Segue respostas aos comentários.Pessoal vou responder os comentários do dois últimos capítulos.
VALTERSÓ: Sempre aguardo seu comentário, gosto do seu ponto de vista.Será que é paixão mesmo?Amor carnal e fraternal pode muito bem ser confundido?Continue acompanhando.
Rose Vital:Rose tudo bem, foi complicado mas dei conta do recado.Marcos teve seus motivos, ele já começou a amolecer mas ainda vai acontecer a conversa definitiva entre ele e Fernando onde a mágoa de 5 anos será toda jogada pra fora.Nessa discussão será revelado um último segredo.Marcos irá te surpreender mas pro lado bom, o fim do conto se aproxima e acredito que você vai gostar do final.Boa leitura e não fique triste pois o próximo conto será o relato da minha vida, tenho certeza que vai te agradar.
Vitor Gabriel:Boa tarde querido, como está você?Acho que vou te agradar de qualquer jeito, mas não darei spoiler. Cara muitas vezes você ser homofóbico, preconceituoso é uma armadura, o medo de ser julgado é muito grande, eu passei por isso.Quiabo, hum, muito bom! Cara apesar de não ser mineiro, sou barriga verde rsrsrs aprendi a gostar da culinária local, pra mim é uma das mais ricas e peculiares do Brasil, Belo Horizonte mesmo tem muito lugares onde pode se comer muito bem, se não conhece essa capital maravilhosa, quando tiver chance venha conhecer, enfim como o conto se passa no triângulo mineiro (Uberlândia e região), nada mais justo do que retratar os costumes a características daqui como culinária, musica mas não estou tentando fazer um documentário rsrsrs. Mudando de assunto o Felipe é um amor não é?Amigo, companheiro e irmãozão do Nando, claramente ele assumiu o lugar do Marcos, se eu não tivesse o Robson como meu amor adoraria um Felipe na minha vida.Os primos do Felipe são ignorantes e preconceituosos, julgam o que é certo, mas acredito que muita gente se deixa levar pelo preconceito por que tem medo.Cara beber até cair é relativo, já dei algum B.O por ai, principalmente quando morei no nordeste, mas hoje me controlo.Desenho animado?Amo, tenho 26 anos e adoro, principalmente Scooby Doo, Doug Funny, Xmen-Evolution, Tom e Jerry, Pokemon... viva os anos 90 rsrsrs, quando tenho tempo assisto tomando sorvete de flocos rsrsrs.
Cellinho:Tudo bem cara, como vai o clima ai no Rio?Também estava com saudades do seus comentários, achei que tinha me abandonado.Acho que esse boy ta na cara dele.O engraçado é que a vida nos prega peças...Boa leitura.
Plutão:Boa tarde, tudo bem?Marcos está caindo na real, mas antes vai acontecer algo pra ele ver que o monstro, a aberração da família é ele a não o primo.Geovane fez o papel de pai e o encorajou a falar com o Fernando.Vamos ver o que vai acontecer no decorrer do conto.Obrigado por companhar e votar.
Alex curte peludo:Cara também sou meio bunda mole, lais faz tempo que não ouço isso, só quando os mais antigos lá na minha terra falam.Perdoar é uma virtude que nem todos tem, por isso que o mundo está assim hoje, mas tem gente que não merece perdão não é? Marcos teve seus motivos pra odiar Fernando mas quem é a aberração da história, o anormal, o imoral é ele, mais pra frente será revelado tudo em uma conversa bem emotiva....Que bom que sentiu minha falta, me desculpe atrasar os capítulos, nos últimos tempos minha vida tem sido corrida rsrsrs. Meu amigo, boa leitura.
CintiaC: Grazie mille Cintia, estava com saudade dos teus comentários doces, uma boa semana pra você e boa leitura.
Nayarah:Tudo bem, desculpe a demora, trabalho é foda.Marcos começou a cair na real mas ele vai ter um empurrãozinho a mais quando ele se deparar com o passado.Digo isso por que até então ele não tem noção do mal que fez a Fernando, mas quando cair na real vai se sentir o pior ser humano possível.Boa leitura.
Isaac.I.: Que legal, mais um leitor do norte lendo, fico feliz, já morei no Pará cara e gostei muito.Marcos vai te convencer sim pode deixar.Boa leitura cara.
Chria:Que bom que você gosta, é bom ver mais um leitor anônimo se revelando e ainda mais quando é dessa maravilhosa capital que adotei como casa.Uma dúvida só não sei se te chamo de Belo-Horizontino ou Belo Horizontina, por favor não leve a mal?.
henrinovembro: Tudo bem cara, eles vão se entender sim, vai começar a acontecer logo logo.Obrigado por comentar.
magus: Marcos confia muito no pai, e tanto que o respeita ao ponto de baixar a cabeça quando é reprendido por ele.Devia esse capítulo a vocês pra desmistificar que Marcos seja de todo ruim.Família é família e Marcos já começou a acordar e perceber que um protege o outro independente de qualquer coisa.
Lipe s2 s2: Não é pra tanto eu demorei mas não assim né?Boa leitura.
Catita: Tudo bem, a mudança é verdadeira sim, ele vai mudar radicalmente depois que ver alguns fatos.Boa leitura.
Atheno: Boa tarde, como vai você?Marcos vai sofrer muito pra conseguir o perdão de Marcos, mas lembre-se perdoar é uma virtude, nem todos temos e será que Marcos merece ser perdoado?Boa leitura.
Talles de Lima: Tudo bem estimado amigo, como está você?Espero que bem.Perdoar pode ser difícil, uma por você aceitar alguém que de alguma maneira te fez mal e a outra simplesmente por evoluir engrandecer como pessoa ou não.Será que Marcos não merece ser perdoado?Será que a reação que Marcos teve com Fernando de algum modo não feriu ele mesmo?É difícil não é mesmo?Cara eu as vezes me enxergo tanto como Fernando como com Marcos, no fundo os dois são iguais, são carentes, mais pra frente você vai ver.Obrigado por me avisar, realmente tinham palavras erradas que comprometeram o conto.Abraços.
FlaAngel: Que bom que gostou, continue acompanhando.Boa leitura.
AllexSilva: Cara que bom que gostou, adoro quando um leitor anônimo comenta.Obrigado e boa leitura.
Yaf: Mais um dos meus leitores mais assíduos, como está você cara?Espero que bem, não sofra ansiedade é um mal que só nos faz engordar, acredite eu sei bem o que é isso.Você será atendido até por que minha intenção não é causar mais reviravoltas.Cara sou gordinho também, sou super feliz e bem resolvido, malho pra manter o peso e a saúde mas não me vejo magro e definidinho,arghh, sou um bear, meu ogrão(namorado) tem 1,92 está pesando algo em torno de 105 kg e está muito lindo, adoro ele é todo peludão rsrsrs, cara a beleza está nos olhos de quem vê, os gays não digo todos se prendem a um estereótipo quase surreal, tenho amigos que sonham com verdadeiros deuses nórdicos e modelos de catálogo de cueca da CK chega ser deprimente, mas não estou aqui pra julgá-los.Mais uma vez obrigado por acompanhar meu conto e boa leitura.
