Havia um rapaz muito branco fazendo exercícios naquela manhã. Ele deu algumas voltas no estádio andando e investiu numa corrida mole assim que passou em frente a nós.
Nossa viatura estava estacionada numa área sombreada por uma grande árvore. Eu e Sebastião fazíamos o patrulhamento daquele lado durante três dias consecutivos antes de ir para outra área. Como era verão, sofríamos. O calor era quase insuportável, mas a sombra da árvore chegava a ser agradável quando havia vento. Era um oásis, eu pensava. Tínhamos sorte por aquele lugar ser tranquilo, movimentado por pessoas que tentavam levar uma vida saudável. Cheiro de protetor solar, sorvete, e grama esturricada por vezes, vinham na nossa direção. Tudo estava normal, portas da viatura abertas, Sebastião sentado no assento do carona mexendo no celular e eu andando pra lá e pra cá do lado esquerdo do carro. Muitas mulheres bonitas enfrentavam o calor, alguns jovens de skates e bicicletas passaram e uma lacuna de pedestres se fez. Foi quando eu percebi que o rapaz mole se aproximava novamente, com um ar de quem estava prestes a desmaiar.
O jovem parou de correr e cambaleou na direção da nossa sombra. Estava muito suado, e parecia, apesar do ombro e testa vermelhos, que ele estava pálido e sem forças. lançou um olhar de desdém para mim, mas percebi que se tratava de uma busca por compartilhar a sombra sem ser incomodado, ou tentava não demonstrar impertinência enquanto trabalhávamos. No entanto o que se passou a partir de então demonstrou sua personalidade.
Era um rapaz muito natural, mas um pouco dramático e ligeiramente sem vergonha. Imaginei que devia ter entre 25 e 30 anos, mas com o corpo ainda por se desenvolver. Certamente, de banho tomado e sem o aspecto enfermo daquele momento, ele era um rapaz formidável, belo e atraente. Deitou-se no chão do lado direito do carro, a cerca de 3 metros de meu parceiro, e retirou algumas coisas do bolso da bermuda - um lápis e um minúsculo livro - pelo que pude ver. Ficou olhando para a copa da árvore e disse alto para que eu e Sebastião escutássemos:
- Senhores, me perdoem, mas acho que vou morrer aqui, tá bem agradável agora.
O corpulento Sebastião era um jovem policial muito dedicado. Todas as oportunidades de ajudar alguém ele agarrava para dar o melhor de si. Era uma pessoa incrível, e minha parceria com ele despertava em mim um sentimento de proteção. Eu queria protegê-lo. Prontamente, eu fui até o rapaz e também o fez Sebastião.
- Qual o problema, jovem? - Perguntei. Sebastião o observou por inteiro.
- O calor! Tá difícil. Acho que eu vou morrer por espontânea vontade.
Demos risada então. Me afastei um pouco e recostei no carro. Não se tratava de um enfermo, mas de alguém que não tinha noção do perigo que o calor traz. O rapaz parecia bem humorado. Mas Sebastião estava um pouco incomodado:
- Não pode ficar correndo por muito tempo viu! E tem que beber muita água! - Sebastião se agachou pra ajudar o menino a sentar. É difícil ver por aí um policial tão gentil como este. Notei que ambos finalmente trocaram um olhar de reconhecimento. Sebastião se levantou e repousou as mão na cintura, olhando para baixo, ao lado do rapaz que o observou de baixo para cima e disfarçou o que me pareceu ser um ligeiro interesse em Sebastião.
- Puxa, não quero mais morrer, não. - Disse o jovem.
- Tá melhor? - Perguntou Sebastião ainda na sua pose inquisidora.
- Tô sim. Só preciso recuperar a força.
- Ta certo! - Sebastião veio pra junto do carro ao meu lado. Colocou o calcanhar no pneu de trás, dobrando a perna direita, fazendo a calça subir pelas coxas muito grossas, marcando seus volumes. Retirou do bolso o celular e continuou mexendo nele.
Ficamos assim por um tempo.
Tentei entender a situação. O Jovem sentado com os braços apoiados no chão olhando para frente de repente, torna a deitar ficando totalmente solto no chão. Sebastião largava o celular de vez enquanto e olhava para frente também, por cima do garoto, com um ar de seriedade admirável. Eu, um policial não tão corpulento como meu parceiro, mas forte e mais velho, sempre observador, notei que o momento estava suspenso. Não acabaria assim. Eles queriam dizer alguma coisa, mas não sabiam o quê. Estive, nesse momento, experimentando uma mistura de sentimentos, do ciúmes à curiosidade, afinal o homem ao meu lado era para mim muito mais do que um amigo.
Sebastião era relativamente novo na policia, e estava se destacando como atirador. Eu o incentivava sempre a continuar, já que via o potencial dele. Mira precisa e olhos focados, ele só não era bom com palavras, ou melhor dizendo, não sabia se expressar. Era muito tímido e sua vida particular era uma incógnita. Eu quase casei há alguns anos, mas percebi que não era o que eu queria. Eu sou tido por todos como um policial bonitão que arrasa o coração de muitas mulheres. Tenho propensões bastante nobres com relação à relacionamento e amor. Sou protetor, dedicado e quando alguém consegue me encantar eu amo com facilidade. Mas o que havia em Sebastião era algo que eu não conseguia explicar. Eu via toda a sua beleza quando não via a de mais ninguém nos últimos anos. Ele era contraditório para um policial, muito contraditório. Éramos amigos no trabalho, e ainda mais próximos fora dele. Eu sempre expressava minha profunda amizade. Até pouco tempo atrás, eu não sabia se ele um dia se libertaria de sua timidez para que pelo menos me desse um fora a fim de esclarecer que entendia a minha intenção. Algumas poucas vezes eu pude perceber que ele tentava se abrir comigo, mas eu não insistia e ele logo deixava de lado. Há alguns meses, uma situação atípica e sem graça nos fez encarar um momento muito gay com outros homens. Eu soube, finalmente quais eram os gostos de Sebastião, e ele, os meus, mas nada mudou desde então. Apenas vivi ao lado dele tentando deixá-lo sempre confortável o bastante para que se quisesse falar algo, o fizesse sem medo.
