Capítulo 15 - Intimação
-Rodrigo, preciso falar com a detenta e fazê-la assinar uns papéis. Tire as algemas dela e se retire. -Ordenou a delegada, me encarando profundamente.
Rodrigo prontamente a atendeu e saiu em seguida. Eu fiquei próxima a porta, devolvendo seu olhar, sem reação alguma que não fosse mergulhar no azul profundo.
-Aproxime-se. -Disse fazendo sinal pra que eu sentasse na cadeira a sua frente e dirigiu seu olhar ao notebook aberto sobre a mesa.
Eu me aproximei e sentei em sua frente, enquanto a observava digitar algo no computador.
"Mãos ágeis..." pensei, a olhando digitar e relembrando por um momento a fatídica noite...
A delegada percebeu que eu a observava e desviou seu olhar da tela do computador para mim, me fazendo baixar a cabeça e mexer nervosamente as mãos.
-Você apenas precisa assinar uns papéis e estará livre. -Disse parecendo irritada.
Eu ouvi o barulho da impressora e a delegada levantou-se para pegar o papel e depois, ainda em pé, carimbou e rublicou a folha.
-Assine aqui e aqui e depois suma daqui. -Falou sem paciência.
Eu tomei a caneta de suas mãos e enquanto assinava, ouvia ela falar:
-Eu lhe pediria desculpas, mas saiba, que na minha profissão, estou acostumada a duvidar de todos. -Comentou orgulhosa.
Eu permaneci em silêncio e assim que terminei, levantei-me e ía saindo, quando senti sua mão em meu braço e a encarei. Ela foi enfática ao dizer:
-Ei garota, você pode ser inocente no assassinato da dona Norma, mas eu te aconselho a não bancar a esperta com Rodrigo. -Apertava meu braço bruscamente e me olhava raivosamente, enquanto falava.
-Você está me machucando... -Quexei-me já com algumas lágrimas se formando nos olhos, devido a dor da força exercida por ela. -Eu não fiz nada a Rodrigo. -Me defendi.
-Não se faça de inocente garota. Eu sei que vocês dois estão tendo um caso, assim como sei que nos últimos dias, você transformou a cela em um motel. Mas não pense que irei permitir que Rodrigo se envolva com alguém tão baixa quanto você, afinal ele é como um irmão mais novo pra mim. -Continuou ainda de forma esbravecida, apertando meu braço.
-Por favor, solte meu braço... -Contestei. Não tinha estímulo pra discutir ou me defender.
Não conseguia a encarar, olhar em seus olhos.
-Olhe pra mim! -Esbravejou me puxando e fazendo a olhar. Nesse momento, uma lágrima rolou de meus olhos e como se isso a comovesse, ela me soltou, sem dizer nada e eu pude sair dali correndo, limpando as lágrimas.
-Isabella... -Disse Rodrigo, indo em minha direção. -Você está bem? -Perguntou preocupado.
-Sim... -Respondi.
-Eu vou levá-la pra casa. -Disse passando os braços ao redor de mim e me guiando pra fora da delegacia. -Olha como o dia está lindo hoje . -Comentou, arrancando um sorriso meu.
Nós adentramos em seu carro e após eu passar-lhe o endereço, seguimos até minha casa.
-Pronto. Está entregue. Sua mãe ficará feliz em vê-la, apesar de ja saber que você seria livre hoje. -Disse contente.
-Sim... Obrigado Rodrigo, por tudo. -Agradeci sorrindo e em troca recebi um abraço.
-Isabella... O jantar de hoje que você prometeu ainda está de pé? -Perguntou me deixando sem saída, pois estávamos em uma Sexta-Feira.
-Sim. -Respondi.
Ele sorriu.
-As oito está bom pra você?
-Sim, Rodrigo. Até a noite. -Falei tirando o cinto.
-Até a noite, Isabella.
Eu ía descer do carro, mas ele me puxou pra um beijo. O beijei pela centésima vez, sem sentir nada e após, desci do carro.
Continua...