AbelhaleitorA:Que bom que compreende e que gostou do capítulo.Também gosto do Luiz ms será que ele é o melhor pro Nando?Boa leitura cara.
Ação e Reação – Perdoar?... – 2° temporada
- O que você disse? – perguntei incrédulo com o pedido.
- Eu to pedindo pra você voltar pra casa, pra nossa casa – ele me olhava com um sorrisinho meigo, eu não estava acreditando que isso estava acontecendo....meu primo, o mesmo que me fez querer sair de casa, que deixou bem claro que eu não era bem vindo ali, que fez da minha vida um inferno, estava me pedindo pra voltar!...
Marcos me encarava esperando uma resposta que de imediato não veio, minha primeira reação foi tentar processar tudo que estava acontecendo ali, eu estava tentando entender, será que ele estava brincando comigo?Será que era verdade, me distrai com tantas hipóteses que surgiam na minha cabeça, justo eu que tinha resposta pra tudo, distraído nem percebi que meu primo ainda me segurava pelo pulso, inclusive impondo mais força, o que me fez gemer e fazer uma careta de dor.
- Me solta Marcos, você está me machucando – o clima pesou, tentava mexer meu braço e soltar meu pulso de sua mão, mas por alguns segundos Marcos ficou me encarando, olhando em seus olhos eu me senti acuado e com medo, sim com medo, pois por mais que eu não tivesse medo de enfrentá-lo em outras ocasiões, ali eu estava em desvantagem, pois era visto que meu primo estava um pouco alterado por causa de bebida e por que e essa situação me fez lembrar de quando ele entrou no meu quarto bêbado isso quando eu ainda morava com o meu tio e brincou comigo, inclusive me causando desespero dando a entender que iria me estuprar, me lembro muito bem que foi uma das piores situações que passei com o Marcos em casa e definitivamente um dos motivos de eu me mudar.
Marcos demorou mas afrouxou a mão permitindo me livrar de seu aperto.Olhei pro meu pulso que estava vermelho e dolorido e passei a mão massageando pra me livrar do dor, ele se distanciou sentou novamente na grama; Marcos tirou a camisa, estava calor, suas pernas peludas e seus pés grandes me lembraram de algo que há muito já tinha esquecido, logo tratei de afastar essa lembrança que não era relevante no momento, o suor caia pelo seu corpo, deixando os pelos do peito e da barriga molhados, seus olhos pareciam me penetrar a alma,alias belos olhos, sua barba castanha me lembrava muito a minha, eu era uma cópia um pouco mais nova dele, estava ficando sem graça, por fim ele suspirou.
- Me desculpa Fernando, não queria te assustar – disse com voz baixa, a pose arrogante a altiva havia sumido, dando lugar a um Marcos sério, mas contido e com uma certa ternura na voz.
- O que! Não pode ser!Você me pedindo desculpas Marcos, sendo educado comigo, qual é a tua hein “primo”? – perguntei com deboche, ele fechou a cara.
- Qual é a minha? – perguntou pra ele mesmo.
- É, qual é o seu jogo? Já não basta o que você fez comigo uma vez Marcos, já não basta toda a humilhação que eu passei por causa de você, o que você quer de mim agora, que tipo de pessoa que é você? – perguntei gesticulando, estava de pés, braços cruzados e olhar indiferente, nessa hora já tinha alterado minha voz, virei meu rosto, eu não queria chorar, eu não podia ser fraco na frente dele.
- Fernando, olha pra mim porra! – exclamou de forma autoritária, Marcos ainda levantou e tentou me segurar pelo braço pra atrair minha atenção, eu me desvencilhei dele que entendeu que era melhor ficar longe.
- Estou olhando – cruzei os braços – mas não estou entendendo por que de uma hora pra outra você está tentando ser legal comigo, ser bonzinho pois acredite, ambos sabemos que você não é, até ontem você fazia questão de me hostilizar, de me humilhar, ou já esqueceu disso? – fitei ele, que baixou a cabeça.
- Eu sei Fernando, mas eu quero me redimir – disse Marcos, não acreditei, acho que nem ele acreditou no que disse, comecei a rir até minha barriga doer.
- Redimir! – exclamei - Tá bom Marcos, eu não sei se foi a bebida que fez isso contigo, mas eu não quero ouvir, não sei por que te dei ouvidos até agora, então me da licença e me faça um favor, vamos fingir que isso não aconteceu, pois o que eu menos quero agora é arranjar confusão aqui ok – ele não respondeu, ficou me encarando, eu por vez peguei meu óculos e meu celular e fui saindo, dei dois passos e fui puxado pra trás, Marcos me segurou pelo braço me puxando e fazendo voltar pra onde estávamos , ele estava nervoso, passava as mãos no rosto e no cabelo, andava de um lado pro outro, eu permanecia estático observando e rindo dessa cena no mínimo patética, eu estava me divertindo.
- Não tem graça Fernando – levantou a voz sério como se me repreendesse, olhei com raiva pra ele com seu ar arrogante Marcos se segurava pra não vir pra cima de mim e me agredir, pelo menos é o que estava parecendo – eu estou falando sério contigo, não ria de mim – falou ele cerrando os dentes, Marcos estava ficando vermelho e apertava os punhos, mais um pouco ele viria pra cima de mim.
O fato de ter problemas pessoais com o meu primo, não me dava o direito de estragar o fim de semana dos outros dando barraco alí, já tinha me estranhado com o Chico e Bento na cozinha, não seria eu que me estressaria ali com meu primo, Marcos queria isso, ele queria me expor e arranjou uma maneira bem eficaz de fazer isso já que voltar pra casa era o que eu mais queria, convenhamos, morar sozinho era legal, mas não era pra mim,eu gostava barulho que minha casa tinha como o meu tio falando alto e a Maria cantando junto com seu radinho de pilha, só que eu nunca daria o braço a torcer, e nem deixaria ninguém saber, minha vida tranquila e minha liberdade valiam bem mais que o conforto do meu quarto na casa do meu tio.
- Sabe o que não tem graça Marcos? – perguntei sério, ele não respondeu – você fazer da minha vida um inferno na “nossa” casa – fiz apas com os dedos, ele revirou os olhos – me humilhar, me chamar de viadinho, lembra?Dizer que eu não era bem vindo, tentar jogar o tio Geovane contra mim, só que o mais engraçado é que quando justamente você conseguiu isso, me pede pra voltar, não to entendendo? – meu cinismo me impressionava.Marcos ouvia calado.
