa a morte são consequêcias desses sentimentos. Eu já não era capaz de suportar tanta raiva. Nunca, em toda minha vida, havia sentido tamanha raiva por alguém. Nunca!

Xavier... Eu, nos meus devaneios de raiva, delirava pensando em tomar o pescoço dele em minhas mãos e apertá-lo até ver a vida se esvair dos seus olhos coloridos! Deus! Eu queria torturá-lo por me usar e me descartar como um guardanapo!

Me sentia inútil... Eu o odiava tanto, mas o amava tanto. Queria matá-lo, mas sabia que se o visse em minha frente desistiria dessa ideia. Nunca o machucaria, apesar dele ter me machucado... Me ferido mais fundo que alguém um dia alcançou ou alcançará.

Por quê, Deus, ele fez isso comigo? Eu, num momento, estava tão perto dele, que podia ouvir seu coração bater... Então ele fez aquela revelação e exterminou meu coração.

Foi melhor eu ter deixado meu pai dirigir até a casa do meu irmão. Eu fiquei remexendo-me no banco do carona, louco de vontade de me ferir ou ferir alguém.

Raiva... Raiva e mais raiva!

Quando estacionamos à frente da casa de Homero, meu pai ficou tenso como nunca. Apertou fortemente meu braço quando toquei a companhia.

-E se ele não me quiser por perto? -questionou baixinho.

-Ele?

-Homero.

-Por que ele iria te querer longe, pai? -passei meu braço por seus ombros. -Ele me perdoou, com certeza perdoará você!

Seu olhar suavizou um pouco.

-Sim? -a voz do Dani saiu pelo interfone. -Quem deseja?

-Oi, Dani! Aqui é o Leon. O Homero tá em casa?

-Leon! Que surpresa boa! O que faz aqui?-ele riu, baixinho. -Meu Deus! Que modos esses meus! Entra pra gente conversar. -o portão estalou me dando um susto e abriu.

Sorri pro meu pai e o deixei entrar primeiro. Hesitante, passo por passo, ele entrou observando o gramado de Homero, a piscina um tanto afastada. Fazia tempos que ele não visitava a casa do meu irmão. Muito tempo!

Entramos na casa e fomos arrebatados por um cheiro característico de limpeza, misturando-se a um cheiro divino de comida. Alguns móveis estavam fora do lugar e havia baldes com águas coloridas espalhados pela sala.

-Liguei pro Homero dizendo que você... -Daniel estava vindo da cozinha com um sorriso enorme, mas parou surpreso ao ver meu pai ali comigo.

Ele usava um short minúsculo e só! Seu torso estava desnudo e seus enormes cabelos amarrados acima de cabeça.

Ele automaticamente levou sua mão ao peito, talvez para se cobrir um pouco. Ele não conhecia meu pai e parecia pouquíssimo à vontade.

-Olá. -cumprimentou, sorrindo. Suas bochechas coraram. -Você é o pai do Homero e do Leon, certo? É um prazer...

Meu pai confirmou com a cabeça, também corado. Foi firme até Daniel e, pegando todos de surpresa, o tirou do chão com um abraço de urso.

-Só queria dizer que é muito bom te conhecer! -Jonas o soltou e sorriu pra face de completa vergonha do outro.

-É muito bom conhecê-lo também, senhor. -gesticulou ao redor. -Desculpem a bagunça e os transtornos. É que eu não esperava visitas.

-Tudo bem. -eu disse, aproximando-me e dando meu abraço nele. Tive de rir. Ele era pequeno e desaparecia por completo tanto no meu abraço quanto do meu pai.

-Então, o que os trás aqui? -Dani nos indicou o sofá e questionou se queríamos algo pra beber.

Negamos e ele sentou-se à nossa frente no sofá. Pela sua face ele já previa que havíamos nos metido em apuros.

-Estamos com problemas. -eu disse. -Homero talvez possa nos ajudar.

Ele olhou do meu pai para mim e acentiu meio pensativo. Levantou-se pedindo um "com licença" e dizendo que ficássemos à vontade pois ele iria checar as panelas no fogo.

Assim que o Dani saiu, meu pai virou-se pra mim com um sorriso enorme.

-Que guri lindo! -ele exclamou.