O rapaz sentou e olhou para mim, vagarosamente mirou então o Sebastião e pegou seu livrinho e o lápis, e recostou-se junto ao muro que havia atrás dele, deixando as pernas dobradas para apoiar seus objetos. Ficou assim alguns instantes, concentrado talvez numa leitura.
Contornei o carro para conferir o rádio, sentei ao volante e fiquei. Então o garoto se levantou dizendo algo somente para Sebastião, mas pude ouvir:
- Cara, obrigado pela ajuda, acho que vou indo já.
Sebastião ainda apoiado no carro respondeu:
- Ta certo campeão, beba bastante água!
- Vou beber quando chegar em casa. A minha água acabou.
Notei pela janela de trás que o olhar do rapaz era de desapontamento, como se ele não quisesse ir embora. Sorri levemente quando vi isso, não por maldade, mas porque achei o garoto muito expressivo nos olhos, enquanto Sebastião provavelmente disfarçava exatamente o mesmo sentimento. Talvez eu pudesse depois comentar isso e perguntar se Sebastião fora capaz de identificar esse olhar no garoto.
Tentei imaginar a expressão de Sebastião nesse momento. Ele sempre fazia muito bem a barba que era muito bem preenchida por pêlos pretos. Seus olhos castanhos brilhavam sob as sobrancelhas espessas e macias que estavam quase sempre frisando uma dobra no cenho, o que combinava muito bem com o formato do topo da testa, com uma pontinha onde a franja se projetava para além do resto do cabelo raspado. O corpo, grande, de fácil crescimento anabólico, preenchia todo seu uniforme com ideal tamanho, sem deixar dobras ou sobras. Tudo nele ainda se encontrava na mesma posição, com o celular na mão, mas sem digitar nada. Provavelmente ele observava o rapaz a limpar a bunda das folhas e sujeira do chão. Era típico de Sebastião, quando ele queria algo com o qual ele não sabia lidar, como acreditei que era o caso, ele simplesmente travava, por isso me surpreendeu quando veio para o seu assento dizendo ao rapaz:
- Espera um pouco! - Pegou uma garrafinha com quase nada de água que ele havia comprado antes e ofereceu ao rapaz.
Aquilo me deixou ainda mais atento.
- Não é muito mas já ajuda, você tá pálido ainda, bebe esse restinho aí! - Disse Sebastião passando a garrafa.
- Poxa, valeu, não é quase nada mesmo (risos) mas eu agradeço muito… É bom saber que tem policiais legais como você por aqui. Deu alguns goles terminando o conteúdo, e tornou a agradecer.
Notei que ele estava nervoso quando falou… colocou a mão direita no bolso e ficou assim por alguns segundos.
-Quer que eu jogue fora pra você?
- Bom, você que sabe. pode levar! - disse Sebastião.
O rapaz ainda não parecia em boas condições, mas aprontou sua despedida, tirando a mão do bolso para apertar a mão de Sebastião. Num movimento errado e ligeiramente teatral, um pequeno pedaço de papel caiu no chão. Eu vi tudo do assento em que eu estava. O rapaz notou que percebi o papel, e com sagacidade bem humorada, o-recolheu do chão:
- Opa, acho que deixou cair isso… ou talvez eu, sei lá…. Calma, sem pânico… - Colocou o papel na mão do Sebastião de maneira bem clara e se afastou alguns passos, nitidamente nervoso. Notei Sebastião abrindo o papel rapidamente:
- Ah beleza! - Disse com algumas risadinhas em seguida. Abaixando a mão com o papel.
O rapaz se curvou levemente se dirigindo a mim:
- Obrigado, policial!
- Tranquilo, jovem! Se cuida aí, hein! Não vá correndo! - Respondi com um sinal de positivo.
- Pode deixar! valeu! - Disse o rapaz se afastando da sombra da árvore. Alguns metros à frente ele olhou para trás e notou Sebastião observando o papel. Um diminuto bilhete com texto não tão breve, pude perceber pelo tempo que Sebastião levou para ler.
Altamente curioso, fiquei observando o rapaz se afastar e pelo que parecia, Sebastião também. Já bem longe, vi ele parando de caminhar. Passava a mão na nuca, e olhava pra baixo, recurvando as costas. Ficou nisso alguns segundos e então começou a se agachar com as mão para baixo, como se fosse se proteger de uma queda, Sebastião se endireitou ao lado do carro, com o corpo virado na direção do rapaz que nesse instante, sentou bruscamente no chão quente.
Sebastião fechou a porta do carona dizendo eufórico:
- Marcelo! - E correu na direção do rapaz.
Fechei minha porta e liguei a viatura. A conduzi pelo calçadão seguindo Sebastião que disparou na frente se afastando bem. Chegando próximo ao rapaz, estacionei e corri para socorrê-lo juntamente com Sebastião que logo o segurou pelas costas, perguntando-lhe se estava bem. O rapaz estava totalmente mole. Sem forças, mas assenava com a mão tentando sinalizar um positivo pra gente. A outra mão segurava firme a garrafa vazia.
- Talvez seja pressão baixa, Sebastião! - Eu disse mantendo a calma. - Hei, campeão, tá me ouvindo?
- Mais ou menos… Acho que minha pressão… Não tô vendo nada!
- Sebastião, senta ele no carro, temos que fazer o sangue ir pra cabeça rápido… - Sebastião entendeu o que eu estava tentando e prontamente posicionou o rapaz no assento dele com o corpo todo voltado pra fora, a cabeça baixa. Sebastião colocou suas mãos acima da nuca dele.
- Nossa, acho que vou falecer mesmo! - Tornou a dramatizar o rapaz.
