Gabriel - cresce Gabriel, passa dessa fase cara. Você não pode gostar dele, você só vai sofrer. (eu pensava enquanto continuava andando).
Ao subir no auditório olhei para o lugar onde estava Fernando, com a esperança de que ele ainda estivesse me olhando, mas ao invés disso, ele estava beijando a sua namorada.
Aquilo me feriu profundamente. Senti a garganta secar, as pernas tremerem, o coração parar, as mãos esquentarem.
Fernando literalmente era um desses héteros proibidos, mas eu ainda não havia perdido as esperanças, não mesmo.
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Depois da cena que eu havia presenciado era quase impossível dar atenção à solenidade de formatura. Do alto palco eu procurava pelo Fernando, mas era inútil, ele já não estava mais ali.
Galegario, um amigo que estava sentado ao meu lado, perguntou se eu estava com algum problema.
Gabriel - NÃO! (respondi seco).
Galegario - você parece preocupado.
Gabriel - só um pouco nervoso.
Galegario - fica frio. Só falta a oração e já estamos quase formados.
Confirmei com a cabeça, e tentei encerrar a conversa.
Era estranho gostar de alguém as escondidas. Quando a pessoa estava presente, eu ficava nervoso; Quando ela não estava, eu ficava incrivelmente triste. Aquilo era confuso em minha cabeça
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Ao termino da formatura, eu pedi autorização aos meus pais, e fui jantar na casa do Victor. Na realidade jantar e tentar topar por acaso com uma certa pessoa.
Victor - minha mãe disse que em meia hora o jantar ta pronto.
Gabriel - tem pressa não. (falei tentando tirar a roupa social a modo de deixar meu corpo respirar um pouco).
Victor - você já vendeu todas as suas rifas? ( Victor também tirava a roupa do corpo. Ambos estávamos no quarto dele).
A escola havia cedido algumas rifas de um carro. O dinheiro arrecadado seria usado para custear parte da nossa festa de formatura.
Gabriel - já sim. Meu pai ficou com todas. (falei finalmente ficando somente de cueca e me jogando na cama do Victor).
Victor riu.
Gabriel - e tu, já conseguiu vender?
Victor - vendi porra nenhuma. Ainda falta um bloco. E pra falar a verdade eu não to nenhum pouco empolgado com essa festa.
Gabriel - se anima cara, é o nosso ultimo momento para se despedir da galera.
Victor - se despedir pra que Biel? Ainda vamos ver esses manés do colégio por muito tempo.
Gabriel - fala só por você mano. Eu tenho planos pra mim.
Victor - a é? Então me fala que planos são esses.
Gabriel - por enquanto é coisa só minha, mas quando chegar o momento certo eu te aviso.
Victor - ui, o viadinho ta cheio de segredinhos.
Gabriel - viadinho é meu ovo.
Rimos.
Ficamos falando besteira, e rindo em sua cama, até a hora que o jantar ficou pronto.
Naquela noite, perdi a conta da quantidade de vezes que fui até a cozinha beber água, e nada de o Fernando aparecer. Provavelmente ele havia ido dar uma esticada com sua namorada.
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Depois do jantar, Victor e eu nos sentamos no sofá da sala e ficamos jogando play, enquanto os pais dele foram a um compromisso.
Eu já estava perdendo as esperanças que pudesse ver o Fernando aquela noite, e quando menos esperei, senti alguém forçando a porta pelo lado de fora. Fingi não me importar e continuei dando atenção ao jogo. Alguém destravou a fechadura, entrou, jogou um molho de chaves em cima de uma estante de troféus e sentou no sofá que ficava do meu lado direito.
Era ele. Por mais que eu não o olhasse de frente, eu conseguia identificar pelo cheiro.
- Vai querer jogar? ( Victor perguntou sem tirar os olhos na tv ).
Fernando respirou fundo, e se espreguiçou no sofá.
- Não! Vou tomar um banho e sair pra jogar uma pelada. (disse ele sem levantar do sofá).
Imediatamente, apartei o botão de start.
Gabriel - você vai jogar aonde? ( falei demonstrando interesse).
Fernando - la no topanga. Quer ir?
Olhei para meu amigo.
Gabriel - bora Victor?
Victor me repreendeu com os olhos, mas topou. Fernando foi para o seu quarto tomar um banho e trocar a roupa. Victor e eu, fomos fazer o mesmo, porém no outro quarto.
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-Desde quando você prefere futebol real ao virtual? ( perguntou meu amigo me jogando uma toalha).