- Fernando eu pen... – interrompi ele.
- Você não acha que eu vou voltar pra “sua” casa não é? – perguntei irônico, pude ter certeza que ele achava que sim pela cara de decepção que fez, é engraçado quando a gente tira a esperança de alguém – você realmente acha que eu sou patético a esse ponto Marcos?Regredir, ter que aturar seu deboche e suas humilhações – debochei - não Marcos!Você pensou errado, eu aprendi a lição, ficar longe de casa e do tio é um sacrifício grande, mas vale a pena só pra não ter que olhar pra você ou conviver com você ta me entendendo – feri ele, vi que seus olhos marejaram, qual é, Marcos chorando, ele não tem sentimentos pra isso.
- Família fica junto Fernando, não se separa – afirmou ele, sua voz parecia querer falhar. Quase que vejo meu tio nele depois que falou isso, eu não acreditei no que eu ouvi, tive que rir fazendo ele estralar os dedos de raiva, meu primo falando em família, desde quando?Será que eu é que estava bêbado?
- Que família Marcos? - perguntei pasmo – é engraçado você falar de família, já que a nossa não é! Você acabou com ela há 5 anos atrás, quer dizer, pelo menos pra mim acabou, acorda – gesticulei - não tem mais família, além do mais eu não devo nada a você, então não venha querer dar uma de santo pra cima de mim, por que nós dois sabemos que isso você não é, agora me da licença, mas já perdi muito tempo aqui contigo, que coisa chata, obrigado por estragar meu domingo – pela sua expressão percebi que consegui atingir ele.
- Volta pra casa Fernando, é a última vez que te peço, não é por mim, é pelo meu pai, ele sofre por não ter um dos seus embaixo das suas asas – ele argumentou e muito mal diga-se de passagem, pra quem se dizia um excelente advogado seu poder de persuasão não era dos melhores.
- Já sei, como eu sou burro, claro que você está insistindo – estralei o dedo como se uma ideia viesse a cabeça – não é pelo tio Geovane, você quer que eu volte pra sua casa por que você não tem nada melhor pra fazer, ou não achou nenhum outro viadinho ou alguém mais fraco pra esculachar e humilhar, não é? Não é Marcos?Me responde – não obtive resposta, ao contrário, Marcos veio com tudo pra pra cima de mim bufando de raiva.
- Cala essa boca Fernando! - Marcos levantou o braço pra me agredir, o tapa era certo mas ao contrário de outras vezes esperei o tapa mas ele não veio, Marcos ficou com a mão parada no ar como se tivesse travado, mas do nada ele baixou seu braço e me empurrou no chão.
- O que foi machão? Desistiu de me bater, qual é me empurrar, muito adulto da sua parte – ele me olhou com pena - não vai me dizer que você está arrependido, que você sente muito – Marcos desviou seu olhar do meu.
- Desculpa, não queria que as coisas chegassem a esse ponto Fernando, mas você não ajuda porra – completou ele frustrado.
- Não queria? Você percebeu que é a segunda vez que me pede desculpas – ele me olhou, podia jurar que ele me olhava com ternura.
- Eu não sei o que me deu, quando vi já tinha feito – ele parecia desnorteado, eu fiquei mais aflito ainda, será que ele é doido? - levanta daí Fernando, vem que eu te ajudo – ele me estendeu a mão sorrindo de forma carinhosa.Não aceitei a ajuda, ele tentou tocar em mim mas não deixei, que mania chata de querer me tocar, Marcos sorriu como se ele estivesse se divertindo com a situação.Me levantei sem olhar pra ele, mas antes de sair já com meu celular e óculos em mãos me virei pra ele que me encarava de braços cruzados encostado na árvore.
- Seu doente, eu odeio você!Fica bem longe de mim entendeu – essas palavras pareceram fazer efeito,o riso em seu rosto foi substituído por uma cara fechada, Marcos volta a pose de arrogante dele e me observa – e pode esquecer, pra aquela casa eu não volto mais, não mesmo – completei, ele se deu por vencido, desviou o olhar e respirou fundo.
- Então essa é sua última palavra Fernando?– perguntou sério.
- Sim! – me virei a sai dali deixando meu primo com cara de tacho, ele veio atrás de mim me segurando pelo braço, me puxou contra seu corpo e sussurrou no meu ouvido.
- Escuta aqui seu moleque petulante, hoje não, mas nós vamos conversar, vamos ter uma conversa longa definitiva sobre a nossa relação, você vai ter que me ouvir, eu não vou sossegar enquanto você não me ouvir e entender meus motivos, ta me entendendo? – gelei na hora, me afastei dele respondi.
- Que relação seu idiota, não existe relação nenhuma entre eu e você! – exclamei, Marcos parecia se divertir em me ver com raiva – se você pensa na possibilidade de um dia sermos amigos, esquece, isso não vai acontecer, ta me entendendo? – não esperei sua resposta, quando ele ia me falar algo seu celular tocou e ele parou pra atender, pelos gritos que ele deu eu soube que era Giovanna no celular, apressei o passo e voltei pra onde estavam todos.
Foram muitas emoções pra um dia de domingo, se minha vida passasse em um canal com certeza seria um em que as novelas mexicanas mais dramáticas eram exibidas, minha vida estava virando de cabeça pra baixo, eu tinha que mudar isso.
A área de lazer ainda estava fervendo, as mesas tinham sido postas de canto, a maioria do pessoal estava na beira da piscina ou dentro da água, a música sertaneja agora tinha dado lugar a eletrônica e algumas pessoas tentavam acompanhar o ritmo dançando de qualquer jeito. Avistei meu tio, ele estava só de sunga e óculos escuro, ele gargalhava próximo a piscina junto com seu Carlos e com o Hugo, outro tio de Felipe, que também estavam de sunga, todos estavam com um copo de whisky na mão e já estavam alterados pois riam que nem hienas.Me aproximei do meu tio que quando me viu me deu um abraço de lado.
- Vem aqui comigo Fernando, fica um pouco aqui com o tio, me da um abraço – pediu ele, seu Geovane já estava emotivo e carinhosos demais, senti seu hálito e vi seu rosto que estava vermelho, um olho mais baixo que o outro, é meu tio estava passando dos limites, decidi intervir, não queria meu tio passando mal.
- Tio, o senhor não acha que bebeu demais? – ele me olhou sério - já comeu alguma coisa agora a tarde?– perguntei deixando ele sem graça perante os outros dois ali presente que nos olhavam risonhos - você não acha que ta na hora de parar?
- Não comi não – disse ele sem graça.Olhei pra ele, meu tio as vezes me faz raiva.
- Vem, vamos la na cozinha comer um pedaço de bolo de chocolate, vamos – puxei meu tio pela mão, ele olhava pra mim com cara de criança que aprontou, por mais que fosse errado ele beber assim, achei engraçado a situação.Meu tio não saiu do lugar, mas me puxou pelo braço me abraçando pelo ombro.Seu corpo quente e peludo estava suado.
