Capítulo 7
Quando abro a porta e vejo Gabriel sinto um misto de sentimentos que poderiam ser descrevidos como ódio e raiva, mas não era elas em si, eu só não queria ver ele no momento.
G- Oi Dan, tudo bem?
D- Não, o que você quer?
G- Calma, queria te chamar pra sair, vamos dar um rolé no shopping.
D- Não obrigado, se era só isso passar bem.
G- Calma Dan, só porque a gente terminou não significa que a gente não pode ser amigo.
Nesse momento Gabriel veio tentando se aproximar, eu já estava começando a deixar meus olhos meio marejados. Gabriel tentou me abraça mas eu empurrei ele, logo ele disse:
G- Dan por favor me perdoa, do jeito que a gente tava não dava.
D- Gabriel por favor sai daqui, eu não quero mais nada com você.
G- Por quê?
D- Você veio até mim, mostrou estar interessado, me iludiu e depois simplesmente apertou com força meus sentimentos e os quebrou.
Eu estava com a cabeça abaixada, tentando me segurar pra não criar um rio ali, mas meu peito tava doendo muito, era uma dor indescritível que acontecia as vezes.
G- E você queria que eu fingisse que te amava?
D- Não.
G- Então, vamos esquecer isso.
D- NÃO GABRIEL EU JÁ DISSE! ME DEIXA! NÃO QUERO MAIS NADA COM VOCÊ! NEM AMIZADE!
De repente escuto que alguém tava descendo as escadas, por sorte não era ninguém da minha família, era apenas o Felipe.
F- Cara vaza, ele não quer nada com você, será que é difícil entender?
G- Ta beleza, desculpa ai.
Gabriel saiu nesse momento, me joguei no sofá da sala e fiquei em posição fetal, comecei a chorar um pouco bem silenciosamente.
F- Não fica assim Dan, ele não te merece.
Me virei para Felipe com um cara toda molhada de lágrimas e disse:
D- Eu já tô cansado de criar expectativas, me iludir, mas sempre acontece, primeiro foi o José... Agora o Gabriel, é tão difícil confiar nas pessoas.
F- Calma Dan, nem todo mundo é babaca que nem eles.
D- Eles não são babacas, mas tanto faz.
Me levantei e disse pra Felipe que ia tomar um banho, falei também pra ele ir pra casa, queria ficar sozinho, concordou sem muito escrúpulos.
[Algumas horas depois]
Já tava bem tarde, passei o restante do dia só assistindo série na Netflix, era uma das poucas coisas que conseguia distrair minha mente pra não pensar em coisas tristes e me deixar depressivo.
Olhei meu celular e tinhas umas mensagens de Bruno.
[16:00]: "Oie"
[17:00]: "Você deve tar ocupado né, queria sair com você, mas melhor deixar pra outro dia né"
[23:00]: "Boa noite, por mais que você não tenha respondido, queria dizer que to com sdds, bjs indo dormir"
Aquilo me deixou um pouco felizinho, fui finalmente tentar dormir, mas algo não deixava eu pegar no sono, comecei a pensar no dia anterior, quando vi Bruno beijando outro rapaz, meus olhos começaram a lagrimar, mais pensamentos foram voltando, lembrei do ano passado, quando José terminou comigo e 1 semana depois já tava com outro; minha respiração tava bem acelerada, minha crise de pânico começou, meus batimentos estavam extremamente acelerados, mais pensamentos foram vindo a mente, dessa vez era Gabriel, me lembrei do momento que ele me disse "eu não te amo", eram tantas lágrimas que saiam do meu rosto, a cama já devia estar toda úmida.
Se passaram uns 40 minutos e eu comecei a me acalmar, levantei fui beber água e secar meu rosto, apesar de eu fugir da depressão, a depressão não fugiu de mim, eu apenas atrasei o inevitável me distraindo, acho que aquilo precisava sair, eram lágrimas que estavam a muito tempo acumuladas.
Voltei pro meu quarto e dessa vez consegui dormir.
No domingo eu sai com meus amigos da escola pro cinema, foi bastante divertido, pena que o tempo passou tão rápido.
[Segunda]
[Narrado por Bruno]
Dante tinha me evitado no fim de semana então resolvi ir a procura dele na escola dele. Por sorte quando ele tava saindo estava sozinho (parece que a amiga dele não veio).
Logo ele me avista, ele fez uma cara engraçada, não sei se era felicidade ou medo, confesso que ri de volta pra ele quando nos olhamos.
B- Oi, tudo bem?
D- Mais ou menos
B- Olha eu sei dar carona, você não quer? Acho que vai demorar bastante o ônibus e a gente é vizinho, não custa nada eu te levar.
Dante um pouco hesitante aceita, ele sobe na parte da frente do banco, porque minha bicicleta não tinha banco traseiro. No momento em que seus corpos se tocam e se sentem, sinto algo por ele, percebi que ele aparentemente estava facilitando a aproximidade. É algo tão que a gente nem precisa falar nada, meio que estávamos conectados naquele momento louco, de repente me vem uma ideia a mente.
Em vez de ir pelo caminho correto, digo que tenho que fazer algo pra minha mãe em uma rua. A gente tava indo pra uma área bem arborizada na cidade, um sopé de morro, descemos da bicicleta pra empurrar a bicicleta, Dante parecia preocupado, disse a ele que não iria demorar muito, Dante responde que não costumava ir por ali, e me pergunta onde eu tava levando ele, chegamos num portão, um muro cheio de hera, e entramos num parque, era um tipo de campo de futebol com grama crescendo, no fundo uma quadra e uma pista de skate pichada. O tempo estava fechando e começou a chover, uma chuva fina no entanto o parque estava vazio e parece que não é feito manutenção há um tempo.
D- Parece um The Walking dead aqui"
Dante estava sorrindo algo que não tive muitas oportunidades de apreciar.
B- É assim mesmo.
Respondi tranquilo.
B- Eu costumo vir bastante aqui.
D- O que precisa fazer aqui?
Fiquei um pouco tímido, me aproximei, e o abracei, olhamos um no outro do outro, conseguia sentir a alma dele, parecia uma maré olhando diretamente nos olhos dele. Aproximei meu rosto mais ainda do dele e o beijei. Minhas mãos tocam no corpo quente dele, aquele momento parecia eterno, Dante não resistia, estávamos em um beijo intenso, poderia dizer que foram horas, mas foram apenas poucos minutos, depois de um longo momento eu digo a ele...
Continua...