-Pois é! -eu ri, baixinho. -Homero teve uma sorte grande de encontrar um parceiro que combine tanto com ele.

Ficamos alguns minutos ali até Daniel retornar, vestido com uma regata. Ele sentou-se na nossa frente novamente e abriu a boca pra falar algo, mas parou.

-Homero chegou. -disse, por fim.

-Chegou? -meu pai franziu a testa.

Ouvimos os barulhos característicos do portão e da porta se abrindo antes de Homero entrar pela porta. Daniel ficou meio inquieto no sofá ao fitar seu noivo... Tive de sorrir. Por Deus! Eles eram tão apaixonados um pelo outro!

-Dani... -Homero sussurrou rouco, com a voz impregnada de desejo.

Ao olhar pra nosso pai e para mim ele perdeu o sorriso e aproximou-se devagar. Seu terno estava bem fechado e seu cabelo bem penteado para trás.

-Pai? -ele foi ao lado do noivo e o puxou discretamente para mais longe de Jonas. -O que devo sua visita?

-Estamos com problemas grandes. -eu disse. -Precisamos da sua ajuda.

-Bem... Então comecem do começo.

...

Homero ouviu toda a história atentamente e sem demonstrar nenhuma emoção em nenhum momento. Daniel, que mesmo com nossos pedidos pra que ficasse, foi para cozinha "limpar", como ele mesmo disse. Sabíamos todos que ele queria dar privacidade a nós.

-Então você se separou de Marli? -meu irmão perguntou baixinho e de olhos fechados, depois de alguns segundos após a história ter tido seu fim.

-Sim. -respondeu Jonas, com uma risada nervosa. -Como disse, só fiquei por causa do comitê e do Leon. Mas ao saber de tudo, não podia mais ficar.

Homero riu baixinho, mas logo começou a gargalhar. Ligou para alguém falando para aparecer na sua casa imediatamente com "a papelada", enquanto continuava rindo e, quando terminou a ligação, ainda ria.

Meu pai e eu ficamos em silêncio, observando-o rir.

-Qual a graça? -eu sorri.

-Vocês logo saberão. Mas estou rindo mesmo por saber que nosso pai está livre da bruxa!

Eu ri também e Jonas se remexeu inquieto.

-Só queria perdir perdão por tudo que fiz e fizemos contra você.

Meu irmão levantou-se, todo dono de si, e abraçou forte nosso pai pegando todos de surpresa.

-Você não precisa pedir perdão por que sempre esteve perdoado. -ele sussurrou entre o abraço.

Homem de ferro que era, ele disfarçou muito bem as lágrimas nos olhos e sorriu. Um clima bem ameno se instalou no ambiente.

Homero contou resumidamente seu noivado e de como mataria pelo amado. Meu pai novamente encheu os olhos de lágrimas, mas nenhuma rolou.

A campainha tocou dando um susto em nós três e Daniel surgir do nada dizendo "eu atendo". Ele sorria largamente e piscou um olho pra mim deixando claro que estava espiando nossa conversa.

Fernando, com seu terno, seus cabelos platinados e olhos azuis gelo, entrou na casa com Daniel em seu colo, aos gritos, pedindo pra que ele o colocasse no chão. Homero soltou nosso pai e lançou um olhar pra Fernando que me deixou até meio intimidado. O outro parecia habituado e riu, colocando um Dani todo vermelho finalmente de pé.

-Leon! -ele me cumprimentou com um aperto de mão, assim como meu pai. -Sou Fernando, é um prazer.

-Sou Jonas. É um prazer, Fernando.

Homero acenou com a cabeça e retirou das mãos do amigo uma pasta branca com vários papéis.

Sentamos todos no sofá e encaramos Homero em expectativa. A pergunta "O que diabos tem nessa pasta?" só faltou ser verbalizada.

-Marli acha que é a única que sabe colocar detetives atrás das pessoas. -a voz rouca dele estava ácida e afiada. Seus olhos estavam raivosos e sem qualquer indício de humor. -Pois desta vez eu me precavi.

Ele mostrou uns papéis de contas bancárias e boletos de contas pagas de lojas baladas da capital, assim como assinaturas e fotos.