- O meu menino, sempre se preocupando comigo e cuidando de mim não é filhote? – disse meu tio todo carinhoso me dando um abraço desajeitado,o problema foi que ele falou alto, eu fiquei com vergonha, muita vergonha, algumas pessoas nos olhavam, riam, diria até que nos olhavam e riam com malícia, queria enfiar minha cara em um buraco no chão, meu tio quando bebia ficava emotivo e perdia a noção do ridículo. Decidi relevar e não brigar com ele.
- Vem seu bebum, vamos comer alguma coisa e para de ficar dando show – peguei meu tio pela mão que no início reclamou, mas dessa vez me seguiu.Seu Carlos que nos olhava nos acompanhou, enquanto seu irmão foi se juntar a sua mulher. Na cozinha enquanto meu tio comia uma fatia generosa de bolo, dona Letícia fez o seu Carlos comer também, já que estava de porre que nem meu tio, pareciam duas crianças que riam e conversavam com a gente de boca cheia,
- Tio, olha os modos, come de boca fechada por favor – repreendi ele.
- Não briga comigo filhote, eu to com fome – disse meu tio com cara de vítima.
Alguns minutos depois ele e seu Carlos acabaram o bolo, ele me olhou e sorriu mostrando o prato vazio, achei graça pois sua barba estava toda suja de chocolate.
- Que porquinho tio Geovane, olha sua barba está toda suja – ele nem pegou um guardanapo, limpou com o braço mesmo, se ele arrotasse na mesa nós íamos ter problema.Ficamos mais algum tempo conversando com seu Carlos e dona Letícia quando Felipe chega e se junta a nós se servindo de um pedaço de bolo.
- Estava olhando vocês dois antes, que bonito o bebezão do tio Geovane, só faltou a chupeta e o babador – Felipe debochou assim que se sentou e começou a comer seu pedaço de bolo.Eu fiquei com raiva e peguei um pouco de calda de chocolate e passei na sua cara.
- Come de boca fechada bebezão da mamãe – ele se limpou e lambeu o dedo me olhando com malícia – só não vale chorar no colo dela não hein, você já está muito grande pra isso – ele fechou a cara e voltou a comer o bolo evitando olhar pra mim.
- Deixa Fernando, o Carlos é assim também, não pode beber que começa a dar trabalho ,fazer gracinha, fica sentimental, isso quando ele não pega o álbum de fotos da família e começa e olhar elas, parece criança, só tem tamanho – justificou dona Letícia que ria dos dois enquanto eles se levantavam com seus copos e voltavam pra beira da piscina onde estava a garrafa de whisky – me da licença mas vou arrumar a mesa pro café da tarde, deixei vocês comer antes por que a tropa a hora que vim vai comer tudo – ela saiu e eu acompanhei meu tio pra fora da cozinha, deixando Felipe sozinho que reclamou.
- Tio! – ele se virou e me olhou com cara de que ia aprontar – esse vai ser seu último copo de bebida hoje, senão amanhã o senhor fica ruim o dia inteiro e me liga fazendo doce, lembra o que aconteceu da última vez, você achou que estava tendo um infarte e me deixou com o coração na mão e com vergonha também – eu sabia que ele iria travado pra casa, quero ver trabalhar amanhã.
- Filhote, já está no fim da garrafa quase, depois eu prometo que vou só beber no meu aniversário – justificou ele.
- Ta bom, mas se o senhor virar alcoólatra, não adianta chorar e fazer promessa ok – ele fez cara de espanto, me deu dó.
Dei risada, por mais que meu tio exagerasse na bebida isso não era frequente, me fazendo ficar mais tranquilo, pois alcoólatra ele não era.Cheguei perto dele e o abracei, ele retribuiu, por mais que meu tio fosse exagerado, eu gostava muito dele, era minha referência de pai.Deixei ele e seu Carlos terminar de beber e fui me sentar em uma espreguiçadeira próximo a piscina.
Felipe vem da cozinha com a cara vermelha, ele estava pilequinho, tinha um pedaço de bolo na mão, estava risonho e sua sunga preta estava torta, ele notou e resolveu se ajeitar no meio de todo mundo mesmo fazendo com que o júnior desse oi pra todos que viam a cena.Ri daquilo, eu acho que era o mais normal ali.
- Onde você se meteu Nando? – perguntou Felipe se sentando ao meu lado.
- Fui espairecer um pouco – disse a ele – alias você me viu saindo daqui, você estava com seus primos – comentei sério.
- Verdade – disse sem graça – foi mal Nando, devia ter ido atrás de você – se desculpou.
- Relaxa cara – dei um tapinha em seu ombro – eu queria ficar sozinho, precisava dar uma arejada na cabeça, não aguentava mais o clima aqui – completei.Felipe me encarava com um olho mais baixo que o outro.
- Fiquei com medo que algo tivesse te acontecido, vi que seu primo também sumiu, achei que ele tivesse feito algo contigo – justificou.
- E fez – nessa hora Marcos apareceu no nosso campo de visão, havia se passado mais de meia hora que eu tinha voltado pra área de lazer, pelo jeito o negócio não foi bom.Marcos me encarou, seus olhos vermelhos denunciaram que ele chorou,por algum motivo senti pena, pois sabia d que se tratava, alguns convidados ali o encaravam, ele encarou de volta e logo se juntou ao meu tio se servindo de whisky também.Eu desviei me olhar, Marcos falou algo em seu ouvido, ambos olharam em minha direção, fiquei sem graça, da maneira que me olhavam parece que a qualquer momento iriam tentar me pegar a força e me levar dali.
- Como assim, ele te machucou? – perguntou Felipe preocupado atraindo minha atenção.
- Não!Claro que não – exclamei pensando em tudo o que tinha acontecido – Marcos não me machuca mais nem se ele quiser – disse a Felipe que dava a última golada em seu coquetel.
- Que estranho isso Nando – comentou ele.
- Sim – respondi – Lipe, se você quiser voltar lá com os teus primos pode ir, eu vou ficar aqui curtindo o som e o sol – disse a ele.
- Não! – exclamou ele – vou ficar aqui contigo, quero que você me conte o que aconteceu e quero ficar um pouco contigo, meus primos que se danem – Felipe bêbado era engraçado.