- Vai nada, isso vai passar, olha só, o Sebastião está com a mão na sua cabeça, quero que você faça força pra levantar a cabeça e me ver, está bem? - Conduzi o rapaz.
- Tá!
O rapaz fez força com uma cara bem esquisita. Se esforçou bastante, e Sebastião o impedia de subir.
Aos poucos ele foi recobrando a visão:
- To começando a ver você… É! Você tá aqui! - Disse o rapaz colocando fracamente a mão no meu ombro.
Notei de perto seus detalhes que agora me soavam graciosos. Barba por fazer, cabelo caído na testa e olhos estreitos e muito pretos, que contrastavam com a brancura de sua pele. Me tranquilizei e levantei. Sebastião não tirou uma das mãos da cabeça do rapaz. Observei ao redor e tudo estava ainda normal, algumas pessoas ao longe nos observavam. Minha atenção voltou-se para Sebastião. Ele estava tão próximo do rapaz que sua cintura quase tocava a orelha dele. Sebastião o observava com a mão ainda na sua cabeça, enquanto o rapaz limpava a mão, olhava para o chão e respirava profunda e ruidosamente.
- Melhor? - Perguntou Sebastião.
- To sim, nem sei como agradecer. - Respondeu cabisbaixo o rapaz. Parecia constrangido agora.
Segurando a nuca do rapaz, Sebastião o perguntou se ele morava perto.
- Moro sim, no final daquela segunda rua, e apontou para uma das ruas depois de um semáforo.
- Podemos deixar ele lá, Marcelo? - Sebastião me perguntou.
- Claro que sim. Não podemos deixar ele aqui.
- Não precisa, eu vou caminhando! Retrucou o rapaz.
- Não, a gente te deixa em casa, e você, assim que chegar, vai comer alguma coisa salgada, ok? Afirmou sebastião recolhendo com cautela o rapaz do assento.
O Rapaz resmungou algumas coisas e agradeceu pela carona, se levantando e indo para o banco de trás.
Segui para a rua indicada trocando olhares de cumplicidade com Sebastião, que olhou para trás algumas vezes para ver o rapaz.
- Acha que está melhorando? - Perguntou Sebastião.
- To sim. De carro é bem melhor! - Brincou o jovem.
- É mas pode ser bem pior se você estiver sendo preso. Já entrou num camburão? - Continuou Sebastião com um sorriso, olhando pelo vão entre os nossos assentos.
- Não não! Eu sou um cara certinho…
Notei pelo retrovisor que ambos se olhavam muito. Logo o rapaz começou a indicar o caminho e rapidamente chegamos em frente ao prédio em que ele morava. Um prédio pequeno e sem portaria. Ele desceu do carro com a chave numa mão e a garrafa na outra. E tentou uma nova investida a seu modo:
- Agora são vocês que podem tomar água! Aceitam?
- Não, agora não podemos. - Respondeu meu parceiro, que olhou para mim com um sorriso safado. Ele estava finalmente demonstrando suas intenções a mim sem vergonha nenhuma, e isso me deixou feliz. - Temos que fazer o patrulhamento.
O jovem olhou fixamente o Sebastião. Foi um brevíssimo momento cheio de sentimento. Eu, com a viatura ligada, ao lado do homem a quem eu desejava a maior felicidade do mundo, vibrei com aquela conexão que parecia querer pegar fogo ali mesmo. Para minha surpresa, já que só me ocorria a idéia de trocarem um telefone ou coisa do tipo, Sebastião retirou levemente da camisa do uniforme o bilhete, e o enfiou novamente para dentro. Apertando os lábios, o jovem exprimiu um sorriso bem masculino, cerrando bastante os olhos que se mantiveram em Sebastião até o último momento possível enquanto seu corpo virava na direção da porta. Seguimos para o estádio.
A conversa que se fez mudou tudo. Eu e Sebastião elogiávamos a beleza do jovem com certo machismo sem vergonha. Sebastião ria timidamente ainda, mas falou que receber um bilhete daquela forma era inusitado demais para deixar de lado.
- Percebi esse bilhetinho aí! - Eu disse, querendo saber exatamente o que estava escrito nele.
Sebastião hesitou bastante, começou a falar e logo ficou novamente retraído. Talvez tenha preferido manter o caráter sigiloso do bilhete, então só mencionou que no papel havia um número de telefone.
- Só isso? você ficou um tempinho lendo! eu vi! - Eu disse pegando no joelho do meu parceiro.
Sebastião segurou minha mão brevemente, com força, enquanto olhava pela janela. Quando soltou, eu retirei minha mão e fiquei em silêncio.
- Vou ligar. - concluiu Sebastião, olhando para o seu coturno.
Trabalhei cheio de ansiedade aquele dia.
No dia seguinte, Ao encontrar Sebastião tratamos apenas de assuntos sobre o trabalho. Não demonstrei nada, nem falei sobre o dia anterior. Foi quando estávamos num momento monótono no final da manhã que Sebastião puxou o assunto que eu tanto queria ouvir.
- Liguei pro cara de ontem.
- Sério? Como foi?
- Ele me chamou pra ir na casa dele. - Fique surpreso, e excitado com a conversa. Incentivei meu parceiro a ir, e o-confortei para que não se preocupasse com nada. Mas Sebastião revelou algo pelo qual eu não esperada. A conversa era tão excitante que tive que permanecer sentado no carro com a porta um pouco mais fechada.
- Ele quer que você vá também… Pra assistir!
Fiquei muito eufórico com aquilo. Pensei que eu não sabia se eu gostaria de ver Sebastião transando com outro cara, mas ao mesmo tempo eu queria muito vê-lo em ação. Eu não queria, afinal, impossibilitar meu parceiro de ter o que era obvio que ele queria ter. Então continuei:
- Mas e você? O que disse pra ele sobre isso? - Perguntei certamente sem preparo para a resposta que Sebastião deu:
- Eu disse que tudo bem.