-Fiquei muito puto da última vez que ela tentou me subornar, então desta vez coloquei um detetive seguindo-a, pra quando ela viesse me encher o saco eu ter coisas pra me livrar dela.

Estávamos, meu pai e eu, com os papéis nas mãos sem entender nada. Daniel ameaçou levantar-se, mas Homero tocou delicadamente sua cintura, olhando-o. Voltou a sentar-se dando um beijo no rosto do meu irmão.

-Não entendi. -Jonas se manifestou, franzindo a testa. -Como isso vai nos ajudar, filho?

-Tenho mamãe nas minhas mãos. Se ir à delegacia e entregar essa papelada a eles, Marli será presa por roubo e lavagem de dinheiro.

Larguei o que eu segurava na mesa, apressadamente. Depois encarei as fotos da minha mãe saindo de bancos, entrando em lojas com várias sacolas e conversando com pessoas.

-Tenho provas, assinaturas dos bancos onde estão as verbas e datas dos saques que ela faz, assim como data das compras de roupas e outras merdas que ela compra com o dinheiro do comitê. -Homero concluiu todo feliz, abraçando Daniel ao seu lado e cheirando seu pescoço. O outro apenas observava impassível e silencioso, assim como Fernando.

-Isso é... -papai começou todo surpreso.

-Perfeito! -eu concluí. -Exatamente o que precisamos!

Ficaram todos em silêncio. Homero sorriu levemente, mas parou ao ver a face do nosso pai. Ele estava sério e testa franzida, analisando alguns papéis. Parecia arrependido.

-Não acho certo acabarmos com uma ameaça com outra ameaça. -Jonas finalmente disse o que lhe incomodava.

-Nem eu. -Homero e eu dissemos juntos. Eu pigarreei. -Mas é a única maneira. Você sabe muito bem como Marli é. Ela é fria, cruel e não mede esforços pra conseguir o que quer. Não vai parar! Então temos que fazê-la parar!

Ele novamente ficou em silêncio. Até entendia o lado dele. Sempre um homem muito correto e paciente. Lidar com um assunto como aquele devia ser difícil.

-Tá! -ele suspirou, largando os papéis na mesa. -Estou agindo como um tolo. Sei que esse é único jeito.

Ele jogou-se no sofá.

-Como faríamos pra confrontá-la?

-Deixaremos que ela venha até nós. -Daniel se manifestou, pegando todos de surpresa. O timbre da sua voz era muito diferente do nosso. Hipnótico, quase cantado.

Ele corou levemente ao perceber que todos olhavam-o pedindo que continuasse.

-O melhor ataque é a defesa. -continuou. -Ela se acha muito esperta, vai querer ter o ataque surpresa como trunfo. Quando vier subornar vocês, aí sim vocês coloquem suas cartas na mesa.

Ele fez uma breve pausa.

-Além de sair sem conseguir o que quer, vocês podem ameaçar colocá-la na cadeia se ela não deixá-los em paz. Será a única que sairá perdendo.

-Acho uma ideia fantástica. -Jonas disse, depois de alguns segundos em silêncio. -Fico com a consciência mais tranquila agindo assim.

...

Deixei meu pai no advogado para que ele resolvesse as papeladas do divórcio e fui pro apartamento para poder tomar um banho. Talvez descansar um pouco minha mente do dia.

Minha roupa ficou pelo caminho do banheiro quando entrei. A água escaldante me deu uma sensação boa de estar sendo cozinhado.

Ao ter terminado, me sequei devidamente e coloquei uma roupa. Ao sair do quarto, para ir até a cozinha, foi que vi uma agenda em cima da mesa.

Uma agenda que eu tinha certeza absoluta ter entregado para Xavier naquele dia, mais cedo.

Meu coração disparou. Xavier estava no meu apartamento. Sentia a presença dele ali. Uma pulsação elétrica pelas paredes.

-Olá, Leon. -a voz grave dele veio feito um soco no meu estômago.

Virei meus olhos para a cozinha e ele estava ali, com seus olhos coloridos, a me encarar.

-Precisamos conversar.

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Comentários

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EU QUASE GRITEI QUANDO VI QUE VOCÊ TINHA POSTADO UM NOVO CAPÍTULO AHHHHHHH

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