Gabriel - ué. Sempre gostei de uma pelota e você sabe.
Victor - não sei nada disso não. (disse meu amigo com um lindo sorriso).
Gabriel - Se tu quiser continuar no play, a gente fica de boa. ( tirei minha roupa e me enrolei com a toalha branca).
Victor concordou que também estava afim de jogar futebol real, e assim após o banho fomos todos para o campo sintético do topanga.
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Fernando nos levou de carro e parou no meio do caminho para apanhar um outro amigo de jogo. Ao chegar lá, já tinha uma galera em ação. Marcamos nossa cerca e ficamos aguardando. Fernando havia nos deixado de mão e parecia se divertir com os amigos. O cara era um pouco mais velho que a gente. Eu e Victor tínhamos dezessete; Fernando vinte e cinco, e isso as vezes era frustante porque para Fernando não tínhamos a mesma mentalidade para bater um papo saudável.
- Se saísse laminas dos teus olhos, provavelmente meu irmão já estaria todo dilacerado. (disse Victor rindo).
Acertei um tapa em sua nuca a modo de disfarçar que realmente eu estava olhando para o irmão dele.
Gabriel - não viaja pô.
Victor continuou rindo. No fundo eu sabia que ele tinha uma desconfiança que eu gostava do irmão dele, mas qual seria a reação de Victor quando ele tivesse a certeza? Eu tinha medo de que ele destruísse os meus sonhos com aqueles dizeres desumanos '' Esquece meu irmão pô, ele é espada. Você não tem a menor chance com ele. Ele nem te percebe. Meu irmão curte é mulher '' e blablabla.
Por esse e outros motivos eu tinha medo que Victor descobrisse o meu amor platônico pelo seu irmão.
Eu e Victor estávamos dialogando, e do outro lado da quadra, Fernando acenava com o braço para que fossemos ao encontro dele. Assim fizemos, e ao chegar lá tive uma surpresa: Era cerca do Fernando, e ele havia me escolhido pra jogar com ele. Pra quem ta apaixonado, ser escolhido pelo cara para jogar ao seu lado é quase um pedido de namoro.
O jogo começou. Fernando, Kaue e Pablo - amigos de Fernando - e eu jogamos na linha, Victor pegou no gol que era sua especialidade.
A bola rolou, e eu sabia o quanto era importante vencer. A quadra estava lotada, e se perdêssemos teríamos que aguardar um bom tempo fora. Tentei fazer o meu melhor e rezei para que Fernando visse o tanto que eu era bom em alguma coisa.
O Jogo foi disputado, e eu estava dando o sangue. Acho até que o Victor estranhou. Pablo, amigo do Fernando como já disse anteriormente, fez o nosso primeiro gol. Não demorou muito, e o time adversário empatou. Faltava cinco minutos para o final da partida, e caso terminasse empatado sairiam os dois times, era regra da pelada.
Comecei a pedir a bola e chamar a responsabilidade pra mim. Na minha mente eu arquitetava driblar todo mundo e deixar o Fernando livre para fazer o gol, aí ele iria correr e me abraçar igual aqueles jogadores profissionais.
Meu plano não deu muito certo, mas o resultado sim. Fernando não fez o gol pois a bola bateu na trave e veio parar nos meus pés, eu bati de trivela, e pela sorte ou qualidade técnica a bola entrou no cantinho esquerdo do goleiro. Eu fiquei eufórico, e saí correndo gritando e batendo no peito.
Victor saiu do gol e veio me abraçar, Kaue e Pablo, idem. Já Fernando não me abraçou, ele me fez um cafuné na cabeça e tentou me deixar ainda mais motivado para a continuação da pelada.
Fernando - é isso aí Gabriel. Pra cima deles com tudo. Vamos colocar pressão que eles tremem.
Eu apenas confirmei com a cabeça. Aquilo foi um balde de água fria. Minha vontade era sair do jogo e ir pra minha casa caminhando.
Por que será que entre todos do time, ele foi o único que não me abraçou? Será que ele já tinha observado meu desejo nele, e queria evitar qualquer contato físico entre a gente? Ou será que a criação que ele tinha o impedia de abraçar um gay?
Continua...
Bom dia galera. Sobre o outro conto eu vou termina-lo ainda esta semana. Fim de conto é um pouco mais complicado que inicio, por isso demora um pouquinho mais. Esta semana ainda eu posto as continuações. Pra que esta lendo esse novo, vlw aí. Vocês são phodas de vdd. Sempre acompanham, e comentam, sendo o conto bom ou ruim.
Obrigado e abraço a todos.