Fiquei um tanto chocado com aquilo. Vibrei de emoção, meu coração batia como seu eu fosse um adolescente. Aceitei o convite, dizendo me importar com o que ele preferia, e claro, definitivamente, tive que mudar de assunto para o caso de eu precisar sair do carro já que minha farda agora quase não segurava minha mala no lugar.
Para minha surpresa, não tive que esperar muito para ver meu parceiro fodendo. Ao final do patrulhamento daquele mesmo dia, seguíamos para o prédio do rapaz. Sebastião estava risonho e fazendo piadinhas eróticas, mas eu percebia seu nervosismo. Fingimos estar averiguando uma situação e adentramos no prédio. O rapaz desceu para abrir a porta. Nos recebeu com um sorriso bonito e se apresentou para mim. Renan. Estava mais corado, e de cabelos molhados. Puxou assunto sem demonstrar a intenção que movia todos nós ali, e nos conduziu para seu apartamento calmamente.
Ofereceu bebidas de todos os tipos se dizendo capaz de fazer coquetéis incríveis. Mas recusamos isso, infelizmente. Sebastião aceitou o cafezinho que o rapaz ofereceu e depois água gelada. Ficamos por alguns instantes conhecendo mais sobre Renan, seu ambiente, suas fotos. Em seguida, Sebastião seguiu o rapaz quando ele abriu a porta do quarto que, exceto por algumas pequenas bagunças, não tinha mais nadas a não ser a cama e um puff alto.
Era um apartamento interessante, e bem masculino. Havia um cheiro de perfume que vinha das roupas jogadas numa cadeira na sala.
- Eu nunca pensei que isso seria possível - Disse Renan.
- O que? - Perguntou Sebastião.
- Bom, primeiro, eu nunca fui tão assanhado assim pra fazer um convite desses. Ainda mais para dois policiais - Continuou o rapaz enquanto eu sentava no puff ajeitando a minha calça - Eu tô meio nervoso.
Sebastião se posicionou com aquela pose inquisidora novamente, em frente ao rapaz, enquanto eu incitei ambos para melhorar o clima - Não precisa ficar nervoso, se não você desmaia e a gente vai ter que te salvar outra vez - sorri - Pode ficar a vontade vocês dois, eu não tô aqui.
- Relaxa aí! - Disse Sebastião calma e suavemente olhando para Renan enquanto o conduzia com a mão sobre seu ombro para que ele se ajoelhasse de costas para a cama. Sebastião esfregou o rosto com a mão livre, olhou para o teto, esticou a coluna e ofegou… Eu reconhecia seu nervosismo. Mas era nítido que as safadezas que ele estava prestes a cometer eram de sua vontade, e talvez ele realmente não estava se importando comigo os observando.
Renan estava abobalhado, não atendendo muito bem o que Sebastião disse, e observava suas reações como se fosse uma criança vendo um magico se preparando para um truque. Começou a se aproximar da cintura do policial. Nervoso mas sem hesitar, passou a mão sobre o pau de Sebastião. Eu não pude ver como estava o volume, mas fui informado logo em seguida.
Renan arregalou os olhos ao tocar o cacete do meu parceiro e lançou um olhar risonho para mim, com a boca escancarada - A coisa aqui é bem avantajada! - disse com espasmos de tesão despontando pelo seu corpo. Olhou para Sebastião e o cheirou. Ajeitando-se no chão, começou a abrir o zíper da farda.
Retirou o cacete de Sebastião e o masturbou momentaneamente, revolvendo-o em seguida com sua boca. Sebastião tornou a esticar a coluna e levantar a cabeça.
Eu me inclinei no puff para ver melhor a cena, e abri mais as minhas pernas para dar espaço pro meu pau.
Renan apertou seu rosto lentamente contra Sebastião. Estava colocando todo o pau dele em sua boca. Eu estava curioso para ver.
Com os cabelos molhados sobre a testa, e a sua cor quase branca destacando-se do punho peludo de Sebastião, Renan permaneceu um longo momento saboreando, sua mandíbula estava muito aberta, e então afastou-se vagarosamente, enxugando a própria saliva, revelando um cacete não muito longo, mas excessivamente grosso e cabeçudo que se manteve estático em direção à sua boca.
Sebastião olhou para Renan e segurou a cabeça dele com a palma de suas mãos, conduzido-o para chupá-lo novamente. Sebastião iniciou um movimento suave com o quadril, estocando carinhosamente a boca do rapaz.
Renan apertava com força a farda nas coxas do meu parceiro, pareciam compartilhar de um tesão igual e extremo.
Após alguns minutos, com o movimento aumentado, Sebastião estremeceu, e começou a gemer baixo, um som rouco e contido. Abriu um pouco as pernas e aliviou a pressão das mão sobre Renan, que o olhou diretamente nos olhos, ávido por seu esperma. O cacete, latejando e com as veias saltadas, esguichou a porra sobre o rosto de Renan enquanto Sebastião arfava em silencio, emitindo uma vibração grave pelo quarto. Renan saboreou todo o conteúdo que conseguiu, mas não viu os filetes de porra pendurados em seu queixo, bem como os filetes viscosos que iam desde suas têmporas até o entorno de sua boca, completamente lambuzada com porções densas de esperma bem branco.
Meu cacete pulava em minha farda com o mesmo ímpeto.
Sebastião e Renan permaneceram em suas posições, Mas meu parceiro tirou a camisa e recolheu seu pênis. ambos trocavam olhares extasiados.
- Ainda estou com sede Renan, pode trazer água pra gente? - perguntou Sebastião levantando o rapaz pelas axilas.
Renan passou a mão no peito de Sebastião e contemplou seus pêlos e apertou com fervor seu músculo grande dorsal. Estava impressionado com a beleza de meu parceiro.
- Vou buscar, fique à vontade!