Já eram quase 17:00h, após o café da tarde servido pela sua mãe Felipe deu uma melhorada, já que ela obrigou ele a tomar o café amargo, muitas pessoas já tinham ido embora ficando apenas umas 10. Com poucas pessoas ali, a música eletrônica que tocava baixo e o clima de fim de tarde com calor um pouco mais leve me convidaram a entrar na piscina, Felipe mesmo de ressaca também entrou. Entre risos e muitas brincadeiras a qual se juntou Paulo, Estevão e Ana curtimos a piscina por mais de meia hora, só saindo da água quando a noite vinha chegando.Assim que os meninos saíram da água eu e Felipe encostamos em uma das bordas e de tanto ele insisti contei o que tinha acontecido, ele ouvia sem piscar os olhos mas ao mesmo tempo estralava os dedos e olhava feio em direção ao Marcos que estava sentado com meu tio nas cadeiras próximas e que conversava animadamente com a prima megera, ele notou que estava sendo observado.
- Aquele filha da mãe, vou ensinar uma lição e ele, vai aprender a respeitar você – disse Felipe querendo se levantar, era engraçado quando ele dava uma de machão.
- Não vai não, vai ficar aqui – repreendi ele que voltou a encostar na borda da piscina– eu já resolvi isso, ele não vai mais me incomodar, eu espero.
- Tá bom Nando, se você me diz, eu confio – disse ele.
A noite chegou, entre risadas e piadas que Felipe e um outro primo contavam podia sentir os olhos de Marcos em mim, isso me deixava desconfortável, era um olhar de zelo, o que será que ele estava tramando, voltei minha atenção aos meninos e ri junto deles.
Era hora de ir embora, Felipe apesar de já estar quase curado do porre ainda não estava legal pra dirigir, quem ia voltar dirigindo seria eu, melhor assim, não que estivesse com vontade, mas a necessidade falou mais alto.Eu e ele estávamos guardando as coisas no carro quando sinto alguém se aproximar.
- Meninos, antes de sair eu vou fazer um engrossado, vocês ficam pra janta? – perguntou sua mãe, Felipe me olhou com um sorriso e esperança nos olhos, quem era eu pra dizer que não né?Assenti e ele agradeceu.
- Vamos ficar mãe, mas não podemos demorar – disse ele a sua mãe que sorriu e entrou pra dentro de casa.
Depois de saborear um delicioso engrossado de milho e frango estávamos prontos pra voltar a Uberlândia, Felipe estava se despedindo dos pais e eu ajeitando as últimas coisas no carro pensando que ainda teria um trabalho pra terminar quando meu tio chega e me surpreende.
- Fernando, vamos embora – disse meu tio sério pegando pelo meu braço, ele estava um pouco embriagado ainda, mas graças ao engrossado que a dona Letícia fez ele ficou um pouco melhor, pelo menos aparentava – o carro está ali na frente, Marcos já está nos esperando, vamos – ele apontou pra caminhonete, meu primo me encarava de dentro dela.
- Eu não vou com você tio – afirmei, o tio Geovane desfez o sorriso do seu rosto.
- Como assim não vai?Por quê ? – perguntou surpreso.
- Eu vim com o Felipe tio e vou voltar com o ele, não posso deixar ele ir dirigindo até Uberlândia, ele ainda não melhorou do porre além de ser perigoso– meu tio cruzou os braços entendendo a situação.
- Vamos Fernando, o meu pai está mandando e você tem que obedecer – Marcos disse ao se aproximar, nem notei que ele havia saído do veículo.
- Não te mete Marcos, isso não diz respeito a você, só me faça o favor, leva o tio pra casa e tentem não se matar no meio do caminho – ele me olhou com raiva, eu merecia apanhar mas eu merecia paz, ir com eles no mesmo carro significava que eu estava aceitando tudo o que meu primo me falou hoje a tarde.
- Ele tem razão Marcos, ele veio com o Felipe e não pode deixar ele ir embora sozinho não, amigo que é amigo ajuda o outro – ele se virou pra mim e sorriu – vamos juntos, nós vamos na frente e você nos segue, já que ainda não tem prática em rodovia, tudo bem pra você Fernando? – perguntou.
- Sim, por mim tudo bem - respondi.
Meu tio e Marcos me olharam uma última vez e entraram na caminhonete, meu primo me observou pelo retrovisor, entrei no carro seguido de Felipe e saímos logo atrás também.Na estrada ocorreu tudo normal, não havia trânsito por ser domingo e o fato da rodovia ser duplicada ajudou mais ainda. Depois 40 minutos eu estava encostando o carro na frente da casa do Felipe, meu tio parou pra nos oferecer ajuda pedir se eu não queria ir pra casa com eles, mas fiquei ajudando Felipe a tirar as coisas do carro e guardando em casa. Quando acabamos sentamos em sua varanda, eu olhava o céu estrelado enquanto ele comia um pedaço de goiabada cascão.
- Fernando, obrigado por ter ido junto pra fazenda cara, obrigado pela noite de ontem e obrigado por ser meu amigo – agradeceu Felipe me fazendo olhar pra ele sem graça, odiava essas situações.
- Eu que tenho que agradecer você Lipe, o meu final de semana foi incrível graças a você, muito obrigado cara, eu acho que a noite de ontem foi a melhor prova de amizade que você me deu, é bem provável que eu nunca me esqueça – acariciei seu ombro, ele veio e me abraçou.Felipe não tinha vergonha de expor seus sentimentos pra quem ele confiava.
- Com certeza não vai, eu sou inesquecível – disse ele me fitando.
- Bobo – respondi a ele com um risinho.
- Fernando, sobre os meus primos quero pedir desculpa também cara – disse com um semblante triste.
- Felipe, relaxa, não precisa se desculpar, eu sei que pra um ou dois babacas que me falam merda vai ter sempre um monte de gente torcendo por mim, eu me acostumei já – justifiquei dando de ombros.
- Eu sei Fernando, mas eu não admito que te tratem mal cara, você é meu irmãozinho, não só você mas qualquer pessoa merece ser tratada com educação – ele afirmou sério, Felipe era sistemático em relação a isso.
Ainda conversamos alguns minutos quando eu decidi que estava na hora de ir embora, antes me certifiquei que Felipe fosse tomar banho, preparei um café forte pra ele e ainda tive que tirar da cabeça dele que pedir pizza ia ser legal. Liguei pro táxi vim me buscar.Enquanto seguia pra casa, fiquei relembrando e pensando em como esse fim de semana foi agitado e diferente, primeiro por que eu tinha brigado e transado com o meu melhor amigo hétero, depois ainda teve toda aquela história com o Marcos que foi a cereja do bolo pra fechar o fim de semana.
