Capítulo 14 - Adeus algemas...
-Ora! Estou atrapalhando algo? -Disse a delegada do lado de fora da cela, nos fazendo parar o beijo. Estava, como sempre, vestida com trajes sociais, o rosto trazia uma irritação perceptível. Porém, não tive coragem de olhar em seus olhos.
Eu senti as bochechas formigarem e baixei a cabeça.
-Doutora, nós estávamos... -Rodrigo ía se explicar, mas foi cortado por ela.
-Não é da minha conta, Rodrigo. -Ela disse, com um certo mal humor em suas palavras e continuou: -Eu vim chamar a detenta pra que ela saiba o resultado das digitais que acabou de chegar. -Concluiu no mesmo tom e senti que seus olhos queimavam sobre mim.
Senti uma euforia enorme ao saber que seria livre.
-Eu posso acompanhá-las? -Perguntou Rodrigo à delegada.
-Coloque as algemas nela e a acompanhe até minha sala. -Respondeu indo para sua sala.
Após a ida dela, Rodrigo me algemou e nós saímos da cela. Ao chegarmos em frente a sua sala, pude ver novamente a escrita na porta: "Sala da delegada Dra. Ferreira." Então me lembrei que ainda não sabia seu nome e, não tive coragem de perguntá-lo a Rodrigo durante os dias que estava ali.
Rodrigo deu duas batidas na porta e a abriu, pedindo licensa.
-Entre. -Falou a delegada sem nos encarar. Seus olhos estavam atentos a alguns papéis sobre a mesa. Sentado em uma poltrona, próxima a mesa da delegada, havia um senhor de meia idade com um envelope em mãos.
-Bem, -A doutora iniciou sua fala, levantando a cabeça e olhando em meus olhos. -Esse senhor se chama Rogério e está aqui pra nos dizer o resultado do exame das digitais. -Sua voz ainda continha o mal humor e ela desviou seu olhar de mim para Rogério, como se passasse a palavra a ele.
-Bom dia. -Disse o senhor, de forma gentil, levantando-se. Eu e Rodrigo respondemos juntos.
-Bem, eu irei ler o resultado agora. -Explicou Rogério, colocando seus óculos de grau e abrindo o envelope em seguida.
-...Portanto, constata-se que as digitais encontradas na cena do crime e as da detenta, não batem. -Concluiu o senhor, depois de um tempo lendo o que estava impresso no papel.
Eu mal puder conter minhas emoções. Passei a chorar abraçada a Rodrigo, enquanto éramos observados pela delegada.
-Bem moça, você poderá sair daqui agora, já que não deve nada a justiça. -Disse Rogério, observando minha felicidade.
-Obrigado, seu Rogério. -Agradeceu Rodrigo, apertando a mão dele.
-Por nada. Bem, se me dão licensa. -Respondeu o senhor.
-Tem toda, senhor Rogério. -Foi a vez da delegada falar.
Rogério se retirou e eu e Rodrigo iríamos sair também, porém a delegada interviu:
-Esperem! -Chamou antes que chegássemos a porta. Nós viramos e ela continuou:
-Rodrigo, preciso falar com a detenta e fazê-la assinar uns papéis. Tire as algemas dela e se retire.
Continua...
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