Ao retornar, Renan estava com o rosto limpo. Fizeram uma pausa, bebemos água e nos distraímos um pouco, Sebastião, terminando seu copo, aproximou-se de Renan pelas costas e o segurou pela nuca, do mesmo modo como fizera na viatura. começou a tirar a bermuda do rapaz que completou o movimento, ficando somente de camiseta. O rapaz estava muito excitado. Sebastião o masturbou levemente, e o prendeu com seu braço grande, aproximando-o de seu peito. Beijaram-se.
Renan tirou a camisa e em seguida começou a abrir a fivela do cinto de meu parceiro, que colocou novamente a mão na nuca de Renan e o guiou para que ficasse de quatro na cama, com a bunda na nossa direção. Sebastião abriu aquelas nádegas como se fossem as de uma garota virgem, ele fazia tudo com extremo carinho. Ajoelhou-se numa das pernas e começou a lamber o cu rosado de Renan.
Sebastião segurou a mão de Renan e a puxou, dobrando o corpo do rapaz na minha direção:
- Olha pro Marcelo, Renan, quero que você fique olhando pra ele.
Renan, com o rosto solto sobre o colchão, resmungou um "tá" baixo e gemido, com os olhos apertados e as sobrancelhas erguidas, revelando seu prazer.
Minha excitação foi multiplicada.
Sebastião estava quase estuprando o rapaz com a língua quando se levantou e retirou o resto da farda por sobre o coturno.
Pausa para contemplá-lo com atenção. Sua bunda chamou demasiadamente minha atenção: Bem redonda e ligeiramente proeminente, justificando o acabamento de suas coxas grossas, de pêlos uniformes, tudo isso em um tom mais claro que a pele de suas costas e panturrilhas.
Aproximou-se do quadril de Renan e olhou para mim. Compartilhamos um sentimento eufórico. Posicionou seu cacete entre aquelas nádegas e forçou lentamente.
Renan me olhava mordendo o lábio inferior, e então abriu a boca em formato de "oh", fechando os olhos quando o pau começou a entranhá-lo, virou o rosto para o outro lado.
Sebastião repetiu sua conduta anterior e puxou Renan pelo punho. Mantendo-se firme enquanto segurava Renan, repousou a outra mão nas costas dele e o afagou na linha da coluna.
- Caralho! - Reclamou Renan com a respiração ofegante. Estava tentando não demonstrar, mas ser penetrado pelo cacete do meu parceiro, com tamanho calibre, parecia doer.
Sebastião percebeu isso e retirou lentamente seu pau e pôs-se novamente a umedecer o cu de Renan. Mordeu suas nádegas, apertou suas coxas e seus pés. Levantou-se e voltou a penetrá-lo ainda com carinho.
Renan usou as mãos para abrir sua bunda e esticou-se mais para permitir a penetração. Ele estava se esforçando.
Aos poucos, a virilha de Sebastião aproximou-se daquelas nádegas brancas cujos pêlos estavam penteados com saliva. Começou a movimentar-se para tirar a tensão no ânus de Renan, que logo parecia relaxar. Seu anel rosado estava esticado num diâmetro excitante, e movimentava-se conforme o cacete reto de Sebastião entrava e saía, acompanhando o para fora, úmido e macio. Os pêlos deslizando sobre as grossas veias na lateral do cacete.
Meu parceiro começou a aumentar sua força nas estocadas. Renan agora gemia com ardor, mas mantinha suas mãos segurando as nádegas abertas.
Nesse momento, senti com mais atenção o cheiro que emanava daqueles dois. Era só perfume. Um aroma intenso de pênis e ânus, misturados à hormônios corporais inebriantes. A conexão no sexo foi novamente interrompida. Sebastião tirou seu coturno e subiu na cama, conduzindo Renan para que deitasse, e levantou suas pernas pelos calcanhares. Seu pau reto procurava sozinho o cu de rapaz. Renan me olhava como se quisesse chorar de tanto prazer, conferia-me. Observava meu volume e eu, atendendo ao seu olhar, por vezes ajeitava meu cacete na farda.
Sebastião continuou a penetração com força. Inclinou-se sobre Renan apoiando-se com as mão na cama enquanto o rapaz segurava firme seus antebraços.
O saco de Sebastião era rosado, estava inflado e redondo, batendo freneticamente na bunda de Renan.
Deitaram na cama, e continuaram o sexo de lado. Ficaram de frente para mim, olhando-me fixamente. Renan não tinha outra expressão a não ser aquela da primeira penetração. Sebastião, agora que segurava a perna do rapaz levantada pela parte de trás do joelho, me olhava com um sorriso aberto. Retribuí sutilmente, somente o bastante para comunicar secretamente ao meu parceiro o meu êxtase em vê-lo em ação, e o quanto era admirável tal imagem. Eu e meu parceiro tínhamos nossos olhos conectados, enquanto minha visão periférica me trazia a imagem daquele cacete que mais parecia um braço arrombando fervoroso aquele rapaz tão fogoso.
Renan, de súbito, levantou seu braço e estendeu sua mão na minha direção. Estava me chamando.
Eu sorri para ele.
- Não tenho permissão! - Indaguei .
Então Sebastião começou a reduzir sua força, lentamente. Sorriu para mim e piscou.
Levantei do puff e me aproximei pela lateral da cama. Em pé, apertei os lábios de Renan, afastei os cabelos caídos nos olhos, e puxei seu queixo para cima. Renan colocou logo suas duas mão em minha farda. Queria mais um cacete. Abriu o zíper, apertou minhas pernas. Então retirou meu pau forte e o abocanhou.
Sebastião manteve as estocadas bem lentas e calmas para não desviar a atenção de Renan de mim. Apertou a cabeça do rapaz contra meu pau usando seu ombro e soltou suavemente sua perna, deixando-o encolhido de lado. Inclinou-se sobre a orelha de Renan sussurrando para deixá-lo ainda mais excitado.
- Isso aí, campeão! chupa essa pistola de policial. Que gatinho lindo pedindo leite. Está gostando?
