CAPÍTULO 14: MARINA
Passar mais tempo com a Maria Clara estava me fazendo muito bem. Eu estava diferente. Está apaixonada por ela me fazia querer ser uma pessoa melhor. Até meus pais notaram a minha mudança. A gente conversava muito mais nos últimos tempos. Acabei percebendo que meus pais não eram aqueles dois chatos que eu tinha em mente. Eram pessoas sensacionais que se importavam comigo de verdade. Deixei de sair, larguei completamente a farra. Ultimamente eu preferia um filme ou um barzinho calmo com a Clara. A companhia dela já era o suficiente pra mim. Meus amigos reclamaram do meu "sossego" diziam que eu tinha virado um pau mandado da Maria Clara. Eles não me compreendiam mais. Mas também como iriam, né?! Nunca se apaixonaram do jeito que eu me apaixonei pela Clara.
Meu amor pela Maria Clara era tão grande que o medo de machuca-la ou mágoa-lá me deixava apavorada. Por isso já havia mais de um mês que estávamos juntas e ainda não havíamos tranzado. Eu estava com medo. Depois que eu soube de tudo o que o Sandro fez com ela, eu acabei ficando receiosa. Eu queria que fosse especial. Ela me provocava e eu me controlava o máximo. Não sei de onde eu tirava tanta força para resisti àquela mulher.
Eu passava a maior parte do tempo na casa da Maria Clara por isso que quando uma menina bem classe média baixa apareceu e disse que era irmã da Clara eu estava lá. Foi tudo muito louco. Ela disse que a mãe delas estava a beira da morte. Fomos para o hospital onde a Antonieta, mãe biológica da Maria Clara estava. A mulher acabou morrendo. Dava pra ver que a minha amada estava sofrendo. Vi também, que ela ficou pálida quando o Sandro chegou. Homem horroroso. Tentou encostar na Maria Clara, mas eu impedi o contato. Olhei bem nos olhos daquele ser repugnante e fui firme ao pegar em seu braço e dizer para nunca mais tentar encostar nela.
No dia seguinte fomos ao enterro da Antonieta. A Maria Clara que não me ouça, mas Antonieta é um nome tão mixuruca... De pobre mesmo. Nome horrível. Enfim, ao chegarmos a Capela do cemitério onde o corpo estava sendo velado toda a atenção se voltou pra nós. Íamos andando em meio àquele monte de pobres desconhecidos com olhares colados em nós. A Maria Clara se aproximou do caixão e passou a mão no cadáver. O Fabinho e eu ficamos um pouco atrás dela observando a cena.
Do nada surgiu uma senhora com os olhos inchados, provavelmente de tanto chorar.
- O QUE VOCÊ FAZ AQUI SUA INGRATA? -- Gritou a velha.
A Clara olhou interrogativa para a mulher e então o Fabinho e eu nos aproximamos.
- DEPOIS DE ANOS E ANOS VOCÊ REAPARECE SUA... SUA DESNATURADA. VOCÊ NÃO É BEM VINDA AQUI!
A mulher só falava gritando e isso chamou a atenção dos demais que estavam a nossa volta. Todos que estavam ali naquele lugar pararam para observar o barraco que aquela senhora estava fazendo.
- ANDA GAROTA. PEGA A SUA TURMINHA E VAI EMBORA.
A Maria Clara não falava nada. Isso me irritou de uma forma inexplicável.
- Primeiro, a senhora deveria abaixar esse tom de voz, até porque ninguém aqui é surdo. Segundo que a Maria Clara tem todo o direito de está aqui e ela só irá embora quando ela quiser. -- Falei num tom firme e civilizado.
A velha me olhou assustada e depois furiosa, mas eu não me intimidei.
- QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA FALAR COMIGO ASSIM? -- Dessa vez ela falou mais alto ainda.
- Sou uma pessoa que você não vai querer ver irritada. Então é melhor abaixar o tom de voz e falar como uma pessoa civilizada. A Maria Clara pagou por tudo isso aqui e ela só irá embora na hora que quiser. -- Fui firme e autoritária como a muito tempo eu não era.
Ela me olhou indignada. Quando ela abriu a boca para falar mais alguma coisa surgiu um menino, reconheci ele do hospital.
- Tia não racha a cara. Respeite o nosso momento. Para de ser ridícula e deixe a moça em paz.
Ela levantou a mão para bater nele, mas ele segurou.
- Não faça isso se não você vai se arrepender. Estou engasgado com você e tu sabe muito bem porquê.
Ela esfregou o punho onde o rapaz tinha apertado e saiu.
- Obrigada! -- Agradeceu Maria Clara -- Aos dois!
Ele não falou nada só se virou e foi embora.
- O que deu em você? -- Perguntei.
- Nada. Vamos embora?
- Vamos.
Deixei o Fabinho e a Maria Clara em casa e fui para a minha residência. A Clara tinha recusado a minha companhia. Passei o dia inteirinho entediada. Não tinha nada pra fazer. Liguei pro André e marquei de sair com ele a noite. Ele estranhou, mas topou na hora e ficou de levar a Jade.
Eu não via a hora de anoitecer. Ficar em casa sem fazer nada era um saco. Quando escureceu meus pais chegaram em casa. Nós jantamos e então eu fui me arrumar para sair. Tomei um banho e fui escolher a minha roupa. Estava escolhendo qual vestido vestir quando bateram na porta. Provavelmente era a minha mãe por isso nem perguntei quem era, só me enrolei na toalha e abri a porta. Era a Maria Clara. Seus olhos me devoraram.
- Não vai me convidar para entrar? -- Perguntou.
- Não. Me espera lá embaixo que já já eu desço. -- Disse já fechando a porta. Ela me impediu. Entrou no quarto e sentou na cama. Eu observei a cena calada.
- Vim para me desculpar por hoje cedo. Eu não queria ter te dispensado daquele jeito.
- Tudo bem.
O quarto ficou silencioso. Ela me olhava fixamente. Meu coração disparou. Ela levantou e veio andando em minha direção. Me beijou.
- Maria Clara não faça isso.
Ela beijou meu pescoço e eu me arrepiei. Voltou a beijar a minha boca. Tirou a minha toalha e colocou sua mão no meu seio esquerdo. E então eu cedi e me entreguei totalmente para ela.