Paguei o táxi, peguei minha mochila e corri pra dentro de casa, eu estava cansado, a hora que entrei nem me sentei no sofá, subi direto pro quarto, larguei os óculos e o celular na sala subi pro mezanino, peguei uma toalha e entrei no banheiro, antes de fechar a porta vi a cama desarrumada e me lembrei do ocorrido com o Felipe, sorri lembrando de tudo que aconteceu, fechei a porta, me despi e liguei o chuveiro me permitindo relaxar. Estava tão cansado que sentei no piso do box e deixei a água quente cair em minhas costas, com a cabeça entre as pernas me lembrei do ocorrido hoje a tarde e um arrepio me subiu, eu tinhas tantas perguntas sem resposta, será que Marcos estava falando a verdade?E o que será que Giovanna queria com ele? será que ela terminou com ele pelo celular?Não, bem provável que não, ela me pareceu ser sincera, uma pessoa de palavra. Deixei esse pensamento de lado e me lembrei do meu tio de pilequinho hoje a tarde , me abraçando e sendo babão, que por mais que ele ficasse chato e emotivo gostava de quando ele demonstrava carinho comigo, pena que agora como não nos víamos sempre era raro essas demonstrações de afeto, ele tinha razão, eu não posso me afastar dele.Em meio as perguntas e dúvidas terminei meu banho e desci só de cueca box na cozinha preparar um café, após tomar meu café tranquei a casa, desliguei as luzes e cai na cama.
Acordei na segunda de manhã cedo, tinha dois trabalhos pra entregar e um deles era o da matéria que o Luiz lecionava, nesse trabalho dedicaria todo o esforço possível pois não queria ser chamado a atenção e nem criticado por Luiz por causa de um trabalho mal feito.
Passei o dia inteiro em função dos dois trabalhos deixei até de ir na concessionária olhar o carro com Felipe e ainda desliguei meu celular pra não ser incomodado pelo meu tio que insistia em conversar comigo pelo Whats App. Recebi em casa os outros dois integrantes do trabalho e quando foi no início da tarde já havíamos terminado. Almocei e então lembrei de Ágatha, resolvi ligar pra ela e ver como ela estava já que a última vez que falei com ela foi no sábado, o estranho é que nem whats app ela me mandou, não me ligou ou deu notícias.Disquei o número dela, o ligação chamou e na terceira chamada ele atendeu.
- Alô – disse seca.
- Bom tarde Ágatha, como está você ?– perguntei tentando quebrar o gelo.
- Ótima! – exclamou, percebi um tom de ironia na sua voz, alguma coisa estava errada.
- Sumiu no fim de semana, fiquei preocupado – comentei.
- É – afirmou ela com pouco interesse, percebi que mais alguém ouvia a conversa e parecia se divertir com isso.
- O que foi Ágatha? – perguntei impaciente.
- Fernando não estou podendo falar agora, alias nem to com paciência, a noite se der nós nos falamos, tchau! - ela desligou na minha cara, nem ao menos me deixou responder, ela ia me explicar o que estava acontecendo, por mais que Ágatha fosse um das minhas melhores amigas não dava o direito dela ser mal educada comigo.Resolvi ligar pra Cibele, como elas estavam morando juntas, poderia saber de algo.Liguei pra Cibele, chamou, chamou mas ninguém atendeu.Desliguei o celular e decidi ir pra academia malhar.
A academia ficava no centro, muito bem frequentada era uma das melhores da cidade e pra me locomover até lá comprei uma bicicleta, era mais prático que um carro, mais barato também, além de ser uma ótima opção de exercício antes de chegar lá. Há pouco mais de três semanas comecei a frequentar a academia, decidi malhar mas não pra perder peso, gostava do meu corpo bear, mais cheinho me sentia bem assim, mas queria ficar mais durinho, um pouco mais definidinho também, mas sem exageros.Meu fiel amigo Felipe me deixou na mão dizendo que academia não era com ele, então vinha sozinho mesmo.
Ao chegar a academia cumprimento a recepcionista, ouço a música eletrônica alta e os gritos do professor de jump, me animo e sigo em direção ao vestiário pra trocar de roupa, quando entro no vestiário tenho a ligeira impressão de ter visto o Luiz mas tiro isso da cabeça. A academia contava com três andares, sendo que o primeiro era dedicado a musculação e exercícios aeróbicos e piscina, no segundo era a área das esteiras e bicicleta ergométrica e o terceiro andar era dedicado a dança de salão e artes marciais.Ao descer pra sala de musculação encontro Daniel um dos instrutores, ele me cumprimenta com um sorriso e me pede se estou afim de suar, retribui com um sorriso e afirmando que sim, ele olha meu plano de treino pro dia e me manda ir fazer uma aeróbica leve e 15 min de esteira pra me aquecer.
Subo pro segundo andar onde ficam as esteiras, como o clima estava muito quente na parte da tarde a academia estava praticamente vazia, salvo alguns alunos que faziam natação ou algum tipo de luta, sendo assim mais confortável pra se malhar a tarde.A sala onde ficavam as esteiras estava praticamente vazia tendo só outra pessoa, não reparei só sabia que tinha, pois estava de costas, mas quando olhei no espelho que fica de frente para as esteiras que percebi quem era, tomei um choque, nossos olhos se cruzaram.
- Boa tarde Fernando, como vai? – meu coração bateu mais forte, Luiz estava com um sorriso cordial fazendo questão de descer da esteira e apertar minha mão me fazendo ficar sem graça, será que ele tinha problema, ele não lembra do que me fez.
- Boa tarde Luiz, eu vou bem e você? – cumprimentei de forma culta, olhei sua mão estendida mas não apertei.
- Melhor agora – sorriu, revirei os olhos.
- Me da licença – fui saindo da sala mas ele veio e me barrou.Seu corpo próximo ao meu me fez ficar tenso, senti o cheiro dele, suor com perfume, estava agradável.
- Por favor Fernando, não faz isso – disse ele se aproximando de mim, seus olhos me penetravam.Reparo que Luiz está mais fortinho, mas com uma leve barriguinha de chopp e que está de barba, seus braços antes cobertos por mangas estão nus, pelos negros, ralos mas ainda assim negros acompanham seu contorno.
- Me deixa passar Luiz – disse impaciente, ele engoliu seco, me encarou mas não saiu.
- Não! – exclamou - você não ia fazer esteira, faça, eu saio – disse indo pra porta.
- Tudo bem Luiz, pode ficar , eu não me importo – disse indiferente, ele sorriu que sorriso bonito, voltou e assentiu com a cabeça.
- Vamos? – ele indicou as esteiras e então eu fui, ele iniciou seu exercício na mesma esteira que estava enquanto eu fui pra última esteira, preferi assim, queria evitar um contato desnecessário. Se passaram dez minutos, após uma corrida leve na esteira diminui o ritmo, eu já estava acabando meu aquecimento, a música eletrônica tocava em um volume agradável e na minha cabeça eu tentava desvendar o por que do Luiz ali, será que ele estava me seguindo?.Luiz me encarava pelo espelho, seu sorriso e e seu olhar de desejo estavam evidentes, era notável sua satisfação em estar ali comigo.
- O que você faz aqui Luiz? – perguntei quebrando o silêncio entre nós. essa dúvida estava me matando.
- Isso é uma academia Fernando, então? – ele sorriu mas não de deboche.