Sebastião estava tão próximo da boca de Renan, e olhava tanto para o meu pau, que achei que ele iria me chupar também.
Renan resmungava com a boca cheia e gemia longamente.
Eu delirei de prazer, estava prestes a gozar. Renan soltou meu pau:
- Que delicia, senhores! Nunca mais quero morrer. Quero vocês! Quero leite! Que delícia… Que delícia!
Eu contemplei aquele momento vendo de cima aqueles corpos deitados e ligados.
Sebastião puxou o queixo de Renan com a mão que estava por debaixo, segurou seu rosto e o beijou profundamente. Enquanto fez isso, ambos mantiveram seus olhos fechados, e nisso, com a outra mão, Sebastião finalmente pegou meu pau e o apertou com força, revolveu-o calorosamente. Em seguida, num só movimento, lento e progressivo, pressionou sua mão contra o meu corpo, esfregando-a da virilha até o centro do meu peito, parando ali. Sentiu as explosões do meu coração. Aproveitei esse instante para retribuir um cafuné no seu cabelo. Para mim aquele foi o ápice da noite. Parecia impossível ficar melhor.
Terminando o longo beijo em Renan, Sebastião levantou-se e puxou o rapaz, colocando-o de quatro novamente. Renan avidamente voltou a me chupar, enquanto meu parceiro penetrou novamente em seu cu largueado. Olhou-me fixamente nos olhos - agora demonstrava uma expressão que eu não conhecia, misto de pudor e cumplicidade - eu não soube o que comunicar, então pisquei para ele, como ele havia feito quando Renan me chamou, ele deu um sorriso pequeno, e começou a estocar aquela bunda branca com toda sua energia.
Renan me chupava e gemia alto. Agora era sua vez. Estava contorcendo-se de tesão. Sequer tocou seu pau e anunciou com dificuldade que estava gozando enquanto tentava se segurar em meu cinto. Coincidentemente, eu e meu parceiro gozamos logo em seguida. Preenchi a boca do rapaz com meu sêmen, e Sebastião preencheu seu canal retal. Pude ouvir o som mais intensamente molhado do sexo oral e anal que se seguiu por alguns segundos, e sentir o forte cheiro de esperma.
Renan ficou em pé entre nós dois, com dificuldade, pedindo auxílio de nossas mãos para equilibrar-se. Foi ao banheiro para buscar uma toalha. quando fez isso, eu e meu parceiro nos conectamos novamente, um olhar longo e poderosamente desconcertante. Fiz questão de demonstrá-lo que meus olhos o admiravam por inteiro, que meu tesão viera dele, e não de Renan. Ele parecia tímido, não falou nada.
Renan retornou rapidamente, e deitou-se. Convidou-nos a relaxar junto dele.
Sentei-me ao seu lado, e Sebastião ainda assanhado, afagou as pernas e a bunda de Renan. Conversamos e rimos juntos, fizeram promessas de outros encontros. Não prometi nada, mas indiquei que talvez eu estaria presente, caso me chamassem. Dependeria deles.
Logo nos vestimos e nos despedimos de Renan, que dedicou-se a enfatizar sua atração por Sebastião. Apesar de sentir-me apreensivo sobre o que Sebastião queria, não demonstrei mais nada a não ser satisfação.
Assim que saímos do prédio, Sebastião parecia ainda eufórico pelo sexo e só comentou obscenamente seu feito.
Passamos no estacionamento da delegacia para deixar a viatura e pegamos meu carro. Ofereci uma carona a Sebastião. Ele aceitou mas pediu que o aguardasse um pouco pois tinha que deixar algumas coisas no prédio. No caminho, como aquelas imagens ainda surtiam efeitos em meus níveis de adrenalina continuei o papo.
- Lindo demais vocês dois juntos! Especialmente você, a forma como você fez tudo.
- Obrigado! …Você olhando deixou o cara muito cheio de tesão, impressionante como apertava meu pau quando te via.
- Ele gostou mesmo de você! - Completei.
- Sebastião me olhou sem dizer nada. Não soube responder isso. Instantes depois suspirou e olhou pela janela.
- Ta tudo bem? - Perguntei, atento à ele mais que ao volante.
- Ta sim. Tô só pensando, se isso vai continuar acontecendo…
- Isso o que? Renan dar loucamente pra você?
- É… Com você junto. Olhando.
- Acho que não, Sebastião. Ele gosta de você. O que aconteceu foi por causa do tesão daquele momento. Não quero planejar isso de novo. Vocês se conheceram agora. Deixa rolar cara… É assim que a gente descobre as coisas.
Silencio novamente.
- Confesso que acho que em parte foi bom por que você estava lá. - Disse Sebastião. Estava ligeiramente nervoso, e olhava somente para a rua.
- Acho que vocês formam um casal bem completo. Na próxima vez não farei falta...
- Não quero ser casal de menininho! - Interrompeu-me.
Sebastião mudou desde que saímos do prédio. Estava mergulhando em pensamentos que eu não pude decifrar e demonstrava em sua voz um nervosismo claro, e um olhar errante.
Chegando perto da casa dele, onde eu o deixaria para seguir embora, aproveitei o último semáforo para dizer algo que estava começando a doer em minha garganta.
- Olha Sebastião, eu não sei qual é a tua vontade, nunca soube. Mas acho que você sempre soube qual é a minha. Eu quero te dizer uma coisa: Você precisa parar de dragar toda essa gentileza que você tem pelos outros para fora e deixar um pouco pra si mesmo. Você parece que não se esforça nem um pouquinho pra atender as tuas próprias vontades. Esse negocio de dizer que não quer ser casal de menininho, e ficar fugindo desse tipo de correspondência pode te deixar pra baixo, pode atrasar a vida maravilhosa que você nem sabe que poderia ter. Tem que experimentar os teus medos cara.
Sebastião olhava para o próprio coturno, e consentia com a cabeça.
- Eu vou te apoiar, sabe disso. Você não é só meu parceiro de trabalho! - Afirmei. Coloquei a mão em sua nuca e me aproximei dele, esperei que ele me olhasse nesse momento, mas tive somente um breve balanço de cabeça como resposta.
Nos dias seguintes, trabalhamos normalmente. Não havia comentários, nem brincadeiras. Tive medo de ter estragado alguma coisa. Fiquei apreensivo a respeito da relação que Sebastião tinha comigo. Eu continuava a amá-lo, mas me foquei no que eu julgava importante, deixando os furtivos pensamentos de trabalho tomarem conta de mim.
Tivemos ocorrências complicadas, conflitos da rotina, e nossa pouca cumplicidade verbal de antes minguou de vez, e transformou-se em algo que me chateou por muitos dias. Como Sebastião demonstrava certo esforço por omitir seus desejos, eu quase não pude notar que por alguns momentos eu o pegava me observando com um olhar entristecido. Eu tomaria uma atitude sobre aquilo em breve, conversando com ele, mas estávamos inexplicavelmente sem clima.
Então, certa noite, eu estava em casa assistindo TV quando uma mensagem chegou em meu celular.
- “Oi Marcelo, paramos de nos divertir juntos e isso tá me chateando muito. Seria bom poder aproveitar o pouco tempo que resta. Vou ser transferido. Um abraço!”
A mensagem de Sebastião fez meu coração acelerar. Rapidamente eu escrevi para ele, e iniciamos uma conversa.
Havia de fato pouco tempo junto com ele caso ele aceitasse a transferencia junto com os cursos que ele queria fazer. Disse que não iria para longe, mas me pareceu certo que aquilo era o prenuncio de que nossa relação encontraria mais dificuldades e talvez até acabasse.
Senti-me mal por não estar com ele. A saudade já começava a fazer meu coração doer naquele momento, e eu tive necessidade de ser absolutamente sincero com ele. Revelando minha tristeza em perder a companhia dele, tive como resposta algo que havia passado completamente despercebido.
- Marcelo, você viu o que eu deixei pra você, na sua carteira?
- Não… - Respondi, indo pegar minha carteira.
- Que pena… Eu achei que você veria…
Ao abrir a carteira, percebi que uma limpeza era necessária. No meio de alguns comprovantes havia um papel dobrado. Foi estranho ver aquilo, um bilhete de Sebastião. Dizia:
Não quero namorar menininho, quero um homem, como você. Desculpe por contar dessa forma…
Fiquei perplexo.
- Quando você fez isso? - Perguntei.
- Faz um tempo já, uns dias depois do lance lá com o Renan.
- Nem sei o que dizer… E como você mexe na minha carteira assim? Como fez isso?
- Eu sei, me desculpe… achei que eu poderia, foi lá na delegacia.
- Onde você está agora?
- Na cabeceira da ponte. comendo um lanche.
Levantei e vesti uma calça. - To indo aí!
Sofrendo com o turbilhão de ideias, eu não conseguia pensar direito. As coisas vinham em minha mente e a aturdiam junto com a pressão no meu peito. Como pude deixar isso acontecer? Era tão raro uma declaração assim de Sebastião e eu simplesmente não vi. “Quero um homem como você!”. Essa frase martelava minha cabeça. Lembrei da frase de Sebastião quando saímos da casa de Renan: “Confesso que acho que em parte foi bom por que você estava lá.” Tudo foi se confirmando, e a demora em chegar na ponte me deixou tão nervoso que até comecei a dirigir com imprudência. O medo de chegar lá e não ver Sebastião era indescritível.
Sebastião estava me esperando. Eu sempre fiquei nervoso ao vê-lo e dessa vez não foi diferente. Me aproximei calmamente. Tentei relaxar antes de dizer qualquer coisa.
Meu futuro ex parceiro estava ali, diante de mim, sentado, com os cotovelos apoiados na mesinha de um Food Truck. Ele me olhou apreensivo. Demorou um pouco até falarmos. Apenas ficamos nos olhando, eu não conseguia sorrir.
- Me desculpa por mexer na sua carteira?
Me inclinei para falar mais baixo, mas a resposta que começou a se formar na minha cabeça se desfez quando abri a boca. Fiquei em silencio e o contemplei.
- Vamos dar uma volta? - Perguntei.
Sebastião pagou sua conta e saímos. Caminhamos pela orla da estrada e paramos quando chegamos no meu carro, as luzes da cidade cintilavam ao fundo, A noite estava estranhamente fria e quase nenhum carro passava naquela hora. O bilhete dele estava em meu bolso. Então o li novamente. O primeiro sorriso veio e o lancei para Sebastião. Estávamos sem falas. O único som era da brisa suave do vento fresco que estava começando a me deixar com frio, enquanto estávamos apoiados no peitoril da estrada que dava acesso à ponte. Então incitei uma crítica leve, pois no fundo eu estava incomodado com aquela situação.
- Você vai ter que melhorar sua comunicação… O bilhete te faz parecer um adolescente perdido.
- Eu sei. Eu sabia que seria meio cafona, mas foi a melhor forma que eu vi de te dizer que… Sebastião hesitou.
- Dizer? Perguntei, olhando diretamente pra ele. Suas feições eram tão masculinas, que me distraíram momentaneamente, apesar da curiosidade pela resposta.
À luz laranja de um poste velho, ele era ainda mais lindo e arrasador para mim. O bigode estava ligeiramente crescido, E seus olhos tremiam na minha direção junto com o brilho da cidade refletida neles.
Sebastião se aproximou, estendeu um braço sobre meu ombro e soltou-se num abraço hesitante. Eu me ergui e o envolvi completamente. Rapidamente percebi que esta era a primeira vez que nos abraçávamos com certa tristeza. Foi um abraço forte, longo, e quente. Ao afastar vagaroso, ele roçou seu rosto no meu e me beijou. Eu estava aturdido… Não iria conseguir me segurar, mas me envolver ainda mais seria um problema daqui pra frente. Então terminei o beijo rapidamente.