- É – confirmei sem graça.Voltei a prestar atenção no meus exercício.
- Se você está pensando que eu estou te seguindo você errou feio ursin...Fernando – disse ele atrapalhado sorrindo e negando com a cabeça - eu faço academia aqui a noite há uns dois meses junto com o Marcos, teu tio e meu pai, mas como não fui pro trabalho hoje por causa de uma reunião na prefeitura, tive esse tempo livre agora a tarde e decidi vim pra cá malhar – Luiz parecia sincero, até por que meu tio fazia academia no mesmo local só que a noite, inclusive quando contei a ele que estava fazendo aqui ele quis me acompanhar mas não deixei pois afetaria o horário de trabalho dele.
- Tudo bem Luiz, não precisava me explicar quem sou eu pra desconfiar de você não é? – foi uma pergunta irônica e ele percebeu fechando a cara.
- E o meu trabalho você já fez, lembre-se que vou recebe-lo sexta e que vale metade da nota de trabalho – disse ele me fitando.
- Já fiz – fui seco, Luiz pareceu se incomodar dando um risinho sem graça, por que que eu estava agindo assim com ele? Mudei o tom de voz, pois por mais que ele tenha me magoado não era hora e nem lugar de relembrar disso – sim, finalizei ele de manhã – falei com a voz mais macia, ele sorriu.
- Ótimo – ele assentiu – espero ficar muito satisfeito com o seu trabalho – ele comentou enquanto começava a correr, podia estar ficando maluco mas percebi um duplo sentido nas suas palavras.
Não falei mais nada, o resto do execício fiz quieto.Acabei o aquecimento e sai da sala sem me despedir de Luiz, ele ficou me olhando mas não dei lado, desci pro primeiro andar da academia, pra sala de musculação e comecei meus exercícios, de canto de olho percebia que Luiz me cuidava pelo vidro que fica de frente as esteiras e que da visão pra sala de musculação, me senti desejado mas não dei brecha.Alguns minutos depois Luiz acabou seu aquecimento e sumiu, achei que ele tinha ido embora.
Estava fazendo o leg press tranquilo ouvindo música quando alguém toca em meu ombro, olho quem é e Luiz sorri pra mim.
- Vamos revezar Fernando? – perguntou ele esperançoso.Pensei por alguns segundos.
- Tudo bem – respondi indiferente.Ele sorriu e agradeceu com um aceno de cabeça.
Passado meia hora eu e Luiz já havíamos revezado quase todos os aparelhos de musculação, pelo menos os que constavam no meu plano.Descobri olhando rapidamente que seu plano de exercícios era idêntico ao meu mudando alguns poucos exercícios o que me fez ficar mais tranquilo pois cheguei e achar que ele estava me cercando de alguma maneira.Daniel de repente chegou e puxou papo comigo me fazendo perder o foco e dar atenção a ele, ficamos alguns minutos conversando e rindo de uma situação que aconteceu com ele no fim de semana e percebi que Luiz nos observava de braços cruzados e estava de cara fechada.O clima pesou, Luiz com cara fechada se mostrando ciumento ficava uma graça, Daniel percebeu e decidiu se afastar alegando que chegaria um aluno e que ele teria que acompanha - lo, me deixou sozinho e sumiu academia a dentro.
- Você não vai terminar seus exercícios Fernando? – perguntou Luiz sério.
- Vou sim, mas isso é problema meu, você não acha Luiz? – perguntei seco, ele desamarrou a cara.
- Tudo bem Fernando, faça o que você quiser, desculpe se eu me preocupo contigo – disse se afastando.Me deu um frio no estomago.
Luiz se afastou e foi fazer peitoral, sua cara não estava das melhores, eu por minha vez dei de ombros e fui fazer abdominal, não estava com saco pra aturar chilique de marmanjo, ainda mais de Luiz.Assim que terminei fui me trocar e pegar meu óculos no vestiário.Estava sozinho e de costas olhando meu whats app quando Luiz entrou.
- Acabou Fernando? – perguntou ele limpando o rosto com a toalha.
- É óbvio não é – respondi rude, ele fechou a cara – se eu estou aqui no vestiário é por que acabei – fui grosso, Luiz fechou a cara e se aproximou.
- Fernando, por que você está fazendo isso comigo? Me tratando mal desse jeito, já não basta eu não poder te tocar,estar perto de você, não me trata assim a sua indiferença está me matando aos poucos, não me ignore mais – fudeu, ele veio pra cima de mim me segurando pelos pulsos, me encurralou contra seu corpo e o armário, seu cheiro de suor e o meu se misturaram, podia sentir meu perfume e o dele, sua respiração ofegante, Luiz me encarava nos olhos.
- Me solta Luiz, já não basta o mal que você me fez, ou você esqueceu do tapa que me deu ou a sacanagem que você e a Stephany fizeram comigo, hein? – ele me soltou e se afastou.
- Não me jogue isso na cara Fernando, você não tem esse direito, eu já me culpo todo dia por isso, por não ter tido coragem de assumir nosso amor mas nada me dói mais do que relembrar toda vez que te vejo na sala de aula que eu fui capaz de ser sacana contigo, de te machucar eu não me perdoo por isso Fernando – Luiz me soltou, seus olhos estavam marejados, ele virou de costas pra mim não ver suas primeiras lágrimas, podia estar ficando louco mas senti verdade em suas palavras.
- Esquece isso Luiz, eu já esqueci, até por que o que não te mata te deixa mais forte – tentei parecer frio, mas por dentro estava lutando com os meus sentimentos, ver ele chorar me deu uma vontade de abraça-lo.Luiz se virou, limpou os olhos e sorriu.
- Sabe Fernando, eu um dia espero que você volte a ter o mesmo carinho por mim que eu tenho por você – Luiz me secou com os olhos, mas abaixou a cabeça, peguei minhas coisa e sai do vestiário.
Nunca fiz um caminho tão longo como o do vestiário até a recepção, o fato é que as palavras do Luiz mexeram comigo, será que eu estava sendo insensível?Será que eu estava sendo sacana?Eu poderia esquecer, até por que perdoar era uma virtude, virtude essa que eu ainda não tinha,pelo menos não desenvolvida, cheguei a conclusão que estava na hora de seguir em frente, teria que aprender a confiar nas pessoas, deixar meu porto seguro de lado a aprender quebrar a cara.Respirei fundo e voltei, eu iria mesmo fazer isso.Ao entrar no vestiário vejo Luiz sentado ainda com lágrimas correndo pelo seu rosto, vejo que em seu celular em mãos está uma foto minha,deitado na cama, ainda do dia em que dormi com ele.Luiz me olha e se assusta.
- Fernando! – exclamou, ele limpou as lágrimas tentando se recompor, olhei com ternura pra ele.
- Sabe Luiz, eu acho que tanto eu como você aprendemos a lição, por isso, eu digo que te perdoo... – não consegui finalizar, fui interrompido, Luiz com um sorriso no rosto jogou o celular de lado , veio pra cima de mim e selou seus lábios nos meus, um beijo quente, urgente e carinhoso, ele me pegou pelo cintura e envolveu seus braços, eu passei minha mão pela suas costas, estava gostando de beijo, ficamos assim por dois minutos quando ele me soltou.
- Como eu senti saudade de você meu ursinho carinhoso, eu achi que nunca mais iria te tocar e sentir seu cheiro – disse ele fazendo carinho no meu rosto.
- Luiz, eu te perdoei, mas não significa que vamos no envolver, por enquanto nossa amizade basta – disse a ele, Luiz ao contrário do que eu pensava sorriu e assentiu.
- Tudo bem ursinho, ter você perto de mim como amigo é melhor que nada – ele me puxou pra um abraço, seu cheiro de suor adocicado não me deixou enojado, mas também não me deixou excitado, por alguns segundos fechei os olhos sentindo seu cheiro, notei que ele cheirava meu cabelo e que seu membro estava duro.
- Agora tenho que ir Luiz – disse me soltando dele, ele sorriu e assentiu.
- Vamos tomar alguma coisa pra comemorar nossa amizade? – perguntou ele esperançoso, podia ver o brilho em seus olhos.
- Tudo bem, vamos – olhei a hora, ainda tinha umas duas horas antes de me arrumar pra aula, ele sorriu e me puxou junto com ele.
Estar perto de Luiz era bom, ele me divertiu e contou como sofreu por não ter minha amizade e minha atenção.Também contou que pouco após a viajem ao resort cortou relações de vez com Stephany, disse que havia dado o troco nela por causa de uma traição e que ela falou que ele só era interessante por causa do dinheiro que não passava de um bunda mole chifrudo.
- Eu sabia que ela não prestava – comentei de cara fechada.
- É, mas me vinguei – disse ele pensativo – só que acabei te machucando – ele pegou minha mão e fez carinho.
- Luiz, vamos esquecer essa fase e celebrar nossa amizade, que tal? – ele sorriu e assentiu com a cabeça, levantei meu chá gelado e ele seu café e brindamos a uma nova fase.
- Eu me abri pro meu pai Fernando, tive uma conversa bem séria com ele – disse sério.
- Sobre o que? – perguntei sem entender.
- Sobre quem eu realmente sou, sobre minhas preferências sexuais, sobre eu e você e sobre o que te fiz – minha boca quase caiu no chão de surpresa, fiquei envergonhado.
- Sério! – exclamei.
- Sim – ele respondeu com um meio sorriso – ele ficou muito decepcionado comigo– completou triste.
- Que chato Luiz, eu imaginei que o seu Antônio era mais cabeça aberta – dei um tapinha no seu ombro.
- Sim ele é, na verdade ele ficou decepcionado pelo o que eu te fiz, não pelo fato da minha bissexualidade, na verdade ele disse que já sabia e que eu demorei muito pra contar a ele, que eu devia ter confiado – Luiz sorriu.
- Como assim ele já sabia? – perguntei pasmo.
- Ele me disse que notava o jeito que te olhava com desejo e que inclusive me ouviu algumas vezes me masturbar chamando seu nome – fiquei vermelho com o que ele falou – e que no dia que te levei la pra casa ele viu pelas câmeras eu e você aos beijos – ele sorriu – sabia que na minha casa tem câmeras e eu não sabia Fernando? – perguntou rindo.
- Que vergonha Luiz – fiquei sem graça, como é que olharia pro seu Antônio agora? – e agora, como é que vou olhar pra cara do seu pai? – perguntei preocupado.
- Como sempre olhou, já faz mais ou menos dois meses que eu contei pra ele Fernando e ele me disse que vocês conversaram por esses dias – lembrei que ele e Maria conversaram comigo sábado.
- Pois é, conversamos sábado – lembrei que em nenhum momento fui destratado por ele ou hostilizado, seu Antônio me tratou bem – ele foi normal comigo.
- Está vendo, eu sofri por tanto tempo, tudo por que tinha medo e não depositei a confiança que devia ao meu pai – explicou ele.
- Pois é, mas ainda tem o fato do seu melhor amigo não saber – disse sério, Luiz ficou pensativo.
- Você sabia que o Marcos arranjou confusão sábado por sua causa Fernando – disse ele.
- Por minha causa? – perguntei sem entender.
Luiz me explicou sobre o soco que Marcos deu em Claudio por causa de um comentário jocozo que ele havia feito sobre mim, essa confissão me deixou confuso e me levou a pensar que então Marcos não estava sendo tão sacana assim no dia que me pediu pra voltar pra casa, será que ele estava voltando e ser o Marcos de antes?E por que me defender, já que ele me odeia tanto?
- Sim, eu acho que o Marcos está mudando Fernando, alias estou gostando desse Marcos – disse Luiz com um sorriso.
- Será, espero que sim – disse pensativo – seria bom menos um homofóbico babaca no mundo – Luiz riu e balançou a cabeça.
- Só você Fernando – ele comentou.
Após nosso breve café me despedi dele,lógico que foi com um abraço, ainda tinha que superar algumas coisas e ver se realmente meu sentimento pelo Luiz era amor, ele ainda queria me levar embora mas estava eu de bicicleta e não queria recomeçar rápido demais.Ele entendeu e me deu um abraço apertado de despedida.Fui pra casa sorrindo, por mais que não gostasse de admitir estar perto de Luiz me fazia bem.
Chegando na portaria do condomínio ouço meu celular tocar, encosto a bicicleta na grade e vejo na tela que é Cibele me ligando.
- Oi Cibele, te liguei antes mas você não atendeu – disse a ela.
- Eu sei, me desculpa Fernando não podia atender, estava no estágio – justificou.
- Tudo bem – disse a ela.
- Precisamos conversar! – exclamou Cibele me deixando preocupado, ela parecia estar nervosa.
- O que foi?Aconteceu alguma coisa contigo? – perguntei preocupado, Cibele era a mais sensata do nosso grupo de amigos, não ligava pra descarregar um problema a não ser que fosse muito sério, e seu toma de voz estava falando que era.
- Não é sobre mim,nós precisamos conversar sobre a Ágatha – disse séria, percebi que não foi só eu que notei algo errado com Ágatha.
- Ok, me encontra daqui a pouco lá em casa pode ser? – perguntei a ela.
- Pode, só vou passar em casa e sigo pra sua – disse ela, Pelo jeito vinha uma bomba pela frente – a chama o Felipe também, nós três nos enganamos com ela e fomos as maiores vítimas... – a ligação caiu, pelo jeito vinha bomba por aí, me arrepiei, liguei pro Felipe e ele disse que chegaria o mais rápido possível.
Continua...