- Para onde será sua transferencia? E por que motivo?
Sebastião esfregou o rosto com a palmas das mãos.
- Me leva pra sua casa? - Perguntou.
- Me fala! Pra onde você vai?
Sebastião não me deu ouvidos, e insistiu.
- Por favor, me leva pra sua casa?
Contrariado, eu ofeguei e dei a volta no carro.
Minha sala estava bagunçada, a TV ligada, e muitas luzes acesas.
- Posso ficar aqui com você hoje? - Perguntou Sebastião.
- Só se você me prometer que vai falar tudo o que eu perguntar. - Respondi incisivo.
- Ta, mas podemos conversar só amanha?
- Por que?
- Porque eu to com saudade de você, Marcelo. Não tô com saco pra conversa… Por favor?
Apesar do medo de ficar a primeira e última vez com Sebastião eu acabei fraquejando. Teria uma boa lembrança caso eu não o visse mais, afinal. Só teria que conviver com a saudade, então era melhor nem pensar nisso nesse momento.
Sebastião me abraçou novamente. Mostrava-me sua força física ao fazer isso. Colocou suas mão em meu corpo, e notou minha ereção. Nos beijamos frenética e brutamente, enquanto adentrávamos meu quarto. Sebastião se ajoelhou, esfregou sua mão sobre minha calça e segurou todo o volume do meu pau que estava duro e estendido para o lado, e retirou sua camisa. Eu perdi a cabeça. Arranquei toda minha roupa, agarrei a nuca de Sebastião firme entre meus dedos e o puxei para junto do meu cacete saltado. A sua boca fez meu corpo estremecer.
Sebastião cheirava meu pau como se estivesse fazendo um reconhecimento. O analisava e massageada, ora com a mão, ora com a boca. Chupou-me por um longo período. Sem retirar a boca do meu pau, ele se ergueu e abaixou sua calça. Então o puxei e o deitei na cama. Prendi seu corpo sob meus braços esticados e o chupei. Seu cheiro inesquecível era delicioso. E contemplei de perto aquele cacete excepcionalmente grosso. Apesar de sua vigorosa ereção, sua glande era macia. De fato, eu nunca iria esquecer isso.
Sebastião me puxou pelo pescoço. Ante os beijos quentes e ásperos que quase geravam faíscas, ele abriu suas pernas sob o meu corpo, de modo que meu cacete encontrasse suas nádegas. Nos esfregamos com muita força. Nossos pêlos tornaram-se abrasivos.
Puxei Sebastião e o coloquei de costas para mim. Meus olhos estavam vendo fantasmas, como se o cheiro dele me embriagasse. Abracei seu quadril e passei meu peito em suas nádegas. Beijei suas costas e mordisquei os músculos destacados pela postura dele.
Sebastião se entregou excitante a mim quando lambi seu anus. Enfiou seu rosto em meus travesseiros para abafar seu gemido rouco e grave.
Era delicioso demais.
Levantei Sebastião e o virei para mim. Beijei sua nuca, seu ombro, sua boca… Então soltei-o suavemente sem interromper o beijo, e deitei-me sobre seu peito. Ajeitamos nossos corpos. Segurei seu pescoço com minhas duas mãos enquanto ele segurava minha nuca e minhas costas. A penetração foi quase sem querer. Ele me envolveu com as pernas, e nos concentramos no momento em que meu pau tocou seu delicioso cu. A expressão de Sebastião me atraía para o sexo. Ele estava entregue a mim. Agora, com o rosto dele junto ao meu, nossa conexão não era de modo algum problemática. Olhando fixamente seus olhos, senti o calor do seu reto acometer não só meu pênis, mas todo o meu corpo. Estávamos irremediavelmente grudados, e impossibilitados de soltar um ao outro.
Estoquei Sebastião conforme ele me pedia com os olhos. Sem conversa, sem hesitação, sem medo.
O tesão tomou conta de mim e logo comecei a sentir a iminência de um orgasmo. Eu suava diante de Sebastião. Com todo meu corpo explodindo em tremores prévios, Sebastião me segurou mais firme, e fez um sinal de positivo com a cabeça. Me convidando a deixar meu sêmen dentro dele. Seu nariz quase tocava o meu, num esforço contínuo para manter seu rosto próximo.
Então comecei a gozar. Sebastião gemeu atento a mim. Senti a vazão da porra deixando meu corpo em estampidos quase dolorosos.
Fiquei quente, e me ergui para respirar. Voltei a olhar Sebastião. Mantínhamos a mesma postura. Ofegantes, nós respirávamos o mesmo ar. Então, para minha total surpresa, Sebastião sussurrou de olhos fechados:
- É mentira!
Sem entender nada perguntei:
- O que é mentira?
- Não existe transferência nenhuma!
Pasmei! Não houve a menor possibilidade de segurar meu choro. Eu me debulhei, fiquei até constrangido. Soltei-me em seu peito. Sebastião começou a ficar abalado com minha reação. Eu simplesmente não consegui lidar direito com aquele momento. Meu peito vibrava com um misto de raiva, alívio e alegria. Mas as lagrimas me desfiguraram e não me deixaram apto a dizer qualquer coisa. Sebastião segurava meu rosto, seus dedos preferiram enxugar minhas lágrimas e não as suas. Ele tentava me equilibrar entre os sorrisos fugazes e o choro que ainda vinha.
Eu não sabia o que estava para acontecer. Não podia sequer imaginar que ao amanhecer do dia seguinte, eu contemplaria o corpo que me acompanharia todos os dias seguintes, que me protegeria para sempre. Eu não pude naquele momento realizar em minha mente bagunçada a diminuta idéia de que Sebastião veio a mim e me escolheu, mesmo que com dificuldade, para ser o homem dele.
O beijei, com meu queixo trêmulo.
Conectados, molhados, quentes e tão próximos um do outro, nós rimos pela graça sublime do nosso primeiro momento juntos.